Por que da alta do dolar

São Paulo

Um rali de investidores em busca de oportunidades no setor de tecnologia nos Estados Unidos espalhou otimismo nos mercados globais de ações na tarde desta quinta-feira (28).

Ventos favoráveis também sopraram da Ásia, onde promessas de estímulos do governo da China voltaram a valorizar o setor de commodities metálicas, um dos mais importantes da Bolsa de Valores brasileira, que reverteu a queda do início da sessão para fechar no azul pelo segundo pregão consecutivo, após sete baixas diárias anteriores.

O índice de referência Ibovespa subiu 0,52%, a 109.918 pontos. As ações da Vale subiram 2,47%, dando a maior contribuição positiva ao mercado doméstico.

"A alta da Vale está corrigindo uma sequência de quedas provocadas pelo lockdown chinês", comentou Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Permissões para a reabertura de fábricas e o afrouxamento do confinamento para contenção da Covid em Tangshan, principal centro produtor de aço da China, também contribuíram para a recuperação do setor de ferro e aço.

A taxa de câmbio brasileira recuou pela segunda vez, apesar da ampla valorização do dólar contra as principais moedas mundiais. A queda da moeda americana foi de 0,54%, que fechou o pregão cotada a R$ 4,94.

​Na Bolsa de Nova York, o índice de referência S&P 500 saltou 2,47%, impulsionado pelo setor de tecnologia. O indicador Nasdaq, que acompanha empresas de médio porte desse segmento, escalou 3,06%. O Dow Jones ganhou 1,85%.

As ações Meta Platforms, controladora do Facebook, dispararam 17,63% um dia após a companhia ter divulgado números de usuários diários ativos acima das estimativas.

Apesar do cenário otimista refletido pelos ganhos nas Bolsas, investidores passaram boa parte do dia buscando proteção em ativos ligados à moeda americana enquanto avaliavam dados da economia dos Estados Unidos, cujo PIB (Produto Interno Bruto) encolheu 1,4% no primeiro trimestre —primeiro tombo desde o segundo trimestre de 2020—, embora os gastos dos consumidores estejam em alta.

"Era amplamente esperada uma alta de 1% no PIB americano, mas esse resultado negativo estressou o mercado quanto a uma possível recessão ou desaceleração da economia mundial", disse Alves.

Desorganizações na cadeia mundial de suprimentos durante a pandemia e agravadas pela guerra na Ucrânia explicam um cenário de dificuldade para o crescimento econômico e inflação crescente provocada pela redução da oferta.

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O ex-piloto ucraniano Oleksandr Halunenko. The New York Times/Daniel Berehulak

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Oleksandr Halunenko com a esposa, Olha, com lembranças de quando era piloto do Mria, na casa do casal em Butcha. The New York Times/Daniel Berehulak

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Pedaços do avião ficaram completamente destruídos. The New York Times/Daniel Berehulak

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Oleksandr Halunenko, primeiro piloto do Mria, reencontra a aeronave destruída em terminal próximo a Kiev. The New York Times/Daniel Berehulak

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Soldados ao lado de parte do avião. AFP/Genia Savilov - 8.abr.22

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Soldados ucranianos em frente ao avião no aeroporto de Hostomel. Reuters/Gleb Garanich - 3.abr.22

A inflação reforça a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) irá subir agressivamente os juros nos Estados Unidos para, por meio da restrição ao crédito, tentar frear os preços. O efeito colateral é a valorização dos títulos do Tesouro do país, que passam a atrair dólares até então aplicados em ativos mais arriscados, como é o caso da Bolsa e da renda fixa do Brasil.

O preço do barril do petróleo Brent subia 2,21% no início da noite, a US$ 107,65 (R$ 527,44). É a terceira alta seguida após uma sequência de quedas provocadas pelo temor de desaceleração na China devido à política de combate ao coronavírus. A matéria-prima, porém, se mantém em um patamar historicamente elevado desde o início da guerra, contribuindo para a alta da inflação global.

A alta do dólar é tema recorrente do dia-a-dia, presente na maior parte dos noticiários televisivos e jornais. Mas nem sempre a forma como a variação do dólar impacta a vida do brasileiro comum fica evidente.

A alta do dólar em relação à moeda brasileira pode afetar desde as coisas mais simples, como o preço do pão, até mais complexas como a atividade exportadora, o mercado financeiro e o PIB do Brasil.

O que é alta do dólar?

A alta no dólar consiste no aumento do preço do dólar frente ao real. Dessa forma, o preço do dólar em reais, ou seja, sua a cotação, é definida pela relação de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira. Dessa forma, quando há uma maior procura de dólares no Brasil, há uma alta no dólar.

O mercado de câmbio no Brasil, funciona sobre o regime de câmbio flutuante, portanto, em tese não há intervenção alguma nesse mercado. Esse regime faz com que a cotação do dólar varie livremente apenas sob a lei de oferta e demanda entre a moeda americana e a brasileira.

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Quais os motivos da alta do dólar?

Vários fatores podem influenciar o aumento do dólar. Há fatores mais comuns, como por exemplo, gastos de turistas brasileiros no exterior. Visto que, para haver esses gastos, os turistas brasileiros compraram dólar e venderam reais.

No entanto, outros fatores de caráter mais estrutural também influenciam na desvalorização do real, como saldo negativo da balança comercial.

Esse resultado ocorre quando há mais importações do que exportações. Ou seja, mais moeda estrangeira saiu do país do que entrou.

Além disso, o nível da taxa básica de juros, tanto americana quanto brasileira, também influenciam a cotação do dólar. Visto que, quando a taxa de juros no Brasil cai ou nos EUA sobe, fica menos vantajoso investir no Brasil.

Sendo assim, os investimentos que estavam no Brasil acabam migrando para fora do país. Quando esse movimento ocorre, há venda de reais e compra de dólar, o que gera uma alta na cotação.

No entanto, em períodos de crise ou forte especulação contra o real, o governo brasileiro costuma intervir para controlar o mercado de câmbio. Essa intervenção é realizada para impedir uma valorização ou depreciação excessiva, tendo como nome flutuação suja do câmbio.

Quais são as consequências do dólar alto na economia brasileira?

As consequências da alta do dólar também chegam à microeconomia, uma vez que a moeda também está presente nas transações financeiras brasileiras.

Por exemplo: se o governo ou empresários têm empréstimos nessa moeda e há uma valorização da cotação, a dívida ficará maior em moeda nacional.

Além disso, empresas que necessitam de insumos provenientes do estrangeiro também são prejudicadas, uma vez que elas devem optar por passar os maiores custos de produção para o consumidor (o que pode diminuir as vendas) ou diminuir sua margem.

Contudo, a desvalorização do real não é sempre um fator negativo, principalmente em âmbito da macroeconomia.

Por exemplo, quando há uma apreciação da moeda americana em relação ao real, isso acaba por beneficiar o setor exportador. Isso ocorre porque o produto brasileiro fica mais barato em moeda americana, o que tende a levar a um aumento nas vendas lá fora.

Além disso, o real mais barato estimula o setor de turismo, pois turistas estrangeiros acham mais interessante vir ao país por conta dos menores custos.

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Quais os impactos da Alta do Dólar no dia a dia?

Apesar do dólar não ser a moeda corrente no Brasil, seu valor em reais possui um impacto direto na vida de todo consumidor brasileiro.

Sendo assim, ele ocorre, sobretudo, porque uma parte relevante dos produtos ou é importada ou têm alguma relação com produtos importados.

Dessa forma, quando a moeda americana está alta, a tendência é que isso gere inflação na economia brasileira.

A relação dos produtos consumidos no Brasil com o dólar é mais estreita do que aparenta. Por exemplo: o pão que a maioria dos brasileiros consome todos os dias é produzido por aqui.

Entretanto, o trigo, que é um insumo básico para a produção dos pães, é importado. Dessa forma, uma valorização do dólar pode acarretar na alta do preço do pão para o consumidor final.

Além disso, há outros casos nos quais essa relação é mais direta, como nos produtos eletrônicos, como celulares e computadores: esses itens são produzidos no exterior e o produto final é importado pelo Brasil.

Por fim, o preço da gasolina é outro fator que sofre influência do dólar, pois o valor varia de acordo com a variação da cotação internacional do barril de petróleo e com a variação do dólar.

Dessa forma, quando há um aumento no dólar, esse aumento será repassado no preço final da gasolina nos postos de abastecimento.

Qual a influência do dólar alto nos investimentos?

De fato, outro ponto positivo pode ser em relação aos investimentos realizados no Brasil oriundos do exterior: a valorização do dólar em relação ao real deixa a moeda brasileira mais barata.

Sendo assim, investidores de outros países podem investir em empresas brasileiras com mais segurança, fazendo com que a alta do dólar nos investimentos seja algo positivo.

Por outro lado, o investidor brasileiro que deseja investir no exterior também pode se beneficiar da valorização da moeda americana, pois seus investimentos podem valorizar com o aumento da cotação das empresas e por conta do câmbio.

Dessa forma, o investidor pode conseguir uma boa valorização com seus ativos, desde que escolha bem sua carteira de investimentos e pense em aplicações de longo prazo.

No entanto, é preciso avaliar, de acordo com o valor do dólar, se vale mais a pena investir em ativos no Brasil ou no exterior: em momentos de baixa, pode valer a pena investir em território brasileiro.

Entretanto, é importante avaliar cada situação para que se chegue à conclusão adequada a respeito de qual é a melhor opção.

Esse artigo ajudou você a entender como a alta no dólar impacta a vida dos brasileiros? Deixe suas dúvidas e comentários abaixo.