Por que ocorre a xenofobia

Agora quando se fala sobre o coronavírus, todo mundo quer saber sobre as maneiras de se precaver e evitar que a doença continue se espalhando - mais do que já está - pelo mundo. No entanto, logo que o Covid-19 surgiu, na China, isso serviu para que vários comentários xenofóbicos pipocassem na internet contra a comunidade asiática. Inclusive, recentemente, Lana Condor, a estrela de "Para Todos os Garotos que Já Amei", fez uma publicação em suas redes sociais para reclamar do fato de Trump, presidente dos Estados Unidos, chamar o coronavírus de "vírus chinês", dando a entender que eles possuem algum tipo de culpa. Com isso, a discussão sobre xenofobia ganhou força na internet e o Purebreak está aqui para explicar o que isso significa.

O que é xenofobia?

De maneira bem resumida, é possível explicar o que é xenofobia em poucas palavras: qualquer tipo de manifestação ou ódio contra imigrantes. Ou seja, quando pessoas que não estão em seu país de origem acabam sofrendo preconceito de quem é natural da região.

Exemplos de xenofobia

Infelizmente, há muitos exemplos de xenofobia no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, acontece muito com os mexicanos - ou qualquer latino - que chegue no país em buscar de novas oportunidades. Já em países da Europa, árabes e muçulmanos são alvos de preconceito e menosprezados por quem é nativo. O Brasil também não fica para trás na hora de tratar mal venezuelanos e haitianos. Vale destacar que brasileiros também podem sofrer com xenofobia em outros países.

Xenofobia é crime?

De acordo com a lei 9.459, xenofobia é crime desde 1997. A norma diz que será punido aquele que cometer qualquer crime "resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".

Onde mais ocorre xenofobia?

Apesar dessa pergunta ser frequente na internet, não existe um lugar onde há mais xenofobia do que outros. Na verdade, esse tipo de preconceito sempre irá acontecer em países mais desenvolvidos que recebem um alto fluxo de habitantes de outras regiões, menos desenvolvidas, no caso. Por exemplo, o que ocorre entre Estados Unidos e México. Esse tipo de imigração é frequente em várias partes do mundo.

Quem sofre xenofobia?

Vale ressaltar que não são só povos oriundos de países "menos" desenvolvidos que chegam em grandes potências atrás de emprego que sofrem com a xenofobia. A verdade é que basta um grupo que apresente ter uma cultura diferente daquilo que é considerado hegemônico para sofrer xenofobia. Por exemplo, asiáticos que são ridicularizados por conta dos seus traços ou até mesmo, no caso do Brasil, nordestinos que são menosprezados por quem é do Sudeste por conta dos seus hábitos ou sotaque.

A Xenofobia é um tipo de preconceito caracterizado pela aversão, hostilidade, repúdio ou ódio aos estrangeiros, que pode estar fundamentado em diversos fatores históricos, culturais, religiosos, dentre outros.

Trata-se de um problema social baseado na intolerância e/ou discriminação social, frente a determinadas nacionalidades ou culturas.

Esse problema gera violência entre as nações do mundo, desde humilhação, constrangimento e agressão física, moral e psicológica. Tudo isto, promovido, principalmente, pela não aceitação das diferentes identidades culturais.

Em suma, a xenofobia é considerada um tipo de aversão irracional aos estrangeiros, o que gera demasiada angústia e ansiedade nos pacientes. Nesses casos, o tratamento é feito por meio de terapia comportamental.

Origem do Termo

Inicialmente, o termo “xenofobia” foi incorporado aos estudos da psicologia com o intuito de nomear um transtorno psiquiátrico de pessoas que sofrem com o medo excessivo aos estrangeiros.

Para o filósofo grego Sócrates (469 a.C-399 a.C.) o conceito de “estrangeiro” não existe:

“Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo”.

Sócrates define assim alguém que abdica de sua nacionalidade e pensa na humanidade como um todo, não importando com a cultura, religião, costume, tradições, raça, etc.

Do grego, o termo "xenofobia" é formado por dois termos: “xénos” (estrangeiro, estranho ou diferente) e “phóbos”, (medo), que corresponde literalmente, "o medo do diferente".

A xenofobia está relacionada com diversos tipos de conceitos que englobam a discriminação, formada pelo sentimento de superioridade entre os seres humanos. Dessa forma, o etnocentrismo e o racismo são dois conceitos associados a determinados tipos de discriminações.

O etnocentrismo está pautado no pensamento de superioridade de uma cultura sobre a outra (preconceito cultural). Já o racismo, designa um tipo de preconceito associado as raças, etnias ou características físicas dos indivíduos (preconceito racial).

Xenofobia no Mundo

Na América, os Estados Unidos é considerado um dos países mais xenófobos, de forma que dificulta a entrada de imigrantes no país, sobretudo, de mexicanos e dos latinos em geral.

Importante salientar que as migrações do século XXI, diferentemente do século anterior, estão pautadas na busca de novas oportunidades em que o estrangeiro fixa-se no país de destino.

Isso ocorre, em maior parte, nos países do hemisfério norte que recebem imigrantes vindos do hemisfério sul em busca de trabalho e melhores condições de vida.

O imigrante pode ser coagido por diferentes atitudes hostis dos discriminadores, desde desrespeito às suas crenças, hábitos, sotaques, aparência física, condições socioeconômicas, etc.

Estudos recentes apontam que a Europa tem se destacado no tema da xenofobia, onde esta é considerado crime e violação dos Direitos Humanos. Ocorrem ali ainda muitos casos de discriminação, (mesmo entre os europeus), sendo alguns dos alvos de atos xenófobos os imigrantes asiáticos, africanos e latinos.

Xenofobia na Europa

Estudos informam que os casos de Xenofobia na Europa têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Muitos pesquisadores acreditam que a crise econômica, pelo qual muitos países europeus estão passando, reflete diretamente no sentimento de rejeição e aversão ao estrangeiro.

Assim, o excesso de estrangeiros, caracterizado pelos novos fluxos migratórios vindos de diversos países, corroboram a busca por melhores oportunidades de estudos, trabalho, moradia, etc.

Ao pensar no lado do residente, fica claro que a maior preocupação está no nacionalismo. Alguns temem a perda de sua identidade nacional, como costumes e tradições.

Vale atentar para o holocausto, um dos acontecimentos de exterminação em massa de judeus Alemanha Nazista, demostra o sentimento denominado “antissemitismo”, ou seja, o ódio pela raça judia.

Xenofobia no Brasil

O Brasil também não fica de fora quando o assunto é xenofobia, embora os brasileiros demostrem curiosidade àquilo considerado diferente, ou seja, o que vem de fora.

Entretanto, se pensarmos que o País possui dimensões continentais, o sentimento de superioridade ocorre entre as diversas regiões.

É possível, por exemplo, sulistas se considerarem superiores aos nordestinos, que apresentam maior população negra, condições mais precárias de vida e acesso aos temas básicos de saúde, cultura, educação.

Diante disso, podemos considerar o conceito de “bairrismo” que vai de encontro com o de xenofobia, uma vez que representa o apego à sua cultura, discriminando, muitas vezes as outras.

Curiosidades

  • “Xenófobo” é o nome dado àquele que exerce a xenofobia.
  • “O Estrangeiro” (1942), com título original “L'Étranger”, é uma das grandes obras do escritor e filósofo francês Albert Camus (1913-1960). Nesse romance, ele defende a ideia de que o estrangeiro é realmente aquele que não se reconhece em si próprio, provocando, assim, o que o autor denomina de ‘exílio interior’.

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O problema da xenofobia na Europa vem intensificando-se ao longo do tempo. O continente, assim como os Estados Unidos, é um dos locais do mundo que mais recebem imigrantes, além de contar com uma elevada migração interna, graças à livre circulação de pessoas que atinge a maior parte dos países-membros da União Europeia. Com isso, a xenofobia, que é a aversão, o preconceito ou a intolerância para com grupos estrangeiros, aumenta a cada dia.

O aumento dessas migrações internacionais estão geralmente ligadas a fatores de repulsão e de atração. Os primeiros são aqueles que contribuem para a saída rápida do migrante, seja por razões econômicas, por falta de recursos naturais, por crises humanitárias ou ocorrências de guerras ou guerrilhas. Já os fatores de atração são aqueles que se relacionam às condições oferecidas pelos lugares de destino, como uma economia estável ou uma grande oferta de emprego, melhor qualidade de vida, entre outros elementos.

No caso da Europa, há a combinação de ambos os fatores. De um lado, a população de países subdesenvolvidos busca no “velho continente”, além de emprego, melhores condições de vida, fugindo da realidade econômica de seus locais de origem. Com isso, há uma grande quantidade de estrangeiros vivendo na Europa, com uma estimativa de seis milhões de pessoas, entre migrantes legais e ilegais.

Assim, aumenta-se a intolerância para com os grupos estrangeiros, motivada pelas diferenças culturais e sociais, com inúmeros casos de intolerância social, racial e religiosa. Não obstante, a população europeia também se considera ameaçada pelos estrangeiros, com o receio de que eles diminuam a oferta de emprego e atrapalhem os rumos da economia, enviando dinheiro ao exterior (geralmente, seus lugares de origem) e diminuindo a circulação econômica interna. Tais medos intensificaram-se durante a recente crise econômica financeira.

Outra questão que se relaciona com o aumento da xenofobia na Europa é o crescimento de grupos partidários e políticos de extrema-direita que costumam alimentar uma linha ideológica baseada no antissemitismo, no conservadorismo e outros ideais fascistas, como a “pureza” dos povos europeus. A emergência de posições desse tipo intensificou, inclusive, medidas de Estado envolvendo atitudes xenófobas na Europa, como a construção do Muro de Ceuta, construído pelos espanhóis na África para separar a cidade de Ceuta do território marroquino, dificultando assim a entrada de migrantes.


Cartaz eleitoral do partido nacionalista alemão que diz “bom voo para casa”, em alusão aos imigrantes árabes *

Outro exemplo de ação de xenofobia praticada pelos políticos espanhóis refere-se às várias perseguições e tentativas de expulsão de povos ciganos, oriundos principalmente da Romênia, por parte dos governos da França e da Itália, totalizando milhares de extraditados de maneira voluntária (através do oferecimento de dinheiro para que deixem o país) ou involuntária (à força).

Apesar de a União Europeia ter criado, já em 1997, o Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia, ainda há muito o que se avançar no velho continente no que diz respeito à intolerância social e política para com estrangeiros. O mesmo desafio é enfrentado por outros territórios, como os Estados Unidos e, recentemente, países emergentes, que vêm se tornando novos vetores para a chegada de migrantes à procura de melhores condições vida.

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Créditos da imagem: 360b / Shutterstock

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