Por que ceres não é considerado um planeta

Muito ouvimos falar sobre Plutão, que já foi considerado o nono planeta do Sistema Solar e hoje é classificado como um planeta anão. Essa categoria foi criada pela União Astronômica Internacional em 2006, a partir do descobrimento de novos objetos semelhantes a Plutão e não tão semelhantes aos outros planetas. Já temos um texto no Blog do Espaço que fala especificamente sobre Plutão e as discussões que o envolvem (confira aqui!), mas muitas vezes as pessoas não conhecem os outros planetas anões que existem em nosso Sistema Solar.

Atualmente, reconhecemos quatro planetas anões em nosso Sistema Solar, além de Plutão: Ceres, Haumea, Makemake e Éris. Geralmente, eles têm massas muito pequenas, de forma que não são os astros dominantes em suas órbitas e às vezes possuem luas que têm tamanhos muito parecidos com o do próprio planeta anão que orbitam.

Ceres

Ceres está mais próximo do que você pode imaginar. Ele se encontra no cinturão de asteroides que está entre Marte e Júpiter e é o maior objeto que se encontra nesta região, sendo o planeta anão mais próximo do Sol. Foi descoberto por um astrônomo que estava à procura de uma estrela e chegou a ser chamado de asteroide por muito tempo, mas ele é bem maior e diferente de um objeto desse tipo. Sua massa corresponde a 25% da massa total do cinturão em que se encontra.

O nome Ceres vem da deusa romana da colheita e a palavra “cereal’ também é derivada deste nome. Foi o primeiro planeta anão visitado pela sonda da missão Dawn e supostamente tem água, diferente inclusive de muitos planetas conhecidos, onde essa substância não está presente.

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Ceres pela sonda Dawn em 2015 – Créditos: NASA

Haumea

Haumea é o terceiro planeta anão mais próximo do Sol (após Ceres e Plutão). Ele é o objeto que possui a rotação mais rápida do nosso Sistema Solar, completando uma volta ao redor de si em apenas quatro horas. Em função dessa rotação rápida, ele assume uma forma oval, como vemos na imagem abaixo.

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Haumea – concepção artística

Ele está localizado no cinturão de Kuiper, uma grande região fria de nosso Sistema Solar, além da órbita de Netuno, composta por milhões de objetos gelados. Haumea é cercado por duas luas chamadas Namaka e Hi’iaka, e foi o primeiro objeto do cinturão a ter anéis identificados. O nome Haumea vem da deusa havaiana da fertilidade.

Makemake

Makemake é o planeta anão seguinte e também está localizado no cinturão de Kuiper. Ele é o segundo objeto mais brilhante do cinturão. Seu nome vem da deusa da fertilidade da mitologia Rapanui. Este planeta anão tem uma lua conhecida por MK 2.

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Makemake – concepção artística

Éris

O maior planeta anão é Plutão, mas Éris vem em seguida com um tamanho bem parecido, sendo um pouco menor que a nossa Lua. O nome Éris vem da deusa grega da discórdia, o que condiz com as muitas discussões que esse planeta anão gera sobre a definição de um planeta. Éris tem uma lua chamada Disnomia, que faz uma órbita quase circular ao seu redor. Dentre os planetas anões identificados, ele é o mais distante do Sol, e está tão longe que a luz do Sol demora mais de 9 horas para chegar até ele.

Por que ceres não é considerado um planeta

Éris – concepção artística

Não deixe de conferir o texto que publicamos aqui no Blog sobre Plutão, o planeta anão mais famoso, por já ter sido considerado o nono planeta do nosso Sistema Solar. Em “O admirável mundo frio e distante de Plutão“, você vai saber as descobertas que foram feitas sobre ele pela sonda New Horizons, e entender o que faz um objeto celeste ser considerado como um planeta anão.

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[Texto de autoria de Letícia Rioga, estagiária do Núcleo de Astronomia]

Por que ceres não é considerado um planeta
Ceres é o menor planeta anão do Sistema Solar (Foto: Nasa/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)

Considerado no passado como um planeta, depois um asteroide e agora um planeta-anão com algumas características de lua, os cientistas ainda estão intrigados por Ceres - este corpo celeste que só agora começa a ser mais bem conhecido.

Novas observações dessa misteriosa bola de rocha e gelo - de 950 km de diâmetro, orbitando ao redor do Sol entre Marte e Júpiter - acrescentaram mais ingredientes ao enigma, informaram os pesquisadores nesta segunda-feira.

A sonda Dawn (Aurora), uma missão de US$ 473 milhões da agência espacial americana (Nasa) que desde 6 março orbita ao redor de Ceres, obteve informações adicionais sobre dois intrigantes pontos brilhantes na superfície do protoplaneta. Eles já especificaram que um é muito diferente do outro.

Enquanto o ponto 1 é muito mais frio do seu entorno imediato, o ponto 5 não é, informou a equipe de cientistas da Dawn presente em Viena, no marco da Assembleia Geral da União Europeia de Geociências, organização que reúne estudantes de ciências da Terra e do espaço.

"O que podemos dizer é que um dos pontos brilhantes parece comportar-se de maneira muito diferente. Isso é tudo o que podemos dizer agora", afirmou Federico Tosi, que estuda o Ceres a partir de dados enviados pela sonda.

Os pontos 1 e 5 fazem parte das dezenas de pontos brilhantes vistos em fotografias tiradas pela Dawn em que eles aparecem como luzes sobre uma superfície cinzenta.

Descoberto em 1801 pelo astrônomo siciliano Giuseppe Piazzi, Ceres se move no cinturão de asteroides a cerca de 9,9 bilhões de quilômetros do Sol, cumprindo uma órbita completa a cada 4,61 anos terrestres.

A equipe da sonda Dawn foi capaz de reunir imagens de Ceres tiradas com diferentes comprimentos de onda de luz, explicou Tosi à imprensa.

Uma das imagens que corresponde ao que o olho humano vê mostra Ceres como uma esfera "marrom escura" com dois pontos claramente visíveis.

No entanto, nas imagens térmicas, o ponto 1 é visto como uma mancha escura em uma esfera vermelha, indicando que "é mais frio do que o resto da superfície observada na mesma hora do dia de Ceres, sob as mesmas condições de iluminação Solar", disse Tosi.

A "grande surpresa", acrescentou ele, é que o ponto 5 desaparece na imagem térmica.

"O que é certo é que existem pontos brilhantes na superfície de Ceres, que pelo menos do ponto de vista térmico parecem se comportar de maneira diferente", acrescentou.

Teorias que explicam o que são esses pontos variam de seria gelo até "minerais hidratados", ou seja, a água que não está na forma de gelo puro, mas absorvida por minerais.

Menos crateras do que se esperava

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Imagem da Nasa mostra superfície do planeta Ceres em março deste ano (Foto: Nasa/JPL-Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA)

A presença de gelo seria difícil de explicar porque Ceres está em uma área não muito longe o suficiente do Sol para permitir a formação de "gelo estável" na superfície, explicou Tosi, membro do Instituto Nacional de Astrofísica, em Roma.

Outro aspecto intrigante são as diferenças entre Ceres e seu vizinho Vesta, um asteroide estudado pela Dawn em 2011 e 2012. Vesta é brilhante e reflete grande parte da luz solar, enquanto Ceres é escuro.

A equipe também observou menos crateras na superfície de Ceres, diferentemente do que já havia sido encontrado em Vesta.

"Quando comparamos o tamanho das crateras de Ceres com as de Vesta, foi um número bem menor do que estávamos antecipando", contou Christopher Russell, principal cientista da missão Dawn.

Outras marcas presentes na superfície, no entanto, sugerem que Ceres "teve uma história violenta em matéria de colisão", segundo Martin Hoffman, do Instituto Max Planck para a Investigação do Sistema Solar.

As coisas vão ficar mais claras nos próximos meses na medida em que a sonda Dawn - que durante semanas permaneceu lado escuro da Ceres - for se aproximando da superfície para observar sua composição e temperatura.

Os pesquisadores esperam que a missão, em seguida, forneça informações valiosas sobre a formação do nosso Sistema Solar, da qual Ceres parece ser, aparentemente, uma relíquia.