Com a popularização das redes sociais, diversificam-se as postagens feitas no ambiente digital

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA: California has one year of water left Plagued by prolonged drought, California now has only enough water to get it through the next year, according to NASA. In an op-ed published Thursday by the Los Angeles Times, Jay Famiglietti, a senior water scientist at the NASA Jet Propulsion Laboratory in California, painted a dire picture of the state s water crisis. California, he writes, has lost around 12 million acre-feet of stored water every year since 2011. In the Sacramento and San Joaquin river basins, the combined water sources of snow, rivers, reservoirs, soil water and groundwater amounted to a volume that was 34 million acre-feet below normal levels in 2014. And there is no relief in sight. As our wet season draws to a close, it is clear that the paltry rain and snowfall have done almost nothing to alleviate epic drought conditions. January was the driest in California since record-keeping began in 1895. Groundwater and snowpack levels are at all-time lows Famiglietti writes. We re not just up a creek without a paddle in California, we re losing the creek too. SCHLANGER, Z. Disponível em: <http://www.newsweek.com>. Acesso em: 04 out. 2017. [Fragmento] O texto aborda a crise hídrica na Califórnia, que é um dos maiores desafios enfrentados na atualidade por esse estado. Um dos fatores mencionados no texto que contribuíram para que se chegasse a essa situação é A. o desperdício decorrente da degradação do sistema de distribuição. B. a quantidade rarefeita de chuva nos meses de janeiro desde 1895. C. o nível baixo de precipitação em forma de neve na região do estado. D. a conclusão antecipada do período chuvoso nessa região dos EUA. E. o consumo desregrado pela população e indústria californianas. Alternativa C Resolução: A) INCORRETA O texto aponta que os reservatórios californianos perderam cerca de 12 milhões de acre-pés de água (14,8 bilhões de metros cúbicos, aproximadamente) todos os anos desde 2011. Contudo, essa perda não é atribuída à degradação dos sistemas de distribuição, visto que eles não são sequer mencionados. B) INCORRETA O artigo aponta que, no ano de sua publicação, o mês de janeiro havia sido o mais seco desde que as precipitações no estado começaram a ser aferidas, em 1895. Conclui-se, portanto, que a afirmativa da letra B é uma deturpação do que se diz no texto. IMOH C) CORRETA O pesquisador da NASA, James Famiglietti, atribui, entre outras coisas, à baixa precipitação em forma de chuva e de neve o estado de extrema seca em que se encontra a Califórnia. D) INCORRETA Não se menciona uma combinação dos reservatórios que abastecem a Califórnia como motivo da seca. O que se aponta no texto é que, nas bacias dos rios Sacramento e San Joaquin, toda a água da neve, de rios, de reservatórios, do solo e de lençóis freáticos combinada correspondeu a um total que estava 34 milhões de acre-pés abaixo do nível normal de 2014. E) INCORRETA Embora o consumo desregrado possa ser inferido como um dos fatores da crise hídrica californiana, o texto não o menciona, motivo pelo qual essa alternativa não pode ser escolhida como resposta. QUESTÃO 02 The mighty Amazon might be sunk by the demand for instant gratification Hegemony never lasts in technology. The day the first pundit calls a tech superpower a dangerous monopoly, start looking for whatever is coming to overthrow it. This seems to be where we are with mighty Amazon.com. Amazon is still growing like crazy, about 20 percent year-over-year. But it s not growing the way it used to. The company this month missed earnings and said its fourth-quarter revenue will be lower than expected. Plus, it seems to be suffering occasional brain farts, like its overly hasty 60 Minutes drone reveal and the introduction of its Fire phone. The Fire was a colossal misreading of consumers, as if McDonald s launched a haggis sandwich and was puzzled when nobody bought it. Disponível em: <http://www.newsweek.com/business>. Acesso em: 21 mar. 2017. [Fragmento] A gigante de vendas Amazon.com destaca-se no comércio via Internet há muitos anos. Contudo, a empresa enfrentou questões problemáticas em 2014. Entre essas questões, o texto cita A. a consideração supervalorizada das demandas dos consumidores finais. B. a crítica à sua hegemonia feita por especialistas da área de tecnologia. C. a queda no faturamento da empresa no quarto trimestre do ano. D. o surgimento de práticas de venda mais eficazes que as da Amazon. E. o crescimento nas vendas de apenas 20% nos quatro anos anteriores. ARUC ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 1

Alternativa C Resolução: A) INCORRETA O texto não fala de uma consideração supervalorizada das demandas dos consumidores, mas, sim, de uma leitura equivocada misreading, o que levou a empresa a lançar o smartphone Fire, fracasso de vendas. B) INCORRETA Essa alternativa distorce o que diz o primeiro parágrafo do texto. Nele, o autor afirma que um indicador de que uma grande empresa tecnológica vai começar a ruir é o fato de ela ser considerada um monopólio por especialistas. Isso não quer dizer, contudo, que foram as críticas que impediram o crescimento da Amazon em 2014. C) CORRETA Um quarto de ano corresponde a três meses, isto é, um trimestre. Portanto, fourth-quarter pode ser traduzido como do quarto trimestre. Assim, a alternativa está de acordo com a seguinte passagem do texto: The company this month missed earnings and said its fourth-quarter revenue will be lower than expected. D) INCORRETA O artigo não cita o surgimento de nenhuma prática de venda melhor que as da Amazon, logo a alternativa não se sustenta no texto. E) INCORRETA O texto afirma que a Amazon teve um crescimento de 20% ano após ano, o que é algo positivo, e não uma questão problemática (a expressão growing like crazy crescendo feito doida deixa isso claro). QUESTÃO 03 2VØ7 Alternativa A Resolução: A) CORRETA Ao questionar o que se deve fazer com pessoas que recebem ajuda financeira do governo, mas são preguiçosas demais para trabalhar, o entrevistador está se referindo aos beneficiários de programas sociais. Contudo, a mulher atribui essas características aos congressistas, dizendo que essas pessoas devem ser expulsas do Congresso. Isso gera uma quebra de expectativa, que, por sua vez, contribui para o efeito de humor irônico e crítico do cartum. B) INCORRETA A mulher entrevistada está com os braços cruzados e dá uma resposta inesperada, o que, de fato, demonstra certa impaciência, mas isso em si não gera uma quebra de expectativa. C) INCORRETA Nota-se que as personagens têm opiniões marcadamente divergentes sobre os benefícios financeiros distribuídos pelo governo, visto que o entrevistador os considera um problema quando são recebidos pela população, e a mulher os vê como problema quando recebidos por políticos. D) INCORRETA Não existem elementos textuais suficientes para afirmar que o entrevistador tenha buscado induzir a entrevistada a criticar os membros do Poder Legislativo. Além disso, o elemento textual que gera a quebra de expectativa não é esse, mas, sim, a resposta da entrevistada. E) INCORRETA Embora o entrevistador de fato emita um juízo de valor sobre os beneficiários de programas sociais, não é isso que causa a quebra de expectativa no cartum, levando ao efeito de humor, mas, sim, o fato de a mulher atribuir esse juízo de valor aos congressistas. QUESTÃO 04 IAØN Disponível em: <https://i.pinimg.com>. Acesso em: 09 out. 2017. Nesse cartum, a quebra de expectativa leva a um efeito de humor. Essa quebra ocorre porque A. a entrevistada atribui aos congressistas as características citadas pelo entrevistador. B. a entrevistada responde com impaciência às perguntas feitas pelo entrevistador. C. as personagens têm opiniões parecidas sobre o recebimento de ajudas financeiras. D. o entrevistador induz a entrevistada a criticar os membros do Poder Legislativo. E. o entrevistador emite um juízo de valor sobre os beneficiários de programas sociais. PARKER, J. Disponível em: <http://www.cagle.com/>. Acesso em: 22 dez. 2014. O cartum é um desenho humorístico de caráter crítico, retratando, de uma forma bastante sintetizada, algo que envolve o dia a dia de uma sociedade. O texto anterior provoca no leitor uma reflexão acerca da(o) A. atitude irresponsável e preguiçosa da juventude. B. desemprego de pessoas na faixa dos 30 anos. C. custo alto da formação universitária. D. postura altamente repressora dos pais. E. preferência dos jovens por viver na casa dos pais. LCT PROVA I PÁGINA 2 ENEM VOL. 1 2018

Alternativa C Resolução: Como explica o enunciado da questão, os cartuns geralmente satirizam e / ou problematizam um aspecto de uma determinada sociedade. O cartum em questão, produzido por Jeff Parker, retrata um problema atual dos EUA, que é o endividamento dos jovens devido aos altos custos da formação superior e aos financiamentos estudantis. O texto também aborda o conflito de gerações que esse fato socioeconômico produz, pois os americanos mais velhos que não tiveram, no passado, o mesmo problema com débitos estudantis que os jovens de 20 a 30 anos têm hoje tacham as novas gerações de preguiçosas e irresponsáveis. Portanto, tendo em vista o que foi exposto anteriormente, pode-se afirmar que a alternativa A está incorreta, pois não descreve uma reflexão suscitada no leitor pelo texto, mas, sim, um preconceito geralmente nutrido pelos americanos mais velhos em relação aos mais jovens. A alternativa B também está incorreta, pois o tema do cartum não é o desemprego nos EUA, mas, sim, como dito anteriormente, os altos custos da educação superior naquele país e o consequente endividamento dos jovens na faixa etária dos 20 aos 30 anos. A alternativa C, por sua vez, está correta, pois a reflexão suscitada pelo cartum é justamente sobre o alto custo da formação universitária nos EUA. A alternativa D está incorreta, pois, embora os pais do jovem retratado no cartum o chamem de preguiçoso e irresponsável, a reflexão que o texto suscita não é exatamente sobre a postura repressora deles, mas, sim, sobre o conflito de gerações que, como explicamos anteriormente, decorre da atual conjuntura do ensino superior nos EUA. Por fim, a alternativa E está incorreta, pois os jovens americanos não preferem morar com os pais; eles simplesmente não têm opção, visto que estão endividados. QUESTÃO 05 R3HA Disponível em: <https://kingsjester.wordpress.com>. Acesso em: 05 out. 2017. Esse cartum aborda um aspecto sociopolítico dos Estados Unidos. Por meio dele, busca-se fazer uma crítica à falta de A. preocupação da população estadunidense com o aquecimento global. B. critério para o estabelecimento de prioridades pelo governo dos EUA. C. funcionários públicos para atender à população carente estadunidense. D. acesso a um serviço de saúde barato e de qualidade nos Estados Unidos. E. comprometimento do governo estadunidense com os problemas da população. Alternativa B Resolução: A) INCORRETA O cartum não busca criticar a falta de preocupação da população dos EUA com o aquecimento global, mas, sim, apontar que, enquanto o governo se ocupa com esse problema, várias pessoas estão sem emprego e sem assistência. B) CORRETA No cartum, vê-se uma fila de pessoas aguardando atendimento à porta de um unemployment office (agência responsável por ajudar os cidadãos a encontrar emprego). Afixadas na porta dessa agência, há duas placas indicando que o lugar estará fechado até que se resolvam os problemas do aquecimento global e da saúde. Com isso, faz-se uma crítica implícita à incapacidade da administração pública estadunidense de estabelecer prioridades para conseguir resolver o problema do desemprego, que também é urgente. C) INCORRETA A crítica feita no cartum não é à falta de funcionários públicos para atender à população carente, mas, sim, ao empenho do governo estadunidense em resolver problemas que podem não ser tão urgentes quanto o do desemprego. D) INCORRETA O cartum, na verdade, critica o esforço do governo estadunidense em resolver o problema do acesso à saúde em detrimento da busca por resolver o problema do desemprego. Portanto, a crítica não é à falta de acesso à saúde em si. E) INCORRETA O aquecimento global e a saúde podem ser considerados problemas da população, e, tendo em vista que o cartum sugere que o governo do país está empenhado em resolvê-los, não se pode dizer que haja falta de comprometimento. A crítica que se faz no cartum, na verdade, é à falta de capacidade desse governo de fazer isso sem deixar de lado outro problema tão ou mais urgente, que é o desemprego. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 3

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 7IGQ Disponível em: <http://i.blogs.es/b243a6/650_1000_captura-20de-20pantalla-202012-12-11-20a-20las-2014.34.53/1366_2000.jpg>. Acesso em: 30 ago. 2016. A propaganda institucional divulga mensagens de cunho social, cultural ou cívico com a intenção de promover uma determinada ação em seu público-alvo. Essa propaganda institucional da Unicef tem por objetivo A. agradecer as doações realizadas às crianças em situação de desnutrição. B. noticiar as informações coletadas sobre a desnutrição infantil no mundo. C. incentivar o aumento das doações para o combate à desnutrição infantil. D. chocar seus interlocutores com os dados divulgados sobre a desnutrição. E. destacar a baixa expectativa de vida das crianças que sofrem de desnutrição. Alternativa C Resolução: A alternativa correta é a C, pois a propaganda da Unicef tem por objetivo estimular o leitor a contribuir com a causa, aumentando, assim, o número de doações para o combate à fome no mundo. As demais alternativas estão incorretas porque elas referem-se aos recursos utilizados na campanha para atingir o objetivo de captar doações. QUESTÃO 02 Las barras bravas representan un cáncer para el fútbol profesional de Argentina, el deporte nacional por excelencia. Ya cargan sobre sus espaldas nada menos que 301 asesinatos en batallas campales en los estadios y emboscadas por ajustes de cuentas. Pese a ello la sociedad no reacciona como sería necesario ante esa enfermedad colectiva. Ya se han probado varios antídotos y ninguno ha surtido efecto, desde el veto personalizado de ingreso a las gradas o la suspensión del estadio, hasta proscribir del partido a toda una afición. El último intento por frenar a las barras bravas ha sido un proyecto que propuso modificar el código penal e incluir la tipificación de los delitos y el monto de los castigos para los violentos. En principio parecía que el proyecto iba a pasar sin sobresaltos por la comisión de legislación penal del congreso de los diputados y luego sería debatido en el hemiciclo. El gobierno de la provincia de Buenos Aires mandó a su secretario de Deportes, Alejandro Rodríguez, en señal de respaldo a la medida. Sin embargo, en la reunión de comisión la diputada oficialista Diana Conti, ha salido con una reacción inesperada y ha planteado objeciones que pusieron todo marcha atrás. El Frente para la Victoria (de la Presidenta Cristina Fernández) no está de acuerdo con estos proyectos pues producen una estigmatización del barrabrava, ha argumentado. Y ha opinado que el derecho penal no es una solución mágica y se debe ser cuidadosos con los aumentos de pena o una tipificación de los barrabravas. Disponível em: <http://www.elmundo.es/internacional/2015/03/11/5500bf0422601d0d4 98b4575.html>. Acesso em: 10 maio 2015. O argumento que sustenta as objeções a tornar mais severa a punição de membros de torcidas organizadas na Argentina se baseia na premissa de que A. a sociedade rejeita a existência dessa doença coletiva. B. as medidas propostas para diminuir a violência se mostraram ineficazes. C. os membros de torcidas organizadas apresentam comportamentos diferenciados. D. o direito penal oferece soluções que parecem mágicas de maneira cuidadosa. E. a última tentativa para frear a violência nos estádios apontou novos caminhos para o êxito. ZMML LCT PROVA I PÁGINA 4 ENEM VOL. 1 2018

Alternativa C Resolução: Segundo o texto, a deputada Diana Conti apresentou objeções ao projeto de modificação ao código penal com o argumento de que ele produzirá uma estigmatização dos membros de torcidas organizadas, e que alterar o direito penal não será uma solução mágica para a situação, razão pela qual deve-se ter cuidado com o aumento das penas e a tipificação dos barrabravas. Com base na argumentação da deputada, percebe-se que a lógica subjacente à sua posição é a de que uma tipificação levaria ao estigma de que todo membro de torcida organizada pratica atos de violência, o que não necessariamente é verdade. Portanto, a alternativa correta é a C. QUESTÃO 03 El Diccionario de la Lengua Española ya no es de la RAE, es de las 22 academias Al presentar la edición XXIII del Diccionario de la Lengua Española, Jaime Labastida señaló que hasta hace poco este libro era conocido popularmente como RAE (Real Academia Española), porque era en efecto el diccionario de esta institución. Hoy ya no lo es, pertenece a todas las academias y debemos llamarlo de otra manera, con otra sigla. Él lo llamó DILE. La lengua española es universal y no tiene centro, es policéntrica, en la que no se reconoce como correcta solo una de las normas lingüísticas. Cada una de las naciones posee la forma del habla que le es propia, su léxico y giros distintos. Y esto revela la actual edición del diccionario, precisó Jaime Labastida. [ ] Sin embargo, explicó que esta edición aún contiene algunos defectos como el no señalar los españolismos. Por ejemplo, dijo, la palabra grifo, en España describe a un animal y en México es la acepción de una persona que se intoxica con drogas, como la mariguana. Otro, añadió, es la palabra bañador, de que define a una persona que baña, pero el españolismo dice que es una prenda de una pieza usada para bañarse en playas. En el diccionario estas dos palabras no tienen la marca de españolismo. Estos defectos podrán subsanarse en próximas ediciones, porque este diccionario, pese a todo, es el diccionario canónico de nuestra lengua, más ahora por la amplia colaboración de las 22 academias. Disponível em: <http://www.cronica.com.mx/notas/2014/870345.html>. Acesso em: 10 dez. 2014 (Adaptação). Jaime Labastida aponta uma falha na última edição do Dicionário da Língua Espanhola, elaborado pelas 22 academias da língua. O erro fundamental a que se refere o membro da Academia Mexicana decorre da A. ausência da marca de espanholismos no dicionário. B. falta de participação das academias da língua. C. marcação de americanismos no dicionário. D. presença da sigla DILE no título do dicionário. RQTG E. prevalência do sentido ambíguo de algumas palavras. Alternativa A Resolução: No texto, Labastida apresenta a nova edição do dicionário da RAE, feita em colaboração entre as 22 academias de Língua Espanhola, porém, sinaliza que o dicionário possui defeitos, a saber, a falta de espanholismos variações no uso e significado de algumas palavras entre os países hispanofalantes, problema que pode ser corrigido nas próximas edições do dicionário colaborativo. Portanto, a alternativa correta é a A. QUESTÃO 04 66SW Reloj biológico y horario de verano Todos tenemos un reloj interno llamado reloj biológico, biorritmo o reloj circadiano, que regula entre otros aspectos de nuestra vida el sueño y el hambre. El biorritmo está basado en las influencias del ritmo circadiano. Es decir que el ser humano y al parecer la mayoría de los seres vivos, están regulados por un reloj biológico que interactúa con la naturaleza y sus ciclos, como el día y noche y las estaciones, y repercute en los ciclos de sueño e insomnio, de apetito, de actividad hormonal, entre otros. Fisiológicamente lo más adecuado para la salud y el rendimiento del ser humano es acoplar de la mejor forma posible sus actividades más importantes al ciclo natural luz / obscuridad. El regulador de este reloj es la luz ya que cuando la retina capta el primer rayo de sol, manda la información al cerebro y éste envía docenas de órdenes al cuerpo. Para activarnos en el día el sistema endocrino segrega, entre otras, la hormona del estrés cortisol y por la noche, la melatonina para dormir. Por eso, cuando en verano amanece más temprano, lo lógico es recorrer el horario una hora antes, porque el cuerpo de forma natural se activará por la luz. Disponível em: <http://www.cronica.com.mx/notas/2015/892063.html>. Acesso em: 10 mar. 2016. [Fragmento] O texto informativo, veiculado no jornal Crónica, apresenta ao leitor explicações sobre o relógio biológico, além de orientá-lo a como proceder diante do efeito do horário de verão nesse mecanismo. A partir da leitura do texto, depreende-se o relógio biológico como: A. Informação de luz captada pela retina e enviada ao cérebro, que ativará o organismo. B. Sistema biológico exclusivo dos seres humanos, capaz de regular as atividades diárias. C. Mecanismo orgânico capaz de gerar uma ordem temporal nas atividades do indivíduo. D. Reconhecimento orgânico automático do melhor horário para realizar as atividades diárias. E. Adaptação humana das atividades mais importantes do dia ao ciclo natural de luz e escuridão. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 5

Alternativa C Resolução: De acordo com o texto, o ser humano e a maioria dos seres vivos possuem um relógio biológico interatuante com a natureza e seus ciclos. Esse mecanismo é regulado pela luz, que manda a informação ao cérebro, o qual, por sua vez, envia dezenas de ordens ao corpo, fazendo com que os indivíduos tenham uma ordem temporal em suas atividades obedecendo aos ciclos de luz e escuridão. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta porque a luz é o regulador do relógio biológico, não o próprio relógio. A alternativa B é incorreta porque quase todos os seres vivos possuem relógio biológico. A alternativa D é incorreta porque o relógio biológico regula o sono e a fome, entre outros mecanismos, e não atua como um sistema de reconhecimento automático do melhor horário para realizar as atividades diárias. Por fim, a alternativa E é incorreta porque o relógio biológico não é uma adaptação humana para a realização de atividades importantes de acordo com os ciclos de luz e escuridão, e sim um mecanismo fisiológico inerente a quase todos os seres vivos que regula alguns processos no organismo. QUESTÃO 05 GZ9J Un mercado de colores Poco más hay que decir del mercado de artesanías de Otavalo que se pone cada sábado por toda la ciudad, TIENES QUE VERLO. Es uno de los mercados de artesanías al aire libre más grandes de Latinoamérica. El colorido y originalidad de las piezas que se pueden encontrar es único, claro está que ahora abundan también los puestos con marroquinería china por doquier, pero teniendo en cuenta que Otavalo sigue siendo referente de fabricación de artesanía indígena para todo el mundo, aquí puedes encontrar casi de todo. Si llegas otro día que no sea el sábado, siempre encontraras en la plaza de los ponchos una exposición fija de los comerciantes locales. Si tienes algo que comprar de recuerdo, no dejes de pasear por este mercado, seguro que algo picas. Ojo con los niños el sábado es fácil de perderse por la cantidad ingente de personas que se mueven ese día, y por supuesto bolsas y mochilas de mano bien cerradas y en la parte delantera pues los carteristas hacen su agosto durante los sábados. Disponível em: <http://www.minube.com/rincon/mercado-de-otavalo-a1602#modal-78602>. Acesso em: 15 mar. 2016. O texto apresentado descreve um típico mercado artesanal indígena na cidade de Otavalo, no Equador. Além de elogiar o artesanato, o autor faz algumas recomendações e alertas aos leitores que pretendam visitar o mercado. O fragmento [...] los carteristas hacen su agosto durante los sábados sugere que, no mercado, os visitantes A. encontram uma exposição de carteiras. B. devem ficar atentos ao grande perigo de furtos. C. podem facilmente perder as crianças na multidão. D. encontram opções de lembranças para comprar. E. preferem comprar aos sábados do mês de agosto. Alternativa B Resolução: A expressão hacen su agosto significa lucrar aproveitando-se de uma situação, e carteristas refere-se a ladrões de carteiras. A última frase do texto alerta os leitores que pretendem visitar o mercado sobre o grande perigo de furtos aos sábados e orienta-os a deixarem suas bolsas e mochilas bem fechadas e posicionadas na dianteira do corpo, a fim de evitar furtos, de modo que a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta porque o texto não diz que há exposições de carteiras no mercado. A palavra carteirista é usada para referir-se aos ladrões. A alternativa C é incorreta porque o fragmento indicado no enunciado está relacionado à frase y por supuesto bolsas y mochilas de mano bien cerradas y en la parte delantera [ ], e não à facilidade das crianças de se perderem, o que é indicado pela conjunção pues, que conecta a orientação à sua explicação. A alternativa D é incorreta porque faz referência a uma informação presente no texto, mas não tem nenhuma relação com o fragmento apresentado. A alternativa E é incorreta porque, como exposto anteriormente, o trecho destacado diz que os ladrões cometem muitos furtos aos sábados. LCT PROVA I PÁGINA 6 ENEM VOL. 1 2018

QUESTÃO 06 TEXTO I 83FE Os dois textos representam o mesmo objeto: o primeiro é um retrato de Carlos Drummond de Andrade pintado por Candido Portinari, e o segundo é um texto poético em que o próprio poeta define a si mesmo. A respeito da abordagem, a diferença entre ambos, respectivamente, é que A. um esclarece quem é o retratado, e o outro busca mistificá-lo. B. um privilegia a objetividade, e o outro privilegia a expressividade. C. um expressa opiniões, e o outro distorce a realidade pelas palavras. D. um expõe uma visão social, e o outro traz uma justificativa à sociedade. E. um é composto por simbologias, e o outro é marcado por fatos históricos. Alternativa B PORTINARI, C. Retrato de Carlos Drummond de Andrade. 1936. Óleo sobre tela. 72 58 cm. TEXTO II Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e [ comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e [ sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança [ itabirana. Resolução: Ambos os textos retratam a mesma pessoa, o poeta Carlos Drummond de Andrade. A principal diferença entre ambos, à parte a linguagem artística empregada pintura e literatura, é que a obra de Candido Portinari apresenta uma abordagem que privilegia uma representação objetiva, próxima da realidade, enquanto em seu poema Drummond define a si mesmo de maneira subjetiva, com o foco em suas atitudes e características psicológicas. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico de Drummond não busca mistificar sua figura, no sentido de envolvê-la em aspectos ocultos e espirituosos; além disso, em ambos os textos, está claro quem é o ser retratado. A alternativa C está incorreta porque, ainda que o quadro de Portinari possa ser encarado como sua interpretação do poeta, o poema de Drummond não distorce a realidade, mas expressa o ponto de vista da voz poética. A alternativa D está incorreta porque a representação de Drummond no quadro não tem engajamento social de qualquer tipo, nem o poema funciona como uma justificativa do poeta para agir de uma maneira ou de outra. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, ainda que possam ser encontradas simbologias no quadro de Portinari, o texto de Drummond não se baseia em eventos da História, mas em acontecimentos da vida do poeta, sobre os quais ele reflete. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, C. D. Confidência do Itabirano. In: Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. QUESTÃO 07 NIFU [...] Presumi que estavam muito contentes de ganhar o repouso de horas, pois tinham navegado na sela a noite toda. Um falou mais alto, aquilo era bonito e sem tino: Siruiz, cadê a moça virgem?. Largamos a estrada, no capim molhado meus pés se lavavam. Algum, aquele Siruiz, cantou, palavras diversas, para mim a toada toda estranha: Urubu é vila alta, mais idosa do sertão: padroeira, minha vida vim de lá, volto mais não... Vim de lá, volto mais não?... ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 7

Corro os dias nesses verdes, meu boi mocho baetão: buriti água azulada, carnaúba sal do chão... Remanso de rio largo, viola da solidão: quando vou pr a dar batalha, convido meu coração... ROSA, G. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. A presença de versos dentro do texto em prosa consiste numa característica da escrita de Guimarães Rosa, que, por meio dessa estratégia, no fragmento anterior, representa a mescla de A. oralidade da canção com narrativa escrita. B. informalidade da toada com língua padrão. C. descrição nos versos com narração em prosa. D. abordagem em primeira e em terceira pessoas. E. subjetividade da canção com objetividade da prosa. Alternativa A Resolução: Por meio da estratégia de representar os versos da canção dentro do texto, o autor apresenta uma mescla entre a cultura oral, percebida no ritmo da canção e nas construções típicas da oralidade, como pra e volto mais não, e a narrativa escrita. A alternativa correta é, portanto, a A. A alternativa B está incorreta porque tanto a narrativa quanto os versos apresentam elementos de linguagem informal; ainda assim, qualquer contraposição entre língua formal e informal não se dá pela mescla de gêneros literários, mas pelas escolhas linguísticas do autor. A descrição sugerida na alternativa C não está presente nos versos, pois eles são carregados de lirismo. A mescla, portanto, não é de tipo descritivo e narrativo, e sim de lírico e épico. A alternativa D está incorreta porque também não é possível contrapor abordagem em primeira e em terceira pessoa, pois tanto a narrativa em prosa como os versos empregam essas pessoas do discurso, não sendo a mescla dos gêneros literários a ferramenta usada para tal. Por fim, a alternativa E também está incorreta porque sugere que haja objetividade na prosa, mas tanto os versos como a prosa são subjetivos. QUESTÃO 08 TEXTO I Nos sertões americanos, anda um povo desgrenhado: gritam pássaros em fuga sobre fugitivos riachos; desenrolam-se os novelos das cobras, sarapintados; espreitam, de olhos luzentes, os satíricos macacos. Súbito, brilha um chão de ouro: corre-se é luz sobre um charco. XCWH TEXTO II A zoeira dos insetos cresce, nos valos fechados, com o perfume das resinas e desse mel delicado que se acumula nas flores em grãos de veludo e orvalho. MEIRELES, C. Romance I ou Da revelação do ouro. In: Romanceiro da Inconfidência. Porto Alegre: L&PM, 2011. O século XVII mal havia terminado, as finanças de Portugal estavam comprometidas com o elevado custo da administração do Império, e a agroindústria canavieira começava a sentir o peso da concorrência da cana plantada nas Antilhas e levada pelos holandeses expulsos do Brasil, a qual atingia duramente os engenhos de açúcar do Nordeste. Mas, em Salvador, o governador-geral do país, João de Lencastro, ainda se perguntava se a descoberta de lavras de ouro no sertão dos Cataguás era de fato um bom negócio para Coroa portuguesa. SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. [Fragmento] A descoberta do ouro na América portuguesa é o tema dos textos anteriores, os quais variam em forma e conteúdo, pois A. demonstram objetivos comunicativos diferentes. B. exigem a mobilização de diferentes conhecimentos. C. registram duas interpretações sobre um fato histórico. D. representam posicionamentos contrários sobre o evento. E. expõem, respectivamente, uma alegoria e um registro do fato. Alternativa A Resolução: Ainda que a temática dos textos seja a mesma, a descoberta do ouro na América Portuguesa, eles foram compostos com diferentes objetivos, o que fica claro na escolha, por parte dos autores, do gênero textual. O texto I, de Cecília Meireles, é um fragmento de um romance integrante de um romanceiro, coleção de obras narrativas em prosa ou em verso, muito populares na Península Ibérica por volta do século XV. Já o texto II é um fragmento de um texto acadêmico da disciplina História. Assim, percebe-se que a intenção de cada um dos textos é única, já que o primeiro tem o foco na forma da mensagem, ou seja, a língua é usada com criatividade pela autora, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer, o que justifica a linguagem figurada predominante; e o segundo privilegia o relato fidedigno da realidade, com linguagem denotativa. Dessa forma, bem como são diferentes os objetivos comunicativos, são diferentes o público-alvo e a função social desses textos. Está correta, então, a alternativa A. As alternativas B, C e D estão incorretas porque os diferentes conhecimentos mobilizados pelos leitores e os posicionamentos dos autores não pressupõem distinção em forma ou conteúdo, já que poderiam ser coincidentes mesmo em gêneros diferentes. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque o texto de Cecília Meireles não é uma alegoria da descoberta do ouro, mas uma versão poética do fato. LCT PROVA I PÁGINA 8 ENEM VOL. 1 2018

QUESTÃO 09 TODO MUNDO TEM UM CONHECIDO QUE FALA ASSIM. Seja o tio com pouca experiência online ou a vovó que acha que as letras grandes facilitam a leitura, em algum momento alguém vai tentar explicar para eles que, no mundo da Internet, o Caps Lock virou sinônimo de gritaria. Foi mais ou menos contra o uso indiscriminado do Caps Lock que um usuário do Twitter chamado Derek Arnold lançou o Dia Internacional do Caps Lock. Mais ou menos porque, como outras pseudocausas do Twitter, o objetivo era menos militante e mais para dar umas risadas. A regra era que todos passassem o dia todo escrevendo só em Caps Lock, independente da situação. Com o aumento das discussões acaloradas e do discurso de ódio na Internet, muitas caixas de comentários começaram a bloquear os que eram digitados todos em caixa alta. Nos jogos virtuais, quem escreve em maiúscula pode ser punido. Outras soluções tentaram ser mais criativas, como um projeto de plug-in que transforma frases raivosas digitadas em Caps em outras estranhas e aleatórias como Eu gosto de pinguins roxos. Se parece tudo besteira, saiba que o ódio ao Caps Lock não é apenas parte do folclore zueiro da Internet. Existem pelo menos duas campanhas oficiais, criadas por engenheiros de software, para fazer lobby pela extinção dele nos teclados, a CAPSoff e a anticapslock, que consideram que o Caps Lock representa um saudosismo inútil e é uma falha fundamental na experiência do usuário. LEONARDI, A. C. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 24 out. 2017. [Fragmento adaptado] Ao discorrer sobre o uso do Caps Lock, o texto tem como objetivo A. divulgar o Dia Internacional do Caps Lock para provocar humor em usuários do Twitter. B. explicar por que essa ferramenta pode ser um indício de falta de educação virtual. C. discutir estratégias para cessar o uso desse recurso em jogos, fóruns e softwares. D. partir de uma premissa local até chegar a uma discussão de mobilização global. E. servir de suporte para difundir os resultados das campanhas oficiais online. Alternativa B CRWX Resolução: O texto tem como introdução uma breve contextualização sobre o que é usar caixa alta no ambiente virtual, em que se afirma que essa prática se tornou sinônimo de gritaria, portanto, um comportamento mal-educado. Ao longo do texto, a autora explica que a caixa alta incomoda tantos usuários que campanhas descontraídas, ou mesmo oficiais, foram criadas para bani-la, já que na linguagem virtual denota raiva ou exaltação, sentimentos manifestos, normalmente, em discussões. Assim, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto menciona a existência do Dia Internacional do Caps Lock, data criada ironicamente para combater a caixa alta, com o objetivo de provar que essa ferramenta incomoda muitos usuários; portanto, divulgar a data não é seu objetivo. A alternativa C está incorreta porque o texto não promove um debate acerca de como se evitar a caixa alta em jogos, fóruns online e softwares, mas mostra que o incômodo gerado é tanto que os próprios usuários têm recorrido a estratégias; portanto, o texto apenas as expõe. A alternativa D está incorreta porque partir de uma premissa local (uso de caixa alta por familiares) para uma global (uso de caixa alta por internautas em todos os ambientes virtuais) não é o objetivo do texto, mas uma estratégia argumentativa que cativa e contextualiza os leitores. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o texto não é um informe dos resultados obtidos pelas campanhas, as quais são mencionadas somente para corroborar o ponto de vista defendido: o incômodo causado pelo uso exacerbado da caixa alta em ambientes virtuais. QUESTÃO 10 HK87 Tentarei recrear meu espírito e recriar teu vício. Desatarei o laço da saudade que de lasso adoeceu. BANTIM, E. Disponível em: <http://www.gostodeler.com.br>. Acesso em: 26 out. 2017. Sobre as relações entre forma e significado nos vocábulos, considerando o texto anterior, identifica-se que A. recrear e recriar são diferentes em sentido e iguais em pronúncia. B. recrear e recriar são iguais na pronúncia e diferentes na grafia. C. recrear e recriar são diferentes em grafia e iguais em sentido. D. laço e lasso são iguais na pronúncia e diferentes na grafia. E. laço e lasso são iguais em sentido e em pronúncia. Alternativa D Resolução: As palavras laço e lasso são homófonas heterográficas, portanto, são iguais na pronúncia e diferentes na escrita, apresentando, ainda, sentidos diferentes: de acordo com o dicionário Michaelis online, laço é um nó que se desata com facilidade, com uma ou mais alças ; e lasso é aquele que está fatigado ou cansado, que está acometido por lassidão. Portanto, está correta a alternativa D. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 9

QUESTÃO 11 RDPU QUESTÃO 12 6SPA Solitário Como um fantasma que se refugia Na solidão da natureza morta, Por trás dos ermos túmulos, um dia, Eu fui refugiar-me à tua porta! Fazia frio e o frio que fazia Não era esse que a carne nos conforta... Cortava assim como em carniçaria O aço das facas incisivas corta! Mas tu não vieste ver minha Desgraça! E eu saí, como quem tudo repele, Velho caixão a carregar destroços Levando apenas na tumbal carcaça O pergaminho singular da pele E o chocalho fatídico dos ossos! ANJOS, A. Eu e outras poesias. 3. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 2011. O soneto de Augusto dos Anjos pertence ao gênero lírico porque a voz poética A. canta a tristeza dos poetas que morreram por amor. B. verbaliza figurativamente o amor e a rejeição sentida. C. homenageia a amada com atitudes de devoção doentia. D. invoca uma figura fantasmagórica para relatar a própria tragédia. E. simboliza com uma alegoria a abstração de amar e ser amado. Alternativa B Resolução: O gênero lírico é caracterizado por suas temáticas intimistas, em que a voz poética expõe seus sentimentos num texto permeado, normalmente, de linguagem conotativa, isto é, figurada. No soneto de Augusto dos Anjos, o eu lírico emprega comparações e metáforas para expor à sua amada seus sentimentos, revelando um amor desesperado, que não é retribuído e o faz se sentir como um corpo sem vida que perambula pela cidade nas noites frias. Está correta, portanto, a alternativa B. As outras alternativas estão incorretas porque não apontam características do gênero lírico ou porque interpretam incorretamente o texto. A alternativa A está incorreta porque a tristeza retratada é somente a do eu lírico, não a de outros poetas que também sofrem por um amor não correspondido. A alternativa C está incorreta porque o eu lírico não apresenta atitudes que homenageiam sua amada, mas que representam o desespero por encontrá-la ou chamar sua atenção. A alternativa D está incorreta porque a figura do fantasma não é invocada como numa epopeia, mas usada como comparação para representar os sentimentos do eu lírico. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o amor do eu lírico não é correspondido. Cadê teu suin-? Cadê teu repi- Quem é teu padri- Onde é que tu to- Cadê teu suin- Guitarra não po- Desista mole- Quem é que te indi- Cadê teu suin- CAMELO, M. Cadê teu suin-?. In: Bloco do eu sozinho. Los Hermanos. CD. Abril Music, 2001. [Fragmento] Para estruturar o texto da canção, o autor considerou, em todos os versos, A. a sílaba tônica da última palavra. B. o ditongo crescente na última palavra. C. o hiato na primeira e na última palavra. D. a posição da sílaba tônica em cada palavra. E. a ocorrência de semivogais na última palavra. Alternativa A Resolução: A última palavra de cada verso tem sua última sílaba suprimida, no entanto, a primeira palavra do verso seguinte inicia-se com a sílaba que completa a palavra anterior. A sonoridade do texto não é afetada porque a última palavra dos versos é paroxítona, acomodando a sílaba da palavra que inicia os versos, já que as primeiras palavras não têm sua primeira sílaba pronunciada de forma enfática. Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há ditongo nas últimas palavras. A alternativa C está incorreta porque não há hiato em todas as palavras que terminam os versos, somente em suingue. A alternativa D está incorreta porque somente a sílaba tônica das palavras que iniciam e terminam os versos são levadas em consideração, já que os versos não apresentam mesmo número de sílabas gramaticais nem poéticas. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há semivogais nas últimas palavras; em suingue, na sílaba gue há, na verdade, um dígrafo, já que gu denota um fonema somente. QUESTÃO 13 Segundo quadro (Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, viva o prefeito etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, Vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.) ODORICO Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu. (Aplausos vêm de fora.) YXV5 LCT PROVA I PÁGINA 10 ENEM VOL. 1 2018

ODORICO Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério. (Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena.) GOMES, D. O bem-amado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. Rubricas, ou didascálias, são instruções cênicas que orientam a interpretação do texto dramático e situam a leitura. No fragmento de Dias Gomes, as rubricas são empregadas para A. justificar as ações de cada uma das personagens. B. descrever o ambiente e as ações de personagens. C. interromper a leitura para esclarecimentos do autor. D. narrar os acontecimentos paralelos à cena retratada. E. preencher lacunas discursivas deixadas pelo narrador. Alternativa B Resolução: As rubricas no texto de Dias Gomes vêm entre parênteses e são usadas para situar o lugar em que as cenas acontecem: Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Além disso, também mostram aos leitores quais personagens aparecem e o que estão fazendo em cena: Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, Vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque as rubricas não explicam o porquê de cada personagem desempenhar uma ou outra ação, já que a motivação de cada uma delas é explicada pelo próprio universo narrativo do texto. A alternativa C está incorreta porque, ainda que as rubricas possam ser entendidas como interrupções do autor do texto dramático, elas não apresentam qualquer tipo de esclarecimento, já que não há interlocução entre autor e leitores. A alternativa D está incorreta porque as rubricas devem ser consideradas como se estivessem fora do universo da trama; ainda, no texto de O bem-amado, elas não narram acontecimentos paralelos, mas se limitam a descrever o que acontece fora do ambiente em que a cena ocorre, sempre do ponto de vista dos personagens: ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, Aplausos vêm de fora. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há narrador em textos dramáticos; assim, qualquer lacuna da narrativa não será preenchida pelas rubricas, cujo objetivo é descrever ou situar o ambiente e indicar a ação das personagens, uma vez que o texto principal consiste apenas em falas. QUESTÃO 14 Q11Ø Tenho uma tendência à prolixidade, uso mais palavras e frases do que o necessário e acabo me tornando enfadonho. Não existe nada pior do que ler um texto fastidioso. Por isso tentarei ser o mais conciso possível ao narrar esta história. FONSECA, R. Segredo e mentiras. In: Amálgama. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. No fragmento de Rubem Fonseca, os adjetivos enfadonho e fastidioso colaboram para A. marcar a atitude do narrador com relação à história, que é anunciada como desinteressante. B. quebrar a expectativa dos leitores, que iniciam a leitura esperando não apreciá-la. C. alertar os leitores sobre o conto, que carece de elementos literários rebuscados. D. demonstrar a falta de empatia do narrador pelo relato, que é feito por obrigação. E. comprovar a prolixidade do narrador, que anuncia e estende o início do relato. Alternativa E Resolução: Os adjetivos enfadonho e fastidioso caracterizam, nessa ordem, o narrador e seus textos. Assim, ao mesmo tempo que usa palavras de valoração negativa para definir a si mesmo e a seus escritos, ele repete o comportamento que critica, alongando desnecessariamente seu relato e atravancando a leitura. Portanto, esses vocábulos comprovam o que o narrador diz no fragmento. Da mesma forma, eles também têm sua aplicação comprovada pelo contexto em que se inserem. Está correta, então, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a atitude demonstrada pelo narrador é de se estender muito em seus relatos, e não de os considerar desinteressantes. A alternativa B está incorreta porque, ao anunciar seu relato como prolixo, o narrador, na verdade, seduz seus leitores a continuarem a leitura e chegarem ao ponto em que se inicia a história, portanto não há quebra de expectativa. A alternativa C está incorreta porque nada no trecho comprova que o conto em análise dispensa elementos literários rebuscados; a própria técnica de alongar o início da história, aliás, pode ser considerada um aspecto trabalhado com o objetivo de descolar o texto de narrativas tradicionais. A alternativa D, por sua vez, está incorreta porque o narrador não é apático em relação a seu relato, o qual também não é feito por obrigação; o narrador expõe um julgamento negativo, na verdade, sobre a maneira como relata suas histórias. QUESTÃO 15 ØUIN A trabalhadora doméstica Maria Sales passa a maior parte da semana morando na casa onde trabalha. Se precisasse sair de casa todos dias para ir ao trabalho, teria que percorrer diariamente cerca de 34 quilômetros para se deslocar. A baixa oferta de transporte público, o alto custo das passagens, a falta de infraestrutura como sinalização e calçadas inexistentes e a insegurança são fatores que tornam o sistema de mobilidade urbana ineficiente. Isso tudo resulta em problemas como maior tempo de deslocamento nos centros urbanos, excesso de veículos nas vias e consequentemente maior número de mortes no trânsito e mais poluição. SINIMBÚ, F. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 11

A argumentação presente no texto permite a identificação da tese defendida pela autora, que corresponde à A. exploração das trabalhadoras domésticas que moram no trabalho. B. insegurança vivenciada pelos trabalhadores nos grandes centros. C. ausência de fiscalização do trabalho informal pela Justiça. D. precariedade das condições de vida urbana na atualidade. E. ineficiência do sistema de mobilidade urbana nas cidades. Alternativa E Resolução: A argumentação enumera diversos problemas como fatores que tornam o sistema de mobilidade urbana ineficiente como baixa oferta de transporte público, o alto custo das passagens, a falta de infraestrutura e a insegurança e exemplifica com o caso do deslocamento de uma trabalhadora doméstica. A tese do texto é, portanto, acerca da ineficiência do sistema de mobilidade urbana nas cidades, conforme aponta a alternativa E. A exploração sobre os trabalhadores e a falta de fiscalização do trabalho informal são questões sociais que não se aplicam ao texto, pois o caso da trabalhadora doméstica é citado apenas como exemplo das dificuldades enfrentadas para se chegar até o trabalho. Ficam invalidadas, assim, as alternativas A e C. A insegurança nos grandes centros urbanos, sugerida na B, é abordada no texto como um dos fatores que tornam precária a mobilidade urbana, e não como a tese do texto, o que invalida a alternativa. Por sua vez, a precariedade das condições de vida nos grandes centros, sugerida na D, não se aplica ao texto porque este trata de uma questão muito específica, a qual contribui para a precariedade das condições de vida, mas não é tão ampla. QUESTÃO 16 Oração ao tempo És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo Compositor de destinos Tambor de todos os ritmos Tempo, tempo, tempo, tempo Entro num acordo contigo Tempo, tempo, tempo, tempo VELOSO, C. Oração ao tempo. In: Cinema transcendental. Caetano Veloso. LP. Verve, 1979. [Fragmento] A construção dos versos da canção se baseia na utilização da figura de linguagem que cumpre o papel de A. comparar as belezas para exaltar a figura do filho. MD6P B. representar um ser divino sem mencionar o seu nome. C. atenuar o sentido do pedido para torná-lo mais aceitável. D. exagerar as características do ser invocado para agradá-lo. E. personificar o elemento inanimado para simular uma proximidade. Alternativa E Resolução: Os versos da canção apresentam uma prece feita pelo eu lírico à figura do tempo, à qual ele se dirige com elogios e anuncia que fará um pedido. A figura de linguagem utilizada pelo eu lírico na construção de seus versos pode ser identificada, portanto, como a personificação do ser inanimado tempo, para que seja feito o pedido e criada certa intimidade. A alternativa correta é, portanto, a E. A comparação, proposta em A, é uma figura de linguagem que não se associa às características da personificação, o que a invalida. A omissão do nome proposta em B se refere à figura elipse, o que a torna incorreta. A atenuação de sentido proposta em C, por sua vez, se refere ao eufemismo, o que também a torna incorreta. Por fim, o exagero proposto na alternativa D não se refere à personificação, e sim à hipérbole, o que também a invalida. QUESTÃO 17 Aula inaugural É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis como na [ guerra do Paraguai... Mas eram bem falantes E todos os seus gestos eram ritmados como num balé Pela cadência dos metros homéricos. Fora do ritmo, só há danação. Fora da poesia não há salvação. A poesia é dança e a dança é alegria. Dança, pois, teu desespero, dança Tua miséria, teus arrebatamentos, Teus júbilos E, Mesmo que temas imensamente a Deus, Dança como David diante da Arca da Aliança; Mesmo que temas imensamente a morte Dança diante da tua cova. QUINTANA, M. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo Editora, 2005. [Fragmento] O título do poema de Mario Quintana sugere a apresentação de um conjunto de instruções a serem seguidas. A apresentação dessas instruções se caracteriza por A. ritmo e subjetividade. B. dramaticidade e encenação. C. grandiosidade e saudosismo. D. objetividade e menção a heróis. E. historicidade e referências mitológicas. Alternativa A EHCK Resolução: A divisão do texto em versos constrói um ritmo de leitura, uma musicalidade cuja importância é reiterada pelo conteúdo do verso Fora do ritmo, só há danação. Há também emotividade nos versos, que apresentam as instruções de maneira subjetiva, presumindo misérias e temores e sugerindo ao ministrante da aula que dance. LCT PROVA I PÁGINA 12 ENEM VOL. 1 2018

A alternativa correta é, portanto, a A. A encenação sugerida na alternativa B é característica do gênero dramático, o que a invalida. No mesmo sentido, grandiosidade, conforme sugerido em C, referência objetiva a heróis, como proposto em D, e referências mitológicas, como presente em E são características do gênero épico, e não do lírico. QUESTÃO 18 Em maio de 2012, uma das quatro versões do quadro O grito, de Edvard Munch, foi leiloada em Nova York por 120 milhões de dólares. O recorde de preço de uma obra de arte, no entanto, não foi esse. Em fevereiro do mesmo ano, um Cézanne foi adquirido pela família real do Catar por 250 milhões de dólares. O quadro Os jogadores de carta tornou-se assim, até aquele momento, a mais cara obra de arte do mundo. Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2014. No fragmento da notícia anterior, para se referir a uma obra de arte de Cézanne, usou-se a figura de linguagem chamada AA BB CC DD EE metáfora. hipérbole. metonímia. personificação sinédoque. Alternativa C Resolução: Numa prática recorrente em textos sobre obras de arte, o autor decide por chamar a tela do pintor Paul Cézanne por apenas um Cézanne. A figura de linguagem que possibilita esse recurso é a metonímia, que consiste na utilização de um termo por outro, em que o sentido do termo original é estendido ao novo termo. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque não há uma comparação implícita entre quadro de Paul Cézanne e um Cézanne. A alternativa B está incorreta porque não há exagero intencional em um Cézanne. A alternativa D está incorreta porque também não há a atribuição de características ou ações humanas ao quadro de Paul Cézanne. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque a sinédoque, embora possa ser considerada um tipo de metonímia, toma o todo pela parte ou a parte pelo todo. Já a metonímia designa uma realidade por meio de outra realidade que tenha relação com a primeira, o que é observado no texto em análise. QUESTÃO 19 Atitude sustentável Se você e sua família mudarem pequenas atitudes, e as tiverem como hábito, o mundo pode ser bem melhor. Economize água e energia elétrica. Recicle embalagens. Separe o lixo e o deixe na coleta seletiva. Plante árvores. Recicle o papel e o utilize como rascunho. UWCØ MØIV Não queime o lixo. Quando for fazer compras, leve a sacola sustentável para o supermercado. Assim você evita de trazer inúmeras sacolas plásticas para casa. Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. O texto anterior pode ser caracterizado como exemplar da tipologia injuntiva porque A. descreve o conceito de sustentabilidade e as ações relacionadas. B. informa as pessoas sobre a possibilidade de um mundo melhor. C. explica as causas e consequências das atitudes sustentáveis. D. convence o leitor das vantagens de mudar atitudes e hábitos. E. apresenta um método para concretizar ações sustentáveis. Alternativa E Resolução: Textos injuntivos se caracterizam por apresentarem uma metodologia para a concretização de uma ação, no caso, para realizar atitudes sustentáveis. Assim, torna-se correta a alternativa E. A descrição proposta em A está incorreta por se adequar ao tipo descritivo. A informação sobre a possibilidade de um mundo melhor, proposta em B, e a explicação sugerida em C também não se aplicam por serem características do tipo expositivo. Por fim, o convencimento proposto em D é característica do tipo argumentativo, e não injuntivo. QUESTÃO 20 A humanidade demorou milhões de anos para inventar a linguagem escrita e vêm agora as portas das toaletes e a desinventam. Por que não escrever homens e mulheres, reunião de letras que proporciona a segurança da clareza e do entendimento imediato? Não. Algumas portas exibem silhuetas de calças e saias. Outras, desenhos de cartolas, luvas, bolsas, gravatas, cachimbos e outros adereços de uso supostamente exclusivos de um sexo ou outro. Milhões de anos de progresso da humanidade, até a invenção da comunicação escrita, são jogados fora, à porta das toaletes. E no entanto a palavra, a palavra escrita especialmente, continua sendo um estupendo meio de comunicação. Deixa-se um bilhete para um colega de trabalho dizendo Fui para casa, e vazado nesses termos, com o uso dessas três singelas palavrinhas, será sem dúvida de entendimento mais fácil e unívoco do que se desenhar uma casinha de um lado, um hominho de outro, e uma flecha indicando o movimento de um para a outra. Vivemos um tempo de culto da imagem. Esquece-se o valor inestimável da palavra. VTZI ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 13

Lorde Thomson of Monifieth, um inglês que já presidiu a Independent Broadcasting Authority, órgão de supervisão do sistema de rádio e televisão na Grã-Bretanha, disse certa vez numa conferência que lamenta não ter surgido na história da humanidade primeiro a televisão, e depois os tipos móveis de Gutenberg. Penso que imprimir e ler representam formas mais avançadas de comunicação civilizada do que a transmissão de TV, afirmou. Esse lúcido inglês confessou que, em seus momentos sombrios, se sente incomodado com o pensamento de que a humanidade caminhou milhões de anos para voltar ao ponto de partida. Começou magnetizada pelos desenhos nas paredes das cavernas e terminou magnetizada diante da figura de alta definição nas paredes onde se embutem os aparelhos de televisão. TOLEDO, R. P. Disponível em: <https://oepilogo.wordpress.com>. Acesso em: 30 maio 2017. Partindo de uma afirmação genérica, o autor constrói uma linha de raciocínio que A. menciona Lorde Thomson of Monifieth de modo a expor e criticar atitudes conservadoras. B. pondera a crítica aos meios de comunicação modernos devido à importância que adquiriram. C. demonstra contrariedade e conformação com as mudanças na comunicação humana. D. questiona a representação de homens e mulheres por adereços e vestimentas ditos exclusivos. E. relaciona a preferência pelos recursos audiovisuais e pictográficos ao retrocesso da humanidade. Alternativa E Resolução: O autor, logo na primeira frase, afirma que a linguagem escrita vem sendo preterida em detrimento da visual, mesmo após milhões de anos para atingir a complexidade que apresenta hoje. Ele cita ainda portas de banheiros em estabelecimentos que usam imagens em vez de palavras para indicar o gênero dos usuários. Mais adiante, cita o exemplo de um bilhete, que é mais facilmente compreendido quando se privilegia o texto escrito, e não o imagético. Por fim, menciona Lorde Thomson of Monifieth, elogiando seu posicionamento sobre preferir a linguagem escrita à audiovisual. O objetivo do autor, assim, é mostrar que, ao se optar por imagens, a comunicação passa por um processo retroativo, já que, segundo ele, a linguagem verbal é mais sofisticada, conforme aponta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o autor recorre a Lorde Thomson of Monifieth como discurso de autoridade. A alternativa B está incorreta porque o autor não condena os meios de comunicação modernos, mas, na verdade, mostra-se contrário ao fato de se sobreporem à comunicação por linguagem escrita. A alternativa C está incorreta porque o autor demonstra somente contrariedade às mudanças na comunicação humana, não se conformando com elas, portanto. Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque, quando o autor cita a representação de homens e mulheres por ícones supostamente exclusivos dos gêneros, ele está apenas exemplificando uma das situações que o fazem refletir sobre o que, na sua opinião, é um retrocesso da comunicação humana; seu raciocínio, portanto, vai muito além desse questionamento. QUESTÃO 21 Disponível em: <http://sustentabilidadevida.blogspot.com.br>. Acesso em: 04 set. 2017. No texto publicitário anterior, são utilizados recursos verbais e não verbais para a construção de sentido, cujo tom é de A. ameaça, para o leitor sentir medo e abandonar hábitos egoístas. B. advertência, para mostrar ao leitor a vantagem de se mudar de atitude. C. desesperança, para conscientizar o leitor das consequências de seus atos. D. melancolia, para atingir a emoção do leitor e comovê-lo para a mudança. E. euforia, para incitar o leitor a adotar instantaneamente ações efetivas. Alternativa B Resolução: Os recursos verbais e não verbais presentes no texto consistem em imagens de árvores que mimetizam a forma dos pulmões humanos, associando natureza e respiração para a construção de seu sentido. O conteúdo verbal que acompanha a imagem reitera essa associação ao sugerir Comece a preservar, estabelecendo uma relação de causa e consequência entre a preservação da natureza e a continuidade da vida humana. A publicidade mostra, portanto, que existe uma vantagem em se mudar de atitude ao fazer uma advertência ao seu público-alvo, o que torna correta a alternativa B. Ao contrário do que propõe a alternativa A, o texto publicitário não visa acuar os leitores por meio de uma ameaça, pois não pretende causar medo nem afirma que seus hábitos são egoístas. A alternativa C também está incorreta porque não existe um tom de desesperança, já que a proposta de mudança de atitude mostra que há esperança de se reverter uma situação prejudicial à humanidade. No mesmo sentido, a alternativa D está incorreta por não haver indícios de melancolia no texto, pois essa publicidade não se dirige à emoção, e sim à razão dos leitores, promovendo a reflexão. Tampouco há euforia no texto, como sugerido na alternativa E, pois o tom utilizado é direto e objetivo. B8ZY LCT PROVA I PÁGINA 14 ENEM VOL. 1 2018

QUESTÃO 22 O dinossauro Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. MONTERROSO, A. O dinossauro. In: A orelha negra e outras fábulas. São Paulo: Cosac Naify, 2017. A objetividade do gênero conto é percebida em O dinossauro, do autor guatemalteco Augusto Monterroso, por meio do(a) A. ausência de finalização no clímax, decorrente do enfraquecimento de uma combinação de elementos. B. brevidade na abordagem dos tempos, pois, embora seja uma narrativa curta, há passado, presente e futuro. C. densidade no estudo psicológico da personagem, que aparece condensada para se adequar à extensão do texto. D. encadeamento de episódios autônomos, que condensa diversas ações individuais e as relaciona para compor o enredo. E. unidade de ação, pois a narrativa contém apenas uma célula dramática com um conflito que converge para um só ponto. Alternativa E Resolução: Analisando as afirmações feitas em cada uma das alternativas, vê-se que, em A, é sugerido que a finalização do conto não acontece no clímax, o que está incorreto e consiste em uma característica do romance. A alternativa B está incorreta porque afirma ser a brevidade na abordagem de passado, presente e futuro, o que não procede, visto que no conto há apenas uma cena no tempo presente. A alternativa C está incorreta porque o texto não se aprofunda na análise psicológica da personagem que acorda, e muito menos na do dinossauro. A alternativa D, por sua vez, sugere o encadeamento de episódios autônomos para compor o enredo como manifestação da objetividade do gênero, o que está incorreto, pois essa característica também se associa à complexidade do romance. Por fim, a alternativa E afirma corretamente que a objetividade se manifesta na unidade de ação, pois a narrativa contém apenas uma célula dramática com um conflito que converge para um só ponto, no caso, a personagem acordando e constatando que o dinossauro ainda estava no mesmo local de antes. QUESTÃO 23 3D5T VHBO [...] Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito. Boa Conceição! Chamavam-lhe a santa, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar. ASSIS, M. A missa do galo. In: Contos consagrados. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. [Fragmento] No trecho do conto de Machado de Assis, predomina uma tipologia no primeiro parágrafo e outra no segundo, já que estes trazem, respectivamente, A. explicação de fatos e instrução sobre o temperamento de uma santa. B. recapitulação do enredo e explicação para as atitudes de Conceição. C. exposição da situação e argumentação para justificar o título santa. D. informação a respeito do enredo e elucidação da história da personagem. E. progressão de acontecimentos e caracterização da personagem. Alternativa E Resolução: O primeiro parágrafo consiste no encadeamento de acontecimentos que oferece um panorama da situação vivenciada pela personagem Conceição; já o segundo parágrafo apresenta uma descrição da personagem, elencando suas características. Assim, as tipologias predominantes são a narração e a descrição. A alternativa correta é, nesse sentido, a E. A explicação e a instrução sugeridas em A são características das tipologias expositiva e injuntiva, o que a invalida. A recapitulação e a explicação são características que não definem as tipologias em questão, o que torna a alternativa B incorreta. A exposição e a argumentação propostas em C são adequadas às tipologias expositiva e argumentativa, o que a torna incorreta. Por fim, a informação e a elucidação presentes em D se referem ambas ao tipo expositivo, o que também a invalida. QUESTÃO 24 4ASB Um leão ficou com raiva de um mosquito que não parava de zumbir ao redor de sua cabeça, mas o mosquito não deu a mínima. Você está achando que vou ficar com medo de você só porque você pensa que é rei? disse ele altivo, e em seguida voou para o leão e deu uma picada ardida no seu focinho. Indignado, o leão deu uma patada no mosquito, mas a única coisa que conseguiu foi arranhar-se com as próprias garras. O mosquito continuou picando o leão, que começou a urrar como um louco. No fim, exausto, enfurecido e coberto de feridas provocadas por seus próprios dentes e garras, o leão se rendeu. O mosquito foi embora zumbindo para contar a todo mundo que tinha vencido o leão, mas entrou direto numa teia de aranha. Ali o vencedor do rei dos animais encontrou seu triste fim, comido por uma aranha minúscula. ESOPO. Fábulas. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. A fábula é uma narrativa curta, geralmente com animais personificados, que carrega um ensinamento moral. Sobre o texto anterior, infere-se que a moral defende que o A. oponente maior e mais forte pode ser vencido pelo cansaço. B. ato de persistência leva à vitória, mas deve ser mantida no futuro. C. vencedor deve ser humilde e guardar segredo de suas conquistas. D. sentimento da raiva leva à derrota, ainda que o inimigo seja menor. E. adversário de aparente menor importância pode ser o mais temido. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 15

Alternativa E Resolução: Na fábula, o mosquito enfrenta o leão e o pica até que este se renda, exausto e dolorido, pois não consegue acertá-lo com uma patada, ferindo a si mesmo. O mosquito, então, vai embora para contar a todos sua vitória sobre o grande animal, mas cai em uma teia e é comido por uma pequena aranha. Apresenta-se, portanto, o pequeno mosquito como vencedor do grande leão e, depois, a pequena aranha como vencedora do mosquito, transmitindo-se o ensinamento de que o inimigo supostamente menos importante pode ser o mais perigoso, o que torna correta a alternativa E. Vencer o oponente pelo cansaço não se aplica ao caso do mosquito, que foi vencido de surpresa, o que torna incorreta a alternativa A. No mesmo sentido, a atitude persistente sugerida em B também está incorreta, porque a aranha não precisou insistir para vencer o mosquito, mas apenas ser paciente e esperar por ele. A sugestão de humildade para o vencedor, presente em C, está incorreta porque não foi o fato de o mosquito querer falar de sua vitória que o levou à derrota, e sim a pouca atenção dada às pequenas ameaças. Por fim, o sentimento de raiva que leva à derrota não se aplica, pois os animais derrotados não sentiram raiva, mas orgulho, o que invalida a alternativa D. QUESTÃO 25 Terça-feira, 29 de agosto Por que todo o mundo gosta de reprovar as coisas más que a gente faz e não elogia as boas? Eu e minha irmã nem parecemos filhas dos mesmos pais. Eu sou impaciente, rebelde, respondona, passeadeira, incapaz de obedecer e tudo o que quiserem que eu seja. Luisinha é um anjo de bondade. Não sei como se pode ser como ela, tão sossegada. Nunca sai de casa sem ir empencada no braço de mamãe. Não reclama nada. Se eu disser que já a vi reclamando um vestido novo, minto. E se ganha um vestido e eu quiser lhe tomar, ela não se importa. Pois todos me chamam de menina rebelde e ninguém elogia Luisinha. Vou escrever aqui o que eu fiz com ela e não tenho vergonha, porque é só o papel que vai saber. MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. Entre as características do texto que permitem identificá-lo como pertencente ao gênero diário, está o fato de ter sido escrito para ser A. esquecido pela própria autora. B. publicado em tempos posteriores. C. mantido como um registro privado. D. exposto a interlocutores específicos. E. descartado para preservar segredos. Alternativa C Resolução: Ao relatar que não tem vergonha de escrever o que fez porque é só o papel que vai saber, a autora mostra que escreveu o diário para ser lido apenas por si mesma, ou seja, para mantê-lo privado, distante das outras pessoas. XEY6 Está correta, portanto, a alternativa C. As alternativas A e E estão incorretas porque textos desse gênero são escritos justamente para que a autora possa se lembrar dos fatos relatados; ainda, diários costumam ser guardados em segredo, para garantir sua confidencialidade. Também estão invalidadas as alternativas B e D, já que textos do gênero diário não são escritos com o intuito de serem publicados ou expostos a outros leitores. QUESTÃO 26 Direciono este texto não aos meus pares aqueles apaixonados por livros, que devoram as páginas para mergulhar em um novo mundo, mas, sim, àqueles que não gostam de ler; que acham chato, monótono ou perda de tempo. Antes de tudo, é importante dizer que eu o entendo. Mais do que isso, até meus 13 anos, eu era como você: havia lido apenas alguns livros obrigatórios do colégio e não extraía qualquer prazer daqueles clássicos. Mas, apenas para retomar o conceito, acredito que os principais erros estão no momento e na abordagem das leituras escolares. A meu ver, o correto é que aquele que não gosta de ler comece por um texto mais simples, mais divertido, e, aos poucos, chegue a autores mais complexos e ricos na linguagem e no tema. MONTES, R. Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento adaptado] Considerando a intenção argumentativa do texto, percebe-se que seu autor se dirige aos leitores que não gostam de ler com o objetivo de A. compará-los às pessoas que gostam de ler e, por isso, adquirem mais conhecimento. B. persuadi-los da importância da leitura dos autores clássicos para sua formação. C. acolhê-los por meio da identificação consigo mesmo e com seu desgosto pela leitura. D. convencê-los de que sua resistência à leitura decorre de erros na abordagem escolar. E. aconselhá-los a realizar ao menos as leituras obrigatórias para as disciplinas do colégio. Alternativa D 68FT Resolução: Na argumentação construída, o autor identifica o leitor consigo mesmo, descrevendo seu ponto de vista sobre a leitura na época em que estava na escola e também não gostava ler. Assim, ele apresenta sua visão de que os principais erros estão no momento e na abordagem das leituras escolares, o que resulta em pessoas que creem não gostar de ler, já que, ainda muito jovens, são expostas a obras literárias muitas vezes densas e difíceis de ler, o que torna correta a alternativa D. Não há no texto uma comparação entre as pessoas que não gostam de ler e aquelas que gostam, e sim uma aproximação entre o leitor e o autor em sua adolescência, o que invalida a alternativa A. LCT PROVA I PÁGINA 16 ENEM VOL. 1 2018

O autor também não busca persuadir sobre a importância da leitura dos autores clássicos, mas os cita para explicitar que, em sua adolescência, não extraía prazer algum dessas leituras, tornando incorreta a alternativa B. A intenção de acolher os leitores por meio da identificação consigo mesmo, como sugere a alternativa C, também está incorreta, pois essa identificação não tem o objetivo de acolher, mas de ser uma estratégia argumentativa para mostrar que é comum o desgosto pela leitura na época da escola devido a um equívoco na abordagem da disciplina Literatura. Por fim, não há no texto um aconselhamento para que os alunos realizem ao menos as leituras obrigatórias para as disciplinas do colégio, o que invalida a alternativa E. Está correta, dessa forma, a alternativa E. Não há referências no texto ao planejamento de atividades monitoradas, como sugerido em A, o que a invalida. O texto não propõe a construção de brinquedos pelas crianças, conforme sugerido em B, e sim que brinquem com qualquer objeto. Como a autora sugere a desaceleração da infância, fica invalidada também a alternativa C, que propõe uma metodologia acelerada como a infância atual. Tampouco é solicitado aos pais que suprimam os brinquedos das crianças, como sugerido em D, e sim que apresentem brinquedos e objetos sem função predefinida, para estimular a criatividade. QUESTÃO 28 RGSJ QUESTÃO 27 YCLO Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério Um foguete, uma varinha mágica, um trem ou qualquer tipo de animal estão entre as muitas formas que um simples graveto pode tomar pela criatividade e imaginação (principalmente) das crianças. O exercício é importante para o desenvolvimento e para a construção autoral dos pequenos, e ter esta consciência ajuda os adultos a garantir que haja momentos livres de brinquedos prontos. É preciso não planejar tantas atividades e não deixar tantas opções de brinquedos com uma função específica disponível, afirma Tatiana Weberman, responsável pelo SlowKids, movimento que propõe a desaceleração para a infância. Deixar menos opções, muitas vezes, é abrir uma porta para a criatividade e uma vastidão de possibilidades. RODRIGUES, C. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] De acordo com a argumentação desenvolvida no texto, o ponto de vista defendido diz respeito ao A. planejamento de atividades monitoradas e objetivas que desenvolvem a criatividade. B. sistema educativo que propõe às crianças brincarem com brinquedos específicos. C. método que atende à demanda dinâmica e acelerada das crianças em brincadeiras. D. movimento que solicita aos pais suprimirem brinquedos como modo de educar as crianças. E. exercício que incentiva crianças a brincarem sem brinquedos com usos predeterminados. Alternativa E Resolução: A argumentação apresenta a declaração da responsável por um movimento que propõe a desaceleração da infância, segundo a qual É preciso não planejar tantas atividades e não deixar tantas opções de brinquedos com uma função específica disponível. Nesse sentido, o ponto de vista defendido no texto diz respeito ao incentivo às crianças a brincarem sem brinquedos com funções predeterminadas, como visto no primeiro parágrafo, em que às autora afirma ser importante as crianças exercitarem sua criatividade. Melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério: que ele traiu Jesus Cristo, tu trais um simples Alferes. Recebeu trinta dinheiros... e tu muitas coisas pedes: pensão para toda a vida, perdão para quanto deves, comenda para o pescoço, honras, glórias, privilégios. E andas tão bem na cobrança que quase tudo recebes! Melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério! Pois ele encontra remorso, coisa que não te acomete. Ele topa uma figueira, tu calmamente envelheces, orgulhoso e impenitente, com teus sombrios mistérios. (Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: Há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes.) MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Porto Alegre: L&PM, 2011. O poema de Cecília Meireles aborda a traição de Joaquim Silvério, que delatou Tiradentes no episódio histórico da Inconfidência Mineira. Nesse sentido, o texto, mesmo carregado de lirismo, apresenta a característica épica de A. retomar a mitologia greco-latina. B. retratar acontecimentos grandiosos. C. apresentar verbos no tempo pretérito. D. abordar os fatos de maneira subjetiva. E. representar emotivamente as personagens. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 17

Alternativa B Resolução: Considerando que o trecho trata do momento em que o movimento da Inconfidência Mineira foi traído e, portanto, descoberto pelas autoridades, infere-se que o poema apresenta a abordagem de acontecimentos grandiosos como característica épica, o que torna correta a alternativa B. O texto não retoma a mitologia greco-latina, mas apresenta referências bíblicas, o que torna incorreta a alternativa A. A alternativa C está incorreta porque o tempo pretérito não é uma característica fixa dos textos épicos, que podem apresentar verbos no tempo presente ou futuro também. Abordar os fatos de maneira subjetiva, conforme proposto em D, ou emotivamente, como sugerido em E, são características líricas, e não épicas, o que as invalida. QUESTÃO 29 Lisboa, 14 de março de 1916. Meu querido Sá-Carneiro: Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim. [...] Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no «Livro do Desassossego». Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto. [...] De que cor será sentir? Milhares de abraços do seu, sempre muito seu Fernando Pessoa. PESSOA, F. Carta a Mário de Sá-Carneiro, 14 mar. 1915. In: SIMÕES, J. G. Vida e Obra de Fernando Pessoa: História de uma Geração. Amadora: Dom Quixote, 2017. [Fragmento] Na carta, o poeta Fernando Pessoa escreve ao também poeta Mário de Sá-Carneiro. Depreende-se que a motivação para a escrita do texto é o(a) A. sentimento de tristeza e solidão que faz o autor ansiar por se comunicar com o amigo. B. reflexão sobre a importância de escrever, reler o conteúdo e transcrevê-lo para enviar. C. informação sobre o livro que o remetente está escrevendo simultaneamente à carta. D. questionamento sobre o ato de sentir, cuja resposta será esperada pelo remetente. E. descrição objetiva das intenções e ocupações do remetente para o dia seguinte. Alternativa A Ø996 Resolução: Tendo em vista que o remetente declara que nada tem a dizer, mas escreve ao amigo por uma necessidade sentimental, já que se sentia depressivo e ansiava por falar com ele, infere-se que a motivação para a escrita da carta seja o sentimento de tristeza e solidão do seu autor, o que torna correta a alternativa A. Não há indícios que permitam identificar a motivação do autor como decorrente da reflexão sobre a importância de escrever, o que invalida a alternativa B. A informação sobre o livro sugerida em C é transmitida na carta, mas não é a motivação para sua escrita, como se percebe nas declarações do escritor. Tampouco há um questionamento para o qual o remetente aguarde resposta, mas apenas a pergunta retórica De que cor será sentir?, o que invalida a alternativa D. Por fim, a descrição objetiva das intenções e ocupações do remetente para o dia seguinte proposta em E também está incorreta, pois é feita de maneira subjetiva e, além disso, não é motivadora da escrita da carta. QUESTÃO 30 Denúncias mostram desvio de verba em cidades devastadas por enchente Em 2010, uma enchente terrível devastou muitas cidades do interior de Alagoas e de Pernambuco. Uma situação dramática, que o Fantástico mostrou para todo o país. Milhões em dinheiro público foram enviados para reconstruir esses lugares. Quatro anos depois, o Fantástico voltou lá, e sabe o que encontramos? Postos de saúde que não atendem ninguém, escolas caindo aos pedaços e verbas que saíam da prefeitura, para pagar serviços que jamais foram feitos. Junho de 2010, Pernambuco. O que chama a atenção aqui é que estamos no segundo andar do prédio do hospital e olha só a quantidade de lama, disse o repórter na época. Pernambuco, hoje, quatro anos depois. Um buraco enorme no teto. Chove dentro do prédio, mostra o repórter. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 23 out. 2017. [Fragmento] O texto anterior cumpre a função social do gênero reportagem ao apresentar à sociedade A. convocações à população para agir contra desvios de verbas da prefeitura. B. argumentos para justificar a importância de se debater sobre a corrupção. C. adversidades locais para divulgar as diferenças socioeconômicas do país. D. informações objetivas e imparciais para eximir o veículo de questões legais. E. resultados de investigação feita pela equipe para denunciar os problemas. Alternativa E SDF1 Resolução: As principais funções sociais atribuídas ao gênero reportagem consistem na investigação e na denúncia de situações. Na reportagem em questão, a equipe empreende uma investigação sobre postos de saúde, escolas e hospitais que se encontram sucateados em virtude de dinheiro público desviado, o que possibilita identificar como correta a alternativa E. A convocação para uma ação é característica de um texto publicitário, o que torna incorreta a alternativa A. LCT PROVA I PÁGINA 18 ENEM VOL. 1 2018

Já a alternativa B está incorreta porque o texto não argumenta sobre a suposta necessidade de se debaterem causas e consequências da corrupção, e sim denuncia um problema social. A alternativa C está incorreta porque o objetivo do texto ao apresentar as adversidades de uma região não é divulgar as diferenças socioeconômicas do Brasil, mas denunciar os problemas desse lugar em específico. Por fim, a alternativa D também está incorreta porque a função da reportagem não é meramente a transmissão de informações objetivas, sem qualquer traço da opinião do repórter ou do veículo; sua função é denunciar o caso investigado, com traços da indignação dos repórteres com a situação encontrada. Uma das intenções da reportagem é sensibilizar os telespectadores, por isso usam-se recursos subjetivos e parciais. QUESTÃO 31 KILW Alternativa C Resolução: O humor do meme em análise decorre da mistura inesperada de obras de arte tão diferentes, produzidas em lugares e épocas distintas. A pintura de Rafael Sanzio data do início do século XVI e está associada ao período renascentista. Nela, está retratada a passagem bíblica em que o Arcanjo Miguel combate demônios do inferno. Já a parte verbal do meme consiste num trecho de uma letra de Quem nasceu piriga, da cantora de funk carioca Camila Uckers. Assim, a associação irreverente de uma obra clássica a uma obra contemporânea, cujos conteúdos não se relacionam, mas, no contexto do meme, dialogam, é o que gera o humor, como descrito na alternativa C. A alternativa A está incorreta porque a expressão das personagens no quadro não deve causar humor, já que esse não é o propósito do pintor. Considerando o texto um meme, seu humor recai na união irreverente dos recursos verbais e não verbais. A alternativa B está incorreta porque a junção da letra com o quadro não é incoerente, já que, no contexto de publicação do meme, é compreensível e, até mesmo, engraçada. A alternativa D está incorreta porque, mesmo que o humor se deva ao contraste na produção das obras, não se pode afirmar que o tom da letra é inapropriado considerando-se seu objetivo comunicativo. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o humor decorre de quão inusitada é a mescla dos elementos no texto, e não da linguagem informal na qual se apoia a autora para a composição da letra. QUESTÃO 32 ØXKC Disponível em: <https://www.facebook.com>. Acesso em: 15 nov. 2014. Com a popularização das redes sociais, diversificam-se as postagens feitas no ambiente digital. O post anterior, extraído da página do Facebook Artes depressão, efetua uma montagem sobre a tela São Miguel Arcanjo, do renascentista italiano Rafael Sanzio, com o auxílio de uma letra de funk carioca atual. O humor produzido por essa postagem deve-se, de forma global, à AA BB CC DD EE expressão facial e corporal das personagens retratadas na tela. incoerência da junção entre a letra de funk e a peça artística. irreverência na mescla de elementos clássicos e contemporâneos. oposição entre a seriedade do quadro e o tom inapropriado da música. presença de termos e expressões giriáticas na parte não verbal. Aquífero Guarani: uma reserva de água para o futuro? O acordo que regula a utilização das águas do Aquífero Guarani, assinado entre Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, é o primeiro tratado do mundo sobre águas transfronteiriças assinado sem que um conflito bélico ou diplomático estivesse em curso e se destina, sobretudo, a determinar a titularidade do Aquífero Guarani, ou seja, dizer quem são os únicos donos dessa reserva, informa Cinthia Leone dos Santos. O Aquífero Guarani é visto como uma reserva de água para o futuro, mas ele já é intensamente usado no Brasil há muitos anos, e o pior, de maneira irresponsável, com pouca fiscalização de poços clandestinos, poluição e exploração acima da capacidade de recarga das regiões, afirma a jornalista, membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Geografia Política GEOPO. Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br>. Acesso em: 31 out. 2017. [Fragmento] O questionamento presente no título, posteriormente respondido na fala da jornalista entrevistada, revela o objetivo argumentativo do texto de A. denunciar o fato de diversos países estarem utilizando as águas da reserva. B. apresentar ao leitor leigo uma importante reserva de água em território brasileiro. C. sugerir que o acordo distribuirá melhor a água para o consumo das gerações futuras. D. alertar para o fato de a reserva de água já estar sendo utilizada de modo irresponsável. E. prevenir o leitor para a possibilidade de um conflito entre os países envolvidos no acordo. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 19

Alternativa D Resolução: O questionamento presente no título do texto, uma reserva de água para o futuro?, é respondido, por meio da fala da jornalista. Segundo Cinthia Leone dos Santos, o Aquífero Guarani é uma reserva de água para o futuro, mas ele já é usado de maneira irresponsável no Brasil há anos. A resposta ao questionamento do título é, portanto, negativa, e revela o objetivo argumentativo do texto, que é alertar para o fato de a reserva de água já estar sendo utilizada de modo irresponsável, tornando correta a alternativa D. Não há no texto denúncia ao fato de diversos países estarem utilizando as águas da reserva, pois cita-se apenas a utilização indevida feita pelo Brasil, invalidando-se, assim, a alternativa A. Tampouco é o objetivo do texto apresentar ao leitor leigo o Aquífero Guarani, pois ele é abordado como uma reserva já conhecida e tida como garantia para o futuro, o que invalida a alternativa B. A alternativa C está incorreta porque no texto há a informação de que o objetivo do tratado é determinar a titularidade do Aquífero Guarani, ou seja, dizer quem são os únicos donos dessa reserva, portanto não é discutido se no futuro a água será melhor distribuída entre as comunidades que a utilizam. Por fim, não há qualquer menção no texto sobre a possibilidade de um conflito envolvendo os países do acordo, o que torna incorreta a alternativa E. QUESTÃO 33 Cientistas brasileiros pesquisam geração de energia a partir do açúcar A experiência brasileira desvenda um mistério. Há mais de 50 anos, pesquisadores do mundo inteiro tentavam descobrir de que forma a proteína agia quando entrava em contato com o álcool. Pela primeira vez, os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é essa reação química, que transforma o açúcar em energia elétrica. A pesquisa é capa de uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo na área química. E a ação da enzima para produzir energia não é a única descoberta. A outra novidade foi que no mesmo sistema nós conseguimos realizar duas reações ao mesmo tempo, ou seja, tanto o fungo quanto a proteína atuavam ao mesmo tempo para gerar o etanol e gerar a eletricidade, o que nunca tinha sido comprovado anteriormente, disse o professor Frank Crespilho. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 23 out. 2017. [Fragmento] Considerando o gênero a que pertence o texto, seu primeiro parágrafo tem a função de A. apresentar opinião cientificamente embasada sobre o tema. B. justificar a evidência dada ao tema pela publicação. C. detalhar a reação química que gera etanol e eletricidade. D. argumentar a favor da importância da pesquisa noticiada. E. sintetizar os principais aspectos do fato noticiado. Alternativa E 9Q1Z Resolução: Na estrutura do gênero notícia, o primeiro parágrafo é conhecido como lide e corresponde à introdução do texto, em que constam todas as informações de forma sintetizada: o que aconteceu, como, quando, onde e por quê. Nesse sentido, o primeiro parágrafo sintetiza os principais aspectos sobre o fato noticiado, ao afirmar que os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é a reação química que transforma o açúcar em energia elétrica, a qual era pesquisada há mais de 50 anos. A alternativa correta é, portanto, a E. Considerando que sua função é sintetizar o fato que será apresentado no desenvolvimento, o primeiro parágrafo não busca expor um posicionamento cientificamente comprovado, justificar o tema do texto ou argumentar sobre a importância da pesquisa, como sugerem as alternativas A, B e D, respectivamente, visto que não se trata de um texto argumentativo. Por fim, sua função também não é detalhar a reação química que gera etanol e eletricidade, como sugerido na alternativa C, e sim apresentá-la como o fato que será abordado no decorrer do texto. QUESTÃO 34 Um sonho Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... O Sol, o celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos... As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crótalos, Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves... Flor! enquanto na messe estremece a quermesse E o Sol, o celestial girassol, esmorece, Deixemos estes sons tão serenos e amenos, Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos... CASTRO, E. Poesias escolhidas. Paris: Livraria Aillaud & Cia., 1902. [Fragmento] O estrato sonoro é um importante elemento para a construção de significado de um poema. Nesse sentido, são vários os recursos utilizados para se explorar a sonoridade poética. Em Um sonho, de Eugênio de Castro, esses elementos auxiliam na construção de uma ambientação misteriosa, abstrata. No fragmento, verifica-se o uso de A. anáfora em Na messe, que enlourece, estremece a quermesse / O Sol, o celestial girassol, esmorece. B. aliteração em Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos. C. rima emparelhada em As estrelas em seus halos / Brilham com brilhos sinistros... / Cornamusas e crótalos, / Cítolas, cítaras, sistros. D. rima intercalada em Deixemos estes sons tão serenos e amenos, / Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos. E. onomatopeia em Suaves, lentos lamentos / De acentos / Graves, / Suaves. W9P1 LCT PROVA I PÁGINA 20 ENEM VOL. 1 2018

Alternativa B Resolução: Analisando as afirmações feitas nas alternativas, constata-se que a B está correta porque no verso Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos... há a repetição do fonema consonantal /f/, identificando-se, portanto, a figura sonora da aliteração. A alternativa A está incorreta porque nos versos citados não há anáfora, com a repetição de uma palavra ou expressão, mas aliteração, com a repetição do fonema consonantal /s/. A alternativa C está incorreta porque apresenta um exemplo de rima intercalada, no esquema ABAB. Já a alternativa D está incorreta porque a rima exposta se organiza por emparelhamento; a estrofe está organizada no esquema AABB. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há nos versos citados uma expressão que reproduza algum tipo de som. QUESTÃO 35 CEWØ Disponível em: <http://www.casaronald.org.br/>. Acesso em: 04 abr. 2017. A propaganda anterior foi criada para uma campanha de doação a uma instituição de combate ao câncer infantil. Com base nessa finalidade, identifica-se a informação implícita de que A. as estratégias nacionais para tratar a doença mudaram. B. o câncer é a principal causa do sofrimento infantojuvenil. C. as despesas para o combate ao câncer ainda são altas. D. o número de doentes entre os jovens aumentou no país. E. o perfil das pessoas com a doença mudou recentemente. Alternativa C Resolução: A peça publicitária carrega uma mensagem da Casa Ronald McDonald-RJ, instituição sem fins lucrativos que dá atenção a crianças portadoras de câncer e a suas famílias. Na propaganda, textos verbais e não verbais se unem por um único propósito: sensibilizar os leitores para arrecadar doações para a manutenção dos projetos desenvolvidos pela instituição. Assim, com base na frase Sua doação é importante na cura do câncer infantojuvenil, infere-se que as despesas para o combate ao câncer são altas, motivo pelo qual o órgão pede doações aos clientes do McDonald s. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque não se fala no texto sobre estratégias empregadas pelo Brasil para tratar o câncer. A alternativa B está incorreta porque também não há no texto informação sobre o número de crianças e jovens portadores de câncer, muito menos se essa doença seria o que mais causa sofrimento a eles. A alternativa D está incorreta porque não há uma comparação entre o número de jovens doentes no presente e no passado. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o texto não tece comentários sobre mudança alguma do perfil das pessoas com câncer. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 21

QUESTÃO 36 4J2V Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 15 nov. 2014. Os quadrinhos compõem gêneros textuais usualmente verbo-imagéticos que se valem de estratégias diversas para gerar humor. Nesse sentido, o cumprimento do objetivo da tirinha de Fernando Gonsales exige do leitor, principalmente, AA BB CC DD EE atenção às expressões faciais das personagens envolvidas. avaliação da gravidade da ameaça contida na resposta do menino. conhecimento de dados extratextuais do universo ficcional. entendimento do tom irônico na escrita da carta do garoto. percepção da simultaneidade temporal existente entre os quadros. Alternativa C Resolução: Como é natural ao gênero tirinha, a compreensão do texto exige do leitor a mobilização de diferentes conhecimentos prévios. No texto em pauta, é indispensável conhecer a mitologia por trás da figura do Papai Noel, que, na noite de Natal, leva presentes às crianças que se comportaram bem, e os Corleone, família de mafiosos dos livros e filmes O poderoso chefão, muito famosos e representativos da cultura pop do século XX. Assim, está correta a alternativa C. As alternativas A e B estão incorretas porque, embora complementem o sentido do texto, não são elas as responsáveis pela geração do humor, mas a intertextualidade com dados externos à tirinha. A alternativa D está incorreta porque o entendimento do tom da carta do garoto só se efetiva se os leitores tiverem os conhecimentos prévios específicos exigidos. Por último, a alternativa E está incorreta porque o terceiro quadro não acontece simultaneamente aos dois primeiros; ainda assim, não é a percepção da simultaneidade, ou da falta dela, que faz o quadrinho ser compreendido. QUESTÃO 37 WN8Q TEXTO I Assum preto Tudo em vorta é só beleza Sol de abril e a mata em frô Mas assum preto, cego dos óio Num vendo a luz, ai, canta de dor Tarvez por ignorança Ou mardade das pió Furaro os óio do assum preto Pra ele assim, ai, cantá mió Assum preto veve sorto Mas num pode avuá Mil vez a sina de uma gaiola Desde que o céu, ai, pudesse oiá TEIXEIRA, H.; GONZAGA, L. Assum preto. In: Luiz Gonzaga. Um novo espaço para a música. LP. RCA, 1978. [Fragmento] LCT PROVA I PÁGINA 22 ENEM VOL. 1 2018

TEXTO II Assum preto, pobre pássaro! Trata-se de um belo pássaro de cor negra, que vive nas caatingas do Nordeste e canta apenas à noite, quando já bastante escuro. O sertanejo, que leva uma vidinha apertada, passando necessidade muitas vezes, caça-o e prende numa gaiola. Para vender aos turistas que por lá trafegam, visando alguns trocados para seu sustento, furam seus dois olhinhos com espinho de laranjeira, para que, na escuridão eterna de sua cegueira, cante sem parar, dia e noite, encantando o incauto comprador. Ao levá-lo para casa, nota que a pobre ave vai ficando jururu e emitindo apenas uns melancólicos assobios prenúncio de uma morte próxima. Seu frágil corpo vai se definhando a cada dia e em breve estará morto de tristeza e de fome. PICCININ, O. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br>. Acesso em: 24 maio 2017. [Fragmento] Os hábitos de tratamento ao assum preto são descritos nos textos. Em ambos, os autores evidenciam um contexto em que a A. obediência do animal ao ser humano leva a um convívio disparatado. B. renúncia dos jovens à tradição acaba por gerar o sofrimento do pássaro. C. estratégia escolhida para fazer o pássaro cantar melhor é cruel e dolorosa. D. ave se mostra mais amigável quando cega e solta num ambiente natural. E. ignorância do ser humano metaforiza a vida de um pássaro livre e sofrido. Alternativa C Resolução: Os assuns pretos são conhecidos pelo canto, que acontece somente à noite. Muitos deles, depois de capturados, têm seus olhos furados para que possam cantar com mais frequência e beleza, por viverem em escuridão permanente, conforme descrito em ambos os textos. Essa prática, no entanto, é condenada pelos autores, que a têm como cruel e dolorosa, como visto em Num vendo a luz, ai, canta de dor / Tarvez por ignorança / Ou mardade das pió, na canção, e a pobre ave vai ficando jururu e emitindo apenas uns melancólicos assobios e breve estará morto de tristeza e de fome, no artigo. Portanto, C é a alternativa correta. A alternativa A está incorreta porque não se fala, nos textos, de obediência do pássaro ao ser humano; o assum preto é maltratado e enganado, sendo, assim, coagido a cantar. A alternativa B está incorreta porque também não há no texto informação a respeito de abandono nem de manutenção das tradições por parte de gerações mais novas. A alternativa D está incorreta porque, de acordo com os textos, a ave mostra-se dócil somente quando enxerga e vive, preferencialmente, solta na natureza. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque não há metáforas que associem a ignorância humana à liberdade do assum preto. QUESTÃO 38 J5WS O zum-zum chegava ao seu apogeu. A fábrica de massas italianas, ali mesmo da vizinhança, começou a trabalhar, engrossando o barulho com o seu arfar monótono de máquina a vapor. As corridas até à venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de formigueiro assanhado. Agora, no lugar das bicas apinhavamse latas de todos os feitios, sobressaindo as de querosene com um braço de madeira em cima; sentia-se o trapejar da água caindo na folha. Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro. AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1997. O trecho de Aluísio Azevedo apresenta as atividades dos moradores do cortiço no início do dia por meio, predominantemente, da tipologia textual que A. narra uma história que envolve personagens e acontecimentos em um enredo. B. descreve detalhadamente o ambiente e as atividades para formar uma imagem. C. expõe uma situação criticamente com o objetivo de defender um ponto de vista. D. explica um modo de vida sobre o qual reflete objetivamente para informar o leitor. E. orienta o modo de executar as atividades e suas sequências diárias no ambiente. Alternativa B Resolução: No trecho do romance O cortiço, as atividades dos moradores são apresentadas por meio da descrição detalhada da cena, com seus sons característicos e movimentações. É construída, então, uma cena impessoal, em que a rotina das pessoas que se deslocam ou principiam seus trabalhos é descrita coletivamente. A alternativa correta é, portanto, a B. A alternativa A sugere erroneamente que haja no trecho uma narração, mas não há enredo que caracterize esse tipo textual. A alternativa C propõe incorretamente que a situação seja exposta de forma crítica, pois a descrição da cena é impessoal e não há, portanto, a defesa de um ponto de vista. A alternativa D está também incorreta porque sugere que o texto visa informar o leitor por meio de explicação e reflexão, o que não ocorre no trecho, caracterizado pela impessoalidade. Por fim, a alternativa E está incorreta por sugerir que o texto se caracterize pela tipologia injuntiva, orientando o modo de executar as atividades. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 23

QUESTÃO 39 5 10 15 Durante muitos anos, mantive viva uma lembrança específica de um momento com meu pai: um olhar de reprovação e um breve discurso de repreensão. Era uma memória marcante que voltava (ainda volta) em momentos específicos e segue me influenciando enormemente. No entanto, há algum tempo, me dei conta de que havia algo errado: como ela envolvia um incidente escolar e meu pai morreu quando eu tinha cinco anos de idade, não há como aquilo ser real ao menos, não da forma como reside em minha mente. Apesar disso, ela ainda me move e forma elementos da minha visão de mundo. Assim, a pergunta é: faz diferença o fato de ela ser real ou não? De certo modo, todas as nossas memórias não são edições subjetivas e mutáveis de acontecimentos reais e, consequentemente, nossas personalidades não são fruto de fatores de natureza fluida? VILLAÇA, P. Disponível em: <http://cinemaemcena.cartacapital.com.br>. Acesso em: 25 out. 2017. [Fragmento] No universo de um texto, o valor semântico das palavras pode oscilar conforme as intenções do autor. Com base nisso, no texto anterior, apresenta valoração positiva a palavra A. memória (. 4). B. incidente (. 8). C. visão (. 12). D. acontecimentos (. 15). E. personalidades (. 16). Alternativa A Resolução: Entre os vocábulos expostos nas alternativas, memória tem valoração positiva, uma vez que o autor fala justamente que a lembrança do olhar de seu pai é marcante e o influencia enormemente, sendo, ainda, algo que o sensibiliza e molda sua visão de mundo. Está correta, portanto, a alternativa A. As demais alternativas estão incorretas porque apresentam vocábulos que, no texto, são neutros quanto à sua associação a algo positivo ou negativo. Incidente denota um evento ocorrido na escola, o qual não é caracterizado como bom ou ruim. Visão é associado à maneira como o autor vê o mundo, a qual também não recebe valoração. Acontecimentos e personalidades, por sua vez, também não recebem juízo de valor, já que não são o objeto de análise do fragmento. QUESTÃO 40 18:39 Gostaria de desdobrar-me na maldição da ressaca, ou no desequilíbrio de uma paixão pós-botequim, mas não, o que me consome é uma franqueza sem fetiche... febre estúpida não sexy, um cansaço justo, porém, desnecessário. Me acalenta lembrar de noites mal dormidas e bem-amadas. Esqueci o remédio, está tudo fora do horário, dói escrever, respirar tá um saco, parece saudade. Então fico no breu da cama... uma música triste... Sinto-me cansada, fecho as cortinas, não gosto de sol desenho luas estranhas na parede rock and roll. Fragmento. YKW8 8EDW VIEIRA, M. Um conto sobre a gripe. Disponível em: <http://oacidodatarde.blogspot.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2017. [Fragmento] Um senso de incomunicabilidade e fragmentação permeia o texto de Mia Vieira. Para além dessas características, vê-se uma narradora marcado por uma sensação de A. insatisfação, causada pela lembrança de um passado feliz que se contrapõe a um presente de ruína. B. tristeza, derivada da incompletude do sentimento amoroso e do sofrimento por se reconhecer sozinha. C. suspeita, relacionada à velocidade com que os próprios desejos e ambições foram realizados com sucesso. D. apatia, vinculada a um sofrimento físico e à incapacidade de controlar e compreender o mundo a sua volta. E. inadequação, provocada pela ausência de lógica na experiência do eu com a paisagem que a rodeia. Alternativa D Resolução: No fragmento do conto, a narradora relata sua condição de enferma, expondo como se sente desestimulada a seguir com sua rotina. Por causa disso, começa a alimentar vontades que, na situação em que se encontra, são impossíveis de realizar. Em seguida, ela relata que não está tomando seu remédio, do qual se esqueceu provavelmente por causa da dor que sente. A consequência disso é uma estagnação, a qual a impede de escrever, obriga-a a ficar na cama cansada e entediada, e a induz a tomar atitudes aparentemente sem sentido, como rabiscar a parede, numa prova contundente de sua falta de controle ou mesmo de compreensão do que lhe acontece. Dessa forma, a sensação que descreve o estado da narradora é a apatia, como indica a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a narradora não se recorda de um passado feliz, mas pensa no que gostaria de estar fazendo se não estivesse doente. A alternativa B está incorreta porque o estado de espírito da narradora não provém de um amor incompleto ou da solidão, mas dos infortúnios da doença. A alternativa C está incorreta porque os desejos e ambições da narradora não se realizaram com sucesso, portanto não há motivos para suspeita. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque a narradora não se sente inadequada, mas incomodada e entediada com a situação. Além disso, a paisagem que a rodeia, seu quarto, não oferece uma experiência incoerente; na verdade, o tédio e a languidez da doença a levam a fazer coisas inusitadas para passar o tempo. QUESTÃO 41 Escola invisível ØIJQ Cerca de 80% dos estudantes brasileiros que frequentam a escola básica estão em escolas públicas! Poucas vezes nos damos conta dessa proporção, já que vivemos em bolhas, em redes de relacionamento em geral homogêneas. [...] É por isso que para nós, da classe média, os alunos da escola pública são invisíveis. Mas eles se tornaram visíveis e ganharam nossa simpatia, principalmente nas redes sociais virtuais, com seu movimento de ocupação de escolas, para que muitas delas não fossem fechadas. LCT PROVA I PÁGINA 24 ENEM VOL. 1 2018

Provavelmente, caro leitor, seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares, cujos alunos estão seguros, cujos professores são bons e assíduos, e cujos prédios são bonitos, bem conservados e equipados. [...] Nada disso faz parte da realidade de nossas escolas públicas. Visitei a E.E. Pequeno Cotolengo de Don Oriani, localizada em Cotia, SP, na última sexta-feira (4), a convite da mãe de um aluno que participa da ocupação da escola, que iria ou irá ser fechada. Conversei com alunos e visitei a parte acessível da escola. Apesar das peculiaridades dessa unidade escolar, creio que ela representa a maioria das outras escolas, ocupadas ou não. [...] Os alunos estavam cuidando bem da escola: ela estava limpa, organizada. Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados. A frase dita por uma aluna martela minha cabeça desde então: Nunca senti que fazia parte desta escola; agora, com a ocupação, eu sinto. SAYÃO, R. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 08 dez. 2015. [Fragmento] Os textos argumentativos mesclam dados da realidade e opiniões por meio de diferentes recursos linguísticos, mais ou menos subjetivos, a fim de tentar persuadir seu público-alvo. No texto anterior, prevalecem as marcas de objetividade em: A. É por isso que para nós, da classe média, os alunos da escola pública são invisíveis. B. Provavelmente, caro leitor, seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares, cujos alunos estão seguros [...]. C. Apesar das peculiaridades dessa unidade escolar, creio que ela representa a maioria das outras escolas, ocupadas ou não. D. Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados. E. A frase dita por uma aluna martela minha cabeça desde então [...]. Alternativa D Resolução: O enunciado exige a identificação do trecho em que prevalece a objetividade da autora, ou seja, em que ela não expressa sua opinião e se limita a expor um fato. No trecho da alternativa D, Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados., a autora relata o que está acontecendo na escola que visitou. Ela não faz juízo do que viu, apenas informa que as aulas e oficinas causaram empolgação nos alunos. Essa caracterização dos alunos, porém, não é sua opinião sobre eles, mas a descrição de como estavam, por isso o trecho não é subjetivo, mas objetivo. As alternativas A, B, C e E estão incorretas porque são altamente subjetivas, apresentando marcas linguísticas que sinalizam a opinião da autora: para nós [...] são invisíveis, provavelmente, creio e martela minha cabeça (sinônimo de me incomoda ). QUESTÃO 42 Quando ontem adormeci Na noite de São João Havia alegria e rumor [...] Profundamente No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes nem risos [...] Onde estavam os que há pouco Dançavam Cantavam E riam Ao pé das fogueiras acesas? Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente. [...] Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó Meu avô Totônio Rodrigues Tomásia Rosa Onde estão todos eles? Estão todos dormindo Estão todos deitados Dormindo Profundamente. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. 8. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1980. Para construir o diálogo entre seu passado e seu presente, o poeta cria um jogo de sentidos com os verbos dormir e adormecer. A lembrança do acontecimento da infância, quando não viu o fim da festa de São João, é marcada pelo uso literal do verbo adormecer, que significa cair no sono. Já o momento presente, evocado pelo advérbio hoje, cria um sentido figurado para o verbo dormir, que remete à ideia de que os familiares estão AA BB CC DD EE cansados, profundamente desinteressados da vida. desaparecidos, como evidenciam as interrogações do eu lírico. introspectivos, tentando aceitar o momento de solidão. mortos, envolvidos no sono eterno. SMPL saudosos, sonhando com a festa popular do passado. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 25

Alternativa D Resolução: Na primeira parte do texto, o uso do verbo dormir é literal, indicando que os parentes do eu lírico estavam adormecidos depois de terminada a festa, que aconteceu tempos atrás e é rememorada. Já na segunda parte, quando eu lírico trata de seu presente, provavelmente muitos anos depois da noite de São João mencionada, o emprego de dormir é figurado e tem o mesmo sentido de morrer, o que pode ser inferido do fato de a voz poética não ouvir mais as vozes daquele tempo. Assim, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta porque o emprego conotativo de dormir, no texto, não sugere cansaço nem desinteresse. A alternativa B está incorreta porque o questionamento do eu lírico na segunda parte do poema é retórico, já que ele sabe que seus parentes morreram; assim, o verbo dormir não remete a desaparecimento. Já as alternativas C e E estão incorretas porque os familiares do eu lírico estão mortos, portanto não demonstram introspecção nem saudade. QUESTÃO 43 Desterro Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados, com a tristeza torpe dos que partiram tendo despedidas, tão preso aos lugares de onde o trem já me afastara estradas arrastadas, que talvez eu não estivesse todo inteiro presente no horror dessa viagem. Mas a minha tristeza pesava mais que todos os pesos, e era por causa de mim, da minha fadiga desolada, que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta, bracejava, puxando com esforço vagões quase vazios, com almas cheias de distância, a penetrar no longe. A tarde subiu do chão para a paisagem sem casas, e o comboio seguia, cada vez mais longe, mais fundo, a terra mais vermelha, o esforço maior, as montanhas mais duras, como sabem ser duros os caminhos, pelos quais a gente vai, só pensando na volta Coagulada em preto, a noite isolou as cousas dentro da tarde, e o barulho do trem foi um rumor de soçobro no fundo de um mar sem tona. Nem mesmo foi a noite: foi a ausência brusca e absurda do dia. Tão definitiva e estranha, que eu me alegrei, esperando o não continuar da vida, o não regresso da luz, o não-andar-mais do trem 1F69 ROSA, J. G. Desterro. Magma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 69-70. Em Desterro, de Guimarães Rosa, o eu lírico evoca a sensação dolorosa experimentada pela viagem malquista. Melancólico e intranquilo, associa características humanas a elementos da paisagem sombria que o cerca. A figura de linguagem que permite tal humanização da matéria bruta é conhecida por prosopopeia ou personificação e pode ser encontrada no trecho: A. Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados. B. que talvez eu não estivesse todo inteiro presente. C. que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta, / bracejava. D. pelos quais a gente vai, só pensando na volta. E. e o barulho do trem foi um rumor de soçobro. Alternativa C Resolução: Personificação é a figura de linguagem na qual são atribuídas características ou ações a um ser inanimado. Nesse sentido, o trecho do poema exposto na alternativa C apresenta uma locomotiva ser inanimado bracejando, ação de seres vivos que têm braços. Portanto, essa é a alternativa correta, ainda que as características ridícula e honesta possam ser atribuídas a seres animados ou inanimados. As alternativas A, B e D estão incorretas porque são atribuídas a seres vivos características e ações de seres vivos, logo não há personificação. A alternativa E, por sua vez, está incorreta porque há, na verdade, uma metáfora na definição do barulho do trem. QUESTÃO 44 UJC3 MORDILLO, G. Disponível em: <https://www.pinterest.com>. Acesso em: 30 mar. 2015. Na charge de Mordillo, cartunista argentino, percebe-se que não se lançou mão dos recursos da linguagem verbal, mas alcançou-se o objetivo de comunicar uma crítica ao(à) LCT PROVA I PÁGINA 26 ENEM VOL. 1 2018

AA ausência de comunicação entre as pessoas. BB CC DD EE caráter selvagem dos seres humanos. desejo de evasão que caracteriza os habitantes das metrópoles. falta de cuidados com o meio ambiente. isolamento humano característico do século XXI. Alternativa D Resolução: Na charge, vê-se uma personagem com trajes de quem vive na selva, numa alusão à personagem Tarzan, de Edgar Rice Burroughs. No entanto, enquanto usa um cipó para se transportar pela floresta, ela olha as árvores cortadas, e seu olhar revela questionamento pelo aparente desmatamento inesperado. Assim, a crítica do autor direciona-se à falta de cuidados com o meio ambiente, como indica a alternativa D. Por causa da expressão da personagem, não se pode afirmar que a crítica do texto está voltada para a ausência de comunicação entre as pessoas, seja ela por algum desejo de solidão ou pela conjuntura das sociedades do século XXI, o que invalida as alternativas A, C e E. Já a alternativa B está incorreta porque não se critica as similaridades entre as pessoas e os animais selvagens, mas o comportamento destrutivo dos seres humanos com a natureza. QUESTÃO 45 MOIY A presença dos índios gamela na região de Viana é antiga. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a etnia vive na região desde 1750 e, na época, parte das terras foram doadas pelo Governo Imperial. No período da Ditadura, os índios foram novamente expulsos das suas terras e passaram a viver como camponeses, escondendo suas identidades para evitar possíveis ataques. A partir de 2010, os índios voltam a se organizar, assumem sua identidade étnica e passam a exigir reconhecimento em relação ao território. Desde 2014, segundo informações do CIMI, a etnia vem encaminhando documentos aos órgãos responsáveis, como a Funai e o Ministério da Justiça. No entanto, a ausência e conveniência dos aparatos do Estado brasileiro com relação à demarcação de terras vêm dificultando a vida dos gamelas. Os índios já sofreram ataques anteriores em 2015 e 2016 devido à morosidade das instituições competentes ante a demarcação de terras. RAMOS, B. D. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] De acordo com a argumentação empreendida no texto, seu objetivo é A. propor uma divisão das terras entre indígenas e camponeses. B. defender que o território pertence originalmente aos indígenas. C. comprovar que os indígenas desocuparam as terras há tempos. D. alertar que os camponeses exigem terras juntamente com a etnia. E. sugerir que foram os indígenas que invadiram as terras de outrem. Alternativa B Resolução: O texto trata da questão dos conflitos por território, nos quais os índios gamela sofreram ataques. A argumentação do autor mostra que a etnia vive na região desde 1750, o que comprova que o território pertence originalmente aos indígenas, sendo correta, portanto, a alternativa B. Não é proposta uma divisão das terras entre indígenas e camponeses, como sugerido em A, pois no texto é explicitado que os próprios indígenas começaram a viver como camponeses. Considerando que a argumentação informa que os indígenas habitam as terras há muito tempo, o objetivo não é comprovar que eles desocuparam o território, o que invalida a alternativa C. Não há o alerta de que os camponeses exigem terras juntamente com a etnia, pois os camponeses citados no texto seriam os próprios indígenas, o que invalida a alternativa D. Por fim, não há a sugestão de que os indígenas tenham invadido as terras de outrem, mas sim de que invasores estão atacando esses povos, o que torna incorreta a alternativa E. ENEM VOL. 1 2018 LCT PROVA I PÁGINA 27

TEXTO I Cenário Nacional No Brasil, 9 552 pessoas, de 82 nacionalidades distintas, já tiveram sua condição de refugiadas reconhecida. Dessas, 713 chegaram ao Brasil por meio de reassentamento e a 317 foram estendidos os efeitos da condição de refugiado de algum familiar. Desde o início do conflito na Síria, 3 772 nacionais desse país solicitaram refúgio no Brasil. Aumento da solicitação de refúgio por cidadãos venezuelanos: Apenas em 2016, 3 375 venezuelanos solicitaram refúgio no Brasil, cerca de 33 % das solicitações registradas no país naquele ano. TEXTO II BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento] 9T7U INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: desrespeitar os direitos humanos. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada texto insuficiente. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. TEXTOS MOTIVADORES III não criminalização da migração; IV não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional; V promoção de entrada regular e de regularização documental; VI acolhida humanitária; VII desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil; VIII garantia do direito à reunião familiar; IX igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares; X inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas; [...] BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento] TEXTO III BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento] CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E DAS GARANTIAS Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes: [...] II repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação; TEXTO IV A lei brasileira sobre refugiados decorreu do Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996, o qual demonstrou claramente o desejo do governo brasileiro de se inserir na ordem internacional no que concerne à proteção da pessoa humana. Essa inserção é necessária no que se refere à questão dos refugiados, uma vez que este fenômeno é típico da ordem internacional; dado que o que se pretende é garantir os direitos fundamentais a indivíduos que tenham perdido a proteção de seus Estados de origem e / ou de residência; o que somente pode ser feito por meio da asseguração desses direitos no território de um outro Estado. Isto porque a proteção às liberdades e garantias individuais exige uma esfera na qual ela possa existir concretamente, campo este que vem a ser concretizado por meio do Estado. JUBILUT, L. L. O procedimento de concessão de refúgio no Brasil. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento adaptado] PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema Desafios para a inserção social dos refugiados no Brasil, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. LCT PROVA I PÁGINA 28 ENEM VOL. 1 2018

A proposta de redação orienta-se por uma temática geral: DESAFIOS PARA A INSERÇÃO SOCIAL DOS REFUGIADOS NO BRASIL Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam assim, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como título. Itens de correção de acordo com a grade Enem: I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbo-nominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso sejam mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se a redação for clara, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas. Número máximo de erros linguísticos para a obtenção de nota total nessa competência: dois erros (acima disso, penalizar na correção). Este item é avaliado em consonância com o item IV. II. Na compreensão do tema, os alunos devem discutir e problematizar a questão dos refugiados no Brasil. Analisando os textos motivadores, veem-se, no texto I e no texto II, dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre os refugiados no país. Esses dados revelam o número de refugiados e seu perfil, expondo que, nos últimos anos, o Brasil tem recebido cidadãos principalmente da Venezuela, país vizinho e que vive grave crise sociopolítica, e da Síria, que desde 2011 atravessa uma guerra entre tropas leais ao governo e forças de oposição. O texto III, por sua vez, é um fragmento da Lei 13 445, a Lei de Migração, que apresenta as disposições gerais sobre migrantes e visitantes no país. Por meio desse texto, ficam conhecidos alguns dos direitos dos cidadãos estrangeiros que desejarem solicitar ao governo brasileiro a condição de refugiado, como a proteção do Estado e a inclusão social. Já o texto IV é o trecho de um texto opinativo que defende a inserção social dos refugiados a fim de lhes garantir os direitos que lhes foram suprimidos em seus estados de origem. Com relação ao cumprimento do objetivo, os alunos devem perceber a necessidade de criar um enfoque problematizador do tema (desafios e perspectivas), já que é solicitada a criação de uma proposta de intervenção. Desse modo, pode-se propor uma tese de raciocínio relacionada, por exemplo, ao aspecto humanista do refúgio, já que o estado tem o dever de zelar por seus cidadãos, sejam eles nascidos em território brasileiro ou não. Também pode-se argumentar a favor das contribuições econômicas e culturais dos refugiados, que, uma vez inseridos na comunidade, desempenharão o mesmo papel social que os cidadãos nascidos no Brasil. Sinalizar, na correção, existência ou ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese na redação dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor (nota mínima ou zero). Penalizar também a presença de trechos mais longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva (como os de cunho narrativo). Este item é avaliado em consonância com o item III. III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, pode-se apontar algumas situações a que refugiados estariam expostos no Brasil: muitos não falam português, por isso enfrentam dificuldades na busca por emprego, por exemplo; além disso, por serem estrangeiros, constantemente enfrentam xenofobia. Partindo daí, deve-se defender a necessidade de se acolher essas pessoas e de inseri-las na sociedade, já que, uma vez no Brasil, tornam-se cidadãos brasileiros, que devem ser tratados com igualdade de direitos e deveres. Ainda, com base na Lei de Migração, é importante argumentar que atitudes discriminatórias contra migrantes, visitantes ou refugiados são consideradas crime. Considerando uma argumentação a favor das contribuições dos refugiados para a sociedade brasileira, pode-se falar de como suas habilidades profissionais, talentos artísticos e mesmo seu conhecimento de mundo podem agregar para as comunidades em que serão inseridos. Num país plural como o Brasil, povos recémchegados de outros países devem ser bem acolhidos, combatendo-se o lugar-comum de que tomarão os empregos e oportunidades dos brasileiros. Essa ideia vem sendo sistematicamente rebatida por estudos os mais diversos, os quais comprovam, na verdade, que os imigrantes trazem benefícios econômicos, já que movimentam a economia local. A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão (pontuação, conectores etc.). As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos. 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Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Na quinta habilidade avaliada, proposta de intervenção, os alunos devem propor estratégias para solucionar as situaçõesproblema apresentadas ao longo da redação. Nesse sentido, deve haver detalhamento e variedade nas propostas apresentadas. Em relação ao tema em questão, devem ser apontadas medidas que superem os desafios de se inserir os refugiados na sociedade brasileira, portanto devem ser apresentadas propostas que garantam o cumprimento dos seus direitos e deveres como cidadãos brasileiros. Como já existe uma lei que prevê a proteção ao migrante, visitante e refugiado no Brasil, deve-se exigir uma fiscalização maior por parte dos órgãos responsáveis, garantindo que tenham acesso aos seus direitos básicos e coibindo atos discriminatórios. Também pode ser sugerido que haja um auxílio maior por parte do governo para receber essas pessoas, que precisam estudar a Língua Portuguesa e adquirir condições para ingresso no mercado de trabalho formal. Finalmente, também pode ser mencionado que haja campanhas de conscientização, produzidas pelo governo, que mostrem à população os motivos que obrigaram esses cidadãos a se refugiarem no Brasil, sensibilizando as pessoas a melhor receberem-nos. Essas campanhas, ainda, mostrariam os benefícios culturais e econômicos que os refugiados podem trazer ao país, incentivando a contratação dessas pessoas e reduzindo a incidência de atos de preconceito contra elas. A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo da redação. Do contrário, deve haver penalização. LCT PROVA I PÁGINA 30 ENEM VOL. 1 2018

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir. COMTE, A. Curso de filosofia positiva. São Paulo: Abril Cultural, 1978. No estado positivo, para Comte, o espírito humano A. averigua a sociedade se baseando em conhecimentos metafísicos. B. analisa a possibilidade de explicação dos fatos sem o auxílio da ciência. C. procura desvendar a origem do universo com base em generalizações abstratas. D. examina o mundo com o intuito de perceber as noções absolutas que o regem. E. busca leis invariáveis que substituem a procura abstrata pela essência das coisas. Alternativa E Resolução: O positivismo pode ser entendido como um conjunto de teorias científicas, sociais e políticas, fortemente influenciado pelo otimismo característico do século XIX em relação à ciência, devido ao sentimento de prosperidade que existia em torno da industrialização e do imperialismo europeu. Em uma dessas teorias, de acordo com Comte, a humanidade se desenvolveria em três estágios sucessivos, correspondentes ao nível do progresso do espírito humano. No estado positivo, a etapa final desse processo, não se busca mais o porquê das coisas, mas sim o como, por meio da descoberta e do estudo das leis naturais e das relações de causa e efeito. O estudo do particular substitui a busca abstrata pela essência. A ciência toma o lugar da religião e da Filosofia (DELAZARI, F. Positivismo e Revolução Industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 9.). Com base nas informações anteriores, constata-se que a alternativa correta é a E. Vamos analisar as demais alternativas: VHZM A) O conhecimento metafísico, para Comte, corresponde à segunda etapa da lei dos três estados, isto é, ao estado metafísico. B) O conhecimento científico é imprescindível para Comte, uma vez que é por intermédio da ciência que se pode descobrir as leis, ou seja, as relações de causa e efeito, universais e imutáveis, que estariam na base de todos os fenômenos. C) Como dito anteriormente, no estado positivo, as generalizações são abandonadas e substituídas pelo estudo do particular, pela busca das leis invariáveis. D) A busca pelas noções absolutas, pela essência das coisas, é, de acordo com Comte, parte da caracterização dos estados teológico e metafísico, não do estado positivo. QUESTÃO 47 A superioridade dos gregos em combates a curta distância tornou-se dolorosamente evidente para os persas nas batalhas de Maratona e Plateia. Os soldados de infantaria gregos, chamados hoplitas, dispunham de armaduras e escudos mais resistentes do que os dos persas, além de lanças mais longas. A ELEVAÇÃO DO ESPÍRITO 600-400 A.C. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1991. (História em Revista) (Adaptação). O texto anterior ressalta os conflitos designados como Guerras Médicas. Ao utilizar o termo gregos, o autor busca representar A. a estrutura imperial de Alexandre, o Grande, responsável pela difusão dos valores helenísticos aos povos distantes. B. o agrupamento humano que nasceu na região da Grécia, primeira região governada por um modelo político democrático. C. o Estado grego fundado em torno da cidade de Atenas, berço da cultura clássica da Antiguidade. D. o monopólio intelectual e filosófico de um povo diferenciado perante a selvageria dos povos do passado. E. os povos de cultura comum, desenvolvida em torno do Mar Egeu, apesar de viverem em cidades autônomas. Alternativa E Resolução: As Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas foram uma série de batalhas, durante o século V a.c., em que as cidades gregas enfrentaram seguidas tentativas de invasão dos reis persas, Dário I e, posteriormente, Xerxes. As cidades-estado gregas, autônomas politicamente, mas que compartilhavam, em grande medida, de uma mesma cultura, se associaram militarmente para fazer frente aos fortes exércitos persas. Portanto, ao utilizar o termo gregos, o autor buscava representar esses povos de cultura comum, desenvolvida em torno do Mar Egeu, que viviam em cidades autônomas, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o período helenístico é posterior à ocorrência das Guerras Médicas. A alternativa B também está incorreta, pois havia, entre as cidades gregas envolvidas nas Guerras Greco-Pérsicas, aquelas que não possuíam um modelo político democrático, como Esparta. Não havia um Estado grego naquele período, mas, sim, um conjunto de cidades-estado autônomas politicamente, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois os gregos não possuíam o monopólio intelectual. OL6G ENEM VOL. 1 2018 CH PROVA I PÁGINA 31

QUESTÃO 48 O Brasil foi o primeiro país sul-americano a ter um movimento eugenista organizado, a partir da criação da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918). O movimento eugênico brasileiro é bastante heterogêneo, mas vale destacar sua atuação junto à saúde pública e ao saneamento, bem como à psiquiatria e à higiene mental ao longo das décadas de 1920 e 1930, o que permite verificar algumas das principais questões nas quais a questão urbana se relaciona ao pensamento eugênico. Parte do sucesso do eugenismo nesse período parece devido à sua formulação suprapolítica. Podendo ser utilizada por qualquer tendência político-ideológica, a eugenia oferecia mecanismos de contenção dos conflitos sociais provenientes das reivindicações trabalhistas e justificavam o fortalecimento do Estado. Nesse contexto, a ideologia do branqueamento se consolidou. SILVA, Marcos Virgílio. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br>. Acesso em: 12 nov. 2014. A ideologia do branqueamento a que o texto se refere está diretamente associada à perspectiva do(a) A. darwinismo social, que julgava a herança africana benéfica para a genética europeia, contribuindo para seu desenvolvimento físico. B. democracia racial, que defendia a existência de um estado igualitário entre brancos e negros no Brasil. C. higienismo racial, que pregava a necessidade de exterminar, em curto prazo, negros e indígenas do território brasileiro. D. miscigenação racial, que se associava ao sincretismo religioso herdado das relações interculturais durante o período colonial. E. racismo científico, que explicava o atraso brasileiro pela presença de grupos raciais inferiores. Alternativa E XFN4 Resolução: O darwinismo social faz parte do que, posteriormente, ficou conhecido como racismo científico. Esse conjunto de teorias é demarcado pelo determinismo biológico e propunha a raça como fator determinante para o estabelecimento de hierarquias e diferenças entre os humanos. A eugenia, assim como a craniometria e a frenologia, faz parte desse quadro. Para Francis Galton, pai da eugenia, essa ciência buscava contribuir para o aprimoramento da herança genética, a partir de uma seleção artificial. Assim, a eugenia tinha como objetivo acelerar o processo de seleção natural, favorecendo as raças consideradas mais fortes em detrimento daquelas mais fracas. Dito de outra maneira, significava favorecer os aspectos genéticos identificados com o dominador branco e suprimir as características consideradas inferiores das demais raças, principalmente da raça negra. (DELAZARI, F. Positivismo e revolução industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 7.). Dessa maneira, com base em tais informações e na leitura do texto-base, percebe-se que a eugenia era sustentada pela ideia de supremacia da raça branca sobre as demais, fato que torna a alternativa E a correta. QUESTÃO 49 CUMK O crescimento da população brasileira vivencia um decréscimo em seu ritmo nas últimas décadas, reflexo de vários fatores, como o processo de urbanização e a expansão do planejamento familiar. Algumas implicações desse fenômeno são esperadas para meados do século XXI, como as de natureza econômica e etária, exemplificadas, respectivamente, pelo(a) A. queda da mão de obra e aumento da população idosa. B. recuo da população absoluta e ampliação da força de trabalho. C. aumento da quantidade de jovens e declínio da proporção de idosos. D. crescimento da população em idade ativa e aumento da expectativa de vida. E. diminuição do número de jovens e comprometimento do setor previdenciário. Alternativa A Resolução: O comando da questão explicita que se quer saber os efeitos esperados em meados do século XXI do decréscimo do ritmo de crescimento da população brasileira, isto é, do declínio da fecundidade. Primeiramente, uma implicação econômica e, depois, uma implicação etária. Para essa época, prevê-se que o chamado bônus demográfico, quando a População Economicamente Ativa é proporcionalmente maior do que o número de crianças e idosos, terá findado e a proporção de idosos acima de 65 anos será bem maior. A alternativa B está incorreta porque, além de não corresponder a implicações verdadeiras da queda da fecundidade em meados do século XXI, a primeira é de natureza etária, e a segunda, de natureza econômica. A alternativa C está incorreta, pois as duas consequências etárias citadas não são resultado da redução da taxa de fecundidade. A alternativa D está incorreta porque, na metade do século XXI, estima-se que o crescimento da população em idade ativa já será passado e a expectativa de vida é um indicador demográfico diferente da taxa de fecundidade. A alternativa E está incorreta, pois a primeira é de natureza etária, e a segunda, de natureza econômica. CH PROVA I PÁGINA 32 ENEM VOL. 1 2018

QUESTÃO 50 4YSE QUESTÃO 51 KDSU Quinto Império [...] Eu decifrei Astros e constelações, Conduzi embarcações, Destinei-me a navegar. Atravessei A Tormenta, a Esperança, Até onde o sonho alcança Minha fé pude cravar. Rasguei as lendas Do Oceano Tenebroso Para El Rey, o glorioso Não há mais trevas no mar. NÓBREGA, A. C. FREIRE, W. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br>. Acesso em: 12 set. 2017. A canção descreve aspectos das viagens marítimas da época moderna, relacionando-as à(ao) A. confirmação do imaginário europeu acerca do Atlântico. B. ausência da participação governamental na empreitada. C. demarcação de um novo período na história da Europa. D. sonho da existência de reservas de ouro no além-mar. E. projeto civilizatório dos europeus para o Novo Mundo. Alternativa C Resolução: Apesar das grandes transformações no ideário do homem moderno e em diversos setores do conhecimento, o pensamento mítico e religioso ainda era muito presente no século XV. Entretanto, a canção, ao afirmar que rasgou as lendas do oceano tenebroso, rompe com o imaginário europeu do período, que acreditava na existência de monstros e abismos nos mares, o que invalida a alternativa A. Ao exaltar a figura do rei, a canção destaca a participação e a importância das monarquias na empresa marítima, contrariando a alternativa B. A expansão marítima dos séculos XV e XVI permitiu a compreensão mais ampla do mundo, tanto no aspecto geográfico quanto no cultural, mudando os rumos de povos e nações, demarcando um novo tempo na História da Europa, o que torna a alternativa C válida. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o interesse metalista tenha contribuído para o projeto de expansão marítima, o trecho da canção apresentado não destaca o aspecto comercial das Grandes Navegações. Por fim, apesar de trazer a ideia de expansão da fé, a canção não faz menção a um projeto civilizatório europeu no Novo Mundo, o que invalida a alternativa E. Segundo Kant, a Filosofia não é algo que possa ser aprendido, pelo simples fato de que ela ainda não possui um corpo de conhecimentos já constituído e acabado. E mesmo que houvesse um sistema filosófico totalmente acabado, aquele que o aprendesse não seria jamais um filósofo, pois, nesse caso, estaria fazendo simplesmente um uso histórico-subjetivo da razão. Quem quer aprender Filosofia tem que fazer um uso pessoal e autônomo da própria razão. Por isso, para Kant, quem quer aprender a filosofar tem o direito de considerar todos os sistemas da Filosofia tão somente como uma história do uso da razão e como objetos do exercício de seu talento filosófico. É assim que o verdadeiro filósofo, portanto, na qualidade de quem pensa por si mesmo, tem que fazer um uso livre e pessoal de sua razão, não um uso servilmente imitativo. CÂNDIDO, C. A Filosofia hoje. Disponível em: <http://www.caosmose.net>. Acesso em: 16 maio 2017. O conhecimento filosófico constitui uma maneira de conhecer o mundo, sendo um dos seus elementos o(a) A. compreensão religiosa. B. imaginação discursiva. C. racionalidade lógica. D. pensamento fictício. E. fantasia mitológica. Alternativa C Resolução: A questão aborda as características gerais do pensamento filosófico, apresentando um texto que comenta aspectos da consideração de Kant sobre o tema. É importante ressaltar, antes de prosseguirmos, que não devemos fazer uma hierarquização, pensando a Filosofia como conhecimento melhor ou pior, mas, sim, como único e singular, atentando para as suas características. Assim, dentre as alternativas expostas, a resposta correta é a letra C, que afirma ser um dos elementos do conhecimento filosófico a racionalidade lógica. Analisaremos as alternativas: A) A religião faz parte da Filosofia, e a filosofia medieval é um grande exemplo disso. Contudo, não se deve confundir esse fato com o erro que seria afirmar que a compreensão religiosa seria uma característica da Filosofia. B) A discursividade, por se tratar de linguagem, é um elemento da Filosofia. Ainda assim, a imaginação discursiva é uma ideia que não nos remete à Filosofia, uma vez que estaria mais atrelada a uma atividade do pensamento mais livre e despretensiosa, o que foge ao ideal da Filosofia de conhecer o mundo. D) A Filosofia não consiste em ficções, em sentido de histórias não verdadeiras, mas numa constante tentativa de elaborar perguntas e respostas sobre todo e qualquer fato ou ideia na realidade. E) Apesar de ter bebido da mitologia, a Filosofia não se limita a uma fantasia mitológica, uma vez que transcende a forma de pensar e leva a razão ao papel de validadora daquilo que se pretende chamar de conhecimento. ENEM VOL. 1 2018 CH PROVA I PÁGINA 33

QUESTÃO 52 CHYP QUESTÃO 53 RWY5 A fim de tornar o entendimento de um mapa mais visual e rápido, utiliza-se, na cartografia, a anamorfose. Muito mais importante do que a representação exata dos limites nacionais, estaduais ou municipais, é o dado representado. Roraima Amazonas Amapá Acre Rondônia Mato Grosso Goiás Mato Grosso Do Sul Paraná Rio Grande Do Sul Brasil Pará Maranhão Piauí Tocantins DF São Paulo Santa Catarina Ceará Bahia Minas Gerais Rio Grande Do Norte Paraíba Pernambuco Sergipe Alagoas Espírito Santo Rio de Janeiro Estou convencido de que isto é uma terra firme, imensa, sobre a qual até hoje nada se soube. E o que me reforça a opinião é o fato deste rio tão grande, e do mar que é doce; em seguida, são as palavras de Esdras em seu livro IV, capítulo 6, onde ele diz que seis partes do mundo são de terra seca e uma de água, este livro tendo sido aprovado por Santo Ambrósio em seu Hexameron e por Santo Agostinho. [...] Além disso, asseguraram-me as palavras de muitos índios canibais que eu tinha apresado em outras ocasiões, os quais diziam que ao sul de seu país estava a terra firme. TODOROV, T. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes. 2001. p. 17. O trecho escrito pelo genovês Cristóvão Colombo foi retirado do seu diário, produzido na sua terceira viagem à América, no final do século XV. A conclusão do navegador foi A. baseada nos relatos de navegadores anteriores. B. fundamentada na ideia da existência da América. Disponível em: <http://meioambiente.culturamix.com>. Acesso em: 02 nov. 2016. A anamorfose anterior destaca os estados do Sudeste e do Sul ao refletir a realidade econômica brasileira confirmada pela expressividade dessas regiões no que se refere ao(à) A. exploração mineral. B. turismo internacional. C. Produto Interno Bruto. D. atividade agropecuária. E. utilização das hidrovias. Alternativa C Resolução: A anamorfose é um tipo de representação cartográfica que associa a forma ao dado representado. Desse modo, a alternativa C é a resposta correta porque o Sudeste e o Sul do Brasil são as maiores regiões no mapa e na contribuição de cada estado para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Como se nota, o PIB brasileiro é formado principalmente por cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A alternativa A está incorreta, pois Minas Gerais e Pará são os maiores produtores minerais. A alternativa B está incorreta, pois a região Nordeste é importante para o turismo internacional no Brasil. A alternativa D está incorreta, pois os estados do Centro-Oeste têm grande participação na produção agrícola nacional. A alternativa E está incorreta porque as hidrovias são o transporte por excelência da região Norte. C. refutada pelos viajantes europeus subsequentes. D. pautada pelos seus saberes e crenças religiosas. E. validada por índios e teólogos católicos da época. Alternativa D Resolução: A) INCORRETA A afirmação de Colombo de que a terra encontrada sobre a qual até hoje nada se soube invalida a alternativa. B) INCORRETA O relato de Colombo não evidencia que a terra firme encontrada se tratava de um novo continente, comprovação feita por outro navegador (Américo Vespúcio). C) INCORRETA A ideia de terra firme apresentada por Colombo não foi refutada por outros navegantes. O que seria refutado, posteriormente, pelo navegador Américo Vespúcio, era a ideia de Colombo de que alcançara a região da Ásia, navegando rumo ao Oeste, e não um novo continente, aspecto que não é tratado no texto. D) CORRETA Colombo chega a sua conclusão pautado nos seus conhecimentos ( o fato deste rio tão grande, e do mar que é doce ) e nas suas crenças religiosas ( são as palavras de Esdras em seu livro IV ). E) INCORRETA As afirmações religiosas em que Colombo se baseou eram de outro contexto: este livro tendo sido aprovado por Santo Ambrósio em seu Hexameron e por Santo Agostinho. CH PROVA I PÁGINA 34 ENEM VOL. 1 2018

QUESTÃO 54 Disponível em: <http://georesumos2014.blogspot.com.br/2014/02/ aula-9-1-ano-em-nocoes-espaciais.htmll>. Acesso em: 30 ago. 2016. O movimento da Terra responsável pelo fenômeno natural representado na imagem A. delimita a proximidade do Sol e ocorre no sentido oeste-leste. B. dá origem aos dias e às noites e ocorre no sentido oeste-leste. C. determina as estações do ano e ocorre no sentido oeste-leste. D. marca a duração desigual do dia e da noite e ocorre no sentido leste-oeste. E. estabelece a mesma duração do dia e da noite e ocorre no sentido leste-oeste. Alternativa B Resolução: O movimento aparente do Sol ocorre de leste para oeste, como pode ser verificado na imagem da questão. Isso é possível por causa da rotação da Terra de oeste para leste, que dá origem aos dias e às noites. As alternativas restantes estão incorretas por não corresponderem ao movimento da Terra responsável pelo fenômeno natural representado. QUESTÃO 55 A maravilha sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do Universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante. Por isso, pode-se dizer que sob um certo aspecto o filósofo é também amante do mito, uma vez que o mito se compõe de maravilhas. ARISTÓTELES. In: REALE, Giovanni (Ed.). Metafísica. São Paulo: Loyola, 2002. v. 1. Para Aristóteles, a maravilha é considerada a causa do filosofar, pois 1QFS G5E8 A. aproxima o homem das explicações míticas sobre o mundo. B. desperta a curiosidade e a consequente busca pelo conhecimento. C. faz com que o homem se surpreenda com as questões mais complexas. D. induz o homem à passividade diante dos acontecimentos da natureza. E. leva o homem ao reconhecimento de seu conhecimento. Alternativa B Resolução: O trecho anterior apresenta a visão de Aristóteles sobre a atividade filosófica. Segundo o pensador, e como podemos ler no texto, a partir da maravilha que deve aqui ser entendida como espanto, admiração ; por exemplo, como a reação que temos ao nos depararmos com eventos até então extraordinários para nós, como ver o mar pela primeira vez é que as pessoas se colocam a buscar maior conhecimento sobre a realidade. Disso se segue que as pessoas, ao se maravilharem, iniciam um longo e interminável percurso em busca do conhecimento. A maravilha é considerada a causa do filosofar, pois desperta a curiosidade e a consequente busca pelo conhecimento. Reparem que o enunciado pergunta o porquê de a maravilha ser considerada a causa do filosofar, o que invalida as outras alternativas. Assim, a resposta correta é a alternativa B. QUESTÃO 56 Lista de países por população absoluta 2015 População total Área total (km 2 ) China 1 376 048 943 9 600 001 Índia 1 311 050 527 3 287 260 Estados Unidos 321 773 631 9 831 510 Indonésia 257 563 815 1 910 930 Brasil 207 847 528 8 515 770 Paquistão 188 924 874 796 100 Nigéria 182 201 962 923 770 Bangladesh 160 995 642 148 460 Rússia 143 456 918 17 098 240 México 127 017 224 1 964 380 IBGE (Adaptação). Comparando os dados do quadro anterior, o país mais densamente povoado é o(a) A. China, pois é o mais populoso. B. Rússia, porque é o mais extenso em km 2. C. Indonésia, pois tem a maior população relativa. D. Índia, visto que tem a maior densidade demográfica. E. Bangladesh, pois tem a maior média de habitantes por km 2. Alternativa E 89K3 Resolução: No quadro apresentado, Bangladesh é o país mais densamente povoado, pois tem a maior densidade demográfica, isto é, a média de habitantes por quilômetro quadrado (km 2 ) é a mais alta. A densidade demográfica é calculada pela divisão do número de habitantes pela área do território em km 2. No caso de Bangladesh: 160 995 642 / 148 460 = 1 084 h/km 2. A alternativa A está incorreta, pois, embora a China seja o país mais populoso, com a maior população absoluta, não é o mais densamente povoado. A alternativa B está incorreta porque a Rússia tem o maior território e é fracamente povoada. A alternativa C está incorreta porque população relativa é o mesmo que densidade demográfica, que é maior em Bangladesh. A alternativa D está incorreta, pois a Índia tem a segunda maior densidade (399/km 2 ). ENEM VOL. 1 2018 CH PROVA I PÁGINA 35

QUESTÃO 57 1DRY Em 1920, o reverendo Joseph Singh viajava numa missão espiritual pela Índia quando soube da lenda de duas meninas que viviam com uma matilha daqueles animais. Intrigado, partiu atrás delas. Ao encontrá-las, ficou impressionado: ambas andavam de quatro e, antes de sair da caverna em que se escondiam, colocavam só a cabeça para fora e olhavam desconfiadas para os lados. Capturadas, foram encaminhadas ao orfanato da cidade indiana de Midnapore. [...] Kamala tinha cerca de 8 anos e Amala, apenas um ano e meio. Carnívoras, bebiam água lambendo e tinham horror à luz. Passavam o dia todo arredias, mas à noite uivavam e grunhiam. A menor sobreviveu 10 meses longe dos bosques e morreu, um ano depois, de nefrite (inflamação nos rins). Foi quando Kamala chorou pela primeira vez desde que chegara ao orfanato. [...] A menina mais velha ainda viveu por nove anos. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br>. Acesso em: 23 nov. 2016. O texto descreve comportamentos humanos que fomentam as discussões filosóficas em torno da noção de liberdade e que caracterizam a perspectiva do A. realismo. B. empirismo. C. criticismo. D. racionalismo. E. determinismo. Alternativa E Resolução: A ideia de liberdade, para a filosofia antropológica, está associada à possibilidade de autodeterminação do ser humano, isto é, à possibilidade de o indivíduo escolher, conscientemente, o que ser e as atitudes que pode tomar, independentemente dos condicionantes de sua natureza. Por outro lado, a perspectiva determinista afirma que as ações humanas e as dos demais animais são condicionadas por sua própria natureza e por fatores biológicos e sociais, por exemplo, tal como os comportamentos apontados no texto indicam, não sendo, portanto, os indivíduos, por essa perspectiva, livres. Logo, a resposta correta é a alternativa E. QUESTÃO 58 A68L TEXTO I O comércio europeu no século XIII e XIV EUROPA Amsterdã Lubeck Smolensk Antuérpia Bremen Veneza Kiev Odessa Genova Constantinopla Ceuta Alexandria Tripoli Bagdá Calicute ÁSIA Cantão Pequim OCEANO PACÍFICO ÁFRICA OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANIA Disponível em: <http://olhonahistoria.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 out. 2017 (Adaptação). CH PROVA I PÁGINA 36 ENEM VOL. 1 2018

TEXTO II As Grandes Navegações AMÉRICA DO NORTE Açores,1427 Madeira,1420 São Salvador, 1492 Cabo Verde Espanha Portugal Ceuta,1415 EUROPA Cabo Bojador,1435 ÁFRICA Índia ÁSIA Calicute, 1498 OCEANO PACÍFICO Brasil AMÉRICA DO SUL Porto Seguro, 1500 OCEANO ATLÂNTICO Moçambique Cabo da Boa Esperança,1498 OCEANO ÍNDICO OCEANIA Espanha Portugal A análise dos mapas indica que as mudanças ocorridas na Europa dos séculos XV e XVI A. retardaram o processo de globalização comercial mundial. B. consolidaram a hegemonia comercial de Gênova e Veneza. C. resultaram na derrocada do comércio interno no continente. D. representaram a ampliação da área de atuação das hansas. E. provocaram a superação das rotas comerciais mediterrâneas. Disponível em: <http://ced31c.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 out. 2017 (Adaptação). Alternativa E Resolução: Ao longo da Baixa Idade Média, os comerciantes passaram a perceber a necessidade de se alcançar a longínqua região da Ásia por meio de rotas alternativas, tendo em vista os obstáculos impostos pelos diversos povos intermediários do comércio de especiarias. Os mapas apresentados na questão demonstram o surgimento de um novo eixo comercial europeu a partir do século XV. As Grandes Navegações, empreendidas inicialmente pelos Estados Ibéricos, deslocaram o eixo econômico do interior do continente europeu e do Mar Mediterrâneo para o Atlântico e para a costa do continente africano, o que torna válida, portanto, a alternativa E. Para muitos estudiosos, a expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI, ao alcançar regiões até então desconhecidas, como a América, em busca de riquezas e novas experiências, representou os primeiros sinais da ideia de globalização, o que invalida a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois as cidades italianas vivenciaram uma drástica retração comercial após a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, o que contribuiu para a busca de novas rotas comerciais. Apesar do deslocamento do eixo econômico europeu para o Atlântico, o comércio interno continuava a desempenhar um importante papel na dinâmica econômica do continente, o que contraria a alternativa C. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois as hansas não tiveram papel de destaque nas expedições marítimas durante as Grandes Navegações, tendo maior sucesso na região Norte do continente europeu durante a Idade Média. QUESTÃO 59 PL71 Estados Unidos e Rússia (representando a ex-união Soviética) possuem um obscuro passado ligado a eventos de conspiração, boicote e conflitos latentes um contra o outro. O período em que se deram esses embates é chamado de Guerra Fria e durou de 1945 até 1991. Um dos momentos mais tensos dessa disputa ocorreu quando, sob a liderança do líder soviético Nikita Kruschev, em 1962, no intuito de demonstrar a força bélica do bloco socialista, mísseis foram instalados na Ilha de Cuba e direcionados para os Estados Unidos. Por pouco, o mundo não mergulhou em uma terceira guerra. O conflito entre Estados Unidos e União Soviética citado no texto marcou profundamente a conjuntura geopolítica internacional, pois A. privilegiou a discussão sociopolítica devido à inexistência de confrontos militares. B. carregou consigo um viés de ódio pautado principalmente nos casos de xenofobia. C. consistiu no embate declarado entre as potências e assegurou a destruição mútua. D. representou diversas ideologias baseadas na economia intervencionista do Estado. E. esteve no limiar de uma disputa territorial por vias diretas de ataque e defesa militar. ENEM VOL. 1 2018 CH PROVA I PÁGINA 37

Alternativa E Resolução: A alternativa E está correta, pois diz respeito à Crise dos Mísseis, como ficou conhecido o episódio da Guerra Fria descrito na questão. Ela é considerada, talvez, o momento em que Estados Unidos e União Soviética estiveram mais próximos de envolver a si mesmos e ao resto do mundo em um conflito nuclear. Diante disso, Kruchev retirou os mísseis de Cuba e Kennedy se comprometeu a fazer o mesmo com os mísseis colocados na Turquia. A alternativa A está incorreta, pois os confrontos militares entre as duas potências da Guerra Fria eram indiretos e não declarados. A alternativa B está incorreta porque o ódio entre os dois lados da Guerra Fria tinha fundamento ideológico e político. A alternativa C está incorreta porque a possibilidade de uma guerra nuclear refreava, de certa forma, as duas potências, que assinaram acordos quanto ao uso de armas nucleares. A alternativa D está incorreta, pois o capitalismo e o socialismo foram as ideologias que se enfrentaram na Guerra Fria e têm diferentes graus de intervenção do Estado. C) CORRETA Os incas são representados quase nus. O próprio imperador, apresenta uma vestimenta simplória, que não condiz com a cultura dessa civilização. Já os espanhóis são representados como triunfadores, ricamente trajados. De um lado, um líder inca seminu, de outro, um líder espanhol soberano, imponente (o uso de cavalos reforça essa visão). Essa representação corresponde ao olhar eurocêntrico, típico do contexto moderno. D) INCORRETA A imagem não retrata nenhuma dificuldade enfrentada pelos espanhóis no processo de conquista da América. E) INCORRETA Ainda que a conquista espanhola da América tenha sido marcada pelo uso da violência, a obra não destaca esse aspecto do processo. QUESTÃO 61 RJUJ QUESTÃO 60 HPDW TEXTO I Tomai o fardo do Homem Branco Enviai vossos melhores filhos Ide, condenai seus filhos ao exílio Para servirem aos vossos cativos; Para esperar, com chicotes pesados O povo agitado e selvagem Vossos cativos, tristes povos, Metade demônio, metade criança [...] Disponível em: <https://www.forumancientcoins.com>. Acesso em: 13 out. 2017. A gravura de Théodore de Bry (1590) representa o encontro entre Hernando de Soto, espanhol integrante da expedição de Francisco Pizarro, e o imperador inca Atahualpa. Essa representação expressa a A. passividade dos nativos, que contribuiu para a rápida dominação espanhola. B. subalternidade da sociedade inca diante do novo governante do seu império. C. mentalidade etnocêntrica típica do contexto expansionista dos reinos ibéricos. D. dificuldade de subjugar um povo que apresentava uma superioridade numérica. E. brutalidade utilizada na conquista espanhola da América que dizimou os nativos. Alternativa C Resolução: A) INCORRETA A imagem retrata os nativos de forma passiva. No entanto, não se pode afirmar que isso tenha contribuído para a rápida conquista, uma vez que os índios resistiram intensamente a esse processo. B) INCORRETA O espanhol retratado não foi considerado pelo povo inca (nem se tornou) um novo imperador. Os espanhóis dominaram a sociedade inca desfazendo seu vasto império. TEXTO II KIPLING, R. O fardo do Homem Branco. Disponível em: <http://www. ensinarhistoriajoelza.com.br>. Acesso em: 02 out. 2017. O racismo serviu assim como justificativa ideológica para associar o domínio colonialista, a conquista e subjugação de povos não europeus com uma missão civilizadora, ligada aos valores do progresso econômico, do avanço científico, da ordem política liberal e do cristianismo. Esses eram os valores que a propaganda imperial alegava serem levados aos nativos da África e da Ásia, selvagens, desorganizados, atrasados, incapazes de se autogovernarem e pagãos. FACINA, A. De volta ao fardo do Homem Branco: o novo imperialismo e suas justificativas culturalistas. In: Anais do IV Colóquio Marx e Engels. Campinas: UNICAMP, 2005. De acordo com os textos, o fardo do Homem Branco está na base da A. instauração de uma proteção da Europa contra as invasões de outros povos. B. criação de diversas teorias raciais que pregavam uma união entre os povos. C. explicação europeia para o domínio sobre os povos durante a colonização. D. instituição de um contato horizontal com as populações não europeias. E. caracterização dos povos não europeus como civilizados e racionais. CH PROVA I PÁGINA 38 ENEM VOL. 1 2018