Restaurante popular campos dos goytacazes

Restaurante popular campos dos goytacazes

Recebi via o Whatsapp do prefeito Wladimir Garotinho (PSD), o convite abaixo que se refere à cerimônia de reabertura do Restaurante Popular de Campos dos Goytacazes, a qual deverá ocorrer com toda pompa e circunstância amanhã de manhã (07/05), com a presença do atual governador Cláudio Castro e do casal de ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho.

Restaurante popular campos dos goytacazes

A primeira coisa que se pode dizer sobre esta reinauguração é de que ela repara um grave prejuízo causado aos segmentos mais pobres da população campista pelo governo do ex-prefeito Rafael Diniz que no início do seu mandato se mostrou como um “serial killer de políticas sociais”. 

Ao promover a reabertura do restaurante popular, Wladimir Garotinho restabelece uma política social relativamente barata, mas que tem uma importância crucial para os segmentos mais fragilizados da população que hoje literalmente passa fome pelas esquinas de uma cidade que possui um dos orçamentos mais caros da América Latina.

Como alguém que sempre defendeu a reabertura do restaurante popular, agora vou acompanhar o que os usuários terão a dizer sobre a qualidade do alimento fornecido, bem como das medidas que serão adotadas para manter o devido controle de segurança durante a vigência da pandemia.

E não é preciso dizer que reabrir o restaurante popular deverá ser apenas a primeira medida para recuperar a rede de proteção social que foi destruída por Rafael Diniz.  Afinal, sem, por exemplo, um programa de renda mínima, a fome será aliviada com a reabertura do restaurante popular, mas não deixará de ser o flagelo que hoje é.  

Restaurante popular campos dos goytacazes
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Multidão aglomerada na reabertura do Restaurante Popular Romilton Bárbara, em Campos - Foto: Ana Carolini Mota/Inter TV

A reinauguração do Restaurante Popular Romilton Bárbara provocou uma grande aglomeração na região central de Campos dos Goytacazes, município do Norte Fluminense, na manhã desta sexta-feira (07/05). A reabertura do estabelecimento, vale destacar, contribuirá para que cerca de 1.500 refeições sejam disponibilizadas gratuitamente à população campista por dia.

O restaurante estava fechado desde 2017, quando a Prefeitura local, então comandada por Rafael Diniz, justificou que precisaria do apoio de parcerias público-privadas para manter o estabelecimento, o que acabou não se concretizando.

A reinauguração ocorre mediante uma parceria da atual gestão do Poder Executivo campista, representado por Wladimir Garotinho (PSD), com o Governo do Estado. Serão distribuídas aos moradores locais que encontram-se em situação de vulnerabilidade social as 3 principais refeições do dia, isto é, café da manhã, almoço e jantar.

A cerimônia de reabertura contou com a presença, além de Wladimir e do governador Cláudio Castro (PSC), dos ex-chefes do Poder Executivo Estadual e também ex-prefeitos de Campos Rosinha Matheus e Anthony Garotinho.

Restaurante popular campos dos goytacazes
Restaurante popular campos dos goytacazes
Prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (à esquerda), e o governador do RJ, Cláudio Castro (ao fundo) – Foto: Ana Carolini Mota/Inter TV

Devido à expectativa gerada pela volta do estabelecimento, muitas pessoas se aglomeraram em frente ao restaurante. Antes das 06h, inclusive, a fila para entrar no local já era grande.

Segundo a Prefeitura de Campos, o espaço foi adaptado às medidas sanitárias de combate à Covid-19, ganhando por exemplo, a instalação de placas de acrílico nas mesas.

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PRESSÃO. Movimentos populares lutam pela reabertura do Restaurante Popular (Foto: JAV/Rio)

Enquanto esteve funcionando, entre janeiro e junho de 2017, o Restaurante Popular serviu mais de 195 mil almoços e quase 51 mil cafés da manhã.

Isabela Moraes e Amaro Sérgio Azevedo
Campos dos Goytacazes (RJ)

LUTA POPULAR – A falta de debate com a sociedade civil em relação à reabertura do Restaurante Popular, apesar da fome, que não para de crescer, é uma triste realidade na cidade de Campos dos Goytacazes.

Desde o fechamento do restaurante conhecido como “1 real”, em 2017, aumentou bastante a dificuldade de muitas pessoas de se alimentar com qualidade no município. Tal situação se agravou devido ao aumento do desemprego, à aprovação da Emenda Constitucional 95 (Congelamento de Gastos) e ao projeto de desmonte dos serviços públicos.

Enquanto esteve funcionando, entre janeiro e junho de 2017, o Restaurante Popular serviu mais de 195 mil almoços e quase 51 mil cafés da manhã, segundo o relatório SAN – Segurança Alimentar e Nutricional, do Plano Municipal de Assistência Social. Esses números provam a importância de ter em funcionamento este tipo de estrutura de apoio à população mais pobre.

Com o fechamento do “1 real” pela administração do então prefeito Rafael Diniz (Cidadania), várias ações foram organizadas pelo conjunto dos movimentos sociais da cidade. Resultado dessa luta, foram promovidos atos contra o fim do restaurante e organizado o Movimento em Defesa do Restaurante Popular.

A Associação Resista Campos, a partir dos seus conselheiros no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), tem sido incansável na luta pela reabertura do restaurante e na pressão para que a Prefeitura reabra o local.

Em resposta, o governo municipal apresentou uma proposta que restringia o direito de várias pessoas ao restaurante, com critérios absurdos de seleção. Para quem não se encaixasse nesses critérios seria cobrado até R$ 8,00 por refeição. Ou seja, quem antes pagava R$ 1,00 para comer, agora teria que se humilhar para provar pobreza ou pagar um preço oito vezes mais caro.

Restaurante popular campos dos goytacazes
Fechamento do restaurante popular piorou a vida dos moradores de Campos (Foto: JAV/Rio)

Quem tem fome, tem pressa

O atual prefeito, Wladimir Garotinho (PSD), mantém a mesma política de seu antecessor, se negando a debater com a sociedade os meios de reabrir o “1 real” e afastando o CMAS dessa discussão.

Está claro que essa é uma manobra da Prefeitura para enfraquecer a pressão popular, já que os conselheiros mais engajados do CMAS sempre foram determinantes no debate sobre o Restaurante Popular.

É urgente a reabertura do “1 real” e a construção de outras unidades do Restaurante Popular. Essa é a proposta da Associação Resista Campos e da Unidade Popular (UP). Quem tem fome, tem pressa!

A Prefeitura de Campos tem orçamento suficiente para isso, mas falta vontade política. O dinheiro público deve ser aplicado onde mais se precisa para ajudar as pessoas. Para isso, é imprescindível que o debate e as decisões continuem passando pelo Conselho Municipal de Assistência e que o Restaurante Popular volte a ser “1 real”, atendendo as pessoas das mais diversas regiões da cidade e alimentando a população em situação de rua, os estudantes e trabalhadores campistas.