Por que ficamos tontos ao levantar

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Por que ficamos tontos ao levantar
Lifestyle Curiosidade 09/12/19 POR Notícias Ao Minuto

Está deitado e sente-se tonto ao levantar da cama rápido? Acontece o mesmo quando está há algum tempo sentado em frente ao computador ou quando se levanta de repente do sofá? Essa tontura passa em meros segundos? Não é caso para ficar assustado.

Trata-se de uma condição chamada de hipotensão ortostática inicial, que leva que a pessoa sinta tonturas e fique até com a visão turva ao mudar repentinamente de postura, mais concretamente, ao se colocar de pé depois de estar sentada ou deitada.

Mas, por que é que isso acontece? De acordo com o médico M. A. Ikram, “estes sintomas ocorrem porque há uma diminuição temporária da quantidade de sangue – e de oxigénio – fornecido ao cérebro”. Em declarações à revista Time, o especialista explica que ao mudarmos o corpo de posição de forma rápida (ou passadas várias horas com a mesma postura) 'a gravidade' faz com que seja mais difícil com que o sangue seja novamente transportado para o coração e cérebro, causando, por isso, uma sensação de fraqueza.

"Isto pode causar uma queda temporária na tensão arterial e é necessário um curto período de tempo para que os mecanismos corretivos possam entrar em ação", diz, salientando que os maiores níveis de desidratação podem fazer com que as pessoas fiquem mais propensas a esta condição.

Mas trata-se de algo grave? Não necessariamente. Se a tontura passar e a visão voltar ao normal dentro de segundos, então não há motivo para sustos, mas se a sensação for recorrente e não passar rapidamente, então o melhor é consultar um médico, pois pode estar perante um caso de disautonomia, isto é, a incapacidade do organismo voltar à normalidade.

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Por que ficamos tontos ao levantar

Mal-estar dura cerca de um minuto, até pressão se estabilizar Freepik

Sentir-se tonto ou ter uma sensação de desmaio iminente ao se levantar bruscamente após um período deitado ou sentado são sintomas de uma condição chamada na medicina de hipotensão ortostática.

Não se trata de uma doença, mas sim da manifestação da regulação anormal da pressão arterial, que pode ser decorrente de uma série de fatores, incluindo doenças. 

O médico neurologista Saulo Nader, do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, também conhecido como Doutor Tontura, afirma que esse problema pode acontecer em qualquer faixa etária, mas é mais frequente em idosos.

"Com o envelhecimento, os vasos sanguíneos do corpo vão ficando mais calcificados e perdem a elasticidade. Como o vaso está mais rígido, a pessoa muda rápido de posição, e não dá tempo desse vaso se recalibrar para adequar a pressão. E aí a pressão cai."

Em condições normais, os vasos sanguíneos do corpo ficam mais dilatados, quando estamos deitados e mais constritos quando ficamos de pé. A mensagem para o cérebro fazer esses ajustes é imediata.

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Nader, que também faz parte do Departamento Clínico de Distúrbios Vestibulares e do Equilíbrio da Academia Brasileira de Neurologia, ressalta que em alguns casos os sintomas vão alem da tontura.

"Quem tem [o problema] vai reclamar de tontura, sente normalmente uma sensação de mal-estar na cabeça, a visão escurecendo como se fosse um túnel fechando, uma luz apagando devagarzinho, sensação de mal-estar no corpo inteiro e uma sensação de quase desmaio."

Palidez, batimentos cardíacos acelerados e suor são outras queixas de quem sofre de hipotensão ortostática.

"É um episódio que normalmente dura segundos. A pessoa para o que estava fazendo, normalmente senta imediatamente. Em 30 segundos, 1 minuto e meio, a pressão se recalibra e volta ao normal", acrescenta o neurologista.

O diagnóstico é muitas vezes confundido com problemas no labirinto (sistema que fica na região da orelha e é responsável pelo equilíbrio).

"O que eu mais vejo são pessoas taxadas como labirintite, mas que na verdade tinham hipotensão ortostática e estava sendo conduzido como se fosse um problema do labirinto. É uma tontura, mas uma tontura que não tem nada a ver com o sistema do labirinto."

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No entanto, a hipotensão ortostática exige uma investigação mais aprofundada do paciente, pois pode ser sinal de algumas outras doenças, afirma Nader.

"A doença de Parkinson, anos antes de a pessoa começar a tremer pode desenvolver hipotensão ortostática. É um dos sintomas. Pode ocorrer também em uma doença chamada miastenia, que causa fraqueza muscular, pode ter relação ainda com a atrofia de múltiplos sistemas, que é uma doença neurológica rara, mas grave."

Se esse tipo de tontura ocorrer em adultos jovens, o médico vai verificar se não há descontrole do relflexo neurológico que controla a pressão arterial. O neurologista afirma que condições momentâneas às vezes são gatilho para o problema.

"Pode muitas vezes ter como gatilho o calor, ansiedade, estresse, hidratação ruim que a pessoa tenha."

Pacientes jovens podem apresentar sintomas semelhantes, como fadiga e sensação de desfalecimento, com aumento dos batimentos cardíacos. É a chamada síndrome da taquicardia ortostática postural (POTS, na sigla em inglês), que pode vir acompanhada ou não de queda da pressão arterial. 

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A incidência da POTS é rara entre a população, observa o neurologista. A causa até hoje não está esclarecida. 

Casos ainda mais raros envolvem doenças autoimunes, que afetam a condução do sistema nervoso que leva informações para os vasos sanguíneos. Uma delas é a polirradiculoneurite disautonômica.

Os principais riscos da hipotensão ortostática envolvem queda e desmaio, já que o indivíduo fica mais exposto a acidentes, como cair e bater com a cabeça.

Independentemente de qual seja a suspeita, esse tipo de queixa deve ser levada ao médico para que seja avaliado o grau de gravidade.

"O tratamento vai depender do impacto que ela [tontura] tem na vida da pessoa. Se é uma ou outra vez, levinha, não atrapalha, a pessoa nunca caiu, a gente coloca como variação dentro da normalidade. Se está acontecendo sempre, de maneira mais intensa, se a pessoa teve alguma queda ou perda de consciência por causa dessa queda de pressão, aí vai exigir tratamento."

Mudanças de hábitos são o primeiro passo na tentativa de minimizar ou acabar com os episódios de tontura ao se levantar. Entre elas estão: beber mais líquidos (para aumentar o volume de sangue nos vasos); aumentar um pouco a quantidade de sal na comida (o sal absorve mais sangue para dentro dos vasos); e levantar em etapas, como se fosse em câmera lenta. Também é indicado que o paciente evite lugares quentes.

Se nada disso funcionar significativamente, Nader diz que existem três tipos de remédios que podem ser usados, sendo que dois deles são encontrados no Brasil. Um tipo existe apenas no exterior.

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Há várias explicações para a sensação de vertigem, aquela tontura que passa rápido.

Ela pode ser causada por uma queda na pressão sanguínea. Quando estamos deitados, nossas células diminuem o consumo de oxigênio e de nutrientes. Ao nos levantarmos, a demanda da circulação aumenta e o organismo leva alguns segundos para compensar a mudança. Nesse meio tempo, pode haver uma vertigem.

“Outro motivo é um trauma anterior no labirinto, o órgão do ouvido responsável pela sensação de equilíbrio”, diz o otorrinolaringologista Mario Munhoz, da Universidade Federal de São Paulo. Dentro do sáculo há cristais. Uma pancada no ouvido pode soltar os cristais na endolinfa, o líquido do labirinto. O balanço da endolinfa dá a sensação de equilíbrio. As pedras agitam o líquido quando nos levantamos rápido e causam vertigem.

Primeiro, os médicos fazem perguntas sobre os sintomas e o histórico clínico da pessoa. Em seguida, os médicos fazem um exame físico. O que eles encontram na avaliação do histórico e no exame físico muitas vezes sugere uma causa para a tontura e os testes que podem ser necessários.

  • Há quanto tempo a tontura vem ocorrendo

  • Se a pessoa desmaiou ou caiu durante um episódio de tontura

  • Se a pessoa apresentou quadros clínicos que resultam em tontura (como repouso absoluto ou perda de líquido)

  • Se a pessoa tem um distúrbio (como diabetes, doença de Parkinson ou câncer) que pode gerar tontura

  • Se a pessoa está tomando um medicamento (por exemplo, um anti-hipertensivo) que pode causar tontura

O médico, então, faz um exame físico. A pessoa se deita por cinco minutos e, então, o médico examina sua pressão arterial e frequência cardíaca. A pressão arterial e a frequência cardíaca são examinadas novamente depois de a pessoa ficar em pé ou sentada por um minuto e mais uma vez depois de ficar em pé ou sentada por três minutos. O médico pode fazer um exame de toque retal para determinar se há sangramento do trato digestivo. É importante fazer um exame neurológico para testar força, sensibilidade, reflexos, equilíbrio e marcha.

Normalmente, as causas mais comuns de tonturas repentinas – medicamentos, repouso total e redução do volume de sangue – são óbvias. Em indivíduos com sintomas de longo prazo, achados como problemas de movimento podem ser um indicativo de mal de Parkinson. Dormência, formigamento ou fraqueza podem indicar problemas no sistema nervoso.

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