Epidemiologia é uma disciplina básica da Saúde Pública voltada para a compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em termos individuais. Como ciência, a Epidemiologia fundamenta-se no raciocínio causal; já como disciplina da Saúde Pública, preocupa-se com o desenvolvimento de estratégias para as ações voltadas para a proteção e promoção da saúde da comunidade. A Epidemiologia constitui também instrumento para o desenvolvimento de políticas no setor da saúde. Sua aplicação neste caso deve levar em conta o conhecimento disponível, adequando-o às realidades locais. Epidemiologia ― é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde (fenômenos e processos associados) em populações humanas. É a ciência básica para a Saúde Pública, principal ciência de informação de saúde. Estuda a saúde, mas na prática, principalmente pela ausência de saúde sob as formas de doenças e agravos, estes últimos, definidos pelo diagnóstico clínico. Seu objeto são as relações de ocorrência de saúde-doença em massa (sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos, etc.). As relações são referidas e analisadas mediante o conceito de risco. A Epidemiologia, no seu conjunto, mobiliza as suas três áreas de atividade clássicas, visando a produção de conhecimento sobre as populações: a descrição de fenômenos, a análise dos contrastes entre grupos (explicação das relações entre presumíveis fatores e efeitos — por comparação) e a previsão de futuras ocorrências de saúde, ou prospectiva (através de modelos, frequentemente estatísticos, que convertem tendências e explicações em cenários). O seu caminho estratégico em relação às doenças na população é, assim, uma sequência de descrever, explicar, predizer e controlar fenômenos de saúde. E o conhecimento da história natural da doença traduz-se em objetivos coerentes de ação no quadro dos níveis clássicos de prevenção. A análise das causas de doenças no âmbito epidemiológico fundamentou-se na elaboração de modelos explicativos. Os modelos explicativos em Epidemiologia mais utilizados são: Modelo Biomédico – Onde temos mais claramente a saúde como ausência de doença e esta como desajuste ou falha orgânica ocasionada na reação a um estímulo cujo organismo está exposto. Quanto à etiopatogenia, as doenças podem ser: infecciosas ou não infecciosas e conforme sua duração, agudas ou crônicas. Modelo Processual – Apropria-se do conceito de processo saúde-doença ou história natural da doença. Este objetiva dar sentido a diferentes métodos de prevenção e controle dos problemas de saúde. Abrange a ocorrência das doenças em 2 domínios: o meio externo onde atuam determinantes e agentes e o meio interno onde se desenvolve a doença. No externo atuariam os fatores de natureza física, biológica, política e sócio-cultural. No interno se processariam as mudanças bioquímicas, fisiológicas e histológicas e atuariam os fatores hereditários, congênitos, as alterações orgânicas consequentes de enfermidades anteriores e outros. Modelo Sistêmico – Sistema é um conjunto de elementos de tal forma relacionados que uma mudança de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos, e quando envolve seres vivos costuma ser designado de ecossistema. Este conceito tem sido útil como forma de entender e analisar o processo saúde-doença. A estrutura geral de um dado problema de saúde constitui funcionalmente um sistema epidemiológico em equilíbrio dinâmico. Cada vez que um de seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio. • Sistema Epidemiológico – é o conjunto formado por agente, suscetível e pelo meio ambiente, dotado de uma organização interna que regula as interações determinantes da produção de doença, juntamente com os fatores vinculados a cada um dos elementos do sistema. Os componentes deste sistema a serem considerados podem pertencer ao ambiente, ao agente patogênico ou ao suscetível. • Sistema epidemiológico-social – é formado por ambiente, população, economia e cultura. A qualidade e dinâmica deste conjunto, incluindo o modo e as relações de produção, o tipo de desenvolvimento econômico, velocidade de industrialização, as desigualdades socioeconômicas, a concentração de poder, a participação comunitária, a responsabilidade individual e coletiva são essenciais na determinação do processo saúde-doença. Nesse sentido, a Epidemiologia é aplicada no mínimo em quatro áreas distintas: 1. Vigilância em Saúde Pública ou Vigilância Epidemiológica; 2. Análise da situação de saúde; 3. Identificação dos perfis e fatores de risco; 4. Avaliação epidemiológica dos serviços. A Epidemiologia e a Saúde Pública, quando trabalhadas em conjunto, possibilita alcançar o conhecimento sobre o modo como uma doença se origina, realizar o controle na população, e até mesmo evitar a sua ocorrência. A Epidemiologia oferece à Saúde Pública explicações para os problemas de saúde das populações, o que permite à Saúde Pública, saber como e quando agir, através de intervenções adequadas e resolutivas. São complexas as relações entre a Epidemiologia e a Saúde Pública, que exige a inserção de novas tecnologias e maior complexidade, para acompanhar todas as doenças que sejam necessárias. A Saúde Pública visa proporcionar o melhor nível de saúde ao maior número de pessoas, com o melhor desempenho econômico possível nas suas ações. Nesse sentido, analisa a saúde e os fenômenos a ela relacionados, implementando intervenções e mobilizando os recursos da comunidade de forma integrada, para o alcance dos seus objetivos. A Epidemiologia, por sua vez, orienta-se para a produção e a gestão de conhecimento, agindo como olhos, inteligência e linguagem da primeira, ao lado de outros contributos disciplinares igualmente relevantes, como os da Sociologia, da Estatística e da Medicina. Assim, a Epidemiologia estuda as manifestações de doença e de saúde, bem como os seus determinantes, nas populações e em grupos, através do modo como se distribuem nestes; mas atualmente, a sua definição inclui também a aplicação do conhecimento obtido, no controle das doenças e na proteção e promoção da saúde das populações. Este segundo componente viabiliza e condiciona a sua relação funcional com a Saúde Pública, nos dois sentidos, recebendo dela oportunidades de investigação e desafios para mais, ou melhor, conhecimento. A Epidemiologia permite ainda a avaliação da eficácia das intervenções realizadas no âmbito da Saúde Pública, contribuindo assim, para a melhoria das condições de saúde dos grupos populacionais. Autora: Amália Ivine. Saiba mais sobre este assunto em nosso curso de Saúde Pública. Graduado em Ciências Biológicas (UNIFESO, 2014) Ouça este artigo:
A epidemiologia é a ciência das epidemias, onde se averigua determinantes sociais, ambientais, genéticos e exposições dos indivíduos a agentes tóxicos, microbiológicos, entre outros, que ocasionam em doenças, incapacidades intelectuais e físicas, e até mesmo à morte, investigando as distribuições e as quantidades em relação a saúde e doença. A epidemiologia indica, através de estudos, os aspectos da doença e até mesmo do desastre como sua frequência, sua distribuição geográfica e a população que mais corre risco. Os dados produzidos pela epidemiologia podem ser de doenças conhecidas ou não. O primeiro relato de dado epidemiológico foi produzido por Hipócrates, na Grécia há mais de 2000 anos, onde foi percebido a relação das doenças com os fatores ambientais. As primeiras observações epidemiológicas foram descritas por John Snow, em Londres que analisou cada moradia com casos de óbito por cólera entre 1848 e 1853, e percebeu uma relação entre a água originária destas residências; ao comparar com outras residências, Snow percebeu que a maioria das vítimas da cólera tinham a água fornecida pela empresa Southwark. Atualmente, segundo a Associação Internacional de Epidemiologia (IEA) a epidemiologia possui 3 propósitos principais:
A epidemiologia não possui uma metodologia de aplicação específica, podendo variar de acordo com o surgimento das doenças, mas possui 6 metas obrigatórias que podem ser acrescidas; são originárias da metodologia científica e devem ser aplicadas em sua ordem específica:
O avanço da epidemiologia gerou várias conquistas, diminuindo a quantidade de doentes e promovendo soluções para causas variadas de doenças como a varíola, envenenamento por metilmercúrio, distúrbios por deficiência de iodo, tabagismo, HIV/AIDS, síndrome da angústia respiratória aguda e até mesmo em ocorrências de fraturas como a do quadril em idosos. No Brasil, o órgão responsável pelos os dados epidemiológicos e a sua aplicação é a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, uma das secretarias que compõem o Ministério da Saúde, prevista no decreto nº 8065 de 7 de agosto de 2013. Os dados epidemiológicos no Brasil são disponibilizados para a população através dos sites do SVS e do DATASUS. Referências: AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas. |