Por quanto tempo o escravizado mencionado no anúncio de 1855 estava fugido

Lista de questões sobre o período da escravidão no Brasil.
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Por quanto tempo o escravizado mencionado no anúncio de 1855 estava fugido
Sir Hector Munro, pintado por David Martin (1785), exposto na National Gallery de Londres.
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Não se sabe se ele se arrependeu, mas o general sir Hector Munro parece que estava disposto a lhe dar uma segunda oportunidade. “No caso de o escravo decidir voltar ao serviço de seu amo por vontade própria, sua ofensa será perdoada.” Com este gesto de suposta benevolência terminava o anúncio que o parlamentar escocês publicou em 22 de junho de 1771 no jornal Caledonian Mercury para avisar que uma pessoa de sua propriedade, rebatizada como César, “de 25 ou 26 anos, pouco mais de 1,5 metro de estatura, com cabelos pretos compridos”, havia escapado. A nota, que aparentemente passou despercebida pelos anos, foi recuperada por um grupo de pesquisadores da Universidade de Glasgow junto com mais de 800 anúncios similares, como parte de um projeto que busca reconstituir a vida dos escravos na era do Império Britânico, oculta em uma sombra da história por falta de documentação.

“Durante muitos anos os historiadores sugeriram que foram os brancos que aboliram a escravidão. Por sorte, agora também reconhecemos o papel dos escravizados que, por si mesmos, encontraram formas de lutar”, afirma Simon Newman, especialista no tráfico de escravos na idade moderna e responsável pela iniciativa. Para este pesquisador, a criação de uma base de dados online com centenas de histórias de escravos que desafiaram o sistema vigente é uma forma de tornar visível e dignificar outros protagonistas que foram deixados fora do relato oficial dos acontecimentos. “Com exceção de episódios de rebelião, fugir foi a maneira mais significativa de resistência à subjugação.”

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Embora não haja registros oficiais e seja difícil apresentar dados exatos, Newman calcula que na Londres do século XVIII havia cerca de 10.000 pessoas, a maioria de origem africana e algumas poucas vindas da Ásia, submetidas a um amo. Muitas chegaram ao solo britânico procedentes das colônias do império para servir em famílias abastadas com vínculos empresariais com os territórios de ultramar. Trabalhavam como marinheiros ou empregados do serviço doméstico e sua perda constituía para os proprietários, além de uma redução no patrimônio, uma afronta pessoal, já que a prática de tê-los poupado do sofrimento do trabalho nas plantações era considerada um presente.

Por isso, a prática de colocar anúncios na imprensa era algo normal, como demonstra o fato de que o caso de César apareceu ao lado de propagandas de venda de óculos na loja de Mr. Moffat e da confortável estadia em uma escola chamada Corstorphine. No Brasil, não foi diferente. Gilberto Freyre foi um dos primeiros a apontar a importância dos anúncios de escravos em jornais brasileiros do século XIX. No livro "O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX", Freye destaca as relações entre escravizados e "senhores" em uma pesquisa com cerca de dez mil anúncios.

Até a aprovação no Parlamento britânico do Ato do Comércio de Escravos em 1807, que sentou as bases legais para acabar com o tráfico de pessoas no Atlântico, era comum também ver nos jornais propaganda de compra e venda de homens, mulheres e crianças. “Com frequência, os anúncios são a única prova que temos de sua existência. Da maioria não sabemos se a fuga foi bem-sucedida”, comenta o pesquisador. Em um exercício de ficção histórica, Newman se aventura a prognosticar que aqueles que conseguiram alcançar a liberdade possivelmente inventaram um novo nome e buscaram refúgio se alistando no Exército, empregados como marinheiros, iniciando uma carreira eclesiástica e até tentando se integrar como trabalhadores livres e com um salário a serviço de outro burguês ou aristocrata endinheirado.

Na época se tornou célebre a figura de Olaudah Equiano, um escritor e ativista abolicionista africano que comprou sua liberdade depois de ter sido vendido aos 11 anos como escravo nas antigas colônias europeias nos Estados Unidos. A narrativa de sua resistência em uma autobiografia publicada em 1789 – no mesmo ano da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – constitui um dos escassos testemunhos em primeira pessoa da experiência de um escravo liberto no século XVIII. Para Newman, a vida de Equiano e o destino em suspense de tantos escravos fugidos são uma prova de que as circunstâncias adversas não são um empecilho para se mudar o curso da história.

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(as) que tinham fugido. Muitos desses(as) escravizados (as) conseguiam se refugiar em quilombos, onde era muito difícil para as auto- ridades da época encontrá-los. PARA SABER MAIS: Sobre os quilombos existentes em Minas Gerais no século XVIII: leia o texto de Heloísa Murgel Starling “Uma História da liberdade: quilombos em Minas Gerais”. Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/mi- nas-gerais/minas-300-anos/noticia/2020/06/27/uma-historia-da-liberdade-quilombos-em-minas- -gerais.ghtml>. Acesso em: 19 abr. 2021. 158 ATIVIDADES 1 – Compare os dois anúncios, levando em conta os seguintes fatores: onde fugiu o escravizado (região rural ou urbana), valor da recompensa para quem o localizasse, tipo de trabalho que sabia fazer. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_ iconografia/icon242012.jpg>. Acesso em: 28 abril.2021. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_ obrasraras/or102_5_183.jpg>. Acesso em: 28 abril 2021. Anúncio de 1854 Anúncio de 1855 Local da fuga (área rural ou urbana) Valor da recompensa Habilidades (tipo de trabalho que sabia fazer) 2 – Na sua opinião, por que a recompensa oferecida no segundo anúncio é maior do que na do primeiro? área rural 50 Cozinhar, encadernar e trabalhar na roça. Área rural 100 Sapateiro Provavelmente porque o escravo do segundo anúncio fugiu levando consigo roupas e vestimentas de alto valor econômico. 159 3 – Por quanto tempo o escravizado mencionado no anúncio de 1855 estava fugido? Depois de todo esse tempo, você acha que ainda seria possível localizá-lo? Por quê? 4 – Analise o mapa da Capitania de Pernambuco, feito pelo holandês Frans Post, em 1647, no qual ele representa à direita o Quilombo de Palmares e responda: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_da_Capitania_de_Pernambuco,_com_representa%C3%A7%C3%A3o_ do_Quilombo_dos_Palmares_(1647).jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 27 abr.2021 Observando a imagem de Frans Post, quais impressões se tem sobre como era a vida no quilombo de Palmares? Há quase 9 meses. Seria difícil encontrá-lo devido aos meios de comunicação lentos existentes naquela época. O escravo também poderia ter fugido para um quilombo onde ele poderia construir uma rede de solidariedade, dificultando ainda mais a sua localização e apreensão. A única coisa que consegui observar é que os escravos montaram uma espécie de torre de observação com madeira cortada das árvores para manter a segurança do local e se protegerem de possíveis invasores. 160 5 – Leia o texto seguinte, da historiadora Heloísa Maria Murgel Starling, professora da UFMG: “A fuga individual ou em grupo marca os limites da dominação: o escravizado que fugia afrontava o prin- cípio da propriedade, ameaçava a ordem das coisas em uma sociedade escravocrata e impunha grave prejuízo ao seu senhor. Cedo se percebeu que as formas individuais de punição aplicadas ao escravo recapturado, e devidamente castigado por seu proprietário – castigo que deveria ser exemplar, tanto no aspecto punitivo, quanto para prevenir novas fugas –, não bastavam; era preciso construir mecanismos de controle e manutenção da ordem escravista e desenvolver estratégias de repressão.” Disponível em: <https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/minas-300-anos/noticia/2020/06/27/uma-historia-da-liberdade-quilombos- em-minas-gerais.ghtml>. Acesso em: 19 abr. 2021 A fuga de escravizados, individual ou em grupo, tinha que significado para aquela sociedade? Em primeiro lugar, a fuga significava um prejuízo econômico, uma vez que se tratava de propriedade privada. Além disso, os escravos fugitivos poderiam representar o risco de roubos e assassinatos na comunidade local, provocando um medo generalizado. Mas, obviamente os quilombolas contavam com o apoio de brancos e livres, que poderiam comprar as mercadorias roubadas e lucrar com a situação. 161 SEMANA 5 EIXO TEMÁTICO: Mundo Moderno, colonizações e relações étnico-culturais. TEMA/TÓPICO: Colonização Portuguesa e Resistência/Escravidão e liberdades. HABILIDADE(S): Identificar e analisar diferentes formas e relações de trabalho escravo na América Portuguesa. CONTEÚDOS RELACIONADOS: Trabalho escravo no Brasil. INTERDISCIPLINARIDADE: Sociologia. TEMA: Diferentes formas de trabalho escravo no Brasil Colônia e no Brasil Império. Caro(a) estudante, nesta semana você vai aprender como era o dia-a-dia dos (as) escravizados (as) no Brasil Colônia e no Brasil Império. BREVE APRESENTAÇÃO: Ao longo dos períodos colonial e imperial do Brasil, observou-se a adoção do uso de mão de obra escra- vizada. A escravidão acabou se constituindo em um dos mais importantes pilares de nossa sociedade. A princípio, os povos originários foram utilizados como escravos e, depois de algumas décadas, escra- vizados(as) vieram do continente africano para ocuparem os vários postos de trabalho que eram gera- dos. Com o passar do tempo, a complexidade econômica e social acabaram determinando a existência de diferentes formas de escravização. Nas áreas rurais, os(as) escravizados(as) de eito enfrentavam uma dura rotina, trabalhando em jornadas que poderiam alcançar dezoito horas diárias. Não bastando o desgaste físico provocado pelo trabalho predominantemente braçal, esses indivíduos viviam mal instalados em senzalas, cujas condições de higiene eram bastante precárias. A expectativa de vida variava entre 10 a 15 anos de serviço devido às condições citadas e à falta de alimentação adequada. No interior das casas, seja no meio urbano ou rural, os(as) escravizados(as) domésticos(as) experimen- taram outra rotina de trabalho. Com alimentação mais elaborada, esses(as) escravizados(as) tinham por função realizar a arrumação da casa, cuidar das crianças, organizar as refeições e realizar pequenos serviços designados diretamente pelos(as) seus(suas) senhores(as). Algumas vezes, infelizmente, ob- serva-se a exploração sexual das escravizadas por seus proprietários. Havia também situações em que senhores de escravizados(as), por não conseguir explorar a força de trabalho dos(as) escravizados(as) em sua totalidade, os (as) transformavam em escravos(as) de aluguel, que poderiam ser empregados(as) em outras fazendas ou nas minas. O aluguel de escravizados(as) constituía uma fonte de renda importante para os(as) proprietários(as). Nas urbes, era comum, também, os(as) escravizados(as) de ganho. Esses(as) ofereciam a prestação de serviços diversos: transporte de cargas, barbearia, lavagem de roupas ou a fabricação de remédios, por exemplo. Tomavam conta de pequenos comércios, vendiam alimentos, entre outros produtos. Ge- ralmente repassavam boa parte do lucro aos seus proprietários e ficavam com uma pequena parte da renda, da qual poderiam se alimentar melhor ou comprar sua alforria. 162 Ou seja, havia diferentes tipos de escravização. Esses vários usos permitiu que a escravidão se entra- nhasse no cotidiano em multiplas possibilidades. o que justifica sua longa existência e a manutenção de suas características até os dias de hoje nas relações de trabalho no Brasil. PARA SABER MAIS: Diferentes formas de trabalho escravo no Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=LpVuoneFu2I>. Acesso em: 19 abr. 2021. Alforria e escravos de ganho. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Rii2IOQPuyo>. Acesso em: 19 abr. 2021. Escravos de aluguel e amas de leite. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-NPfuE_ uLIE>. Acesso em: 19 abr. 2021. ATIVIDADES 1 – Leia o texto a seguir e faça o que se pede: Durante o período da Colônia (1530 – 1822) e do Império, até a Abolição, que foi em 13 de Maio de 1888, a mão-de-obra predominante no Brasil foi a de escravizados africanos e seus descendentes. De acordo com o tipo de trabalho, enquanto a escravidão existiu, os escravizados eram chamados de: Escravos do eito: os que trabalhavam na agricultura. Vamos lembrar que a mão-de-obra escrava foi utilizada em larga escala nas plantações de cana-de-açúcar

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