O que é vinho frisante

Basicamente a quantidade de pressão interna na garrafa

Redação Publicado em 27/10/2021, às 17h00

A legislação coloca como diferença apenas a quantidade de borbulhas

Segundo a legislação brasileira, os frisantes contêm “de 1,1 até 2 atmosferas de pressão a 20ºC”. Já os espumantes precisam ter “uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC”. Ou seja, a diferença não está no método de produção, mas “na quantidade de borbulhas”. 

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No caso dos frisantes, o gás carbônico, responsável pelas borbulhas, pode ser natural - ou seja, fruto de uma segunda fermentação - ou adicionado.

Confira o que diz a legislação no Brasil: 

Vinho Frisante - É o vinho com graduação alcoólica de 7 a 14% em volume, com um conteúdo de anidrido carbônico de 1,1 até 2 atmosferas de pressão a 20ºC, natural ou gaseificado. 

Vinho Gaseificado - É o vinho resultante da introdução de anidrido carbônico puro por qualquer processo, devendo apresentar uma graduação alcoólica de 7 a 14% em volume e uma pressão compreendida entre 2,1 e 3,9 atmosferas a 20ºC. 

Vinhos Espumantes Naturais - São os vinhos nos quais o anidrido carbônico é resultante da fermentação em recipientes fechados e com pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC. 

Espumante ou Espumoso Natural (Champanha) - É o vinho espumante no qual o anidrido carbônico é resultante de uma segunda fermentação alcoólica do vinho na garrafa (método champenoeise/tradicional) ou em grandes recipientes (método Charmat) com uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC e uma graduação alcoólica de 10 a 13% em volume a 20ºC. 

Moscato Espumante ou Moscatel Espumante - É o vinho espumante no qual o anidrido carbônico é resultante da fermentação em recipiente fechado do mosto ou mosto conservado de uva Moscatel ou Moscato, com uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC com graduação alcoólica de 7 a 10% em volume e um remanescente mínimo de açúcar natural de 20 gramas por litro. 

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As diferenças entre frisante e espumante são questionamentos comuns e para sanar essas dúvidas é necessário entender o processo de produção do vinho e os diferentes métodos que dão origem às borbulhas.

O vinho é um produto que resulta da fermentação alcoólica, no qual as leveduras transformam o açúcar do mosto (suco) e cascas da uva em álcool e gás carbônico. Nesse primeiro processo, o gás carbônico é liberado. Porém, para se produzir um espumante é preciso ter gás carbônico, responsável pelas borbulhas e é a partir desse ponto que algumas diferenças surgem.

Os espumantes são produzidos através de duas fermentações, com exceção do Espumante Moscatel que é elaborado pelo Método Asti, que passa por uma só. A primeira fermentação que explicamos acima, dá origem ao que podemos chamar de ‘vinho base’. A segunda fermentação pode ser feita das seguintes formas:

Método Tradicional (Champenoise ou Clássico)

O vinho base é colocado em garrafas e recebe o que se chama de licor de tiragem, um composto que leva basicamente vinho, açúcar e leveduras, e com a garrafa vedada, é iniciada a segunda fermentação. Quando esse ciclo se encerra, a garrafa, inicialmente disposta na horizontal, é colocada em um recipiente apropriado e passa a ser girada diariamente e levantada até quase atingir a posição vertical, de ponta cabeça, para que as borras se encaminhem ao gargalo.

Dica de leitura:  A produção de espumantes no Velho Mundo

As bocas das garrafas são colocadas, uma por uma, ainda de ponta cabeça, em um recipiente para congelar a borra, que fica presa à tampa coroa. Posteriormente, ao abrir a garrafa, essa borra residual é expelida. Ao final, adiciona-se o licor de expedição, que pode conter açúcar e que será responsável pela classificação do espumante em brut, demi-sec ou doce, por exemplo. Após esse processo, a garrafa é arrolhada e recebe a gaiola de proteção. A pressão na garrafa é de no mínimo 4 atm (atmosfera).

Método Charmat

Aqui temos a segunda fermentação ocorrendo em tanques de aço inox vedados hermeticamente, diferentemente do Método Tradicional, que acontece na própria garrafa. Após a fermentação, ocorre o engarrafamento e vedação e atualmente, a maioria dos espumantes é produzida assim. A pressão na garrafa também é de no mínimo 4 atm (atmosfera).

Método Asti

Nesse método, o gás carbônico da primeira fermentação é aproveitado, diferentemente dos outros.  O resultado desse processo é um espumante com baixa graduação alcoólica, geralmente variando entre 7 e 10% e altos teores de açúcar. Aqui, a pressão na garrafa é de no mínimo 4 atm (atmosfera).

Em contrapartida, os frisantes são vinhos que durante a primeira fermentação o gás carbônico é mantido, sendo o responsável pelas borbulhas. A principal diferença é que, mesmo sendo adocicado como os espumantes moscatéis, a pressão será mais baixa. E vale lembrar que, por legislação, o gás também pode ser adicionado ao vinho depois de pronto e a pressão na garrafa é de no mínimo 1,1 ao máximo de 2 atm (atmosfera).

No Brasil, a maioria dos frisantes disponíveis no mercado são da uva Lambrusco, que também cede o nome ao vinho e grande parte dos consumidores conhecem apenas os adocicados, que acabam sendo indicados para quem está iniciando no mundo do vinho. Mas na realidade existem também Lambruscos secos e frisantes elaborados com diversas uvas.

Alguns rótulos para ajudar você a entender na prática essas diferenças:

Frisante

1- Frisante Porta Soprana D.O.C. Lambrusco Salamino di Santa Croce Tinto Amabile Suave

2- Frisante Porta Soprana D.O.C. Lambrusco di Sorbara Tinto Meio Seco

3- Frisante Porta Soprana D.O.C. Lambrusco Grasparossa di Castelvetro Amabile Suave

Espumante

1- Espumante Veuve D`Argent Rosé Brut

2- Espumante Espace of Limarí Brut

3- Espumante Salton Évidence

Um dia de praia, uma tarde gostosa no parque ou até mesmo um casamento. A leveza de um bom frisante é sempre uma ótima opção para acompanhar momentos felizes, descontraídos e de comemoração. Os rótulos possuem características marcantes, produzidos a partir de uma fermentação sem vinho base, ideal para consumo rápido – sem passar por envelhecimento.  

Para ser considerado frisante, a graduação alcoólica deve ser de 7% a 14%, e uma pressão de 1,1 a 2 atmosferas – tornando a bebida mais delicada se comparada ao espumante.

Outras características comuns dos frisantes:

  • A temperatura ideal para consumo desse estilo de vinho está entre os 6 e 8 ºC, o que explica a sensação de frescor tão apreciada por quem a bebe;
  • Entre os frisantes tintos, o mais tradicional é o lambrusco – produzido principalmente na Itália, na região de Emilia-Romagna;
  • As bolhas de gás carbônico características dos frisantes podem ser obtidas tanto de forma natural quanto de forma artificial;
  • Ao contrário do que muitos pensam, não existem apenas frisantes brancos. Também podem ser encontrados rótulos de frisantes rosés e até mesmo tintos, todos nas versões doce, meio doce e seco;
  • Frisantes e espumantes não são sinônimos, se diferenciando pela forma de produção.

Frisante x espumante: saiba a diferença

A grande diferença entre as duas bebidas é a pressão na garrafa. O frisante deve ter entre 1,1 e 2 atmosferas. Já o espumante deve ter pressão mínima de 4 atm. Isso é conseguido através do processo de produção. Enquanto os espumantes são produzidos através de duas fermentações – com exceção do Espumante Moscatel que é elaborado pelo Método Asti -, o frisante passa por uma só. 

No caso dos espumantes, a primeira fermentação dá origem ao ‘vinho base’, que não faz parte da produção do frisante. 

A forma de se produzir as duas bebidas faz com que o teor alcoólico também seja diferente: os frisantes geralmente apresentam graduação alcoólica menor, em torno de 7%, mas pode chegar até 14%. Enquanto os espumantes variam de 10% a 13%, de acordo com a legislação brasileira.

Frisante que você precisa conhecer: 

O que é vinho frisante

Frisante Miolo Almadén Moscatel Blanc: frisante elaborado pelo método de fermentação natural “Asti”, fácil de beber e muito agradável ao paladar.

O rótulo produzido no Vale do São Francisco, no Brasil, apresenta intensos aromas florais como rosa e jasmim, combinados com tons frutados, como manga e melão.

Como harmonizar um vinho frisante?

Com a leveza no paladar como sua principal característica, geralmente é indicado que o vinho frisante seja harmonizado por semelhança, com pratos igualmente leves. O frisante costuma ter sabor mais suave que o espumante, sendo uma ótima opção para ser apreciado durante o dia, em dias quentes de praia ou para acompanhar aperitivos antes das refeições.

Pratos que combinam com frisante: 

  • Queijos, 
  • Castanhas, 
  • Patês, 
  • Amêndoas, 
  • Ceviche, 
  • Sushi, 
  • Peixes grelhados,
  • Camarão

Na harmonização por contraste, ainda é possível combinar o frisante com carnes gordurosas ou pizzas, aproveitando a acidez acentuada da bebida para equilibrar o sabor marcante dos pratos e limpar a gordura da boca. 

Super simples e deliciosas opções, não é mesmo? 

Agora basta escolher o seu cardápio favorito e um ótimo rótulo de frisante para o final de semana!