Caminhoneiros são unânimes na crítica à política de preços internacionais adotada pela Petrobras (Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil) Show
As principais associações de caminhoneiros prometem desde o final de outubro uma greve para esta segunda-feira (1). Em meio às incertezas, crescem os apoios à paralisação, apesar de o governo ter conseguido liminares na justiça que impedem o o bloqueio de rodovias federais em alguns estados. A greve conta com apoio de diversas entidades, como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) e da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava). + Em reunião com deputados, caminhoneiros reafirmam que greve está mantida Na última quinta-feira (28), a Central Única do Trabalhador (CUT) publicou um comunicado assinado com a Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP, Conlutas e outras entidades no qual apoia a paralisação dos caminhoneiros. “As Centrais Sindicais apoiam o movimento dos caminhoneiros e convocam todo o movimento sindical a expressar sua solidariedade a essa luta que é de todos os trabalhadores”, diz a nota. A CUT ainda cita uma pesquisa da Fretebras, plataforma de transporte de cargas, que diz que 59% dos caminhoneiros de sua base apoiam a greve contra a alta dos preços dos combustíveis. “Estamos passando dificuldades. Esperamos que o governo Bolsonaro atenda as nossas reivindicações. O preço do diesel está um absurdo”, disse Vanderlei de Oliveira, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Navegantes-SC (Sinditac). Segundo a Petrobras, o preço do diesel subiu, desde o início do ano, mais de 60% nas refinarias, sendo 10% nesta semana. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), houve alta de 37% no preço do diesel na média nacional. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que o motorista brasileiro acumula alta de 18,26% de inflação nos últimos 12 meses, a maior ao grupo em 21 anos, puxada pelo aumento do preço do etanol (64,45%), gasolina (40,46%) e gás natural (37,11%). Entre as demandas reivindicadas no comunicado estão: redução do preço do diesel e revisão da política de preços da Petrobras (Preços de Paridade de Importação, que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional); piso mínimo do frete; retorno da aposentadoria especial com 25 anos de contribuição; aprovação do Marco Regulatório de Transporte Rodoviário de Carga (PLC 75/2018) e criação e melhoria dos Pontos de Parada e Descanso. O Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escalq/USP infica que o combustível responde a 39% das despesas do transporte rodoviário. Um projeto de lei do governo tenta alterar a cobrança de ICMS dos combustíveis, o que foi rechaçado pelo presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da paralisação de 2018 e um dos principais defensores da greve a partir de 1 de novembro. “Nosso chamado de paralisação tem o respaldo de 1 milhão de caminhoneiros”, disse Chorão, que conta desde outubro com os apoios do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “Nossa organização é maior do que em 2018”. Segundo a Gazeta do Povo, ainda há empresários dispostos a apoiar a greve, de maneira diferente do que aconteceu no último 7 de setembro, quando houve indícios de locaute. Como a pauta não reflete a agenda do governo federal e é contra o aumento do combustível, empresários estariam dispostos a apoiar a decisão dos caminhoneiros. O Ministério da Economia divulgou na última sexta-feira (29), em uma tentativa de enfraquecer a greve, (29) que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou o congelamento do valor do ICMS cobrado na venda de combustíveis por 90 dias. Saiba mais+ Nova Montana: 3ª geração da picape da Chevrolet chega em 2023+ Ômicron: Sintoma inesperado da infecção em crianças preocupa equipes médicas + Vendedores do Mercadão de SP ameaçam clientes com golpe da fruta + Vídeo: Mãe é atacada nas redes sociais ao usar roupa justa para levar filho à escola + Horóscopo: confira a previsão de hoje para seu signo + O que se sabe sobre a flurona? + Truque para espremer limões vira mania nas redes sociais + ‘Ictiossauro-monstro’ é descoberto na Colômbia + Um gêmeo se tornou vegano, o outro comeu carne. Confira o resultado + Veja quais foram os carros mais roubados em SP em 2021 + Expedição identifica lula gigante responsável por naufrágio de navio em 2011 + Agência dos EUA alerta: nunca lave carne de frango crua Como você se sentiu com essa matéria?Lideranças de caminhoneiros autônomos do país têm se mobilizado para realizar uma nova greve em 2021. A paralisação está marcada para o dia 1º de fevereiro, e vem sendo convocada por associações e trabalhadores em grupos de WhatsApp. Entre as entidades que encabeçam o movimento está o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), que já formulou um documento com dez reivindicações dos caminhoneiros. A lista de insatisfações é longa. "Estamos no mesmo ponto que chegamos em 2018", avalia o caminhoneiro Marcelinho da Paz, que representa os profissionais de Santos no Fórum Permanente para o Transporte Rodoviário de Cargas, se referindo à greve que provocou desabastecimento por todo o país. Apesar disso, a realização da greve não é consenso entre a categoria: há lideranças, como o próprio Marcelinho, que defendem que a paralisação não seja realizada, ao menos agora. A Gazeta do Povo conversou com outras lideranças dos caminhoneiros e explica como está o cenário em cinco pontos. Confira: 1. Quais são as reivindicações dos caminhoneiros?A pauta apresentada pelo CNTRC tem dez itens:
Em vídeos que circulam no WhatsApp, caminhoneiros reclamam da alta nos preços do diesel e de alimentos. "Com a pandemia e a crise, estamos sofrendo com o aumento dos custos. Não conseguimos acompanhar os valores dos combustíveis e alimentos. Não podemos nos calar nesse momento", diz Plinio Dias, presidente do CNTRC. 2. A decisão pela paralisação é consenso entre os caminhoneiros?Lideranças da categoria apontam que a insatisfação é generalizada entre os caminhoneiros. As discussões sobre a greve, entretanto, mostram como a mobilização dos trabalhadores é fragmentada – algo que já havia aparecido durante o movimento ocorrido em 2018. Wallace Landim, conhecido como Chorão, afirma que a categoria está "muito debilitada" e que "chegou no limite". Segundo ele, porém, não há consenso de que a paralisação, agora, seja a melhor solução. "Estamos conversando com as lideranças dos estados, pra ver qual é o grau de adesão e o posicionamento real da categoria. (...) O que estamos conversando é que temos que ter muita responsabilidade. Tem a questão da pandemia, de entrega das vacinas. Temos que fazer uma avaliação para não levar a categoria ao abismo", afirma. Chorão é presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava). Marcelinho da Paz, que atua no porto de Santos, avalia que a greve será válida se houver organização. "Não adianta fazer um movimento sem adesão. Por enquanto, só temos informação de grupos de WhatsApp. Temos que sentir as bases, porque não adianta a maioria não querer parar e uma minoria querer. Aqui em Santos, por exemplo, não vai ter paralisação", diz. A Associação Nacional de Transporte no Brasil, por outro lado, tem apoiado o movimento. Em vídeos distribuídos pelo WhatsApp, o representante da entidade, José Roberto Stringasci, defende que os caminhoneiros não façam carregamentos e fiquem em casa ou, então, que permaneçam parados em postos de gasolina. À Agência Estado, Stringasci afirmou que a paralisação marcada para fevereiro pode ser maior do que a de 2018. 3. Em que pé estão as negociações com o governo?De acordo com Plinio Dias, do CNTRC, ainda não houve nenhuma reunião com o governo a respeito da paralisação do dia 1º de fevereiro. Ele afirma que os caminhoneiros "estão abertos ao diálogo", e que aguardam um posicionamento do Executivo federal. Quem tem representado o governo de Jair Bolsonaro nas conversar com os caminhoneiros é o Ministério da Infraestrutura, comandado por Tarcísio Gomes de Freitas. Segundo o portal UOL, o governo tem monitorado a possibilidade de mobilização, mas avalia que não há grande adesão dos caminhoneiro à greve. Ainda de acordo com o UOL, o Executivo avalia aplicar multas pesadas para profissionais que fecharem rodovias. 4. O que diz o governo federal?Questionado pela Gazeta do Povo, o Ministério da Infraestrutura encaminhou nota em que afirma promover "uma agenda de permanente diálogo" com as principais entidades da categoria, por meio do Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas. " O restabelecimento do fórum, desde 2019, tem sido o principal canal interativo entre governo e o setor. Qualquer associação representativa que deseje contribuir para a formulação das políticas públicas pode requerer a sua participação para debater eventuais temas de interesse da categoria", completa o texto encaminhado pela pasta. 5. O apoio dos caminhoneiros a Jair Bolsonaro acabou?Nas eleições de 2018, os caminhoneiros foram uma das categorias que apoiou o então candidato Jair Bolsonaro. A avaliação das lideranças, agora, é de que os profissionais estão decepcionados com o Executivo – e que se sentem, em alguma medida, traídos pelo presidente. "Fizemos campanha para o governo, trabalhamos de graça, colocando nome em lona. A votação do BR do Mar e as conversas que tivemos com o ministro Tarcício e com o líder do governo, Ricardo Barros, sinalizaram que eles não estão nem aí para a categoria. O que eles querem é trabalhar para os grandes empresários", se queixou Chorão, em conversa com a Gazeta do Povo. "O governo Bolsonaro está nos devendo muito. Tem muito o que fazer para conquistar a nossa confiança de novo", concorda Marcelinho da Paz. |