Qual a comparação entre jevons menger e walras

Qual a comparação entre jevons menger e walras

assim como não se testa a geometr ia." Jevons e Walras esforçaram-se no desenvolvimento de uma teoria dos preços; Menger desconfiou de qualquer teoria dos preços e enfatizou a barganha, a incerteza e a descontinuidade na determinação dos preços de mercado. Walras não era multo treinado em matemática, nessa disciplina tinha nível de segundo grau. Ele não confundia boa apresentação matemática com boa teoria. Veja por exemplo a resposta que fornece ao artigo do grande economista Italiano Enrico Barone: "Here is ttie (matliematicai) formuiation of marginai productivity, but tiie economic foundation is bad". Apud. Jaffé (1983, p.127). Jevons (1996, p.48) diz que: "...minfia teoria de Economia é de caráter puramente matemático. l\/lais ainda, acreditando que as quantidades com as quais iidamos devem estar sujeitas a variação continua, não hesito em usar o ramo apropriado da ciência matemática, não obstante envolva a consideração ousada das quantidades infinitamente pequenas. Como a teoria perfeita de quase todas as outras ciências envolve o uso daquele cálculo [diferenciai], não podemos, então, ter uma verdadeira teoria da Economia sem seu auxilio". Howey (1972, pp.286-287) afirma existir pelo menos dois Indícios de que Menger teria familiaridade com a matemática: 1. as suas cartas para Walras e 2. a sua biblioteca. Jevons (p.58): "Não hesito em dizer, também, que a Economia pode ser gradualmente elevada à condição de ciência exata, desde que as estatísticas comerciais sejam bem mais completas e exatas do que são no presente, de sorte que a doutrina possa ser dotada com um sentido preciso por meio do auxílio dos dados numéricos... A ciência dedutiva da Economia deve ser comprovada e tornada útil pela ciência puramente empírica da Estatística." ®^ Sobre as leis da economia, Menger (1883, p.42) acredita que elas "are not only without exceptions but according to our laws of thinl<ing cannot be thought of in any other way but as without exceptions". E que (p.259) "Testing the exact theory of economy by the full empirical method is simply a methodological absurdity, a failure to recognise the bases and presuppositions of exact research. At the same time it is a failure to recognise the particular aims which the exact sciences serve. To want to test the pure theory of economy by experience in its full reality is a process analogous to that of the mathematician who wants to correct the principles of geometry by measuring real objects..." Os três autores, mesmo compartilhando elementos teóricos essenciais em suas teorias, pertencem a distintos paradigmas, ou mais propriamente "visões", de economia.^'^ Eles estavam inseridos em contextos culturais muito distintos, ligados a raízes filosóficas inteiramente díspares: o utilitarismo na Inglaterra, a filosofia aristotélica na Áustria e a filosofia cartesiana na Suíça.^^ Assim, embora esses autores tenham os seus nomes associados à "revolução marginalista", hoje os estudiosos reconhecem a necessidade de se separar a contribuição de cada um dos membros do triunvirato, um movimento que ficou conhecido na literatura como "desomogenização".^® Também há diferenças entre as idéias de cada autor e de seus seguidores. O ambiente intelectual em que cada qual viveu ajuda a entender o porquê da originalidade de suas idéias, muito embora os acontecimentos históricos externos à ciência não possam explicar por si só como foi possível a eles formularem suas teorias. Além disso, as teorias possuem elementos em comum, o que nos remete à literatura sobre descoberta simultânea em ciência. Mas não queremos explorar esse veio investigativo, até porque as diferenças entre eles são muito maiores do que os pontos que os aproximam, principalmente comparando-se Menger em relação aos outros dois autores. A tese da "desomogenização" das contribuições de Jevons, Menger e Walras reforça o argumento contrário ao conceito de "revolução marginalista". Pois, nos períodos de revolução, os oponentes ao regime devem manter uma relativa unidade entre si. Na medida em que eles se diferenciam, enfraquece-se o apelo revolucionário de cada proposta, a menos que elas mantenham entre si elementos em comum suficientemente importantes. Veremos, a seguir, porque as diferenças entre eles são significativas e irreconciliáveis. Em teoria e método, exercem-se em Walras influências de Cournot e de seu pai Auguste Walras. Daí advém boa parte dos conceitos e técnicas empregados por ele. A noção de oferta e demanda, o uso da álgebra na O conceito de visão foi desenvolvido por Schumpeter como "a preanalytic cognitive act that supplies the raw material for the analytic effort", apud. Blaug (1972, p.276). Blaug (1972, p.269 e 1978, p.305) fala em renascimento da filosofia kantiana na Alemanha, na segunda metade do século XIX, que teria se espalhado para a Austria e para o continente europeu. Ele caracteriza este movimento como uma "bacl< to Introspection and sense-impression", embora para ele isto aparentemente não tenha influenciado o surgimento do subjetivismo na ciência econômica. Na verdade, a filosofia kantiana afetou o pensamento de economistas austríacos de gerações posteriores a Menger mas não o de Menger, que se aproxima do aristotelismo. "Dehomogenizing", em inglês. Cf. Jaffé (1976). Entre os comentadores atuais da obra de Menger, o processo de desomogenização está concluído, tornando-se tema óbvio afirmar as diferenças entre ele, Jevons e Walras. Cf. Alter (1990, p.318). formulação de relações entre grandezas econômicas e do cálculo nos problemas de maximização, a idéia de equilíbrio geral entre os mercados, todas essas idéias já se encontravam em Cournot. ° O conceito de rareté é fierança do pai, embora Walras o tenfia redefinido.^^ Leon Walras seguiu o pai em sendo também um reformador social. Suas idéias sociais tinham afinidades com as de Mill, Henry George e os fabianos. Ele clamava pela nacionalização das terras - o Estado deveria comprá-las de seus proprietários. As terras seriam valorizadas com o progresso da sociedade e o Estado seria então ressarcido de seus gastos em adquiri-las. A renda da terra substituiria os pagamentos de impostos. Walras defendeu a criação de cooperativas entre produtores. Enfim, ele herdou do pai idéias sociais progressistas, embora seja um exagero considerá-lo um socialista - cf. Spiegel (1971, p.549).^^ Walras também se filia à corrente de autores que procurou aproximar a economia das ciências físicas. Ele defende a separação metodológica entre a economia como ciência - isto é, como teoria stritu-sensu - e seu ramo ^° Cournot, embora tenha avançado na exploração de posições particulares de equilíbrio em mercados separados de outros mercados, sabia que sua análise era incompleta em não considerar a interdependência entre mercados e a compatibilidade entre posições de equilíbrio particulares. Cournot, entretanto, não estendeu sua análise nesta direção porque ele tinha dúvidas quanto à possibilidade de resolver o problema do equilíbrio geral. É que ele pensava o equilíbrio geral como um problema econométrico, onde se deveriam atribuir valores numéricos às variáveis. Somente Walras desenvolveu a idéia de equilíbrio geral expressa na forma de um sistema de equações simultâneas que ligariam os vários mercados da economia. É verdade que as relações entre diferentes mercados foram aventadas por teóricos anteriores, mas apenas Walras manipulou e construiu uma estrutura teórica geral capaz de dar conta de uma multiplicidade de relações ligando um mercado a outro. Para tanto, diferentemente das preocupações de Cournot, ele não procurou medir nada. Procurou tão-somente a construção de um sistema logicamente consistente, de validade teórica ou formal. Esta tarefa foi possível realizar sob hipóteses restritivas: ela requer concorrência perfeita, liberdade

Qual a comparação entre jevons menger e walras
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FORMAÇÃO DE PREÇOS EM JEVONS, MENGER E WALRAS

Prof Maria de Lourdes Pereira Dias

Departamento de Ciências Econômicas — UFSC

1. Introdução

A história do pensamento econômico registra que, a partir de 1870,

gravitou em torno dos pressupostos clássicos outra corrente de análise

econômica, enriquecida e desenvolvida na

Inglaterra,

por

William

Stanley Jevons,

com a obra Teoria

da Economia Política,

editada em

1871. Em resposta ao movimento histórico da época, foi desenvolvida na

Áustria,

por Cari Menger e outros autores, a Teoria Marginalista. Menger

publicou, em 1871, Princípios

de Economia Política, dando nova

análise ao valor de troca das mercadorias. Praticamente na mesma

época, surgiu outra corrente do pensamento econômico, preocupada com

a

análise do

equilíbrio geral, tendo

Léon Walras,

em 1874, consolidado

estas idéias, com a edição da obra

Elementos da Economia Política

Pura.

Estes três autores, considerados fundadores da Escola Neoclássica,

explicaram de maneira lógica e independente a interdependência das

atividades econômicas, dando à Economia uma estrutura científica não

alcançada pelos teóricos do liberalismo econômico. Apoiados,

principalmente nos autores Thünen, Gossen e Cournot, que deram início

à substituição do valor trabalho, pela perspectiva do valor utilidade, em

Betham, Say e Senior, que reforçaram estes propósitos, Jevons, Menger

e Walras tiveram, nos autores acima citados e em outros os fundamentos

de suas doutrinas.

A

Teoria da

Utilidade justificou para Jevons

a formação dos preços

dos bens. As mercadorias têm valor de uso, por isto adquirem preços, e o

valor de troca ou de preços possui o mesmo significado. Rejeitou o valor-

trabalho, incorporado ao preço da mercadoria, trabalhou com os conceitos

de utilidade total e marginal e afirmou que os indivíduos extraem

utilidades do consumo de mercadorias, para maximizarem suas

satisfações. Estas ocorrem em grau máximo, quando a razão entre as

utilidades marginais e os preços das mercadorias consumidas são iguais.

Menger, com base na análise da demanda e oferta de mercado,

formulou a teoria sobre a

formação dos preços dos bens,

sobre os

Textos de Economia

Florianópolis,

v. 5, n. 1

p. 121-130

1994

122

bens, suas demandas e vendabilidades e sobre o valor de troca dos bens,

no processo isolado dos contraentes e no monopólio. Ele relacionou o

valor das mercadorias aos níveis de concorrências. Para ele, o dinheiro é

uma mercadoria especial e necessária para fixar os preços. Os preços e

as quantidades estão inversamente relacionadas. A troca econômica,

além de assegurar a importância das necessidades, garante o proveito

econômico das partes. O monopolista, ao fixar os preços, pode excluir um

fragmento da demanda. Os bens de consumo são os de ordem superior,

enquanto que os de ordem inferior são os fatores de produção.

E Walras ao conceituar riqueza social, formulou sua teoria sobre

o

valor

dos bens e os preços

destes. Diz que o conjunto das coisas raras, úteis,

limitadas em quantidades, têm valor. Por isso, são apropriáveis e

industrialmente produzidas. No mercado é que ocorrem as

relações de

valores de troca,

que são

os preços.

A raridade das mercadorias é o que determina a

formação de preços,

porque exalta o valor da troca. Aos desequilíbrios dos preços de mercado,

Walras propôs seu auto-restabelecimento como solução. Serviu-se de

equações matemáticas como método de comprovação para formular o

Equilíbrio Econômico Geral

segundo o qual as variações nos preços

correntes farão automaticamente os ajustes necessários ao equilíbrio.

2. Valor de Troca: Origens e Críticas

A

origem do valor de troca das coisas, ou a determinação dos preços das

mercadorias, está arrolada em três principais teorias. São elas: a)

a

teoria inglesa

de

A. Smith, de Ricardo e Mac-Culloch, em que os autores

colocam

a

origem do valor no trabalho;

b)

a teoria francesa,

dirigida

por Condillac e J. B. Say que, sobretudo, atribuem

a origem do valor à

utilidade;

c)

a teoria da

raridade,

enunciada por Burlamaqui e A. A.

Walras (pai de Léon Walras) e defendida pelo próprio Léon, que sustenta

a origem do valor na raridade.

Walras (1986, p. 99 et segs.) tece críticas à teoria de Smith quando este

diz que:

o preço real de cada coisa, aquilo que cada coisa realmente

custa para quem quer obter, é o trabalho e a fadiga com que

deve importar-se para obtê-la (...). O que se compra com

dinheiro ou com mercadoria é comprado com o trabalho (...).

123

O trabalho foi o primeiro preço, a moeda paga pela compra

primitiva de todas as coisas.

Isto porque, para Walras, todas as coisas que

valem e se trocam são

trabalho sob uma ou outra forma.

O trabalho constitui, e apenas ele, toda a riqueza social. O trabalho vale e

é trocado porque ele é simultaneamente útil e limitado em quantidade,

porque ele

é

raro.

A raridade e todas as coisas raras valem e são trocadas como o trabalho.

Afirmar que o valor de troca está no trabalho é inexato para Walras,

contrapondo-se a Smith.

Quanto à teoria de Say do valor de troca, Walras considera-a infeliz. Esta

enuncia que

a utilidade de uma coisa faz com que esta

coisa tenha valor e

a torne desejável e impele os homens a fazer um sacrifício

para possuí-la (...). Dá-se certa quantidade de coisas que se

possui (moeda de prata, por exemplo), para se obter

a coisa

da qual se tem necessidade. É isso que faz seu valor. (Say

apud

Walras, 1986, p. 99).

A crítica de Walras consiste em afirmar que somente a

utilidade não

basta, pois para criar o valor é ainda preciso que a coisa útil não

exista em

quantidade ilimitada, que seja rara. As coisas ilimitadas em

quantidades são obtidas tanto quanto se queira, sem fazer em troca

nenhum sacrifício. Say ainda diz que as coisas ilimitadas (o ar, a luz

solar, a água dos rios e riachos) são úteis e, em conseqüência, têm valor.

Para Walras, não pagamos estes bens, porque

nunca poderíamos

pagar seu preço.

Contesta o autor que tanto Smith como Say apenas

afloraram a questão da origem do valor de troca e ambos se limitaram às

teorias insuficientes.

Say (ibid., p. 101) mistura a teoria da utilidade com a do trabalho e, às

vezes, parece que adere à teoria da raridade. E Smith, conforme as

críticas de Walras, se contradiz por admitir a terra, tanto quanto o

trabalho, no conceito de riqueza social.

Estas análises foram realizadas por Walras para sustentar a sua teoria

sobre a raridade. Ele considera Burlamaqui

(apud

Walras, 1986, p. 101)

excelente quando enuncia que os fundamentos do preço

próprio e

intrínseco são primeiramente a aptidão que as coisas têm de servirem

124

às necessidades, às comodidades ou aos prazeres da vida, ou seja, sua

utilidade e sua raridade.

A utilidade não basta para dar preço às coisas, é preciso, ainda,

considerar sua raridade. Não é só a necessidade que decide o preço que

se tem de uma coisa. Há coisas muito necessárias ao indivíduo e que

custam pouco — por exemplo, a água comum — e apenas a raridade não

é igualmente para dar o preço às coisas. É preciso que estas tenham

utilidade. Todas as circunstâncias particulares podem concorrer para a

alta no preço de uma coisa

s

, podendo ser relacionadas à sua

raridade.

O

preço também pode estar relacionado a uma certa afeição, ou inclinação

de posse.

A

Teoria da Raridade

foi introduzida na Economia Política, em 1831, por

A.A. Walras, na obra intitulada

Sobre a Natureza da Riqueza

e Sobre a

Origem do Valor.

Contudo, admite o autor, não foi o seu pai o primeiro a

anunciar a teoria2.

Outros Autores, antes de Léon Walras, já tinham abordado a teoria da

raridade. Entre eles, estão H. H. Gossen (1854), W. S. Jevons (1871 e

1879) e C. Menger (1871/72). Este último publicou a sua obra depois de

ter lançado as bases de uma nova teoria das trocas, de maneira

independente e original. Walras não fez críticas a Menger e aos seus

seguidores Wieser e Bõhm-Bawerk, porque estes não empregaram

método e linguagem matemática, considerados essenciais a Walras. Mas

a Gossen e Jevons ele fez críticas. Ambos propuseram a curva

decrescente de utilidade ou de necessidade e dela deduziram

matematicamente a condição de um máximo de utilidade, e Jevons,

equações de troca.

Gossen

(apud

Walras, 1986, p. 102) enunciou sua proposição nos

seguintes termos:

"As duas mercadorias deverão, depois da troca,

estar repartidas entre os dois permutadores, de tal modo que o

último átomo recebido de cada mercadoria tenha o mesmo valor

para o outro permutador".

Jevons, na opinião de Walras (1986, p. 102),

formulou suas equações de troca baseado no seguinte:

"A razão de

troca de duas mercadorias será o inverso da relação entre os graus

1

Por exemplo, a água em lugares áridos, modas de roupas em relação ao

tempo, etc.

2

0

Abade Genovesi ensinava a doutrina da raridade em Nápoles, em meados

do século passado e N. W. Senior em Oxford, por volta de 1830 (Walras, op. cit.

p. 102).

125

finais de utilidade das quantidades dessas

mercadorias

a

serem

consumidas depois da troca".

As teorias de Jevons (ibid., p. 103) se diferenciam em dois pontos. Para

Walras estas diferenças são: a) os preços, que são relações inversas

entre as quantidades de mercadorias trocadas, são substituídos pelas

razões de

troca, que são relações diretas entre essas quantidades; b) o

problema da troca é considerado resolvido para o caso de dois

permutadores de uma mesma categoria.

Walras, além de trabalhar com a troca entre dois permutadores, analisou

a formação de preços na troca, com qualquer número de mercadorias

entre si e deduziu o Equilíbrio Geral no Mercado. Este foi considerado o

avanço de sua teoria.

3. Análise Comparativa

Para Jevons, a utilidade das coisas foi a base da determinação do valor e

este valor constitui a riqueza. O valor de troca foi o índice da utilidade

reconhecida de determinada mercadoria. Esta tem valor por causa da

necessidade de se dar coisas em troca da obtenção de outras. A utilidade

é uma propriedade que os bens possuem de gerar satisfação, ou evitar

sofrimento.

A teoria da utilidade foi o centro dos estudos de Economia Política para

Jevons, Menger e Walras. Contudo, Jevons foi o que detalhadamente

mais a enfatizou. O termo utilidade marginal foi introduzido na literatura

econômica por Wieser e manteve-se presente nas doutrinas de Jevons,

Menger e Walras, sendo que Menger não associou este conceito ao

processo de derivação matemática.

A troca econômica de bens entre os agentes e a definição de seus limites

foi a maneira pela qual os três autores neoclássicos chegaram à

formulação dos preços. O emprego da palavra relação de troca em vez

de valor de troca foi bastante utilizada por Jevons, pois considerou o

valor um termo relativo (que ocorre entre duas coisas, no mínimo) e

significa poder de compra. Menger e Walras ampliaram estes

entendimentos dando-lhes outros enfoques.

A doutrina sobre os bens e

mercadorias foi melhor sustentada por

Menger, porque associou este estudo aos bens de consumo e aos

fatores de produção, necessários à satisfação das necessidades

126

humanas. No conjunto, estes bens formam o patrimônio e geram o

progresso da humanidade.

Foi comum para os três autores a constatação de que o valor é algo

inerente aos próprios bens; nem é uma propriedade dos mesmos e muito

menos uma coisa independente por si mesma. O valor

é

juizo que as

pessoas envolvidas em atividades econômicas fazem do bem de que

necessitam para o seu bem estar. Nos preços das mercadorias estão

contidos o valor de uso e de troca, sendo que a raridade das mercadorias

foi citada por Jevons e Menger, ganhando superioridade em Walras.

Menger destacou-se em relação a Jevons na Teoria sobre os Preços. Foi

além do entendimento dos preços como

equivalência ou Igualdade de

valor

entre duas quantidade de bens. Analisou a formação de preços no

comércio de monopólio e na troca concorrencial, tecendo críticas à

estrutura empresarial monopolista, pelo não-incentivo desta aos meios de

produção da oferta. Analisou com relevância os efeitos dos graus de

vendabilidade das mercadorias em relação aos níveis de organização dos

mercados na determinação dos preços destas.

Os estudos de Walras concentram-se igualmente na

variação dos

preços

que se dá pela mudança na utilidade da mercadoria negociada

entre os contraentes da troca, pelas quantidades desta existentes no

mercado e pelos seus detentores, que podem ser um ou vários. Ele

analisou o equilíbrio de mercado, o valor relativo das mercadorias e os

preços de ajustes de preços, diferenciando-se de Jevons e Menger na

formulação do Equilíbrio Geral de Mercado.

4. Conclusões

Com base no que foi pesquisado e analisado no presente trabalho,

conclui-se que:

I — PARA JEVONS:

A utilidade marginal era a única base possível da teoria Econômica

Científica.

O valor das coisas (mercadorias) depende

inteiramente

da utilidade.

O

uso do termo

valor significava

valor de troca ou preço. O valor-

trabalho

incorporado ao preço da mercadoria foi rejeitado.

127

Os indivíduos extraíram utilidade do consumo de mercadorias para

maximizar o prazer.

O conceito de utilidade total (nos sentidos lato restrito do termo) foi

trabalhando juntamente com o grau final de utilidade, posteriormente

chamado de utilidade marginal.

As razões entre a utilidade marginal das mercadorias e os seus

respectivos preços, quando em Igualdade para todas as mercadorias,

indicam que o consumidor atingiu o grau máximo

de satisfação pelo

consumo dos bens.

A utilidade marginal determina o preço das mercadorias, entre os

agentes econômicos, até chegar ao equilíbrio. A

Teoria da Utilidade,

na sua concepção poderia tornar-se a Teoria

dos Preços.

A formulação matemática foi tomada como princípio para explicar os

conceitos de utilidade total e marginal. Os consumidores realizavam

trocas, quando eram conhecidos os preços, para maximizar suas

utilidades de forma que sempre assegurassem um ganho na permuta.

II — PARA MENGER:

Não foi necessário o uso de equações matemáticas para expor suas

doutrinas.

A análise entre a utilidade total e marginal foi semelhante à de Jevons.

Os números e tabelas foram utilizados como método de análise.

A formação de preços foi determinada com base na

oferta e na

procura.

Quando a indústria estava em equilíbrio, o preço de mercado era igual

ao preço de produção.

Os efeitos da utilidade marginal dos insumos sobre a produção não

foram considerados. Não haveria excedente a ser expropriado por

qualquer pessoa, ou classe.

3. A troca econômica assegura a importância das necessidades e

garante o proveito econômico das partes envolvidas. As quantidades

de mercadorias que os consumidores estão dispostos a comprar

depende

dos preços destas. Preços e quantidades estão

inversamente relacionados.

128

O preço é a expressão da equivalência relativa entre as vantagens e

desvantagens da troca.

O empenho mútuo das forças dos dois permutadores, no caso da troca

isolada, fixará o limite concreto e paritário, do qual deve resultar a

formação de preços.

A fixação de preços no comércio de monopólio ocorrerá entre os

contraentes que tiverem maior disposição de permuta. Quanto menor

for a produção, mais indivíduos serão excluídos da compra. A

concorrência entre os mercados aumenta as ofertas.

As mercadorias produzidas para o consumo são denominadas de

bens de ordem superior, e os fatores de

produção,

de

bens de

ordem inferior.

A Teoria do Valor reconhece o conceito de utilidade dos bens. As

mercadorias que não têm valor de uso perdem o valor de troca. Não

devem ser produzidas.

As coisas, quando destinadas ao consumo pessoal, são bens.

Possuem valor de uso. Quando entram em circulação entre seus

proprietários, são mercadorias. Possuem valor de uso e de troca.

8. O dinheiro (moeda) é uma mercadoria especial usada nas trocas. É o

parâmetro das trocas. É o medidor dos preços.

III — PARA WALRAS

O valor de troca das mercadorias está associado ao conceito de

riqueza social.

Coisas úteis, limitadas em quantidades, são: apropriáveis, valiosas,

permutáveis e multiplicáveis industrialmente.

A raridade das mercadorias é o que determina o valor de troca e a

formação de preços.

A dualidade dos objetivos, entre vendedores e compradores, gera

certo grau de insatisfação no pagamento ou recebimento dos preços e

tal frustração é considerada natural. Ambos, vendedores e

compradores, desejariam tirar o máximo proveito na troca, lucro e

prazer, respectivamente.

3. O valor de troca produz-se no mercado. Os preços são chamados de

relações dos valores de troca entre a demanda e a oferta efetiva. Os

129

valores de troca são relativos no estabelecimento dos preços de

equilíbrio.

O Equilíbrio Econômico Geral foi a importante contribuição dada à

Teoria Econômica.

Os desequilíbrios

nos preços

foram identificados e o auto-

restabelecimento do equilíbrio foi admitido como solução. O modelo

matemático foi usado como método de comprovação.

Os preços ou

razões de

trocas das mercadorias subirão ou baixarão

até que a demanda e a oferta se igualem. Estes seriam

os preços

correntes

de

equilíbrio.

As

variações

estabeleceriam,

automaticamente, o equilíbrio.

6. A teoria sobre relações de troca entre várias mercadorias pode

mostrar que, através da interação entre os mercados, os preços

poderiam ser determinados simultaneamente.

Em síntese: a formação

de preços,

para Jevons, está centrada na

Teoria da

Utilidade; para Menger, nas

forças de mercado entre

demanda

e oferta; para Walras, na

Teoria da Raridade dos bens.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DENIS, Henri. História

do pensamento econômico.

4. ed. Lisboa:

Livros Horizonte, 1982, p.782.

HAYEK, F. A.

Introdução. In: MENGER, Carl.

Princípios de

economia política. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo:

Nova Cultural, 1968. 397 p. (Os economistas).

HUNT, E. K. História

do pensamento econômico: uma perspectiva

crítica. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1987.

JEVONS, William Stanley. A teoria

da economia política.

Tradução

de Cláudia Laversveiller de Morais. 3. ed. São Paulo: Nova

Cultural, 1988, 205 p. (Os economistas).

5. MENGER, Cari. Princípios

de economia

política. Tradução de Luiz

João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1968. 397 p. (Os

economistas).

130

6. WALRAS, Léon.

Compêndio dos elementos de economia política

pura.

Tradução de João Guilherme Vargas Netto.

2. ed. São Paulo:

Nova Cultural, 1986. (Os economistas).