A importancia de resgatar os jogos populares

Pedagogia/CPAN

 AYALA, E. A. S.1

SILVA, M. E. P. [1]

VIALLE, G. B.[2]

GARCIA, E. S. G.3

FRANÇA, D. S.[3]

RESUMO

Em tempos em que as brincadeiras podem ser vistas como a expressão corporal infantil,  é de suma importância a sua valorização. Nesse sentido, este projeto tem como finalidade fazer um resgate dos jogos/brincadeiras tradicionais dentro do espaço escolar, fazendo com que se reconheça a sua importancia na aprendizagem, na cultura e no desenvolvimento infantil. A metodologia do projeto se dará através de encontros semanais em que irão ocorrer diversas atividades como leituras, exposições de fotos e levantamentos de dados acerca das brincadeiras tradicionais. O projeto está em andamento, porém esperamos fazer com que ocorra um estimulo na interação e na socialização dos alunos, que promova o interesse e a curiosidade das crianças através das atividades desenvolvidas ao longo do projeto, resgatando a cultura popular e reconhecendo a brincadeira como elemento do desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Brincadeira. Brinquedo. Ludicidade.

INTRODUÇÃO

Este projeto é uma proposta de trabalho voltada para crianças do terceiro ano do Ensino Fundamental e tem por objetivo resgatar as brincadeiras/jogos tradicionais dentro do espaço escolar, reconhecendo a brincadeira como elemento importante na aprendizagem, na cultura e no desenvolvimento infantil.

O tema do projeto surgiu a partir das observações realizadas no recreio de uma escola estadual, onde se percebeu que as crianças não brincavam e não interagiam entre si, apenas sentavam ou mexiam no celular, desconhecendo muitas das brincadeiras típicas de alguns anos atrás. A partir dessas observações surgiu a seguinte indagação: Por que as brincadeiras são importantes para o desenvolvimento infantil?

Partindo das observações se viu de fundamental importância a inserção de atividades lúdicas que proporcionem o movimento, expressão e socialização, buscando assim resgatar as brincadeiras tradicionais e manter vivo o repertório cultural da criança, em tempos modernos em que a tecnologia tomou espaço das brincadeiras tradicionais.

JUSTIFICATIVA

O momento da brincadeira é de grande importância no período da infância, pois, ela contribui de forma significativa para o desenvolvimento integral da criança. Segundo Piaget (1976), o brincar é a expressão corporal e do desenvolvimento na fase infantil, onde se promove a interação, a socialização e a troca de experiência.

Segundo Friedmann (1995), o jogo tradicional é um patrimônio lúdico que é importante para o desenvolvimento das capacidades físicas, cognitivas, sociais, afetivas e linguísticas. Sendo assim, o brincar se caracteriza, segundo Oliveira (2000), como condição de todo processo evolutivo da criança, tornando-se um momento de liberdade criadora, de afetividade, de significar e organizar sua realidade e seu mundo. É a oportunidade de socialização, de encontrar desafios, lidar com suas limitações e conflitos e de compreender e traçar regras comuns. É papel da escola proporcionar um ambiente no qual o brincar faça parte, sendo que ele não deve e nem pode ficar restrito somente ao recreio ou a fins já pré-determinados, pois:

Negar o universo simbólico lúdico, sob o argumento de que esse não é o papel da instituição escolar, é negar o trajeto do desenvolvimento humano e sua inserção cultural. É desviar a função da escola do processo de construção de valores e de um sujeito crítico, autônomo e democrático. É negar, principalmente, as possibilidades da criatividade humana (VASCONCELOS, 2006, p.72).

A escola precisa trabalhar como espaço possiilitador do resgate e valorização de brincadeiras tradicionais que vêm se perdendo com o tempo, brincadeiras que são de grande importância para construção de conhecimentos e habilidades que, muitas vezes, não são possíveis de se alcançar com as brincadeiras atuais que muitas vezes não exigem muito das crianças ou de brinquedos que fazem praticamente tudo por elas.

Em tempos modernos, em que o computador com acesso à internet, o vídeo game e a televisão, no mundo globalizado, tem ganhado cada vez mais espaço, as brincadeiras tradicionais estão sendo “deixadas de lado” pelas crianças em favor das novas tecnologias.  Assim, muitas dessas brincadeiras típicas das crianças ou de algumas regiões do país acabam sendo esquecidas ou não “aprendidas” pelas novas gerações.

De acordo com Colhante et al. (2012), a urbanização e a industrialização têm diminuído os espaços apropriados para se brincar, o que seria também uma das razões para o desaparecimento das brincadeiras tradicionais, já que sem um espaço para serem postas em prática, estas acabam caindo no esquecimento, fazendo com que algumas delas não façam mais parte do repertório cultural das crianças.

As brincadeiras antigas funcionam como pontes para o passado, pois quando as crianças brincam, elas se defrontam o tempo todo com vestígios que as gerações mais velhas deixaram. Por isso,

Resgatar a história de jogos tradicionais infantis como a expressão da história e da cultura, pode nos mostrar estilos de vida, maneiras de pensar, sentir e falar e, sobretudo, maneiras de brincar e interagir. Configurando-se em presença viva de um passado no presente (FANTIN, 2000, p. 22).

Kishimoto (1997) descreve as brincadeiras tradicionais infantis como folclóricas, uma parte da cultura popular, e esta cultura vem sofrendo algumas mudanças devido às transformações sociais e tecnológicas, sendo que a escola está incluída nessas transformações.

Por estes motivos e por observar que muitas vezes as brincadeiras não têm estado presente ou não lhe é dada a devida importância nas atividades escolares para o desenvolvimento integral e cultural da criança, é que propomos buscar o resgate das brincadeiras/jogos tradicionais no interior das escolas.

OBJETIVO GERAL

-Resgatar as brincadeiras tradicionais, reconhecendo-as como elemento do desenvolvimento infantil.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Identificar as brincadeiras mais utilizadas pelas crianças.

-Levantar as brincadeiras antigas junto aos familiares e pesquisar suas regras.

-Proporcionar momentos para que as crianças vivenciem essas brincadeiras.

-Construir um livro com as brincadeiras selecionadas pela turma.

METODOLOGIA

O projeto acontecerá mediante o desenvolvimento de encontros semanais com uma turma de 25 a 30 crianças em uma escola pública. Os encontros terão duração de 60 minutos, onde serão desenvolvidas atividades de roda de conversa, leituras, pesquisa, construção de cartazes, oficinas de confecção de brinquedos, desenho, produções escritas, vivência das brincadeiras pesquisadas e construção coletiva de um livro sobre as brincadeiras.

A partir da leitura de um livro de literatura infantil que retrata situações de brincadeiras e de crianças brincando, será proposta a construção de um livro com os materiais que serão produzidos ao longo do projeto (fotos, desenhos, listas de brincadeiras, regras, entre outros).

Para isso, será realizada pesquisa junto aos familiares das crianças, buscando fazer um levantamento das brincadeiras que eles mais brincavam na infância, seguida de pesquisa das regras dessas brincadeiras. Faremos, também, uma oficina de brinquedos de materiais recicláveis, apresentação de vídeo sobre “Território do Brincar” e lista de todas as brincadeiras que eles gostariam de incluir no livro.

Para a conclusão do projeto, os alunos serão convidados a participar da confecção do livro e do convite da tarde de autógrafos onde serão expostos os trabalhos realizados pelas crianças.

Os instrumentos para registro dos dados serão um caderno de campo onde serão anotadas todas as atividades realizadas, bem como o registro em fotos e vídeos.

Para a culminância do projeto, será realizada na escola uma exposição das fotos dos encontros durante o projeto, dos brinquedos construídos pelas crianças, juntamente com uma exposição do livro criado pela turma, como uma “tarde de autógrafo”, buscando socializar todo o trabalho desenvolvido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se como resultado final desse projeto que as crianças construam um livro das brincadeiras tradicionais pesquisadas e vivenciadas ao decorrer dos encontros, com suas regras e outras informações, para que sejam expostas em uma tarde de “autógrafos realizados na própria escola como forma de socialização do trabalho desenvolvido.

As brincadeiras são um dos elementos fundamentais para construção dos conhecimentos necessários a vida em sociedade, pois para autores como Vygotsky (1989), Kishimto (1998) e Oliveira (2000), a forma como as crianças brincam refletem sua forma de ver, viver, entender e aprender o mundo. Sendo assim, é de suma importância o seu resgate no ambiente escolar.

Espera-se, também, com a aplicação do projeto do resgate das brincadeiras tradicionais, estimular a interação e a socialização dos alunos, desenvolvendo o interesse e a curiosidade através das atividades desenvolvidas ao longo do projeto, resgatando a cultura popular e reconhecendo a brincadeira como elemento do desenvolvimento infantil.

REFERÊNCIAS

COLHANTE, Carolina Cardoso et al. Resgatar o brincar tradicional: uma contribuição à formação de professores. Disponível em: <http://doceinfancia2.blogspot.com.br/2013/03/ola-pessoal-estamos-disponibilizando.html.pdf>. Acesso em: 21.02.2017.

FRIEDMANN, Adriana. Jogos tradicionais. Série Ideias, São Paulo: FDE, n.7, p.54-61. 1995.

FANTIN, Mônica. No mundo da brincadeira: jogo, brincadeira e cultura na Educação Infantil. 2. ed. Florianópolis: Cidade Futura, 2000.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1976.

VASCONCELOS, Mario Sérgio. Ousar Brincar. In: ARANTES, Valéria Amorim (Org.). Humor e alegria na educação. São Paulo: Summus, 2006.

VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Disponível em: http://chafic.com.br/chafic/moodle/file.php/1/Biblioteca_Virtual/Temas_educacionais/Lev._Vygotsky_-_A_formacao_social_da_mente.pdf. Acesso em: 14.03.2017

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1998. 2ª ed. Disponível em:  file:///C:/Users/cliente/Downloads/10745-32465-1-PB.pdf. Acesso em: 14.03.2017

OLIVEIRA, Vera B. (org.). O Brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis:

Vozes, 2000. Disponível em:   https://indicalivros.com/pdf/o-brincar-e-a-crianca-do-nascimento-aos-seis-anos-vera-barros-de-oliveira. Acesso em 14.03.201

[1] Bolsista de Iniciação a Docência PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS

[2] Ex-bolsista de Iniciação a Docência PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS

[3] Professoras Coordenadoras de Área PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS