B) no cenário mais pessimista, de quanto será o aumento médio do nível do mar em 2100?

O aquecimento global pode ser definido como o processo de elevação média das temperaturas da Terra ao longo do tempo. Segundo a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis climáticos, sua ocorrência estaria sendo acelerada pelas atividades humanas, provocando problemas atmosféricos e no nível dos oceanos, graças ao derretimento das calotas polares.

O principal órgão responsável pela divulgação de dados e informações sobre o Aquecimento Global é o Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o IPCC, o século XX foi o mais quente dos últimos tempos, com um crescimento médio de 0,7ºC das temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, segundo o mesmo órgão, é que as temperaturas continuem elevando-se ao longo do século XXI caso ações de contenção do problema não sejam adotadas em larga escala.

O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um otimista e outro pessimista. No primeiro, considerando que o ser humano consiga diminuir a emissão de poluentes na atmosfera e contenha ações de desmatamento, as temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até 2100. No segundo cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de 1,8 até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprometeria boa parte das atividades humanas.

Em um relatório de grande repercussão, publicado em março de 2014, o IPCC afirma que o aquecimento global seria muito grave e irreversível, provocando a elevação dos oceanos, perdas agrícolas, entre outras inúmeras catástrofes geradas pelas alterações no clima e na disposição dos elementos e recursos naturais.

Causas do Aquecimento Global

A principal entre as causas do aquecimento global, segundo boa parte dos especialistas, seria a intensificação do efeito estufa, um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na superfície terrestre, mas que estaria sendo intensificado de forma a causar prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados gases-estufa seria o principal problema em questão.

Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e o gás metano. Além desses, citam-se o óxido nitroso, o hexafluoreto de enxofre, o CFC (clorofluorcarboneto) e os PFC (perfluorcarbonetos). Essa listagem foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua presença na atmosfera estaria sendo intensificada por práticas humanas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos veículos, pela queima de combustíveis fósseis e até pela pecuária.


O CO2 (dióxido de carbono) seria o grande vilão do aquecimento global

Outra causa para o aquecimento global seria o desmatamento das florestas, que teriam a função de amenizar as temperaturas através do controle da umidade. Anteriormente, acreditava-se que elas também teriam a função de absorver o dióxido de carbono e emitir oxigênio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido é utilizado pela própria vegetação, que também emite dióxido de carbono na decomposição de suas matérias orgânicas.

As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são quem, de fato, contribuem para a diminuição de dióxido de carbono e a emissão de oxigênio na atmosfera. Por esse motivo, a poluição dos mares e oceanos pode ser, assim, apontada como mais uma causa do aquecimento global.

Consequências do Aquecimento Global

Entre as consequências do aquecimento global, temos as transformações estruturais e sociais do planeta provocadas pelo aumento das temperaturas, das quais podemos enumerar:

- aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das calotas polares;

- eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas, em função da elevação do nível dos oceanos;

- aumento da insolação e radiação solar, em virtude do aumento do buraco da Camada de Ozônio;

- intensificação de catástrofes climáticas, tais como furacões e tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos meteorológicos de difícil controle e previsão;

- extinção de espécies, em razão das condições ambientais adversas para a maioria delas.

Como combater o aquecimento global?

A primeira grande atitude, segundo apontamentos oficiais e científicos, para combater o aquecimento global seria a escolha de fontes renováveis e não poluentes de energia, diminuindo ou até abandonado a utilização de combustíveis fósseis, tais como o gás natural, o carvão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte das indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na atmosfera também é uma ação necessária.

Outra forma de combater o aquecimento global seria diminuir a produção de lixo, através da conscientização social e do estímulo de medida de reciclagem, pois a diminuição na produção de lixo diminuiria também a poluição e a emissão de gás metano, muito comum em áreas de aterros sanitários.

Soma-se a essas medidas a preservação da vegetação, tanto dos grandes biomas e domínios morfoclimáticos, tais como a Amazônia, como o cultivo de áreas verdes no espaço agrário e urbano. Assim, as consequências do efeito estufa na sociedade seriam atenuadas.

As posições céticas quanto ao aquecimento global

Há, no meio científico, um grande debate sobre a existência e as possíveis causas do aquecimento global, de forma que a sua ocorrência não estaria totalmente provada e nem seria consenso por parte dos especialistas nas áreas que estudam o comportamento da atmosfera.

Existem grupos que afirmam que o aquecimento global seria um evento natural, que não seria influenciado pelas ações humanas e que, tampouco, seria gravemente sentido em um período curto de tempo. Outras posições afirmam até mesmo que o aquecimento global não existe, utilizando-se de dados que comprovam que o ozônio da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido de carbono não seria danoso ao clima e que as geleiras estariam, na verdade, expandindo-se, e não diminuindo.


Para alguns analistas, as calotas polares no sul e no norte estariam expandindo-se

Essas posições mais céticas consideram que as posições sobre o Aquecimento Global teriam um caráter mais político do que verdadeiramente científico e acusam o IPCC de distorcer dados ou apresentar informações equivocadas sobre o funcionamento do meio ambiente e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel da ONU como uma fonte confiável para estudos sobre o tema.

Divergências à parte, é importante considerar que o aquecimento global não é a única consequência das agressões ao meio ambiente. Diante disso, mesmo os críticos ao aquecimento global admitem a importância de conservar os recursos naturais e, principalmente, os elementos da biosfera, vitais para a qualidade de vida das sociedades.

Por WWF

Um relatório científico de enorme referência divulgado hoje (8 de outubro) na Coréia do Sul analisa as perspectivas de limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação ao Período pré-Industrial e ressalta a necessidade crítica de uma ação climática urgente. Aprovado por 195 governos, o documento ressalta a pequena janela de oportunidades que temos para sair do perigoso caminho de aquecimento em que o mundo se encontra.

 

O Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o Aquecimento Global de 1,5 °C é o texto científico mais importante sobre a mudança climática e deve orientar a tomada de decisões dos governos no aprimoramento de seus compromissos climáticos nacionais em relação ao Acordo de Paris.

Confira o relatório aqui.


 

O relatório deixa claro que um cenário de 1,5 °C é mais seguro que 2 °C em termos de impactos climáticos, e que permitir que as temperaturas globais subam 2 °C acima dos níveis pré-industriais terá consequências ainda mais devastadoras, incluindo a perda de habitats naturais e de espécies, a diminuição de calotas polares e o aumento do nível do mar - impactando em nossa saúde, nossos meios de subsistência, nossa segurança humana e nosso crescimento econômico.
 

As emissões atuais levarão à quebra de pontos de inflexão, causando impactos irreversíveis, que serão desastrosos para as pessoas, nosso meio ambiente e nossa economia, com potencial de nos levar a limites onde a adaptação é impossível. Hoje, muitas comunidades já estão sofrendo as consequências negativas de perdas e danos.

 

O Dr. Stephen Cornelius, conselheiro-chefe do WWF internacional sobre mudança climática, analisou positivamente a reunião que aprovou o relatório: “Nós já esperávamos negociações duras sobre este relatório histórico e estamos felizes que os governos fizeram uma boa reflexão sobre o que foi apresentado. As promessas atuais dos países para reduzir as emissões são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Não podemos negociar com a ciência”, comentou.

 

Cornelius fez uma menção especial à urgência dessas ações: “Cada semestre é importante para as pessoas e para a natureza - esta é a realidade do nosso mundo em aquecimento. Sem cortes rápidos e profundos nas emissões de carbono, enfrentaremos impactos mais severos nos ecossistemas, desde os recifes de corais ao gelo marinho do Ártico e mais vida selvagem em risco”.

 

O documento destaca que as promessas existentes sob o Acordo de Paris não são suficientes para limitar o aquecimento a 2°C, muito menos 1,5°C, e quanto mais atrasamos o combate às emissões, maiores os impactos climáticos - alguns dos quais serão irreversíveis - e mais caras serão as soluções.

 

O relatório do IPCC e seu sumário para tomadores de decisão foram encomendados pelos governos após a conferência da ONU em Paris em 2015, quando foi decidido limitar o aumento na temperatura média global a bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-Industriais, colocando esforços para que esse aumento fique em menos de 1,5°C.

 

Manuel Pulgar-Vidal, líder global da prática de Clima e Energia do WWF, destacou a responsabilidade ainda maior dos países a partir do lançamento: “Os governos pediram este relatório. Agora, em posse dele, eles devem atender à ciência para evitar os piores impactos das mudanças climáticas. Limitar o aquecimento a 1,5°C é possível, necessário e urgente. Ultrapassar o 1,5°C não é inevitável, mas não podemos atrasar mais a ação global”, comenta Pulgar-Vidal, acrescentando que “a diferença entre ‘impossível’ e ‘possível’ é a liderança política. O que precisamos agora é de um forte compromisso para garantir que vamos enfrentar o desafio que temos pela frente”.

 

Impactos no Brasil
 

O diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, afirma que o relatório reforça a importância do Brasil intensificar a implementação de ações concretas que diminuam a emissão de gases de efeitos estufa – e não ir na contramão do Acordo de Paris, como tem feito de forma recorrente: “Há pouco mais de uma semana, deputados de Rondônia acabaram com mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas na Amazônia. Isso é uma abertura para o desmatamento ilegal, perda de biodiversidade e um passo contrário ao que nos comprometemos nas Conferências de Clima. O Brasil é um dos principais atores nas negociações internacionais climáticas da ONU, e precisamos aumentar a ambição das nossas metas para garantir o limite de 1,5ºC ao invés de não cumprirmos aquelas que nós mesmos já estipulamos”.

 

Voivodic também enfatiza o importante papel de cada pessoa nessa luta por um futuro de baixo carbono: “Nós podemos e devemos começar agora a mudar esse cenário de desequilíbrio social e ambiental. Nossas escolhas e hábitos, como diminuir o desperdício de alimentos dentro de casa, um consumo mais consciente, incentivando o comércio local e com produção mais responsável, com a economia de água e energia. Tudo isso faz parte. Mas também é importante que cada cidadão se lembre que a gestão pública, representada pelos candidatos em que acabou de votar, precisa ser cobrada por políticas mais firmes contra o aquecimento global”.

 

Para o coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, o relatório reforça a necessidade de ação urgente, em todos os setores da economia e da sociedade. “No Brasil, a principal causa de emissões de gases de efeito estufa ainda é o desmatamento, que baixou há alguns anos, mas tem voltado a crescer. Isso acontece não só na Amazônia, mas também em outros biomas, como Cerrado e Mata Atlântica. Além disso, é extremamente necessário implantarmos efetivamente a agricultura de baixo carbono e formas mais eficientes e limpas de energia, em especial a solar descentralizada. O Brasil possui inúmeros exemplos de boas práticas climáticas, que aliam menos emissão de carbono a avanços socioeconômicos, e precisam ser promovidas e intensificadas. Por mais impactante que sejam os dados, o relatório mostra que um futuro de 1,5ºC  ainda é possível se agirmos agora.”

 

COP24 e aumento da ambição
 

O WWF pede que os governos intensifiquem e aumentem a ambição em seus próprios compromissos climáticos nacionais até 2020, consistente com a limitação do aquecimento global para abaixo de 1,5°C.

 

Os países são encorajados a anunciar seus compromissos revisados no Diálogo de Talanoa na 24ª conferência de partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), que será realizada em dezembro em Katowice, Polônia.

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