O cisto ovariano consiste no acúmulo de líquido dentro do ovário. A maioria dos cistos ovarianos ocorre como parte habitual do processo de ovulação, os chamados cistos funcionais, sendo benignos, sem riscos de se tornar um câncer. Esses cistos geralmente desaparecem em alguns meses sem qualquer tratamento, parte natural do processo de regressão. Não há necessidade de qualquer tipo de tratamento ou intervenção. Como os cistos ovarianos se formam? Os cistos ovarianos são formados nos ovários quando a ovulação não ocorre de forma adequada. Antes de o momento da ovulação um folículo é formado nos ovários que são responsáveis pela produção dos hormônios estrogênio e progesterona. Quando os ovários liberam um óvulo, este folículo se rompe. Em certos casos, a superfície do folículo não se rompe e a ovulação não ocorre. Consequentemente, o folículo cresce em tamanho e torna-se um cisto. Esse cisto formado devido à falta de ovulação é chamado cisto funcional. Não traz nenhum tipo de prejuízo e vai embora por conta própria sem qualquer tipo de tratamento. Costumam ter no máximo 5 cm de diâmetro. No entanto, em algumas situações, o cisto torna-se maior e enfraquece a parede dos ovários causando assim a sua ruptura. O desfecho mais comum é o simples extravasamento do líquido contido no cisto dentro do abdome, o que não causa dor ou , às vezes, dor leve. Porém, esta condição merece atenção pois pode dar origem a várias complicações, como o sangramento. Em certas ocasIões, o cisto apresenta o rompimento de um pequeno vaso na sua parede e sangra para o seu interior. Então, o conteúdo líquido é substituído por sangue. Este tipo de cisto é denominado cisto hemorrágico. Cisto ovariano funcional durante procedimento de videolaparosopia Quais os sintomas mais comuns?
Cisto ovariano funcional em exame de ultrassom Cisto ovariano hemorrágico durante videolaparosopia Complicações Outra complicação frequente é a torção do ovário, especificamente da tuba uterina. A tuba gira causando uma torção e o fornecimento de sangue aos ovários vai se restringido, o que leva à morte do tecido do ovário (isquemia e necrose). Esta poder ser uma condição que necessite de cirurgia de urgência, caso a paciente evolua com dor pélvica aguda intensa e haja sinais de isquemia do ovário. Tratamento A maior parte das rupturas de cistos vão evoluir sem maiores complicações e o tratamento consiste em analgesia e observação. Mesmo os cistos ovarianos hemorrágicos com sangramento de pequeno volume podem ser tratados de forma conservadora, ou seja, sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Nos casos em que ocorre torção do ovário ou o cisto hemorrágico roto com sangramento ativo e volumoso, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. Esse é o chamado abdome agudo ginecológico. No primeiro caso, a intenção é preservação do ovário. A intervenção cirúrgica precoce tem o objetivo de desfazer a torção da tuba uterina e reestabelecer o fluxo de sangue para o ovário antes que ele sofra isquemia. No entanto, caso já tenha ocorrido isquemia prolongada e necrose, a retirada do ovário se faz necessária (ooforectomia). No caso de cisto hemorrágico, a cirurgia é indicada para controle da hemorragia. Inicialmente, tenta-se preservar o ovário, mas caso a hemorragia não seja bem controlada, a ooforectomia torna-se necessária. Atualmente a via de acesso padrão ouro para o tratamento cirúrgico é a videolaparoscopia, um tipo de cirurgia minimamente invasiva. O cirurgião insufla a cavidade abdominal com gás e faz pequenas incisões na parede abdominal através das quais uma microcâmera e instrumentos cirúrgicos são inseridos. A grande maioria das cirurgias para o abdome agudo ginecológico pode ser realizada por acesso laparoscópico. SO cirurgião identifica o cisto e pode removê-lo, controlar o sangramento ou desfazer uma torção ovariana quando possível. Torção de ovário durante videolaparosopia Desenho ilustrativo de uma videolaparoscopia Tenho um cisto ovariano. Devo me preocupar? A maior parte dos cistos ovarianos são funcionais e vão evoluir sem maiores complicações. Toda paciente deve ser avaliada por um especialista. Atenção especial dever ser dada na mulher após a menopausa ou em uma menina que ainda não teve a primeira menstruação. Ou seja, em pacientes que não estão na idade fértil e não ovulam. Casos de cistos volumosos (maiores que 5 cm) e em abos os ovários também devem ser avaliados com cautela. Nestes casos, serão solicitados exames, principalmente se o cisto for grande e não desaparecer em poucos meses. Embora a maioria dos cistos seja benigna, uma pequena porcentagem pode ser maligna. Às vezes, a única maneira de saber com certeza se o cisto é maligno é removendo-o cirurgicamente. |