Se o som não se propaga no vácuo como os astronautas conseguem se comunicar entre si e com a Terra

o primeiro homem a pisar na Lua viajou até lá com uma mochila de apoio PLSS (Primary Life Support System) que continha um rádio de alta frequência responsável por transmitir vozes e dados (Getty Images)

A tecnologia é parte fundamental de praticamente todas as grandes conquistas da humanidade. Há quase cinco décadas, o primeiro homem a pisar na Lua viajou até lá com uma mochila de apoio PLSS (Primary Life Support System) que continha um rádio de alta frequência responsável por transmitir vozes e dados do biossensor do traje espacial para o sistema de comunicação LEM, assim como sinais de vozes do LEM para o astronauta. Esse sistema de comunicação enviou, então, sinais de vozes e biossensores para a Terra usando uma banda S, que tem um alcance de frequência UHF (Ultra High Frequency) amplamente utilizado no espaço devido à sua habilidade de atravessar a ionosfera sem distorção ou reflexão.

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Toda a comunicação de voz foi modulada em amplitude, razão pela qual possui distorções de sinal AM facilmente reconhecíveis e ruído. O transmissor de banda S que se comunicou com a Terra também atuou como um aparelho emissor-receptor, respondendo a sinais de alcance codificados da Terra que foram usados ​​para medir com precisão a distância de uma estação terrestre ao LEM. Áudio e dados também podem ser encaminhados através do CSM (Módulo de Comando e Serviço, da sigla em inglês) em órbita e armazenado no gravador DSE para envio posterior a Terra.

O transceptor VHF (Very High Frequency) tinha dois canais, e a comunicação entre o LEM e a tripulação era “duplex”, o que significa que cada um deles poderia transmitir mensagens entre si simultaneamente. No entanto, as transmissões na Terra eram “simplex”, e os característicos tons Quindar eram usados para simplificar o canal único, em que cada pessoa falava por vez.

A comunicação entre LEM e o astronauta via EVA foi facilitada por uma pequena antena VHF implantada pelo primeiro tripulante da escada. Na superfície, a equipe posicionou um grande guarda-chuva banda S para transmitir vozes e dados diretamente para a Terra sem precisar do CSM.

Em missões posteriores, uma antena de banda S um pouco menor foi transportada pelo Lunar Roving Vehicle.

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O som não se propaga no vácuo porque nele não há um meio físico, e o som, é uma onda mecânica que se propaga apenas através de um meio físico, seja ele líquido, gasoso, ou sólido. Não se pode ouvir sons no vácuo porque ele não possui um meio para transmissão de som, e nele só se propagam ondas eletromagnéticas que não precisam de um meio para se mover – por exemplo: a luz, que se propaga em forma de onda eletromagnética.

Quando um sino toca, ele vibra, balançando para frente e para trás rapidamente. Quando o sino balança para frente, ele empurra as partículas de ar, e então essas partículas empurram outras que estão ao redor e assim por diante. E quando o sino vai para trás, ele puxa as partículas de ar que automaticamente puxam outras partículas de ar.

Este movimento de puxa e empurra é uma onda sonora. As vibrações do sino empurram e puxam as moléculas de ar ao redor, criando uma onda sonora. A vibração do sino é a perturbação original, e as partículas de ar são o meio físico.

As ondas são perturbações causadas no espaço que podem transportar energia. Elas são classificadas em dois tipos: ondas mecânicas e ondas eletromagnéticas. Ondas classificadas como mecânicas precisam de um meio de propagação, ou seja, só se propagam se houver um meio material. Já as eletromagnéticas propagam-se independentemente da existência de um meio.

Por serem ondas do tipo mecânicas, as ondas sonoras não podem propagar-se no espaço, pois, no vácuo, não existem moléculas através das quais o som possa fluir. Portanto, o resultado de uma possível colisão ou explosão ocorrida no espaço teria como resultado o silêncio.

Por serem eletromagnéticas, as ondas de rádio e a luz, por exemplo, podem propagar-se tranquilamente através do vácuo.

Espaço barulhento das ficções

É muito comum assistirmos produções cinematográficas nas quais se representam sons produzidos no espaço. Na famosa série de filmes Star Wars, por exemplo, a todo instante, são reproduzidos sons de explosões, colisões e tiros ocorridos em pleno espaço. É importante salientar que, mesmo sendo um erro científico, devemos ficar atentos à questão da ciência ficcional, que não possui compromisso com a realidade, mas é criada para dar condições de existência às propostas da trama.

Por outro lado, existem filmes de ficção científica que retratam com perfeição a questão da não propagação de ondas sonoras no espaço. No filme Gravidade (Gravity), de 2013, uma colisão de satélites provoca uma reação em cadeia e gera terríveis choques de objetos no espaço. Todas essas imagens das colisões são representadas e reproduzidas com completo silêncio e acabam por demonstrar a impossibilidade de as ondas sonoras propagarem-se no vácuo.


Cena do filme Gravidade em que ocorre uma colisão no espaço **

Como os astronautas batem papo no espaço?

Durante caminhadas espaciais, os astronautas conseguem conversar uns com os outros por meio de ondas de radiofrequência. O som produzido dentro dos trajes espaciais, onde existe oxigênio, é captado por um microfone, transformado em ondas de rádio e finalmente transmitido. As ondas de rádio podem difundir-se no espaço porque são ondas eletromagnéticas.

** Cena do filme Gravidade: Título original: Gravity Direção: Alfonso Cuarón Direção de fotografia: Emmanuel Lubezki Ano de lançamento: 2013

Distribuição: Warner Bros.

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