A que se deve o crescimento da diversidade étnica em vários países da europa nas últimas décadas

Entende-se por Xenofobia, em termos sociopolíticos, a repulsa ou aversão a povos estrangeiros em um dado local ou território. Essa denominação, primeiramente utilizada no contexto da psicologia e da biologia, é também encarada como uma questão política, cuja lógica se manifesta de forma mais acentuada em alguns países do continente europeu, em função da grande quantidade de imigrantes residentes nesse continente.

Para entender essa questão, é preciso, primeiramente, compreender a lógica da dinâmica migratória em direção à Europa. Os principais fatores que propiciam a presença de estrangeiros no território europeu são:

a) Dificuldades econômicas enfrentadas pelos países subdesenvolvidos e emergentes. Esses países sofrem com problemas graves de distribuição de renda, o que faz com que a população menos favorecida busque por novas oportunidades em países centrais. Dessa forma, a Europa torna-se um atrativo por oferecer uma maior mobilidade entre as diferentes nações, local onde esses imigrantes realizam os serviços mais básicos e destinam suas economias para seus locais de origem.

b) Necessidade de imigrantes por parte da Europa, uma vez que há carência de trabalhadores para as funções mais básicas da sociedade, vagas que costumam ser preenchidas por estrangeiros.

c) Investimentos econômicos em alguns setores na economia são também requisitados pelos europeus aos estrangeiros, uma vez que boa parte dos empresários do velho continente opta por investir em outras economias. Assim, na Europa, registra-se a presença de uma elite, principalmente, islâmica, que passa a ganhar cada vez mais representatividade no âmbito do poder.

d) Os avanços do meio técnico-científico-informacional no cerne da Globalização propiciaram também novas configurações territoriais, possibilitando e facilitando o rápido transporte de pessoas em todo o mundo, tornando-se o fator derradeiro para consolidar e intensificar os fluxos migratórios então existentes.

Graças a esses fatores, a presença de povos estrangeiros e de culturas e práticas sociais não europeias é cada vez maior, muito embora os fluxos migratórios venham diminuindo nos últimos anos. Com isso, o sentimento de alteridade para com outros povos por parte da população de alguns países na Europa é cada vez menor, aumentando casos de racismos, intolerância religiosa (principalmente com os muçulmanos) e rejeição aos estrangeiros.

Os principais fatores que motivam a ocorrência e os aumentos periódicos de ondas xenofóbicas são:

a) Crise de identidade que aumenta à medida em que a Europa vai gradativamente se transformando em um local multimiscigenado, haja vista que a maioria dos imigrantes não costuma retornar para os seus locais de origem, estabelecendo-se em espaço europeu e transmitindo suas heranças genéticas aos seus descendentes, provocando uma transformação étnica. Para agravar essa questão, observa-se que o crescimento migratório em vários países europeus é muito superior ao crescimento vegetativo, graças às quedas acentuadas das taxas de natalidade.

b) A ideia de que os imigrantes “roubam” os empregos dos europeus, pois muitos consideram que aqueles realizam os mesmos serviços da população local, porém com salários mais baixos e condições de trabalho mais degradantes. Apesar de isso ser verdade, a presença de imigrantes não diminui o índice de emprego para a população local, haja vista que os estrangeiros costumam atuar em áreas carentes de emprego, geralmente destinadas à população de renda mais baixa, além de atuarem também na informalidade.

c) A crise econômica que atinge a Europa, de forma mais intensa desde 2011, vem contribuindo para o crescimento de casos de xenofobia. Isso ocorre porque, com a crise econômica, parte da população passou a responsabilizar os povos estrangeiros por meio de ideias preconceituosas pela retração econômica. Além disso, com o aumento de problemas sociais ocasionados pela crise, como o desemprego, partidos de extrema direita angariaram mais espaço nos parlamentos, ganhando força para difundir seus ideais fascistas, racistas e anti-imigrantistas.

d) Os migrantes vêm procurando manter as suas tradições, ao contrário do que acontece, por exemplo, nos EUA, onde a população estrangeira modifica os seus hábitos e padrões de comportamento e comunicação para adequar-se aos valores nacionais. Na Europa, os grupos estrangeiros, cada vez maiores, mais influentes e mais organizados, articulam-se no sentido de conservar suas tradições, incluindo os seus idiomas. Isso gera uma crise social muito grande, pois os nativos europeus simplesmente não concebem essa ideia, gerando conflitos cotidianos e sociais, o que pode, em um futuro próximo, reverberar em uma crise sem precedentes no continente europeu.

Considerando essas razões, é possível perceber um crescimento de atos e posições xenofóbicas no contexto das sociedades europeias. Essas práticas, apesar de muitas vezes serem combatidas por leis e ações públicas, são referendadas pelos Estados nacionais, que lançam ações e posturas de diminuição dos direitos dos povos estrangeiros. Um exemplo disso é a Suíça, que aprovou leis de expulsão a imigrantes condenados por crimes graves após o cumprimento de suas penas, crimes esses que envolvem estupros, homicídios e tráfico de drogas, além de alguns outros considerados menores.

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* Créditos da Imagem: Eugenio Marongiu e Shutterstock

Por Rodolfo Alves Pena

Graduado em Geografia

A Europa, chamada de velho continente, parece que transferiu esse nome para sua população, tendo em vista que a população europeia está envelhecendo. Resultado da elevação da expectativa de vida, que hoje é de 77 anos, aliado ao baixo índice de natalidade.

As taxas de crescimento natural ou vegetativo se encontram em um estágio de queda. Esse fato não havia ocorrido na história, exceto por catástrofes como a peste negra e as guerras. O que se percebe nos países europeus são países que apresentam taxas de crescimento vegetativo praticamente inexistentes ou até mesmo negativas. O número de nascimentos dos países europeus não tem superado o número de mortes.

A Itália é um exemplo claro de envelhecimento da população, no país a população com mais de 60 anos supera o número de pessoas com idade inferior a 20 anos. Isso é decorrente, dentre outros fatores, do elevado poder aquisitivo, da urbanização e da nova postura da mulher na sociedade, que se inseriu efetivamente no mercado de trabalho. A mulher moderna busca a qualificação profissional, por isso permanece mais tempo estudando, colocando o casamento e a formação de uma família em segundo plano.

Atualmente, os casais demoram a ter filhos e quase sempre acontece depois dos trinta anos, em alguns casos muitos decidem não ter. Até pouco tempo os países do mundo almejavam uma queda na natalidade em nível global, mas com a queda nas taxas de natalidade e o envelhecimento da população os países têm se preocupado, isso em virtude da superação do número de idosos em relação ao de jovens. Desse modo, a minoria deverá sustentar a maioria, isso produzirá um grande desequilíbrio nas nações, por causa da sobrecarga dos sistemas previdenciários. Outro fator preocupante são as mudanças estruturais nos serviços, como o de saúde, que também fica sobrecarregado, além dos custos elevados no tratamento de doenças crônicas.

Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

Após o término da Segunda Guerra Mundial, vários países europeus se reconstruíram e se destacaram no seguimento industrial, como a Alemanha e a França, com o crescimento econômico derivado desse setor tais nações se tornaram áreas de atração para trabalhadores, sobretudo, imigrantes. No primeiro momento os imigrantes eram oriundos da própria Europa, de países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia, que se dirigiram às nações mais desenvolvidas industrialmente com intuito de se colocar no mercado de trabalho. As vagas que surgiam nessas indústrias eram direcionadas a trabalhadores que não tinham uma boa qualificação, dessa forma recebiam baixos salários, geralmente não existia vínculos empregatícios, uma vez que eram trabalhos sazonais. Mais tarde, no decorrer das décadas de 1970 e 1980, houve uma alteração na configuração da origem dos imigrantes que se dirigiam para o continente europeu, esses eram originados das ex-colônias. Até mesmo as nações menos desenvolvidas do leste europeu começaram a absorver imigrantes, esse processo foi provocado, entre outros motivos, pelo aumento das desigualdades entre países centrais e periféricos. Países que sempre tiveram seus habitantes saindo para outros lugares do mundo passaram a receber imigrantes, sobretudo das ex-colônias como Brasil e o leste europeu. Atualmente, existem em muitos países de atração movimentos contrários aos imigrantes, em Portugal, por exemplo, há grupos xenófobos, embora sejam poucos. Apesar disso, ocorre um intenso fluxo de imigrantes e, automaticamente, uma saturação no mercado de trabalho. Tal fato provavelmente produzirá reflexos como os que ocorrem na França, com iniciativas radicais e até mesmo violentas. Os adeptos à xenofobia condenam os imigrantes pela falta de trabalho, entretanto, esquecem que esse fator foi desencadeado pelos seus próprios líderes, que permitiram a entrada desses trabalhadores para executar tarefas que os nativos se recusavam a desenvolver. Esse processo é resultado do imperialismo ocorrido no passado, quando as metrópoles tinham como objetivo exclusivo explorar a colônia e nunca de estabelecer medidas para que essa engrenasse para o desenvolvimento. Os movimentos xenófobos vêm crescendo gradativamente, especialmente a partir dos anos 80 com as crises econômicas que ocorreram nessa década e nos anos 90 com o aumento do desemprego em escala global. Segundo os líderes e adeptos desse tipo de movimento, essa aversão aos imigrantes não se deve a preconceitos por origem, e sim pela preocupação com a perda de identidade cultural, a competividade entre um nativo e um imigrante, pois o último se sujeita a menores salários e condições precárias de trabalho, isso força uma deflação geral. Além disso, a entrada da religião mulçumana na Europa é vista como uma ameaça, principalmente após os ocorridos em 11 de setembro nos EUA. Devido às pressões de grupos xenófobos, o governo da França implantou medidas de restrição aos imigrantes, nesse caso, as origens mais afetadas são os africanos e mulçumanos (ex-colônias). Essa realidade não se resume somente à França, pois os outros países europeus desenvolvidos estabeleceram leis extremamente rigorosas para impedir a entrada de imigrantes. Recentemente, o grupo de imigrantes que mais sofrem com a discriminação são os do leste europeu, os países da Europa Ocidental impuseram a cobrança de vistos, mas para adquiri-los as burocracias são tão grandes que se torna uma tarefa difícil de alcançar. Esse tipo de discriminação por parte da população da Europa, especialmente da parte ocidental, tem proporcionado o crescimento e a atuação de grupos denominados de ‘neonazistas’. Esses chegam a ser extremistas, na Alemanha ocorre uma grande incidência de atentados a imigrantes.

Essa questão é extremamente complexa e difícil de encontrar uma solução, segundo especialistas, isso se deve aos períodos de exploração das colônias, como se os imigrantes vindos dessas tivessem cobrando por tal ato. Na visão de outros estudiosos, essa temática não terá fim enquanto existir tanta disparidade entre países centrais e periféricos, pois as pessoas desse último sempre vão migrar em busca de sua sobrevivência.

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