Autor: Rafaela Linhares MD
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Revisor: Catarina Chaves MD
Última revisão: 07 de Abril de 2022
Tempo de leitura: 12 minutos
O baço é o maior órgão do sistema linfático, uma subdivisão do sistema imunológico. Sua rede de trabéculas, vasos sanguíneos e tecido linfoide forma um ambiente onde os glóbulos brancos (linfócitos) proliferam enquanto os eritrócitos danificados (hemácias) são reciclados.
Embora possa parecer dispensável, pois é possível viver sem ele, o baço está constantemente filtrando o sangue para detectar a presença de microorganismos. Se você se encontrar na sala de emergência, o baço também contém um grande reservatório de sangue que pode ser bombeado de volta para a circulação, se necessário.
Definição | Órgão linfático intraperitoneal encontrado do lado esquerdo do abdome, inferiormente ao diafragma |
Localização | Hipocôndrio esquerdo (quadrante superior esquerdo) |
Estrutura | Cápsula, trabéculas, polpa branca, polpa vermelha |
Função | Vigilância imunológica, proliferação e maturação dos linfócitos, degradação de eritrócitos senescentes e danificados |
Suprimento neurovascular | Artéria: artéria esplênica Veia: veia esplênica Linfonodo: linfonodo celíaco Inervação: plexo celíaco |
Correlações clínicas | Esplenectomia |
Esta página descreverá a anatomia do baço e sua função.
Para melhor detalhar a localização do baço, descreveremos suas relações. O baço encontra-se na região do hipocôndrio esquerdo do abdome (quadrante superior esquerdo). Mais precisamente, o baço está localizado posteriormente ao estômago e anteriormente ao hemidiafragma esquerdo ao nível das costelas 9-10. Medialmente ao baço encontra-se o rim esquerdo; superiormente o diafragma; enquanto que inferiormente ele repousa diretamente sobre a flexura cólica esquerda (flexura esplênica).
Embora o baço possa descer até a sínfise púbica, como visto no linfoma de células do manto, ele normalmente não se estende além do arco costal esquerdo e, portanto, não pode ser palpado em indivíduos saudáveis.
O baço é um órgão roxo do tamanho de um punho. É envolvido por uma cápsula fibroelástica que permite que o baço aumente significativamente seu tamanho quando necessário. O baço é um órgão intraperitoneal, de modo que todas as suas superfícies estão recobertas por peritônio visceral. Apenas o hilo do baço, o local por onde passa a artéria e veia esplênicas, é livre de peritônio.
Anatomia do baço - um diagramaÓrgãos próximos ao baço deixam suas impressões em sua superfície que, junto com as bordas do baço, podem ser facilmente observadas e descritas.
- Superfície diafragmática (lateral): inclina-se sobre a porção adjacente do diafragma, portanto é ligeiramente convexo para se encaixar perfeitamente na concavidade do hemidiafragma esquerdo. Esta superfície também mostra impressões das costelas 9-11.
- Superfície medial do baço: mostra três áreas de impressão. A área cólica é a impressão da flexura cólica esquerda, a área gástrica é a impressão do estômago, e a área renal é a impressão do rim esquerdo. O hilo esplênico pode ser encontrado na região central dessa superfície.
O baço possui três bordas (superior, inferior e anterior), assim como duas extremidades (anterior e posterior). A borda superior limita a área gástrica, a borda inferior limita a área renal e a borda anterior limita a área cólica.
Três ligamentos que se originam das estruturas vizinhas se ligam ao baço. Dois desses ligamentos se conectam ao hilo esplênico e são atravessados pelos vasos esplênicos. O ligamento gastroesplênico conecta o hilo à curvatura maior do estômago. Contém os vasos gástricos curtos e as artérias e veias gastro-omentais (gastroepiplóicas). O ligamento esplenorrenal conecta o hilo esplênico ao rim esquerdo. Transporta a artéria e a veia esplênicas. Por último, o baço se repousa no ligamento frênico-cólico, que se origina no cólon e também é conhecido como sustentaculum lienis.
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Entender a anatomia microscópica do baço é importante para entender sua função. Numerosos septos chamados de trabéculas se estendem desde o tecido conjuntivo denso fibroelástico irregular da cápsula até o parênquima do baço. Tanto a cápsula como as trabéculas contêm células mioepiteliais que têm a capacidade de se contrair. Como o baço armazena uma quantidade significativa de sangue, quando o corpo necessita a contração das células mioepiteliais bombeia o sangue armazenado para o sistema circulatório; por exemplo, durante atividade física intensa ou em uma hemorragia maciça.
Anatomia microscópica do baço - um diagramaO parênquima do baço é chamado de polpa. Com base na coloração da polpa em cortes a fresco, podemos distinguir a polpa branca e a polpa vermelha. A polpa branca é o principal tecido linfoide do baço, representando o acúmulo de linfócitos ao redor de um vaso arterial. Esta agregação de linfócitos constitui o tecido linfático conhecido como bainha linfática periarterial (BLPA), que é a primeira a reagir caso microorganismos cheguem ao baço através da corrente sanguínea. Os vasos arteriais centrais nos nódulos da BLPA são ramos da artéria esplênica.
A polpa vermelha consiste em seios venosos e cordões esplênicos (de Billroth), com um revestimento de macrófagos esplênicos ao redor dos seios. A artéria central do BLPA continua a partir da polpa branca e entra na polpa vermelha como um capilar. Esses capilares drenam para os cordões esplênicos, onde os macrófagos fagocitam os eritrócitos velhos e danificados. A partir daí, o sangue se difunde nos seios esplênicos, retornando, assim, à circulação venosa.
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O baço é um órgão linfoide secundário. Isso significa que o baço filtra o sangue e apresenta partículas estranhas (antígenos) aos linfócitos que abriga. Desta forma, o baço estimula a maturação e a ativação dos linfócitos.
Ao filtrar o sangue, o baço também recicla eritrócitos senescentes e danificados. Em indivíduos saudáveis, aproximadamente um terço do total de plaquetas (trombócitos) é armazenado no baço. Nas doenças que resultam em aumento do baço (esplenomegalia), a quantidade de plaquetas sequestradas no baço aumenta até 90%, resultando em trombocitopenia (um baixo número de plaquetas no sangue circulante). Quando a trombocitopenia é grave, pode resultar em sangramento espontâneo, que pode ser muito perigoso, especialmente se ocorrer no sistema nervoso central.
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Observe que nos fetos o baço é o local onde ocorre a hematopoiese, o que significa que o baço é a fonte de formação de células sanguíneas até que a medula óssea se torne competente para assumir esse processo.
O suprimento arterial do baço vem da tortuosa artéria esplênica, que alcança o baço à medida que viaja através do ligamento esplenorrenal. Esta artéria emerge do tronco celíaco, que é um ramo da aorta abdominal.
A drenagem venosa do baço ocorre através da veia esplênica, que também recebe sangue da veia mesentérica inferior. Posteriormente ao colo do pâncreas, a veia esplênica se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta hepática.
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Os linfonodos esplênicos encontram-se no hilo e recebem linfa através dos vasos linfáticos perivasculares e subcapsulares. Em seguida, drenam para os linfonodos pancreáticos superiores (pancreaticosplênicos) encontrados na superfície superior do pâncreas. A partir daí, a linfa é drenada para os linfonodos celíacos.
Confira nossos materiais para solidificar seu conhecimento sobre o suprimento neurovascular e os linfonodos do baço.
O baço é inervado pelos nervos autônomos do plexo celíaco, que abastecem o baço tanto com nervos simpáticos quanto parassimpáticos. Esses nervos formam o plexo esplênico, que chegam ao hilo esplênico cursando ao longo da artéria esplênica e seus ramos.
A esplenectomia é a remoção cirúrgica do baço total ou parcialmente. Apesar de sua importante função para o sistema imunológico, o baço não é um órgão vital. As razões para remover o baço incluem:
- Esplenomegalia maciça
- Ruptura do baço
- Infecção grave
- Baço errante
- certos distúrbios do sangue, como anemia falciforme e púrpura trombocitopênica imune
Pessoas sem baço são propensas a infecções e precisam de vacinas adicionais e antibióticos profiláticos (se necessário) pelo resto de suas vidas.
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Bibliografia:
- Drake, R. L., Vogl, A. W., & Mitchell, A. W. M. (2015). Gray’s Anatomy for Students (3rd ed.). Philadelphia, PA: Churchill Livingstone.
- Moore, K. L., Dalley, A. F., & Agur, A. M. R. (2014). Clinically Oriented Anatomy (7th ed.). Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins.
Artigo, revisão e layout:
- Jana Vasković
- Alexandra Osika
- Nicola McLaren
Tradução para Português:
- Rafaela Linhares
- Catarina Chaves
Ilustrações:
- Baço - vista anterior - Irina Münstermann
- Baço - vista axial - National Library of Medicine
- Baço - vista axial - Raio-X
- Baço - lâmina histológica - Smart In Media
- Baço - vista anterior - Begoña Rodriguez
- Anatomia do baço - um diagrama - Irina Münstermann
- Ligamento gastroesplênico - vista medial - Irina Münstermann
- Ligamento esplenorrenal - vista medial - Irina Münstermann
- Anatomia microscópica do baço - um diagrama - Paul Kim
- Artéria esplênica - vista anterior - Begoña Rodriguez
- Veia esplênica - vista anterior - Begoña Rodriguez
- Linfonodos celíacos - vista anterior - Esther Gollan
- Gânglios celíacos - vista anterior - Irina Münstermann
- Plexo esplênico - vista lateral-esquerda - Paul Kim
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