Por que os sinos dobram pdf


Esta é a nova edição do clássico "Por Quem os Sinos Dobram", agora com nova tradução. Esta comovente história, cujo pano de fundo é a Guerra Civil Espanhola, narra três dias na vida de um americano que se ligara à causa da legalidade na Espanha. Hemingway conseguiu que seus leitores sentissem que o ocorrido no país ibérico em 1937 era apenas um aspecto da crise do mundo moderno. A obra foi eternizada no cinema numa produção norte-americana, dirigida por Sam Wood, com Gary Cooper e Ingrid Bergman nos papéis principais. A trama gira em torno de Robert Jordan (Gary Cooper), o americano integrante das Brigadas Internacionais, que luta ao lado do governo democrático e republicano, recebendo a missão de dinamitar uma ponte. Com ele está um grupo de guerrilheiros/ciganos integrado por Pilar (Katina Paxinou, que recebeu Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), mulher com extraordinária força de vontade, o perigoso Pablo (Akim Tamiroff) e a bela Maria (Ingrid Bergman). A relação entre Robert e Maria acabou por se tornar uma das mais inesquecíveis histórias de amor da literatura moderna e do cinema. Hemingway começou a escrever o livro em 1939, em Cuba, onde morava. Publicado em 1940, foi sucesso de crítica e público. Por razões políticas, no entanto, deixou de receber o Pullitzer, prestigiado prêmio literário dos EUA, apesar de eleito por unanimidade pelos jurados.



Por Quem os Sinos Dobram

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A metamorfose da guerra

on 7/12/11



Demorei 3 anos para ler Por Quem Os Sinos Dobram, que ganhei de uma amiga de aniversário quando fiz 19 anos. Tentei mais de uma vez começar a lê-lo, mas empacava na narrativa cadenciada de Hemingway. Sempre achei um absurdo nunca ter conseguido finalizar a leitura. Dessa forma, coloquei na cabeça em 2011 que conseguiria ler a obra inteira. Quem sabe um dia não resolvo fazer a mesma coisa com O Ensaio Sobre a Cegueira... Confesso que hoje agradeço por ter demorado tanto para encarar o ... leia mais

Em 1937 Ernest Hemingway viajou para Madrid, com o intuito de aí realizar algumas reportagens sobre a resistência do governo legítimo de Espanha ao avanço dos revoltosos fascistas. Três anos mais tarde, concluiria a elaboração de um dos mais famosos romances sobre a Guerra Civil de Espanha, Por Quem os Sinos Dobram.A história de Robert Jordan, um jovem americano das Brigadas Internacionais, membro de uma unidade guerrilheira que combate algures numa zona montanhosa, é um relato de coragem e lealdade, de amor e derrota, que acabou por constituir um dos mais belos romances de guerra do século XX.«Se a função de um escritor é revelar a realidade», escreveria o editor Maxwell Perkins em carta dirigida a Hemingway após ter concluído a leitura do seu manuscrito, «nunca ninguém o fez melhor do que você.»

Ficção / Literatura Estrangeira / Romance

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Do mesmo autor: A Quinta Coluna As Ilhas da Corrente Contos (Obra Completa) Contos – Vol. 1 Contos – Vol. 2 Contos – Vol. 3 Do Outro Lado do Rio, entre as Árvores Ernest Hemingway, Repórter: Tempo de Morrer Ernest Hemingway, Repórter: Tempo de Viver Morte ao Entardecer O Jardim do Éden O Velho e o Mar O Verão Perigoso Por quem os Sinos Dobram Ter e Não Ter Verdade ao Amanhecer Ernest Hemingway Por Quem os Sinos Dobram 11ª EDIÇÃO Tradução Luís Peazê H429p 04-0269 Copyright © 1940 by Ernest Hemingway, renovado em 1968 by Mary Hemingway Copyright renovado © 1999 by Hemingway Foreign Rights Trust29, renovado em 1957 by Ernest Hemingway Título original: For Whom the Bell Tolls Capa: Silvana Mattievich Preparação de Texto: Veio Libri Editoração da versão impressa: DFL Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográ co da Língua Portuguesa 2013 Produzido no Brasil Produced in Brazil CIP-Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Hemingway, Ernest, 1899-1961 Por quem os sinos dobram/ Ernest Hemingway; tradução de Luís Peazê. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. Tradução de: For whom the bell tolls Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web ISBN 978-85-286-1712-2 (recurso eletrônico) 1. Romance americano. I. Peazê, Luís, 1958-. II. Título. CDD – 813 CDU – 821.111(73)-3 Todos os direitos reservados pela: EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA. Rua Argentina, 171 – 2º andar – São Cristóvão 20921-380 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (0xx21) 2585-2070 – Fax: (0xx21) 2585-2087 Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora. Atendimento e venda direta ao leitor: ou (21) 2585-2002 Este livro é para MARTHA GELLHORN Nenhum homem é uma Ilha, um ser inteiro em si mesmo; todo homem é uma partícula do Continente, uma parte da terra. Se um Pequeno Torrão carregado pelo Mar deixa menor a Europa, como se todo um Promontório fosse, ou a Herdade de um amigo seu, ou até mesmo a sua própria, também a morte de um único homem me diminui, porque Eu pertenço à Humanidade. Portanto, nunca procures saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti. JOHN DONNE* Nota * John Donne (1572-1631), poeta e padre anglicano, nasceu em Londres, de uma proeminente família católica, mas converteu-se ao anglicanismo (o sentimento anticatólico era uma tendência da época) após seu irmão morrer de febre na prisão (fora condenado por bene ciar um padre católico proscrito). Estudou em Oxford e Cambridge, entretanto, sem formar-se em nenhuma universidade. Consumiu parte de sua juventude como um bon vivant, gastando o dinheiro herdado da família. Em 1592 incorporou-se à expedição naval da Inglaterra que iria combater em Cádiz, na Espanha. Retornando ao solo britânico, em 1598, ganhou o cargo de Secretário Particular de Sir omas Egerton, Mantenedor do Selo Real. Passou a encontrar-se secretamente com a sobrinha de Sir omas, Anne More, uma jovem de apenas 17 anos, com quem veio a casar-se em sigilo e teve sete lhos. Uma vez descoberto, perdeu o cargo e foi preso. Mais tarde viria resumir poeticamente a experiência em “John Donne, Anne Donne, Undone”. Durante alguns anos, após ser solto da prisão, ganhou a vida parcamente como advogado e, nessa fase, escreveu pan etos anticatolicistas para Sir omas Morton, ativista da época. Entre seus poemas famosos encontram-se Divine Poems (Poemas Divinos, 1607) e, em prosa, Biathanatos (1608, publicado somente em 1644), trabalho no qual argumenta que o suicídio não é intrinsecamente um pecado. Em 1615, John Donne torna-se padre da Igreja Anglicana e é nomeado Capelão Real, época em que, segundo os críticos, o poeta passou de “John Donne, o libertino”, para “John Donne, o deão de St. Paul”, notabilizando-se por seus eloquentes sermões (mais de 160 publicados), entre eles a Meditação XVII (1624), de cujo excerto acima Ernest Hemingway retirou o título da presente obra: Por Quem os Sinos Dobram. (N.T.) APRESENTAÇÃO Não Há como Calar os Sinos Existem livros que, caprichosamente, dependendo da leitura que recebem, parecem desfazer das lendas que se formam em torno do seu escritor e, às vezes, até mesmo de algumas bases correntes para a compreensão de sua obra. Pode ser o caso de Por quem os sinos dobram. É usual repetir-se que Hemingway, em seus romances e contos, glori cou certa brutalidade máscula, e daí citam-se as touradas, os safáris e, naturalmente, as ambientações em cenários de guerra. Também se repete muito que sua composição do texto teria como princípio o ícone do iceberg, em que a parte submersa, oculta, é mais densa e volumosa do que aquela que surge à superfície. Se em outros romances e contos aquelas noções se con rmam, em Por quem os sinos dobram não só a desumanização da guerra é exposta, a ponto de pôr a perder qualquer idealização do que seria um herói (nestas circunstâncias), como o discurso lírico deste texto pode muito bem ser entendido como a premência de revelar o ser submerso, imiscuindo-se na explicitude da ação e dos diálogos. O protagonista, Robert Jordan, é um americano que luta ao lado do governo democrático e republicano, na Guerra Civil Espanhola, nos anos 1930. Ele recebe uma missão — dinamitar uma ponte — de importância crucial, que possibilitaria uma ofensiva das forças da República; praticamente uma ação de desespero, quando já é nítida a superioridade bélica do exército fascista de Franco e o desgaste moral do comando republicano. Desde o início, é estabelecido que há enormes di culdades para se cumprir a missão, ou para cumpri-la e sair com vida. Mas, a nal, isso não deveria ser levado em conta; os planos de guerra sempre despersonalizam suas baixas, em proveito dos objetivos estratégicos. Só que o percurso dramático de Robert Jordan avança no sentido oposto. Porque, apesar de manter a convicção nos ideais que o levaram a se alistar na luta, a lógica pragmática da guerra não o tomou por completo. Quanto mais se aproxima a hora de executar a missão, mais a consciência crítica e seu âmago humanista, a contragosto, o fazem sentir as baixas como perdas, inclusive em relação a si próprio. E é também, na iminência da batalha, quando mais se cobra deixar tudo de lado e concentrar-se na ponte que tem de ser destruída, e em nada além, que o seu passado ganha nitidez e volume, em seus pensamentos incontidos, e se apresenta como a força determinante — mais poderoso do que a sofreguidão guerreira, ou os ideais políticos — que o levou a estar ali, neste momento, prestes a fazer o que tem de fazer. Se Robert Jordan inicia a história como o dinamitador, quase opaco, quase que desprovido de motivações íntimas, decidido a cumprir a qualquer custo uma ordem que lhe foi dada… se ele sabe que, como soldado, não deve se importar com quem tenha que conduzir para o sacrifício, contanto que a ponte vá pelos ares… isso é insu ciente para abafar seus dilemas. E é então, com os bombardeiros fascistas sobrevoando-os, como maus presságios que já anunciam Guernica, que os sinos dobram. Robert Jordan é mais um personagem de Hemingway que busca na intensidade exterior do momento, no embate, um signi cado em si, que seria o signi cado puri cador de toda a sua existência. Mas o que consegue é deparar com sua impossibilidade de aderir, de aquietar seus fantasmas. Como outros personagens de Hemingway, pode ansiar pela pureza e pela entrega natural ao amor, pela incontinência impenitente do matador, pela dedicação piedosa a uma causa, pela solidez de quem não carrega gravames na alma, segredos que pre ra manter ocultos de si mesmo, ou outras criaturas, outras vozes, a disputarem entre si a de nição de um presente real e concreto e de uma identidade. No entanto, Robert Jordan não se imbui nem do êxtase da batalha nem do que anima os personagens com quem contracena diretamente; mas, sim, comove-se por eles; ou, eles o fascinam. Maria, Pablo, Anselmo e Pilar apenas acentuam nele o contraste, essa sua incapacidade básica, esse seu distanciamento. E isso não há guerras, nem safáris nem touradas que suprimam. Ou que substituam. É algo que transborda no uxo do texto de Por quem os sinos dobram (sinos que não se calam), que copiosamente (e Hemingway é tido de praxe como o mestre da economia verbal) funde as marcações autobiográ cas do autor, o discurso do narrador fora de cena e as evocações de Robert Jordan. Há habitantes em demasia nesse mundo interior do personagem, e nenhum deles se conforma em ser mantido submerso. Existe um enigma trágico, ou talvez patético, em se expor à proximidade e ao contato daqueles e daquilo em que alguém, com angústia, quer se tornar, chegando a apostar a própria vida nessa tentativa, mas sempre sabendo que isso lhe é impossível. Não há como calar os sinos. Em março de 1937, Hemingway viajou para a Espanha para cobrir, como jornalista, a Guerra Civil. Sua esposa na época, Pauline Pffeifer, era, por tradição de família, partidária dos franquistas. Já Hemingway defendia a causa republicana. Portanto, a guerra gerou um con ito conjugal que, entre outros problemas, levaria Hemingway a se divorciar de Pauline. Por quem os sinos dobram começou a ser escrito em Cuba, onde morava Hemingway, em 39, sendo concluído no ano seguinte. Foi um enorme sucesso de público (vendeu 500 mil exemplares nos primeiros seis meses) e de crítica. Foi eleito, por unanimidade, como o melhor livro do ano pelos jurados do Pullitzer, o mais prestigioso prêmio literário nos EUA. No entanto, a decisão dos votantes acabou sendo vetada, por razões políticas, provocando um escândalo de grande repercussão. Naquele ano, nenhum livro recebeu o Pullitzer — Hemingway acabaria ganhando-o em 1953, por O velho e o mar, que também teria peso decisivo para que o escritor recebesse o Nobel de Literatura, no mesmo ano. Ao destacar a importância de Por quem os sinos dobram, o crítico Sinclair Lewis escreveu que se tratava do romance americano, entre os publicados nas décadas recentes, com mais probabilidade de continuar sendo lido “pelos próximos cinquenta anos…” Por quem os sinos dobram foi lançado em 1940. Luiz Antonio Aguiar NOTA DE AGRADECIMENTO DO TRADUTOR A APARENTE simplicidade da linguagem empregada por Ernest Hemingway nesta obra, produzida quando ele estava no auge da maturidade como escritor e indivíduo, não permitiria a sua tradução sem a colaboração de estudiosos e amantes de sua obra e biogra a, assim como de alguns pro ssionais do livro pela sua disposição em ajudar. Meu trabalho não teria sido tão el ao original sem a ajuda das pessoas e entidades listadas a seguir, às quais sou ternamente agradecido: John Hemingway (neto de Ernest Hemingway, historiador, escritor e tradutor residente na Itália), Scott Donaldson (biógrafo de EH e presidente da Hemingway Society, USA), Susan Beegel (biógrafa de EH e editora da Hemingway Review, USA), Megan Desnoyers (bibliotecária e curadora supervisora da coleção Hemingway na John F. Kennedy Library, USA), Sandra Spanier (diretora do projeto Cartas Pessoais de Hemingway, Universidade da Pennsylvanya e Hemingway Society, USA), Scott Schwar (diretor da Hemingway Foundation, USA), Rory O’Brien e Tomas Capdevila Cavero (especialistas em Guerra Civil Espanhola de Madri, Espanha), Craig Boreth (autor de e Hemingway Cookbook, USA), José Sanches (especialista em aviação da Guerra Civil Espanhola, da França), Flávio Kerr (leitor de Hemingway, USA), Lucia Jimenez e Eva Barriguete (Casa del Libro, Espanha), Pamela Howard-Reguindin e Carmen Meurer Muricy (Library of Congress Office, Rio de Janeiro, Consulado Geral Americano), Professor Milton Azevedo (Universidade de Berkeley), Jeanete Jost Collet (Escola de Curtimento de Estância Velha-RS), Capitão Wagner (Biblioteca do Exército, RJ), Zilda Cruz (ex-diretora da Biblioteca Estadual do RJ), Valdéia Camargo Melo (revisora), minha esposa Helga pelo companheirismo e paciência, a Rosemary Alves e a Rafael Goldkorn, da Bertrand Brasil, pela con ança, sensibilidade e lisura pro ssional. POR QUEM OS SINOS DOBRAM 1 ESTENDEU-SE no chão amarronzado da mata, coberto de pinhas pontiagudas, o queixo apoiado nos antebraços dobrados enquanto, lá bem no alto, no topo dos pinheiros, o vento soprava. A montanha formava um declive suave, bem onde ele se estendera. Mais embaixo, o declive precipitava-se, e ele podia ver a risca escura de uma estrada betuminosa serpenteando através do des ladeiro. Havia um riacho correndo junto à estrada e ele viu uma serraria à margem, e, além do passo, uma represa com uma queda-d’água branquejando na luz do sol de verão. — Aquela é a serraria? — perguntou. — É. — Não me lembro dela. — Foi construída depois que você esteve aqui. A velha serraria ca mais adiante; muito além do des ladeiro. Ele desdobrou a cópia fotostática do mapa militar no chão da oresta e examinou-a cuidadosamente. O velho cou observando-o por sobre os seus ombros. Era um velho miúdo e forte, vestia uma bata de camponês preta, calças retas, cinza, e usava alpargatas de solado de corda. Estava ofegante por causa da subida e sua mão descansava numa das duas pesadas mochilas que trazia. — Daqui, então, não se pode ver a ponte. — Não — disse o velho. — Esta é a área do vau, onde o riacho corre mais lento. Embaixo, onde a estrada sai de vista por detrás das árvores, cai de repente numa garganta a pique. — Eu lembro. — A ponte atravessa essa garganta. — E onde estão os postos de guarda? — Tem um posto na serraria que você vê daqui. O jovem, que estudava a região, pegou os seus binóculos do bolso da desbotada camisa de anela cáqui, limpou as lentes com um lenço, levou-os aos olhos ajustando o foco até que, de súbito, as tábuas da serraria apareceram com nitidez. Viu então um banco de madeira junto à porta, uma enorme pilha de serragem nos fundos abertos do galpão, onde havia uma serra circular, e uma calha que trazia toras da montanha desde o barranco do outro lado do riacho. Visto pelos binóculos, o riacho parecia claro e sem ondulações, e abaixo da convulsão da queda-d’água a espuma da represa voava ao vento. — Não tem sentinela. — Mas tem fumaça saindo da casa da serraria — disse o velho. — E também roupas penduradas no varal. — Estou vendo, mas não vejo nenhum sentinela. — Talvez esteja na sombra — explica o velho. — Está quente lá embaixo. Pode ser que ele esteja na sombra dos fundos, daí, não podemos vê-lo. — Provavelmente. Onde é o outro posto? — Abaixo da ponte. Na cabana do zelador da estrada, a cinco quilômetros do topo do des ladeiro. — Quantos soldados tem aqui? — apontou para a serraria. — Talvez quatro e um cabo. — E lá embaixo? — Mais. Eu vou descobrir. — E na ponte? — Sempre dois. Um em cada ponta. — Vamos precisar de um certo número de homens — disse o jovem. — Quantos você pode arranjar? — Posso trazer quantos homens você quiser — disse o velho. — Agora tem muita gente aqui nas montanhas. — Quantos? — Tem mais de cem. Mas andam em pequenos bandos. De quantos homens você vai precisar? — Eu lhe digo depois de examinar a ponte. — Quer dar uma examinada agora? — Não. Agora eu quero encontrar um lugar para esconder estes explosivos até a hora certa. Seria bom se fosse num lugar bem seguro, e a uma distância de no máximo meia hora da ponte, se for possível. — Isso é fácil! — disse o velho. — Do lugar para onde estamos indo, será uma descida só até a ponte. Mas agora temos uma subida puxada para chegar lá. Você está com fome? — Estou — disse o jovem. — Mas vamos comer mais tarde. Como você se chama? Eu esqueci — e esse esquecimento era um sinal de má sorte para ele. — Anselmo — disse o velho. — Eu me chamo Anselmo e sou de Barco de Ávila. Deixe eu ajudar você com essa mochila. O jovem, que era alto e magro, cabelos louros e ressecados, a face castigada pelo vento e queimada de sol, vestia uma camisa de anela desbotada, calças de camponês e alpargatas de solado de corda. Ele inclinou-se, meteu um dos braços sob as alças de couro da pesada mochila e a trouxe para cima dos ombros. En ou o outro braço na outra alça e ajeitou o peso contra as costas. Sua camisa continuava molhada de suor onde apoiava a mochila. — Pronto, já estou com ela — disse. — Como é que chegamos até lá? — Subindo — disse Anselmo. Curvados pelo peso das mochilas, suando, eles subiram com determinação a encosta da montanha coberta de pinheiros. Não havia trilha visível para o jovem, mas eles subiram, cruzando a face da montanha; então atravessaram um pequeno riacho e o velho, sem hesitar, seguiu pela margem do leito pedregoso. A subida tornou-se mais íngreme e difícil, até que, nalmente, o riacho pareceu debruçar-se por sobre a quina de um ressalto liso de granito acima deles, e o velho esperou ao pé do ressalto até que o jovem o alcançasse. — Como é que está indo? — Tudo bem — disse o jovem. Suava muito e os músculos das coxas tremiam pelo esforço da escalada. — Espere aqui. Vou na frente para avisá-los. É melhor não arriscar levar um tiro carregando essas coisas. — Nem brincando — disse o jovem. — É longe? — Bem pertinho. Como é que eles te chamam? — Roberto — o jovem respondeu. Ele tinha soltado a mochila, pousando-a cuidadosamente por entre duas enormes pedras ao lado do leito do riacho. — Então espere aqui, Roberto. Eu volto para te buscar. — Certo! — disse o jovem. — Mas você está pensando em descer por este caminho até a ponte? — Não. Quando formos para a ponte, será por outro caminho. Mais curto e mais fácil. — Não quero guardar este material muito longe da ponte. — Você vai ver. Se não car satisfeito, encontramos outro lugar. — Muito bem — replicou o jovem. Ele se sentou próximo das mochilas e cou observando o velho subir o ressalto de granito. O velho avançava sem muita di culdade e, pelo jeito como o fazia, sem precisar procurar pontos de apoio para as mãos, o jovem podia ver que ele já tinha feito aquele caminho muitas vezes. Mesmo assim, quem quer que estivesse lá em cima tivera todo o cuidado para não deixar nenhuma pista da trilha. O jovem, cujo nome era Robert Jordan, sentia muita fome e estava preocupado. Sentia fome com frequência, mas não costumava preocupar-se, porque não dava importância para o que acontecesse com ele e sabia, por experiência própria, como era fácil mover-se por trás das linhas inimigas naquela região. Seria tão fácil mover-se por trás delas quanto atravessá-las, se a pessoa tivesse um bom guia. O que tornava tudo difícil é quando se dava importância ao que poderia acontecer, caso a pessoa fosse pega. Isto e decidir em quem con ar. Era preciso con ar integralmente nas pessoas com quem se trabalhava, ou não con ar nem um pouco, e tomar decisões baseadas na con ança. Ele não estava preocupado com nada disso. Mas havia outras coisas. Este Anselmo tinha sido um bom guia e podia andar muito bem pelas montanhas. Robert Jordan podia caminhar bastante, mas sabia, por ter seguido o velho desde a madrugada, que ele era capaz de matá-lo de cansaço. Até aqui Robert Jordan con ara naquele homem, Anselmo, sob todos os aspectos, exceto o do julgamento. Ainda não tinha tido a chance de testar sua capacidade de julgamento; de qualquer maneira, esta era uma tarefa de sua inteira responsabilidade. Não, ele não estava preocupado com Anselmo, e o problema da ponte não era mais difícil do que muitos outros problemas. Ele sabia como explodir qualquer tipo de ponte, havia explodido pontes de todos os tamanhos e formatos. As duas mochilas continham explosivos e equipamentos su cientes para mandar essa ponte pelos ares, mesmo que fosse duas vezes maior do que Anselmo dissera, de acordo com o que se lembrava de quando passara por ela, indo para La Granja, numa caminhada em 1933, e de como Golz a descrevera, duas noites atrás, no andar de cima daquela casa nos arredores do Escorial. — Explodir a ponte não é nada — dissera Golz, a luz do lampião re etida na sua cabeça raspada e marcada por cicatrizes, apontando com o lápis para um enorme mapa. — Você entende? — Entendo. — Nada, absolutamente nada. Apenas explodir a ponte é um fracasso. — Sim, Cam...