Lágrimas de sangue o que significa

Os autores relatam o caso de uma paciente que apresentou lágrimas de sangue. Após ampla investigação diagnóstica nenhuma causa orgânica para o fenômeno foi encontrada. É abordado o diagnóstico diferencial desta condição clínica.

Lágrimas de sangue

The authors report a case of a female patient with bloody tears. No organic cause could be detected, despite exten-sive diagnostic investigation. A comment about the diffe-rential diagnosis is also presented.

Bloody tears

RELATOS CURTOS

Lágrimas de sangue: relato de um caso

Bloody tears: case report

Telma Gondim Freitas ()

Valter Justa ()

Eduardo J. C. Soares ()

RESUMO

Palavras-chave: Lágrimas de sangue.

INTRODUÇÃO

Fenômeno clínico raro, as lágrimas de sangue constituem, indubita¾velmente, uma das queixas oftalmológicas mais incomuns e alarmantes.

Na literatura existem poucas referências sobre o assunto. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma paciente que apresentou lágrimas de sangue e familiarizar o oftalmologista para o diagnóstico diferencial desta condição.

DESCRIÇÃO DO CASO

SNSC, 16 anos, feminina, branca, estudante. Procurou o serviço com queixa de perda de sangue vivo pelo olho esquerdo há 3 meses, algumas vezes correlacionada com o período menstrual.

Ao exame oftalmológico encontrou-se acuidade visual de 20/20 em AO com correção (AO Esf. + 1,50). O exame do fundo do olho não mostrou alterações. A pressão intra-ocular era de 12 mmHg em AO. A biomicroscopia do segmento anterior: não evidenciou alterações no OD; no OE foi observada a presença de lágrimas sangüinolentas que surgiram após iniciada a consulta (Fig. 1).

A paciente foi submetida aos seguintes exames na tentativa de elucidação diagnóstica:

Exames clínicos otorrinolaringológico, ginecológico e vascular normais.

Tomografia computadorizada não revelou qualquer anormalidade orbitária.

Laparoscopia e ultra-sonografia pélvica normais (afastada endometriose pélvica).

Exame histológico dos fundos de saco conjuntivais feito em segmento da mucosa obtida mediante ressecção de elipse de conjuntiva no fórnice conjuntival superior: afastada a presença de endometriose conjuntival; plexo vascular mais rico que o natural, apresentando alguns vasos varicosos.

Pesquisa hematológica: afastada a possibilidade de discrasia sangüínea.

COMENTÁRIOS

Lágrimas de sangue constituem um fenômeno raro. Seu diagnóstico diferencial inclui tumores vasculares conjuntivais, anemia severa, icterícia, telangiectasia hemorrágica hereditária, tumores da glândula lacrimal, endometriose conjuntival, menstruação vicariante, manipulação ocular, epistaxe com regurgitação através do sistema de drenagem lacrimal 1; tumores do saco lacrimal 2; granuloma piogênico 3; melanoma conjuntival 3; hemofilia e outras coagulopatias, distúrbios grosseiros do sistema nervoso autônomo e Síndrome de Goltz 4, manipulação cirúrgica para expressão folicular em tracoma, tratamento conjuntival com nitrato de prata 5. Bonavolantá e Sammartino 6 atribuíram a varizes orbitárias a causa de lágrimas de sangue.

No presente caso, embora tenha sido realizado extensa investigação diagnóstica, não detectamos nenhuma causa orgânica consistente que explicasse a existência das lágrimas de sangue. A suspeita quanto à presença de uma discrasia sangüínea rara não foi confirmada.

SUMMARY

Keywords: Bloody tears.

Trabalho realizado no Centro Visual do Ceará

Endereço para correspondência: Telma Gondim Freitas. Centro Visual do Ceará. Rua Nogueira Acioli, 1146. Fortaleza (CE) CEP 60110-141.

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Você já soube de um caso real de alguém que chora sangue? É uma condição rara e alguns casos já foram registrados no mundo, sendo alguns frutos de ocorrências da chamada hemolacria e outros que ainda intrigam os médicos.

A hemolacria é uma condição que se refere à presença de sangue nas lágrimas. Em alguns casos, as concentrações sanguíneas podem ser tão baixas que elas só podem ser detectadas com testes de laboratório. Por outro lado, nos casos mais extremos e que mais surpreendem as pessoas, o paciente parece sangrar muito pelos olhos.

Geralmente, a hemolacria aparece como um sintoma de uma doença, embora também possa se desenvolver espontaneamente em alguns casos, particularmente em mulheres em idade fértil. Lesões, infecções e inflamações também podem ser causadoras da condição, além da falta de coagulação do sangue.

Mas existem ainda alguns casos em que não foi constatado nada de errado com os pacientes, tornando o fenômeno um mistério e fonte de especulações. Confira abaixo o que se sabe sobre as pessoas que choram sangue e alguns casos registrados no mundo.

1 – Alterações hormonais podem desencadear o fenômeno

Em um dos casos mais antigos de hemolacria que se tem registro, o médico italiano Antonio Brassavola, do século 16, escreveu sobre o tratamento de uma freira que chorou lágrimas de sangue quando ela estava menstruada.

Na mesma época, em 1581, um médico belga fez registros de uma garota de 16 anos de idade com a mesma ocorrência, relatando que ela "descarregava seu fluxo pelos olhos, como gotas de lágrimas de sangue, em vez de dispensá-lo pelo útero". A ideia pode parecer esquisita, mas a ciência moderna apoia esse conceito.

De acordo com um estudo de 1991, realizado com 125 pessoas saudáveis, a menstruação contribui para hemolacria oculta, que causa vestígios de sangue em lágrimas (mas que quase não são percebidos pelas pessoas). Tanto que 18% das mulheres estudadas em idade fértil tinham sangue em suas lágrimas.

O estudo mostrou ainda que apenas 7% das mulheres grávidas e 8% dos homens estudados apresentam a hemolacria oculta, enquanto mulheres na pós-menopausa não apresentam sinais de lágrimas de sangue.

Com isso, os cientistas concluíram que a condição na forma oculta parece ser induzida por hormônios, enquanto a hemolacria mais visível na maioria das vezes é provocada por fatores locais (conjuntivite bacteriana, danos ambientais, lesões).

2 – Vários casos no estado norte-americano do Tennessee

Nos últimos cinco anos, houve dois casos notáveis de hemolacria: o de Calvino Inman e o de Michael Spann. O curioso dessa história é que ambos vivem no estado norte-americano do Tennessee e os médicos ainda não conseguiram descobrir as razões pelas quais eles choram tanto sangue.

1. Nome popular de uma planta, o mesmo que olhos-do-diabo.