A capoeira tem se tornado cada vez mais popular

Atualmente, muito se fala sobre minimalismo. Esse conceito tem se tornado cada vez mais recorrente e muitas pessoas se identificam como minimalistas.

Inicialmente, o termo referia-se a manifestações artísticas e culturais que ocorreram em distintos momentos do século XX. Elas baseavam-se em utilizar somente o mínimo de elementos estruturais como forma de expressão da arte e da comunicação.

Entretanto, com o tempo, tal ideia também foi incorporada a outras áreas da expressão humana e transformou-se em um estilo de vida.

Minimalismo como estilo de vida

A capoeira tem se tornado cada vez mais popular
A capoeira tem se tornado cada vez mais popular

O estilo de vida minimalista baseia-se em diminuir drasticamente os níveis de consumo, adquirindo apenas os objetos necessários para uma vida plena.

Mas, além disso, essa forma de viver busca olhar para os prazeres que o consumo desenfreado não compra. Os adeptos do minimalismo priorizam uma vida mais simples e focada em seus reais interesses, realização pessoal e autonomia.

Sanar as dívidas, fazer compras mais conscientes e se desfazer de tudo o que não tem utilidade são algumas atitudes para quem pretende iniciar essa maneira de viver.

Vale lembrar que, de alguma forma, esse tipo de comportamento valoriza o autoconhecimento, criticando a sociedade de consumo, o fetiche da mercadoria e o sistema capitalista.

Estética minimalista

Minimalismo também pode ser referir a uma estética, ou seja, à aparência que as coisas possuem. Nesse caso, uma estética "clean", simples e com cores neutras.

A capoeira tem se tornado cada vez mais popular

Os desenhos permanentes feitos na pele costumam carregar significados e beleza. A tatuagem minimalista é aquela que, por meio de traços finos, delicados, e geralmente sem preenchimento, adorna o corpo discretamente.

Por conta disso, o público feminino é maioria na hora de escolher tatuar desenhos desse estilo.

Vestuário minimalista

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Já no vestuário, o o estilo minimalista se apresenta em forma de roupas chamadas de "coringas", ou seja, que podem ser combinadas entre si de várias formas, reduzindo assim a quantidade de peças no armário.

De tons neutros (geralmente branco, preto, listrado, cinza, bege, azul e marrom), a ideia é que essas peçam sejam de boa qualidade e atemporais, feitas para durar muitos anos.

Minimalismo na decoração

A capoeira tem se tornado cada vez mais popular

Na decoração, a tendência minimalista se dá na criação de ambientes amplos, com poucos móveis e paleta cromática neutra.

Essa forma de decorar traz leveza, melhorando os níveis de estresse e mantendo nos cômodos somente o necessário.

Arte Minimalista

A capoeira tem se tornado cada vez mais popular
Escultura minimalista de Donald Judd

No final dos anos 50 e início dos anos 60, surgiu em Nova Iorque (EUA) uma corrente artística que se denominou minimal art - traduzida para o português como "arte minimalista".

Os adeptos dessa vertente primavam pela síntese em suas produções, utilizando somente os elementos necessários. Nas artes plásticas, as formas simples, geométricas e puras são priorizadas.

Alguns artistas que se destacaram nesse estilo de arte são: Sol LeWitt (1928-2007), Frank Stella (1936), Donald Judd (1928-1994) e Robert Smithson (1928-1994).

É importante dizer que foi juntamente com esse movimento que começou a se pensar no minimalismo de forma mais filosófica, o que influenciou a criação do minimalismo como estilo de vida, vestuário, decoração e demais expressões.

Se quiser saber também sobre outras vertentes da arte relacionadas, leia:

  • Arte Contemporânea
  • Arte Conceitual
  • Op Art
  • Land Art

Saiba mais sobre arte contemporânea:

A capoeira tem se tornado cada vez mais popular

Luiz Renato Vieira

Sociólogo e Mestre de Capoeira

Nos últimos anos, a bibliografia sobre a capoeira tem se tornado cada vez mais rica e diversificada. A arte-luta brasileira tem sido examinada a partir de olhares diferenciados, e os pesquisadores produzem trabalhos elaborados e profundos sobre suas características e suas memórias. Nesta postagem, entretanto, optamos por retomar um clássico da bibliografia sobre a luta brasileira. Trata-se do livro Capoeira Angola: um ensaio sócio-etnográfico, de autoria de Waldeloir Rego, publicado em 1968, em Salvador,  pela Editora Itapuã em colaboração da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, e recentemente republicado.

Durante muito tempo, da publicação de Capoeira Angola, em 1968, até meados dos anos oitenta, as publicações sobre capoeira no campo da história e das ciências sociais praticamente não inovaram: restringiam-se a reproduzir os argumentos e os achados de Waldeloir Rego. Livros, dissertações e livretos divulgados pelas escolas de capoeira pouco acrescentavam ao conhecimento já existente, o que indica dois aspectos importantes: por um lado, mostra que houve um longo período de estagnação da produção acadêmica sobre a capoeira em ciências sociais, que perdurou até o final dos anos oitenta; por outro, evidencia a importância da obra de Waldeloir Rego, que, atuando como divisor de águas, permaneceu longo período como a referência mais importante para os estudos sobre a capoeiragem.

Em suas 415 páginas, o livro é estruturado em dezessete capítulos, formando, a partir do conhecimento disponível na época e das cuidadosas pesquisas de Waldeloir Rego, um verdadeiro tratado sobre a capoeira. Assim, a obra aborda desde temas históricos, como A Vinda dos Escravos (cap. I) e os Capoeiras Famosos e seu Comportamento na Comunidade Social (cap. X), até questões relacionadas à presença da capoeira como tema em diversos tipos de manifestações artísticas: no cinema e no teatro (cap. XIII), nas artes plásticas (cap. XIV), na música popular brasileira (cap. XV) e na literatura (cap. XVI).

Entretanto, o ponto forte do livro, como indica seu título, reside em seu aspecto etnográfico. Para os não iniciados nas ciências sociais, cabe uma explicação. O conceito de etnografia é bem simples – diz respeito a um tipo de trabalho de pesquisa sobre as formas de viver de um grupo social em que o pesquisador obtém a maioria de suas informações por meio da observação direta e, em alguns casos, da participação nas vivências daquela comunidade. Nesse sentido, além de uma pesquisa histórica (ver o capítulo XII, intitulado Ascensão Social e Cultural da Capoeira), Waldeloir Rego realizou uma excelente etnografia da capoeiragem baiana de sua época. Entrevistou mestres, transcreveu cantigas, visitou inúmeras academias, acompanhou rodas, aulas, rituais e formaturas. Tudo com o objetivo de fornecer um minucioso retrato da capoeira de sua época. Essa descrição detalhada –  que aborda a indumentária, o jogo, os toques, os  instrumentos musicais e o canto –  aparece nos capítulos III a VIII.

Capoeira Angola, no entanto, não é um livro apenas descritivo das tradições da capoeira. O espírito crítico do autor, profundo conhecedor da cultura baiana e dos riscos do processo de modernização que, já naquela época, envolvia a capoeiragem, o faz perceber o início de uma trajetória que se acentuou bastante nas décadas seguintes. No capítulo XVII (Mudanças Sócio-Etnográficas na Capoeira), Waldeloir Rego já aponta o processo de descaracterização da capoeira em virtude das influências do turismo, do apoio inadequado dos órgãos públicos da época e da mudança do perfil social de seu praticante. Todas essas, como se vê, são questões extremamente atuais, e que permeiam o debate contemporâneo sobre a capoeiragem no Brasil e no mundo.

O etnólogo e folclorista Waldeloir Rego, nascido em 1930, faleceu em 21 de novembro de 2001. Embora tenha se dedicado a diversos temas relacionados à cultura afro-baiana, Capoeira Angola foi seu único livro publicado. Infelizmente, a obra teve apenas uma tiragem.

Finalmente, ano passado (2015), surgiu uma nova edição, prmovida pela Fundação Gregório de Mattos. Trata-se de iniciativa que merece elogio e reconhecimento por parte da comunidade capoeirística. 

A obra está disponível para download gratuito na página do Capoeira Viva, de Salvador (http://www.capoeiraviva.salvador.ba.gov.br). Isso facilita enormemente o acesso dos capoeiristas a esse magnífico livro, que, além de todos as qualidades mencionadas, ainda traz ilustrações de outro mestre: o desenhista e pesquisador argentino Carybé.


http://www.capoeiraviva.salvador.ba.gov.br/index.php/livros -----------------------------------------------------

Agradeço ao Anadson Barbosa (Salgado, do grupo Cordão de Ouro), o envio do link para ser divulgado junto com os comentários.


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