Com relação a diferença entre modos de unir o racionalismo e empirismo, analise o excerto a seguir

  • Ideias: são as impressões tais como representadas em nossa mente, conforme delas nos lembramos ou imaginamos. A lembrança de um dia no campo, por exemplo.De acordo com o filósofo, as ideias são menos vívidas que as impressões e, por isso, são secundárias: "(...) todas as nossas ideias ou percepções mais fracas são cópias de nossas impressões, ou percepções mais vivas."

    Por isso, a experiência seria a base de todo conhecimento, que podemos chamar de raciocínio sobre questões de fato. Enquanto que o segundo modo dos objetos externos se apresentarem à razão é chamado relação de ideias.

    As ideias, por sua vez, se relacionam umas com as outras de três modos:

  • por causalidade (ao nos recordarmos de uma pessoa ferida, imediatamente pensamos também na dor que ela deve ter sentido - o ferimento, neste exemplo, é a causa; a dor, o efeito).

    Nas relações de ideias, o conhecido obtido é chamado de demonstrativo, intuitivo ou dedutivo. É o caso da matemática e da geometria.

    Examinemos dois exemplos dados por Hume. No primeiro, temos a seguinte proposição: "O quadrado da hipotenusa (1) é igual à soma dos quadrados dos dois lados (2)". Ela expressa a relação entre a ideia (1) e (2), que são, ambas, figuras geométricas.

    No segundo exemplo, a afirmação "Três vezes cinco (1) é igual à metade de trinta (2)" resulta da relação entre números: 3 x 5 (1) e metade de 30 (2).

    A partir daí podemos inferir três coisas: (a) que esse tipo de conhecimento independe completamente de objetos externos; (b) que é necessariamente correto, seguro; e (c) que sua prova é dada inteiramente pela razão: seria um absurdo lógico dizer o contrário daquilo que é afirmado, como, por exemplo, que dois mais dois é igual a cinco, não quatro.Mas, e em se tratando de questões de fato, ou seja, de coisas que afirmamos acerca da realidade? Tome-se a seguinte proposição: "As rosas são vermelhas". Nada me impede de pensar, e dizer, que as rosas são brancas, ou mesmo azuis ou verdes. Não haverá qualquer contradição lógica, mesmo que isso não corresponda, de fato, à rosa a qual me refiro.Em outro exemplo, dado por Hume, dizer que "O Sol não nascerá amanhã", não é menos absurdo, do ponto de vista lógico, do que dizer "O Sol nascerá amanhã". Qual deve ser, então, o fundamento do conhecimento empírico?

    Causalidade Segundo Hume, todo raciocínio empírico, sobre questões de fato, se assenta sobre relações de causa e efeito. Na proposição "A pedra esquenta porque foi exposta aos raios solares" tenho uma afirmação que parte de duas impressões sensíveis, uma tátil ("a pedra esquenta") e outra visual ("exposta aos raios solares"). O que une essas duas impressões é uma relação de causalidade: a pedra esquenta (efeito) porque foi exposta aos raios solares (causa).

    Portanto, para saber qual é o fundamento do conhecimento empírico, Hume precisou analisar o fundamento dessa relação causal.A primeira coisa que se pode dizer é que não há aqui nenhuma base lógica, dedutiva. Se tenho uma pedra em minha mão e a solto, espero que, como efeito, ela caia no solo. Mas poderia naturalmente pensar que ficasse suspensa no ar ou voasse em direção ao céu. Podem ser coisas impossíveis de acontecer, mas concebíveis pelo intelecto.Isso significa que, por meio da razão, é impossível chegar da causa (a) para o efeito (b). São duas coisas completamente diferentes: a pedra se soltar da minha mão (a) e cair no solo (b). Para relacionar duas impressões sensíveis, preciso primeiro tê-las, isto é, preciso ver a pedra caindo no solo para, então, dizer com segurança que ela caiu porque eu a soltei de minha mão.

    Diz Hume: "O intelecto jamais poderá encontrar o efeito numa suposta causa, mesmo pelo mais acurado estudo e exame, porquanto o efeito difere radicalmente da causa, e por isso não pode de nenhum modo ser descoberto nela (...). Uma pedra ou um pedaço de metal erguido no ar e deixado sem nenhum apoio cai imediatamente; mas quem considera esse fato a priori poderá descobrir na situação alguma coisa que sugira a ideia de um movimento para baixo e não para cima, ou qualquer outro movimento na pedra ou no metal?"

    Qual deve ser, então, o fundamento da causalidade e, assim, do conhecimento empírico? Para Hume, não há nenhum, a não ser o costume, o hábito que temos, pelo fato de inúmeras vezes termos visto, anteriormente, pedras caindo no solo e o Sol nascendo a cada manhã. Esperamos que aconteça sempre a mesma relação causal devido a uma crença, de cunho psicológico e subjetivo. Nunca podemos, portanto, ter certeza do que estamos dizendo a cerca de questões de fato.

    Metafísicas Este é, em resumo, o argumento cético de Hume sobre a causalidade. Ele foi devastador para a filosofia porque todas as metafísicas também apelam para esse tipo de relação causal para explicar o mundo. Por exemplo: Deus existe porque é a causa de tudo que existe (Santo Tomás de Aquino) ou as ideias claras e distintas da razão são causas de nossos conhecimentos sobre a natureza (Descartes).

    Não que Hume fosse avesso à filosofia, pelo contrário. O que ele dizia é que tais sistemas filosóficos carecem de amparo nas impressões sensíveis, são muito abstratos e usam métodos demonstrativos da matemática que não servem de fundamento para questões de fato.

    O que Hume queria era fazer uma espécie de "faxina" na filosofia, de modo a livrá-la de suas pretensões e ideias estéreis. Assim, ele influenciou Immanuel Kant, Auguste Comte, filósofos pragmatistas como Charles Sanders Peirce, os empiristas lógicos e a filosofia analítica, entre outras importantes correntes do pensamento contemporâneo.

  • Com relação a diferença entre modos de unir o racionalismo e empirismo, analise o excerto a seguir

    Saber qual a diferença entre racionalismo e empirismo é fundamental para não confundir essas escolas de pensamento e distinguir melhor as matérias estudadas, sobretudo na área de humanas. Para ficar por dentro de todos os detalhes desses conceitos, basta acompanhar nosso post.

    O que é racionalismo?

    Para a abordagem racionalista, o conhecimento tem sua fonte na razão, sendo que tal conhecimento é inato e independe de experiências sensoriais. Um exemplo clássico do racionalismo é o estudo da matemática, no qual 1+1 = 2. Ou seja, não são necessárias experiências sensoriais para chegar a esse raciocínio.

    Para o racionalismo, o conhecimento inato consiste em um conhecimento de ordem superior que dá acesso a uma verdade profunda que vai além do que conhecemos no cotidiano. Na abordagem racionalista, há basicamente 3 caminhos pelos quais os seres humanos chegam ao conhecimento. São eles:

    • Dedução: consiste na aplicação de princípios concretos para se chegar a conclusões.
    • Ideias inatas: de acordo com esse conceito, os seres humanos nascem com verdades essenciais/fundamentais e até mesmo experiências que trazemos de vidas anteriores.
    • Razão: trata-se do uso da lógica na determinação de uma conclusão, sendo utilizados diversos métodos.

    O que é empirismo?

    Já de acordo com o empirismo, os conhecimentos dos seres humanos são provenientes da experiência sensória (relacionada aos sentidos). Desse modo, os únicos tipos de conhecimentos validados pela abordagem empirista são aqueles que podem ser medidos e verificados.

    Essa abordagem possui dois princípios básicos, que são:

    • Experiências sensoriais: elas podem ser simples ou complexas, tendo como meio a utilização dos 5 sentidos, que são: visão, audição, olfato, paladar e tato.
    • Indução: a base desse princípio é a de que poucas coisas podem ser conclusivas, sobretudo quando elas não passam pela experiência.

    Afinal, qual a diferença entre racionalismo e empirismo?

    Para chegarmos a uma conclusão sobre qual a diferença entre racionalismo e empirismo, basta pensarmos que o racionalismo valoriza a razão enquanto que o empirismo valoriza a experiência dos sentidos. Para exemplificar ainda melhor essa diferença, preparamos uma tabela. Confira.

    Definição Afirma que a razão é a fonte do conhecimento dos seres humanos. Menciona que a experiência sensorial é a fonte do conhecimento.
    Princípios-chave Razão, conhecimento inato e dedução. Experiências sensoriais e indução.
    Fonte do conhecimento Lógica e razão. Experiência e experimentação.
    Ideias inatas Acredita que os seres humanos possuem conhecimentos inatos. Não acredita que os seres humanos possuem conhecimentos inatos.
    Intuição Valoriza a intuição. Não valoriza a intuição.
    Principais teóricos Platão, Descartes, Leibniz e Noam Chomsky. Locke, Berkeley e Hume.

    Principais livros sobre racionalismo e empirismo

    Com relação a diferença entre modos de unir o racionalismo e empirismo, analise o excerto a seguir

    Para compreender com maiores detalhes qual a diferença entre racionalismo e empirismo nada melhor que consultar as principais obras dessas teorias.

    6 livros sobre racionalismo

    1 – Ciência na Alma – Escritos de um racionalista fervoroso (Richard Dawkins)

    2 – O Racionalista Romântico – Deus, vida e imaginação na obra de C.S. Lewis (John Piper e David Mathis).

    3 – Racionalismo (Charlie Huenemann)

    4 – Racionalismo Crítico e Sociedade (Maria Eliza Vieira Elias).

    5 – O racionalismo crítico de Popper (Eduardo Neiva).

    6 – O racionalismo da ciência contemporânea (Marly Bulcão).

    6 livros sobre empirismo

    1 – Empirismo e subjetividade (Gilles Deleuze).

    2 – Empirismo e Filosofia da Mente (Wilfrid Sellars).

    3 – Locke – Coleção Figuras do Saber 10 (Alexis Tadie).

    4 – Empirismo (Robert G. Meyers).

    5 – 10 lições sobre Hume (Marconi Pequeno).

    6 – Pensar em Deleuze (Ester Maria e Dremer Heuser).

    Ainda que essas duas abordagens sejam opostas, é fundamental entender qual a diferença entre racionalismo e empirismo e estudar sobre as duas, já que elas fazem parte da filosofia de um modo geral e ambas contribuem para a estruturação do pensamento moderno. Além dos livros acima, é recomendada leitura dos autores que se destacam sobre qual a diferença entre racionalismo e empirismo. Essas obras são:

    • Quem manda no mundo – Noam Chomsky;
    • Discurso de metafísica – G. W Leibniz;
    • Compreender Leibniz – Franklin Perkins;
    • Investigação sobre o entendimento humano – David Hume;
    • Diálogos sobre a religião natural – David Hume;
    • Razoabilidade do Cristianismo – John Locke;
    • Carta sobre a tolerância – John Locke;
    • Lógica do sentido – Gilles Deleuze.

    A partir desse conteúdo sobre qual a diferença entre racionalismo e empirismo você poderá aprofundar as pesquisas quanto ao assunto e exercer maior domínio quanto ao estudo das disciplinas da área de humanas, tais como filosofia, sociologia etc.

    Imagens: blog.guiabolso.com.br / revistaestante.fnac.pt