Show O Norte é a maior Região do Brasil, com extensão territorial de 3.853.327,2 quilômetros quadrados, o que corresponde a aproximadamente 45% da área total do país. Essa grande área é formada pelos seguintes estados: Acre – Rio Branco Amapá – Macapá Amazonas – Manaus Pará – Belém Rondônia – Porto Velho Roraima – Boa Vista Tocantins – Palmas Apesar de ser a maior Região do país, o Norte possui o segundo menor contingente populacional. De acordo com dados do Censo Demográfico, realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15.865.678 pessoas residem nos estados nortistas, sendo que o Pará é o estado mais populoso – 7.588.078. Manaus, capital do Amazonas, é a cidade mais populosa da Região (1.802.525 habitantes.). A outra cidade com mais de 1 milhão de habitantes é Belém, capital do Pará. Manaus: capital do Amazonas O clima predominante na Região é o tropical, com temperaturas elevadas e grande quantidade de chuvas. O relevo é marcado por planaltos, planícies e depressões. O ponto mais elevado do Norte e também do Brasil é o Pico da Neblina, com 2.993,78 metros acima do nível do mar. A rede hidrográfica é muito rica, composta pelos rios das bacias Amazônica e do Tocantins. A principal cobertura vegetal é a floresta Amazônica. Esse bioma apresenta grande diversidade de espécies de animais e de vegetais, sendo considerada uma das áreas de maior biodiversidade do planeta. Floresta Amazônica A economia regional tem no extrativismo uma importante fonte de captação de renda. Os produtos de origem vegetal são o látex, madeira, castanha, açaí, entre outros. A mineração baseia-se na extração de ouro, minério de ferro, manganês, etc. O setor industrial tem como grande destaque o Polo Industrial de Manaus, formado por mais de 500 indústrias que fabricam eletroeletrônicos, produtos de informática, motocicletas, entre outros. Por Wagner de Cerqueira e Francisco Graduado em Geografia Equipe Escola Kids A partir de 1980 a população da Região Norte obteve um bom nível de crescimento vegetativo, porém o número de habitantes ainda é modesto. Atualmente a população dessa região é composta por 15.864.454 habitantes, respondendo por apenas 8% do povo brasileiro, distribuída em uma gigantesca extensão territorial de 3 869 637,9 Km2. A população absoluta da Região Norte supera somente a da Região Centro-Oeste. Dentro da Região Norte existe uma grande disparidade entre os estados quanto à concentração da população, por exemplo, o Pará abriga cerca de 7.581.051 habitantes, isso lhe dá a condição de mais populoso regionalmente, enquanto que Roraima possui apenas 450.479 habitantes. De forma geral, a densidade demográfica de todos os estados do Norte é pequena, a população em sua maioria se encontra concentrada em centros urbanos (cidades), são aproximadamente 500 municípios. Um aspecto comum da população da Região Norte, tanto habitantes do campo quanto das cidades, é a incidência de concentração de pessoas às margens de rios. As principais cidades da Região se encontram estabelecidas às margens de rios, como Manaus, Belém, Porto Velho, Santarém, Marabá e Altamira. Essa configuração recebe o nome de população ribeirinha. O fato de a população se concentrar às margens de rios é proveniente de diversos fatores, o principal é a dificuldade para se locomover dentro da floresta Amazônica e a falta de infraestrutura de transporte, como rodovias e ferrovias, sendo assim, a melhor alternativa é a utilização dos rios com via de circulação (hidrovia). Um problema enfrentado por praticamente todos os estados da região Norte é o desprovimento parcial de redes de esgoto e água tratada, existem estados como o Acre onde apenas 35% da população têm acesso à rede de esgoto, Tocantins 16%, e o estado de maior percentual não ultrapassa 50% (Pará). Por Eduardo de Freitas Graduado em Geografia Equipe Brasil Escola Região Norte - Geografia do Brasil - Brasil Escola A região Norte é bastante conhecida por dois aspectos principais: é a maior região do Brasil em termos de extensão territorial e é a que concentra a maior biodiversidade graças à existência da Floresta Amazônica. Mais da metade dessa floresta está localizada no território brasileiro. Devido à presença da floresta, é na região Norte que percebemos a grande influência que a paisagem natural possui sobre as ocupações humanas no espaço geográfico. A existência de comunidades ribeirinhas e o uso com frequência de rios para o transporte de pessoas e/ou cargas podem exemplificar essa influência. Leia mais: Regiões do Brasil – agrupamentos de estados com características semelhantes Estados da região NorteApesar de ser a maior do país, a região Norte não concentra o maior número de estados. São eles:
Dados gerais da região NorteVeja agora alguns dados estatísticos dessa região, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Esses dados são de 2019.
Breve histórico da região NorteA história do Brasil mostra-nos que, no início da colonização portuguesa, as ocupações humanas estavam concentradas nas faixas litorâneas. Por conto disso, somente no século XVII é que a região Norte começou a ser ocupada pelos colonizadores, por meio de incentivos do governo português, com a instalação de um forte militar na foz do Rio Amazonas. Essa ocupação deu origem à cidade de Belém, no Pará. No século XVIII, houve dois tipos de ocupações: as religiosas, para catequização dos nativos, e as militares, para defender o território nacional. Já nos séculos XIX e XX, novas moradias começaram a surgir por motivos econômicos e sociais, devido à exploração da borracha, no interior da Amazônia, e com a imigração japonesa, concentrada no estado do Pará. A exploração da borracha no século XIX foi fundamental para o povoamento da região Norte, pois, com a Segunda Revolução Industrial e o processo de vulcanização, tal matéria prima tornou-se essencial na economia brasileira, tornando-se o segundo produto mais exportado do país no fim do século XIX e início do XX, atrás apenas do café. A borracha enriqueceu um pequeno grupo de pessoas que se concentrava na cidade de Manaus, porém a extração do látex nas seringueiras para a confecção da borracha atraiu muita gente, principalmente nordestinos que iam para a Amazônia devido à seca e em busca de melhor qualidade de vida. Desse modo, podemos dizer que grande parte da região Norte é fruto de imigrantes que buscavam enriquecimento rápido com as riquezas da Floresta Amazônica. Clima da região NorteO Norte do país é a única região brasileira cortada pela Linha do Equador. Com isso, grande parte do clima dessa região é o equatorial, além de ser encontrado o clima tropical continental. O clima equatorial é presente em todos os estados, exceto em algumas áreas do Tocantins, Pará e Roraima. Bastante quente e chuvoso, esse clima permite-nos dizer que não há inverno como nas outras regiões do Brasil. Já o clima tropical continental, encontrado nos trechos em que o equatorial não alcança, tem duas características bem definidas: um inverno seco e um verão chuvoso. A localização da região Norte permite-nos dizer que o clima nessa localidade é bem homogêneo, não sofrendo muitas variações. A média termal está entre 25 ºC e 27 ºC. Três fatores tornam a região Norte a mais chuvosa do país: sua proximidade com a Linha do Equador, a grande e densa Floresta Amazônica e os vários rios de grande extensão (caudalosos) que ali estão. Assim, devido à alta temperatura e à floresta, a evaporação é mais intensa, formando nuvens durante o dia que geram chuvas no fim da tarde, o que chamamos de chuvas de convecção. Dessa forma, os estados com maior concentração de pluviosidade são o Amazonas e o Pará. Contudo, há um período do ano em que ocorre o fenômeno friagem. Durante o inverno, entre maio e junho, frentes frias oriundas do Sul e do Sudeste do Brasil penetram no sudoeste da região Norte, baixando as temperaturas para até 14 ºC. Esse fenômeno costuma durar, no máximo, uma semana. Veja também: Quais as diferenças entre tempo e clima? Relevo da região NorteEm relação ao relevo, grande parte da região Norte apresenta baixas altitudes, excetuando as áreas de fronteira com as Guianas e a Venezuela. Nessa área, há a incidência de planaltos que chegam até 3000 m de altitude, como o Pico da Neblina, ponto mais alto do país localizado na fronteira com a Venezuela, no estado do Amazonas. Há também a presença de depressões, superfícies mais baixas em relação às áreas vizinhas. Esse tipo de relevo predomina na região Norte. Dentre as depressões nomeadas pelos geólogos, podemos citar a depressão norte-amazônica e a depressão sul-amazônica. A altitude dessas depressões não ultrapassa 300 m. No leito do rio Amazonas, encontramos a sua planície, que acompanha todo o rio e alguns de seus afluentes. Planícies são áreas geralmente planas e de baixa altitude. Hidrografia da região NorteA hidrografia da região Norte abrange duas bacias hidrográficas do Brasil: a bacia hidrográfica amazônica e a bacia hidrográfica Tocantins-Araguaia. A primeira corresponde a 45% do território brasileiro e banha os seguintes estados: Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima e o estado do Mato Grosso, no Centro-Oeste. O rio da dá nome à bacia, o rio Amazonas é o maior da região e do mundo em volume de água, o que mostra sua grande importância para todos que estão ao seu redor. Esse rio nasce nas montanhas do Peru e deságua no Pará, atingindo o oceano Atlântico. Quando entra em território brasileiro, o rio Amazonas recebe o nome de rio Solimões. Quando ele se encontra com o rio Negro, forma uma paisagem magnífica devido ao contraste das águas. Após esse encontro, volta a ser chamado de Amazonas. Devido ao seu tamanho, o rio Amazonas possui muitos afluentes, alguns com mais de 1000 km, como o rio Madeira, o rio Juruá e o rio Tapajós, além do rio Negro e o rio Jari. Durante a cheia do rio Amazonas e a maré alta do oceano Atlântico, há o fenômeno conhecido como pororoca, resultante do encontro dessas águas nesses períodos. Esse fenômeno atrai turistas de todos os cantos do país, pois é típico daquela região. Já a bacia Tocantins-Araguaia banha dois estados na região Norte: Tocantins e Pará. É a segunda maior bacia hidrográfica do país e possui o sentido sul–norte. Assim, os rios que dão nome a essa bacia, rio Tocantins e rio Araguaia, nascem no Centro-Oeste, cruzam os estados do Tocantins e Pará até desaguarem no oceano Atlântico. Acesse também: Rio São Francisco – considerado o rio de integração nacional Vegetação da região NorteO destaque da região Norte nesse aspecto é a Floresta Amazônica. A intensidade de chuvas na região permite uma grande biodiversidade, com vegetação densa e sempre verde. É a maior floresta do mundo de regiões quentes, concentrando a maior biodiversidade terrestre do planeta. Podemos citar algumas características dessa floresta:
Essa riqueza natural gera especulações das grandes indústrias. O desmatamento na floresta é um dos maiores do mundo, gerando grande preocupação entre os estudiosos. Isso porque o solo da região é frágil e pouco fértil. A grande biodiversidade da floresta ocorre devido ao material orgânico depositado no solo, como folhas e restos de frutas, e à alta pluviosidade. A menor alteração nesse bioma pode levar a um erro irreparável. Demografia da região NorteA população da região Norte não cresceu de forma expressiva até os anos 1970, por ser uma região muito grande, e, até essa década, a comunicação era precária e havia pouco desenvolvimento econômico. A partir de 1970, minérios foram descobertos, garimpos surgiram e o desmatamento foi intensificado pela agropecuária. Esses fatores geraram uma migração em massa para a região, que atualmente é a segunda em termos de taxa de crescimento demográfico, sendo a primeira a região Centro-Oeste. De acordo com os dados do IBGE de 2019, a região Norte conta com pouco mais de 18 milhões de habitantes, porém sua população está mal distribuída. Por exemplo: o estado do Amazonas, maior da região, possui uma densidade demográfica de 2,23 hab/km², sendo essa a segunda menor da região, a menor está no estado de Roraima. Esses últimos dados são do IBGE, de 2010. Belém, capital do Pará, possui uma densidade demográfica de 1315 hab/km², dados do IBGE de 2010, o que reforça a desigualdade demográfica da região. Vários fatores podem explicar essa distribuição irregular de pessoas, mas vamos citar apenas dois: o primeiro é a vegetação. Grande parte da região é ocupada pela Floresta Amazônica, o que impede algumas áreas de serem ocupadas. O segundo fator é a presença da população ribeirinha, que vive na beira dos rios, ao longo de suas margens. Veja também: Urbanização – aumento da população urbana em relação à população rural Principais atividades econômicasPara incentivar a economia e o povoamento da região, na década de 1960 foram criados alguns órgãos governamentais responsáveis pelo estímulo econômico no Norte do Brasil. Dentre eles podemos destacar a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Esta última corresponde a um grande polo industrial, idealizado em 1967 e localizado em Manaus, que abriga grandes multinacionais, propiciando um enorme desenvolvimento industrial e geração de empregos para a região. Esse polo concentra três tipos de atividades: comercial, agropecuária e industrial (a mais forte de todas). De acordo com a Suframa, existem mais de 600 indústrias no polo e uma geração de mais de 500 mil empregos, diretos e indiretos. As áreas de produção industrial que se destacam são: eletroeletrônicos (celulares, TVs), duas rodas (motocicletas) e química (produção de matéria-prima para refrigerante). Além disso, coexistem com esse desenvolvimento industrial as atividades econômicas naturais, como agricultura, pecuária e extrativismo vegetal e mineral. Na agricultura, podemos citar a produção de pimenta do reino, iniciada com os japoneses no início do século passado; e o cultivo da juta, uma espécie de árvore plantada na beira dos rios de que é extraída uma fibra vegetal utilizada na produção de tapetes e cordas. Além desses produtos, a região Norte é a maior produtora de fibras do país, sendo a juta e a malva plantas importantíssimas nesse processo. Já a pecuária é desenvolvida de forma extensiva, com destaque para a pecuária bovina e a criação de búfalos. Esta última está concentrada no estado do Pará, em áreas alagadas, e corresponde a 68% da produção nacional. Os extrativismos vegetal e mineral representam uma importante fonte de renda para a população local. No extrativismo vegetal, a força da extração de madeira está nos estados do Pará e do Amazonas. É produzida na região Norte uma grande variedade de palmito, açaí e outros vegetais das árvores locais. A borracha ainda está presente nas atividades extrativistas, mas não com a força do início do século XX, pois vem perdendo espaço para a agropecuária. Além disso, a biodiversidade da floresta amazônica atrai a indústria farmacêutica na busca de medicamentos e plantas medicinais, além de oferecer cosméticos para a indústria da beleza. A extração mineral iniciou-se ainda na década de 1950 como estratégia de povoamento da região pelo Governo Federal da época. Dentre os minérios encontrados na região Norte, podemos destacar:
O extrativismo mineral na região Norte é uma das bases econômicas de muitos estados, como o Pará. Nesse estado, temos a presença de ferro, na Serra dos Carajás, e do ouro, na Serra Pelada. Esta última área atraiu uma grande quantidade de garimpeiros na década de 1980, acelerando o desmatamento e a poluição nela. Aspectos culturais da região NorteA grande quantidade de imigrantes na região Norte faz com que haja nela uma grande diversidade cultural. As duas festas mais populares da região ocorrem em junho, no estado do Amazonas, e no segundo domingo de outubro, no Pará. Em junho temos o Festival de Parintins. Esse festival reúne o evento do boi-bumbá e é marcado pela disputa artística do Boi Caprichoso, na cor azul, e do Boi Garantido, na cor vermelha. São três dias de festas, com várias apresentações das populações locais, carimbó e muita diversão. No Pará, em outubro, temos o Círio de Nazaré, uma procissão religiosa católica na cidade de Belém em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Essa procissão reúne católicos do mundo todo, sendo um dos eventos mais importantes para o catolicismo brasileiro. Notas |1| Dados são do Censo do IBGE de 2010. Crédito da imagem [1] T photography / Shutterstock Por Átila Matias Professor de Geografia |