Que darei ao senhor por todos os benefícios para comigo

"Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito"? (Salmos 116, 12) Imaginem o salmista pensando: O que darei eu ao Pai da Eternidade, ou seja, aquele que criou a Eternidade? O que darei ao Dono do ouro e da prata? O que darei ao Senhor que rege as estrelas e o espaço? O que darei ao Senhor que sonda a nossa mente e coração, e sabe o que estamos pensando? O que darei ao Senhor que é Dono de Tudo? O que darei ao Senhor, que sabe desde que a terra foi criada, quantos homens e mulheres já passaram por ela? O que darei ao senhor, que restaura e traz o homem fazendo-o ser uma nova criatura ? Pense agora você? O que você vai dar ao Senhor por tudo que Ele já te beneficiou, segundo a graça D'Ele? Agora pense de novo: Ele nos enviou Seu Filho para dar a vida eterna aos que pela fé crêem. Quer benefício maior que esse? (PR. Daniel ) "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".

(João 3, 16)

Pr. Daniel Vieira da Silva

O Salmo 116 faz parte da categoria dos que conhecemos como Salmos de gratidão, pois delata o reconhecimento e a profunda devoção de um homem que teve a sua oração respondida por Deus. Apesar de muitos o atribuírem a Davi, não sabemos ao certo quem o compôs, como também não conhecemos o contexto em que ele se encontrava. É um salmo muito pessoal, pois em dezenove versículos vemos a primeira pessoa do singular aparecer mais de trinta vezes.

O salmista inicia suas palavras com uma afirmação: “Amo o Senhor”, seguida de uma razão: “Porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas.” Ele prossegue no versículo dois de forma semelhante, dizendo que porque o Senhor inclinou os seus ouvidos para ele, O invocaria em toda a sua vida.

No versículo três, ele descreve como era a sua situação antes de ser atendido pelo Senhor, e em concordância com o seu relato, era um situação acentuadamente angustiante. Ele diz: 

“Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim”. 

Na poesia hebraica, morte e inferno (ou “Sheol”) são termos bem agressivos, denotando algo que agarra os vivos para desgastá-los com doenças ou esmagá-los com depressão¹; então, o salmista estava sobremodo afligido, tendo, por causa disso, caído em “tribulação e tristeza” (v.3).

Até que ele clama ao Senhor: “Ó Senhor, livra a minha alma!” A sua oração não foi um apelo silencioso, mas foram gritos de desespero, ao ver a si mesmo humanamente sem esperança, diante de algo que exauria todas as suas forças, o deixando arremessado ao chão e afundado em tristeza. Ele contemplava a morte bem próxima, e os seus olhos não conseguiam encontrar nenhum meio de escape, além do Senhor, a quem recorreu em oração. Quando todos os recursos humanos falharam, ele sabia que podia ainda recorrer aos recursos divinos, e neles encontrou o alívio para a sua alma, porque o Senhor é compassivo, justo e misericordioso, que vela pelos simples, e Ele o livrou! (vs. 5-6).

O salmista podia dizer à sua alma: “volta ao teu repouso” (v.7), porque o Senhor havia estendido sobre ele a sua bondade. Ele poderia dizer para ela:

“Repouse e fique tranquila, não se agite com temores inquietantes e receosos como fazes de vez em quando.”²

Como também: 

“Repousa em Deus. Retorna a Ele como teu repouso, e não busca esse repouso na criatura, pois ele deve ser encontrado só Nele.”²

O Senhor havia lhe dado um tríplice livramento: a sua alma da morte, os seus olhos da tristeza, e os seus pés da queda, e agora ele tem condições de andar em Sua presença, e é isso o que ele se prontifica a fazer enquanto existir (vs. 7-9).

O salmista confessa que apesar de ter estado muito aflito, ele creu, e que em sua perturbação pensou que todos os homens fossem mentirosos (v.10-11), que não havia absolutamente ninguém a quem ele podia confiar e recorrer quando precisasse. E agora, depois de liberto, ele deseja expressar de alguma forma a sua gratidão ao seu Senhor. Porém, ele se depara com a sua própria insuficiência em dar algo que possa retribuir tudo o que Ele tem feito em seu favor. Então, pergunta: 

“Que darei eu ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo?” (v. 12).

Conforme ressalta João Calvino, ele

“Exclama, com piedosa admiração, que o volume dos benefícios de Deus era maior do que as palavras que ele poderia achar para dar vazão às gratas emoções de seu coração. A indagação é enfática: o que darei? E declara que se sentia destituído não do desejo, e sim do meio que o capacitariam a render graças a Deus [...] ‘Estou muitíssimo disposto a cumprir meu dever, mas, quando olho ao meu redor, não encontro nada que seja uma recompensa adequada.’”³

Quantos benefícios nós mesmas também temos recebido do Senhor? Se considerarmos, são mais do que somos capazes de lembrar! E assim como o salmista, não temos condições nenhuma de retribuí-Lo por eles. Então, o que podemos fazer? O que nos resta é gratidão! Demonstrar de alguma forma o quanto somos gratas Àquele de quem temos recebido todas as coisas.

O salmista iria demonstrar sua gratidão de quatro formas. Iria tomar o cálice da salvação, invocar o nome do Senhor, pagar os seus votos e oferecer sacrifícios de ações de graças (vs. 13-14, 17-19). Ele remonta a coisas que eram comuns em sua época, sob o regime da lei. Iria em direção ao templo, com uma oferta em suas mãos, para que um sacrifício fosse realizado, junto com a libação do vinho, ou seja, o cálice da salvação, e da gratidão pública ao Senhor. Além disso, ele iria invocá-Lo, e pagar todos os votos que fizera ainda quando estava em sua aflição. Ele diz duas vezes que iria cumprir os seus votos ao Senhor diante de todo o povo (vs. 14, 18), e que iria invocar o Seu nome (vs. 13, 17).

Mas, acima do sacrifício do animal, estava o sacrifício da sua vida. Ele já dissera que amava o Senhor (v.1), que invocaria o Seu nome durante toda a sua vida (v. 2) e que andaria em sua presença aqui na terra (v. 9). Então, ele estaria diante do Senhor, desfrutando de Sua presença, continuamente. Ele não agradeceria ao Senhor apenas uma vez, mas a sua vida seria uma vida de eterna gratidão. Ele não se esqueceria Dele num só momento, antes, viveria para Aquele em quem residia a sua plena felicidade.  

Não precisamos mais oferecer sacrifícios de animais ao Senhor, porque o sacrifício perfeito já foi realizado por Jesus na cruz do Calvário. Então, como demonstramos nossa gratidão ao Senhor? Vivendo inteiramente para Ele! Apresentando para Ele o sacrifício das nossas vidas, ofertadas para o serviço do Seu Reino e da Sua perfeita vontade. É isso o que o Senhor deseja dos seus servos: Que tenhamos a Ele como o mais desejável e o mais importante que tudo o mais, todos os dias.

Posteriormente, o salmista diz que era o seu servo, filho da sua serva, cuja morte é preciosa aos Seus olhos (vs. 15-16). Com isso, ele diz que a morte que tanto temia não seria para ele um mero acaso, pois o Deus que tem estima por seus servos cuidava das particularidades da sua vida; e, conforme a NVI, via com pesar a morte deles.  Se Deus não permite que nenhum pardal morra sem o seu consentimento (Mt 10:29-31), não iria também cuidar daqueles que valem muito mais do que pardais, nesse aspecto? Logo, não há o que temer.

“... quebraste as minhas cadeias.” (v. 16)

O Senhor havia quebrado as suas cadeias, e um dia, Ele quebrou todas as cadeias que nos assolavam, e nos trouxe para um lugar seguro, debaixo de suas asas. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13). Nele somos libertas do pecado, do mundo e de nós mesmas. Que daremos ao Senhor por tudo isso? Tenhamos um coração grato, e vivamos para o Único que é digno de ter a nossa vida por inteiro em Suas mãos.

Thayse Fernandes

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¹ KIDNER, Derek. Salmos 73-150: Introdução e comentário. São Paulo: Mundo cristão, 1984.

² HENRY, Matthew. Comentário bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

³ CALVINO, João. O livro dos Salmos. Vol. 4: salmos 107-150. São José dos Campos: Fiel, 2009.

“Que darei ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?” (Sl.116.12).

Estive no sábado passado no aniversário de 15 anos da filha de meu amigo mais chegado que um irmão Jó!

Sarah, pediu-me que compartilhasse umas poucas palavras em um momento por demais importante para ela. Assim o fiz com muito amor!

Observando o seu convite, me deparei com uma pergunta, que originou o texto abaixo:

Que darei ao SENHOR
por todos os seus benefícios para comigo?


Eu hoje vou tentar responder a uma pergunta de Sara. Essa pergunta ela fez no seu convite para esta festa.

Salmos 116:12 Que darei ao SENHOR

por todos os seus benefícios para comigo?


A primeira coisa que tenho que entender, é que eu não possuo absolutamente nada que possa ser dado ao Senhor como retribuição pela sua bondade para comigo.

Meus bens não são suficientes para retribuir ao Senhor, até porque ele mesmo diz:

Ageu 2:8
Minha é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos.

E Paulo resume bem essa questão, quando diz:

Romanos 11:33-36

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!

Então, o que eu posso dar ao Senhor?

Posso dar ao Senhor a minha gratidão e o meu reconhecimento. Ter em mim um coração pleno de gratidão ao Pai. Sem murmurações, sem insatisfações, só gratidão!

Tem um texto de provérbios que tem me incomodado muito. Tem me levado a pensar a este respeito.

Provérbios 27:7

A alma farta pisa favos de mel, mas à alma faminta todo amargo é doce!

Esse texto trata da postura do nosso coração para com Deus e para com os irmãos de modo geral.

Muitas vezes nos queixamos por nos faltar algo.

Seja atenção, seja bens materiais ou qualquer coisa mais.

O Senhor supre nossas faltas ou aquilo que almejávamos, mas o coração do homem normalmente é insaciável e não consegue perceber a graça e amor do Senhor.


É o que trata esse texto! Trata da dificuldade do homem enxergar o favor do Senhor e dar valor ao que o Senhor tem dado.

Esse texto me constrange e me leva a ter um coração sempre GRATO ao meu amado Pai!

Mas voltando para o Salmo 116, nos versículos 13 e 14, o próprio Salmista responde ao seu questionamento:

13. Tomarei o cálice da salvação
e invocarei o nome do SENHOR.

Paulo fala do cálice da salvação.

1 Coríntios 10:16

Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?


Assim podemos dizer que cálice da salvação diz respeito à celebração de ação de graças que acontece seguidamente na vida e pode se relacionar a nossa salvação no gesto de Jesus na última ceia que abençoou o cálice e distribuiu o pão aos seus discípulos. A comunhão com o corpo e sangue de Cristo, realizada pelo cálice da salvação une a todos ao corpo de Cristo.

Mas, aí Davi continua respondendo à sua pergunta:

14. Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo.

Davi fala aqui da importância do meu testemunho. Fala do valor de cumprir os meus votos ao Senhor, e isso na presença de todo o seu povo.

Vou além. Não só diante do seu povo, mas diante de uma tão grande nuvem de testemunhas que nos rodeiam.

Esta é a forma de retribuir ao Senhor os seus inesgotáveis benefícios que tem feito para conosco.

Feira de Santana, 13 de agosto de 2016.