Por que nosso corpo formiga

É tiro e queda: basta ficar parado na mesma posição por muito tempo, deitar com a cabeça por cima do braço ou sentar sobre uma das pernas que aquela sensação de que há um monte de formigas andando na pele começa. Abaixo, você descobre o que acontece dentro do seu corpo quando ocorre o formigamento de algum membro e em quais situações é necessário procurar auxílio médico (às vezes, ele é sinal de infarto ou AVC):

1. Pressão-surpresa

Os nervos que se ramificam da medula espinhal para todos os cantos do organismo são essenciais para nos movimentarmos. Eles também transmitem informações de tato, calor e dor para o cérebro. O formigamento começa quando a gente aperta alguma dessas estruturas por um tempo prolongado.

2. Encanamento fechado

Além do bloqueio dos nervos, os vasos sanguíneos superficiais também podem sofrer com o amasso inesperado. Isso acontece se ficamos numa mesma posição por muito tempo ou ao sentarmos em cima de uma das pernas — o que reduz a chegada de oxigênio e nutrientes a uma certa região.

Por que nosso corpo formiga
Infográfico: Laura Luduvig e Ricardo Davino/SAÚDE é Vital

3. Deu tela azul

A falta de contato com as terminações nervosas, somada à redução na circulação de sangue, faz o cérebro perder contato com aquele trecho do corpo. Por alguns minutos, é como se ele “desaparecesse” do radar. É daí que vem aquela ilusão de que há milhares de formigas andando na pele. Mas basta se endireitar para que tudo volte ao normal.

Por que nosso corpo formiga
Infográfico: Laura Luduvig e Ricardo Davino/SAÚDE é Vital

Doenças que causam formigamento

Esclerose múltipla: ela acomete o sistema nervoso, que então dispara essa sensação sem um motivo claro.

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Hérnia de disco: quando a placa gelatinosa que fica entre as vértebras escapa, ela pinça a raiz de um nervo.

Álcool em excesso: errar a mão na quantidade de bebidas deixa o cérebro confuso e o corpo meio que anestesiado.

Câncer: dependendo da região em que o tumor se desenvolve, ele pode pressionar nervos.

Infecções: além de bagunçar o sistema imune, alguns vírus, como o HIV e o zika, ainda mexem com o sistema nervoso.

Falta de nutrientes: se o consumo de vitamina B12, cálcio ou potássio estiver abaixo do ideal, a dormência dá as caras.

Fontes: Antônio Cézar Galvão, neurologista, responsável pelo setor de neurologia clínica do Hospital 9 de julho (SP); Marcus Yu Bin Pai, fisiatra e pesquisador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas de São Paulo

Formigamentos não são coisa do outro mundo: no dia a dia, podemos experimentar isso em diferentes partes do corpo sem que a sensação esteja relacionada a alguma doença. Pode acontecer nas mãos quando batemos o cotovelo, nos membros inferiores quando ficamos com as coxas cruzadas ou ainda nas pernas quando permanecemos um tempo prolongado em uma cadeira dura ou até mesmo no vaso sanitário.

Nessas situações, o formigamento é fruto de uma compressão externa causada por um trauma ou superfície dura. Um processo natural. No entanto, quando essa queixa se torna persistente ou recorrente, é importante procurar um médico para investigar possíveis problemas de saúde.

Entre as principais doenças que podem estar por trás de um formigamento mais frequente estão as neurológicas e ortopédicas. Um bom exemplo são os quadros de compressão mecânica dos nervos. Quando a compressão ocorre na altura do punho temos a chamada síndrome do túnel do carpo. Quando ocorre na região cervical, podemos ter uma hérnia de disco ou a síndrome do desfiladeiro cérvico-torácico. Ambas pedem tratamento.

Outras possíveis causas de formigamento são as infecções (caso da hanseníase), intoxicação por metais, toxinas ou drogas, deficiências de vitaminas (tiamina e vitamina B12), doenças metabólicas (diabetes, insuficiência renal…) ou, ainda, enfermidades que atingem o sistema nervoso, como esclerose múltipla e a síndrome de Guillain-Barré.

Os problemas de caráter vascular não são causas comuns de formigamento, mas, quando acontece uma obstrução à passagem de sangue nas artérias, ocorre deficiência de oxigênio e nutrientes nos nervos dos braços e pernas, o que pode desencadear sintomas como a sensação de dormência nos membros. Entre as doenças vasculares associadas a isso estão os quadros de embolia e trombose arterial. 

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Na embolia arterial, coágulos se desprendem do coração ou de grandes artérias e se deslocam em direção aos vasos dos braços ou das pernas. Pessoas com alguns tipos de arritmia (como fibrilação atrial) ou doenças em válvulas cardíacas estão mais sujeitos.

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Nos casos de trombose arterial ocorre a formação de placas de gordura e coágulos capazes de entupir os vasos. As artérias da perna são as mais acometidas. Alguns fatores de risco estão associados ao problema: tabagismo, colesterol alto, diabetes, hipertensão, entre outros. Sendo assim, é fundamental aderir a um estilo de vida saudável — o que inclui evitar o cigarro, ter uma alimentação balanceada, praticar atividade física e alongamentos regulares e controlar o peso.

Em caso de dúvidas ou suspeitas, procure uma avaliação médica e evite as receitas milagrosas oferecidas por pessoas, locais e canais sem instrução ou qualificação. É um diagnóstico preciso e precoce, seguido de um tratamento efetivo, que fará a diferença na melhora dos sintomas.

*Dr. Elias Arcenio Neto é cirurgião vascular e coordenador do departamento científico de doenças venosas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular

O formigamento acontece quando um nervo é pressionado ou falta sangue em alguma região do corpo – essa sensação pode ser apenas reação momentânea do corpo, geralmente por causa de um erro de postura, mas também sintoma de doenças graves, como a diabetes e a hipertensão ou até mesmo infarto ou AVC, como explicou o cardiologista Roberto Kalil no Bem Estar desta terça-feira (5).

Por isso, é importante ficar atento aos sinais que o corpo dá e, se for o caso, procurar um médico. Por exemplo, quando apenas um lado do corpo formiga, geralmente o rosto e braço ou perna e braço, pode ser um sinal de AVC, resultado da falta de sangue no cérebro, o que pode levar ao entupimento ou vazamento de uma veia. Caso a pessoa sinta esse sintoma, deve ir imediatamente ao hospital para evitar que ela tenha complicações maiores.

Por outro lado, quando a dormência irradia-se para o braço, principalmente o esquerdo, e vem acompanhada de outros sintomas, como dor ou aperto no peito, aperto na garganta, náuseas e suor, pode ser alerta de problemas cardiológicos, como angina ou até mesmo o início de um infarto. Em casos mais raros, ela pode sentir também palpitações, tontura e também desmaiar – da mesma maneira, ela deve ir ao hospital o quanto antes.

Por que nosso corpo formiga

Porém, como explicou a fisiatra Cristina Brito, grande parte dos problemas de formigamento é causada por erros de postura que podem ser facilmente corrigidos.

Por exemplo, cruzar as pernas, sentar na cadeira com o corpo inclinado para frente, digitar no computador sem apoio para os braços, dormir com os braços presos ou até mesmo lavar e torcer roupas no tanque podem provocar essa sensação.

Além disso, pessoas que costumam beber muito podem sofrer mais com esse problema porque podem ter problemas de deficiência de vitaminas. Os médicos explicaram que uma alimentação rica em vitaminas do complexo B pode ser eficaz contra o formigamento – carne, fígado, ovos, leite, semente e cereais integrais, folhas escuras e queijo são alguns dos alimentos que trazem esses benefícios.

Para saber se o formigamento é normal ou preocupante, é importante primeiro identificar a região do corpo em que ele acontece, como alertou a fisiatra Cristina Brito. Veja abaixo o que pode significar cada um deles:

No dedo do meio, indicador ou polegar: pode ser sinal de síndrome do túnel do carpo, uma lesão de esforço repetitivo que atinge o nervo mediano, localizado no punho. Lavar roupas, dirigir moto, posição na hora de dormir ou a digitação sem o apoio dos braços são ações que podem causar esse problema. Para tratá-lo, os médicos orientam o uso de uma tala durante a noite e também exercícios de correção postural. 

No dedo mindinho ou anular: geralmente, acontece por causa da compressão do nervo do cotovelo, o que reflete nas mãos. Por isso, pessoas que ficam muito com o cotovelo dobrado e apoiado na mesa podem sentir essa sensação com mais facilidade – evitar esse hábito e corrigir a postura pode ajudar.

No braço: pode ser resultado da pressão no conjunto de nervos do chamado “plexo-braquial”, na medula espinhal. Dormir de um jeito errado, por exemplo, pode comprimir um desses nervos e deixar o braço todo formigando – por isso, melhorar a posição do sono já é suficiente para resolver.

Na lateral do pé: a sensação ocorre quando a pessoa cruza a perna de forma errado, pressionando o nervo da perna de cima, o que causa o formigamento. Isso pode prejudicar os movimentos dos membros por alguns momentos, mas geralmente, quem sente esse problema, logo se alivia ao descruzar as pernas.

Na coxa: é mais comum entre as grávidas, mas também pode acontecer com quem usa calça ou cinto apertado já que é resultado da compressão do nervo que fica perto da cintura. Por isso, soltar um botão do cinto, comprar uma calça maior ou, no caso das grávidas, se movimentar mais ajudam a evitar.

Na planta do pé: há a possibilidade de ser algo mais grave já que pode ser sinal de diabetes. Isso ocorre porque o excesso de açúcar desestabiliza os nervos das pernas e faz com que eles parem de funcionar. Pessoas que costumam sentir isso devem prestar atenção a outros sintomas e, na dúvida, procurar um médico.