O que estuda a vexilologia

A Geografia é, de maneira simples, a ciência do espaço. E, desde o ensino fundamental, a ciência geográfica se faz presente em nossos estudos..

Porém, a palavra vexilologia, para muitos, pode parecer assustadora. A dificuldade para muitos vem logo na pronúncia da palavra. Sim, o correto é ve-xi-lo-lo-gia. Você tem que repetir a vocal “lo”. Afinal, seu nome deriva do latim vexilum, que significa bandeira, e –logia, que significa estudo.

Passado o primeiro empecílio, continuamos a desvendar o que é esta ciência – ou, assim como a cartografia, esta arte-ciência.

A resposta está entregue de bandeja: vexilologia é, como define o site Vexilologia Brasileira, “a ciência ou arte que estuda a simbologia e o grafismo das bandeiras, estandartes e pavilhões”.

Dentre as concepções mais difundidas dentro do campo da vexilologia, temos a ideia de que as bandeiras nacionais – bem como as de escalas maiores – podem formar famílias. Estas famílias são caracterizadas por apresentarem internamente elementos gráficos em comum, estes que, por sua vez, fazem alusão a características históricas ou culturais que tais nações apresentam de forma compartilhada entre si.

A “geografice” por trás da vexilologia aparece, por exemplo, quando analisamos a disposição das bandeiras nacionais no globo.

Países próximos, que atravessaram desenvolvimentos históricos interligados, certamente terão estandartes similares, seja pelas formas, pela cor ou por qualquer outro elemento gráfico.

Assim, observando a disposição das bandeiras, podemos identificar uma importante regionalização do espaço mundial, ao mesmo tempo que podemos inferir características históricas que talvez não fiquem explícitas a primeira vista.

Vejamos alguns exemplos.

O quadricolor pan-árabe

O que estuda a vexilologia

Quadricolor pan-árabe

O quadricolor pan-árabe remonta da Revolta Árabe, que ocorreu no contexto da Primeira Guerra Mundial.

Diversos povos da região do Oriente Médio se lançaram em uma guerra contra o Império Otomano, apoiados pelo Império Britânico e pela França. Em troca, as potências europeias concederiam aporte para a criação de um estado árabe unificado na região, o que, no fim das contas, não ocorreu.

A bandeira da Revolta Árabe acabou servindo de base para a formulação dos estandartes de muitos países na região.

O tricolor pan-eslavo

O que estuda a vexilologia

Tricolor pan-eslavo

O tricolor pan-eslavo nasce do movimento identitário conhecido como “pan-eslavismo”, criado no século XIX e que objetivava a união de todos os povos eslavos da Europa.

As cores adotadas eram, na época, as usadas pelo Império Russo.

Pan-africanismo

O que estuda a vexilologia

Família Pan-africana

Dois tricolores são adotados pelos países africanos para representar sua identidade coletiva: o verde-amarelo-vermelho e o vermelho-preto-verde.

O primeiro foi baseado nas cores da bandeira da Etiópia. O país, localizado no leste no continente, foi o único que não foi subjugado por alguma potência europeia durante o período do neocolonialismo, suscitando a admiração dos países que conquistaram sua independência após o período.

O segundo tricolor foi definido pela Associação Universal para o Progresso Negro (AUPN) com o objetivo de representar a comunidade negra, inclusive a não-africana. Foi adotada oficialmente em 1920.

Grã-Colômbia

O que estuda a vexilologia

Família Grã-Colômbia

As bandeiras atuais de Equador, Colômbia e Venezuela são baseadas na antiga bandeira da República da Colômbia, ou Grã-Colômbia.

Este país durou de 1821 até 1831, surgindo no contexto do desmantelamento da América Espanhola. O atual Panamá também fazia parte deste país.

Família República Centro-Americana

O que estuda a vexilologia

Família República Centro-Americana

Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua têm suas bandeiras inspiradas na antiga República Federal Centro-Americana, país formado por estas nações, em conjunto com a Costa Rica, após a queda do Império Mexicano, ainda na primeira metade do século XIX.

Cruz nórdica

O que estuda a vexilologia

Família Cruz Nórdica

A primeira bandeira a apresentar uma cruz nórdica – uma cruz deitada, com o eixo maior indo de uma extremidade a outra da bandeira – foi a da Dinamarca, conhecida como Dannebrog. Isto ainda no século XIII.

Este mesmo padrão acabou sendo adotado por outros países da região, como Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia, com alterações de cor e, as vezes, inserindo uma linha em torno da cruz – como é o caso de Islândia, Noruega e também das Ilhas Faroe.

Outras famílias que poderiam ser citadas são:

  • Cruzeiro do Sul: Constelação presente nas bandeiras de países austrais como Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Papua Nova-Guiné;
  • Stars and stripes: Bandeiras inspiradas na dos Estados Unidos da América, primeira república das Américas. É o caso de Chile e Libéria;
  • Vermelho comunista: Cor presente em boa parte dos países que adotaram o socialismo durante algum momento de sua história. Geralmente associado a uma estrela amarela. É o caso da antiga URSS, da China e do Vietnã.
  • Sol de Mayo: Sol característico presente nas bandeiras de Uruguai e Argentina.

Estes são alguns exemplo de como a vexilologia, quando vista em seu sentido espacial, pode ir ao encontro do conhecimento geográfico. Esta mesma ideia é aplicável à heráldica (estudo dos brasões).

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O simbolismo ligado à história de uma determinada bandeira pode se manifestar de várias maneiras, muitas vezes tão complexas que até podem mudar com o tempo. Sendo assim, conhecer todas as variáveis presentes em uma bandeira pode ser uma tarefa muito mais enigmática do que simplesmente analisar as cores e os traços apresentados. Com essas ideias reunidas, surgiu a vexilologia, um campo de estudo cujas características vamos abordar ao longo desse post.

A vexilologia é o estudo da história, simbolismo, origens e usos das bandeiras. A palavra vexilologia vem da síntese da palavra grega “vexillum”, que significa “bandeira”, e o sufixo grego “logia”, que significa “estudo”. Isso torna a designação da vexilologia algo mundial, sendo que o termo foi cunhado pelo historiador da bandeira americana e especialista Whitney Smith em 1958. Nesse campo de estudo, a pessoa que estuda as bandeiras é chamada de vexilologista, enquanto o responsável por desenhar bandeiras é chamado vexilógrafo.

Desde que este campo de estudo foi estabelecido, algumas associações vexilológicas surgiram em várias partes distintas do mundo, onde as pessoas interessadas em estudar a história, os emblemas e as bandeiras se reúnem para aprofundar os seus conhecimentos. Uma dessas associações vexilológicas é a National Flag Charity, do Reino Unido, que é inteiramente financiada através das assinaturas dos membros da associação e atualmente é a maior organização de bandeiras com sócios do mundo, contando com membros vindos de todos os continentes habitados.

Algumas bandeiras até podem ter certas semelhanças, mas cada uma delas têm suas distinções. As bandeiras geralmente simbolizam lutas passadas como missões sangrentas de independência, virtudes, identidades e objetivos futuros de uma determinada região e seus habitantes. Curiosamente, vexilologistas e vexilógrafos tentam usar os seus conhecimentos até para tornar o mundo mais pacífico e diplomático, já que muitas pessoas estão dispostas a morrer para defender a bandeira da sua amada nação e os seus valores.

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