O desenvolvimento infantil é um processo longo e gradual de mudanças. É na primeira infância que ocorre maior parte do desenvolvimento, onde a criança se defronta com uma série de demandas, do meio a que ela tem de ajustar-se, para poder sobreviver. Logo após o nascimento seu primeiro reflexo será o da procura, onde busca pelo seio materno para poder se alimentar, depois virá o reflexo da sucção que possibilitará que o leite seja extraído e degustado. Até os seis meses a criança terá que aprender muitas coisas para se comunicar com o mundo e saciar suas necessidades. Após os seis meses acontecerá a introdução alimentar que deverá acontecer gradualmente, sendo parte natural do processo de desenvolvimento. O presente artigo tem como objetivo apresentar a importância da introdução de alimentos saudáveis na alimentação complementar, visando melhor qualidade de vida futura. PALAVRAS-CHAVE: Introdução Alimentar. Desenvolvimento Infantil. Nutrição. 2. INTRODUÇÃOA alimentação humana é iniciada desde a gestação, através da captação dos nutrientes consumidos pela mãe e que são essenciais para o desenvolvimento biológico. Após o nascimento a alimentação do bebê continua dependendo da alimentação da mãe para suprir suas necessidades. Depois dos seis meses o leite materno já não supre todas as necessidades nutricionais do ser humano, sendo necessária a introdução de alimentar complementar. A quantidade de alimento oferecido ao bebê deve basear-se na densidade energética para que venha a suprir suas necessidades. Se essa quantidade energética não condizer com as necessidades da criança prejudicará seu desenvolvimento e isso acarretará prejuízos que poderão permanecer por toda vida. A alimentação saudável envolve desde a apresentação e seleção de alimentos naturais e saudáveis, assim como seu valor energético que favoreçam o desenvolvimento integral do bebê. É preciso ter paciência no momento da alimentação, pois a ansiedade e impaciência da mãe podem interferir na vida da criança, fazendo com que ela crie hábitos que a acompanharam por toda a vida. Diante do exposto, o presente artigo enfatiza a importância da introdução alimentar de maneira saudável, mostrando o quanto este momento influenciará no desenvolvimento da criança e refletirá em sua vida adulta. 3. INTRODUÇÃO ALIMENTARDurante o período de gestação ocorre o desenvolvimento do corpo do feto. Órgãos, músculos, ossos e todo o sistema nervoso se preparam para um funcionamento independente da mãe e autossuficiente. Após o nascimento, a criança passará vários anos da vida se aperfeiçoando. Seu corpo ainda necessitará se adaptar ao meio devido os acontecimentos que surgirão com o passar do tempo e com as experiências vividas. Ao nascer a criança aprenderá a buscar o seio materno para alimentar-se. Nesta fase o leite materno será essencial para seu desenvolvimento, contendo todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento até os seis meses. Após os seis meses, o Brasil (2013, p.15) orienta a introdução de alimentos complementares, pois “para que o bebê continue crescendo bem, a partir dos seis meses, ele necessita receber outros alimentos além do leite materno”. No entanto, até os dois anos a orientação é que o leite materno seja oferecido em momentos alternados com outros alimentos. A alimentação é essencial para a promoção da saúde, é ela que propiciará ao organismo as condições necessárias para seu completo desenvolvimento e amadurecimento. A boa alimentação requer cuidados e hábitos saudáveis que devem iniciar nos primeiros anos de vida. A introdução de alimentos deve acontecer de maneira lenta e gradual, reconhecendo que cada criança tem seu tempo para se adaptar e aceitar novos alimentos. Segundo Chudo (2009, p.35): Quando é iniciada a introdução de alimentos e do leite não-humano, são necessários alguns cuidados, como estimular a criança a aprender a deglutir, tomando cuidado para que ela não engasgue com pedaços grandes de alimentos, oferecendo uma variedade de alimentos que contenham nutrientes diferentes, além de incentivar que a criança coma lentamente para fazê-la sentir que a alimentação é prazerosa. Deste modo, a autora nos faz refletir sobre a importância de não obrigar a criança a comer, para que o momento da alimentação seja um momento de prazer e aprendizagem. Para Padovan (2019), a introdução alimentar é a apresentação de alimentos de consistências diferentes das quais o bebê esteve acostumado até os seis meses, sendo um momento de grande aprendizagem tanto para a criança quanto para os pais. Neste período é necessário que se respeite as decisões do bebê de não querer mais o alimento, lembrando que este é um momento de adaptação e estudos indicam que o consumo energético em 24 horas costuma ser adequado tanto em refeições regulares e pontuais ou não. A Organização Mundial de Saúde recomenda que os alimentos complementares sejam inseridos a partir dos seis meses de idade, já o Ministério da Saúde orienta a introdução de alimentos complementares aos seus meses de vida da criança. Essa recomendação é feita somente para crianças que são amamentadas exclusivamente no seio, pois em alguns casos especiais pode requerer a introdução antes dos seis meses. Neste sentido, Brasil (2013) apresenta o seguinte esquema de Introdução de alimentos complementares:
Fonte: Adaptação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ministério da Saúde, 2013. É importante que após a ingestão de alimentos seja oferecido água tratada para a criança. A alimentação deve incluir todos os tipos de alimentos para que a criança receba todos os tipos de nutrientes que o corpo necessita. Para tanto, Chudo (2009) orienta sobre a necessidade de conhecer as principais funções dos nutrientes em nosso organismo: *Água: de suma importância para todos os processos metabólicos do corpo. Necessária para manter os bebês hidratados. *Carboidratos: são alimentos energéticos, no entanto devem ser consumidos com moderação, já que o consumo em excesso pode causar diabetes e/ou obesidade. *Gorduras: também são energéticos, servindo para fornecer energia quando o consumo de carboidratos não é suficiente. Ajudam a manter a temperatura do corpo. Devem ser diferenciadas as gorduras boas das gorduras prejudiciais à saúde. *Proteínas: constroem nosso corpo e nos dão sustentação. São fundamentais para o desenvolvimento infantil. *Vitaminas: regulam e controlam nosso organismo em vários processos. A ausência de algum tipo de vitamina pode levar a estados carenciais, como: distúrbios oculares, cutâneos e de mucosas, diminuição da resistência a infecções e atraso no crescimento (vitamina A); falta de apetite, constipação atônica, debilidade muscular e irritabilidade (vitamina B1); Queilosa, Estomatite e glossite, prurido e antibioticoterapia prologada (vitamina B2); Dermatite, distúrbio degenerativo do sistema nervoso e transtornos gastrointestinais (vitamina B5); entre outros. *Sais minerais: existem em grande variedade, cada um fazendo um trabalho diferente, como o cálcio que mantem os ossos firmes, o ferro que auxilia na respiração celular, o cobre que influencia na formação de tecidos, o zinco que beneficia o sistema imunológico, entre outros. *Fibras: Apesar de essenciais à saúde não fornecem nutrientes, pois previnem doenças graves, regulando o intestino. Esses nutrientes são encontrados nos alimentos naturais, outros tipos de alimentação não fornecem quantidades de nutrientes necessários para o nosso corpo. Por isso ao iniciar a introdução alimentar em bebês é importante dar preferência a alimentos naturais. De acordo com Chudo (2009, p. 54): A escolha adequada dos alimentos que são oferecidos à criança é fundamental desde o início da inserção de alimentos sólidos. Se a mãe oferece desde cedo frutas, legumes e verduras, a criança aprende a saborear esses alimentos, mas se ela apenas oferece carboidratos e gorduras, a criança aprende a comer somente esses alimentos e não se interessará por outros. Por isso, é importante cuidar com a alimentação ofertada para a criança, assim como cuidar com os hábitos que pode desenvolver durante este período, pois poderão ser positivos ou negativos de acordo com o que lhe for oferecido. Também é importante proporcionar refeições em família, assim o bebê poderá aprender através da observação e imitação como se alimentar, tornando o momento da alimentação em um momento social e prazeroso. Hábitos alimentares saudáveis vão possibilitar um desenvolvimento saudável, prevenindo a problemas de saúde futuros e obesidade infantil que é um problema que pode influenciar na vida adulta. 4. CONSIDERAÇÕES FINAISA alimentação saudável tem início na gestação, no entanto os hábitos alimentares são desenvolvidos no momento da introdução alimentar, por isso esse momento é muito importante para se repensar os hábitos alimentares de toda família. Ao realizar a introdução alimentar não se pode impor a criança a quantidade de alimento que deverá comer, deve-se respeitar esse momento de adaptação para que seja desenvolvida a capacidade de distinguir a sensação de fome e de saciedade. Assim, ao iniciar a alimentação complementar com hábitos saudáveis, além de prevenir doenças e deficiências possibilitaremos o crescimento e desenvolvimento saudável. É importante dar preferência para os alimentos naturais, pois eles têm todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento da criança e terá grande influência em sua vida adulta, para sua qualidade de vida. 5. REFERÊNCIASBRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. CHUDO, Marisa Laporta. Fundamentos biológicos do desenvolvimento infantil. Curitiba: IESDE Brasil S.A, 2009. PADOVAN, Aline Rodrigues. Introdução Alimentar ParticipAtiva. Disponível em: https://conalco.com.br/wp-content/uploads/2015/05/ebook-IA-ParticipATIVA.pdf Acesso em 13/nov/20 Publicado por: GISELLE DE ARAUJO |