O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade é designado

O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade é designado

Como ser um Membro da Sociedade Fonte: SOCIOLOGIA E SOCIEDADE (Leituras de introdução à Sociologia) Marialice Mencarini Foracchi – José de Souza Martins Capítulo 13 - SOCIALIZAÇÃO: COMO SER UM MEMBRO DA SOCIEDADE Peter L. Berger e Brigitte Berger A infância: componentes não-sociais e sociais Podemos afirmar que a experiência social começa com o nascimento. O mundo da criança é habitado por outras pessoas. Desde o início, a criança desenvolve uma interação não apenas com o próprio corpo e o ambiente físico, mas também com outros seres humanos. Os componentes não sociais das experiências da criança estão entremeados e são modificados pela experiência social. Sua experiência relativa aos outros indivíduos constitui o ponto crucial de toda experiência. São os outros que criam os padrões por meio dos quais se realizam as experiências. É só através desses padrões que o organismo consegue estabelecer relações estáveis com o mundo exterior – e não apenas com o mundo social, mas também com o da ambiência física. E esses mesmos padrões penetram no organismo; em outras palavras, interferem em seu funcionamento. São os outros que estabelecem os padrões pelos quais se satisfaz o anseio da criança pelo alimento. E, ao procederem assim, esses outros interferem no próprio organismo da criança. A sociedade não apenas impõe seus padrões de comportamento da criança, mas estende a mão para dentro de seu organismo a fim de regular as funções de seu estômago. O mesmo aplica-se à secreção, ao sono e a outros processos fisiológicos ligados ao estômago. Alimentar ou não alimentar: uma questão de fixação social Em suas relações com outros indivíduos, a criança defronta-se com um microcosmo bastante circunscrito. Só bem mais tarde fica sabendo que esse microcosmo se entrosa com um macrocosmo de dimensões infinitamente maiores. Esse macrocosmo (invisível) moldou e definiu antecipadamente todas as experiências com que a criança se defronta com seu microcosmo. Os microcosmos, em que se desenvolvem as experiências da criança se diferem de acordo com os macrocosmos que se inserem. O treinamento para o uso do toalete: a moita ou a “inspiração” O treinamento para o uso do toalete constitui outro setor do comportamento da criança em que as próprias funções fisiológicas do organismo são forçadas de maneira bastante óbvia, a submeter-se aos padrões sociais. A socialização: padrões relativos experimentados como absolutos O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade é designado pelo nome de socialização. É a imposição de padrões sociais à conduta individual. Esses padrões chegam mesmo a interferir nos processos fisiológicos do organismo. Os padrões impostos durante o processo de socialização são altamente relativos. Dependem não apenas das características individuais dos adultos que cuidam da criança, mas também dos vários grupamentos e classes sociais a que pertencem esses adultos. O caráter absoluto com que os padrões sociais atingem a criança resulta de dois fatos bastante simples: o grande poder que os adultos exercem numa situação como a que se encontra a criança e a ignorância dessa sobre a existência de padrões alternativos. Os adultos exercem um poder avassalador sobre a criança, por vários fatores como: a dependência que as crianças tem deles e que temem seus castigos, os adultos apresentam- lhe certo “mundo” e para a criança, esse “mundo” é o Mundo. Só posteriormente a mesma descobre que existem alternativas fora desse “mundo”, que o “mundo” dos seus pais é relativo no tempo e no espaço e que padrões diferentes podem ser adotados. Só então o indivíduo toma conhecimento da relatividade dos padrões e dos mundos sociais. A iniciação da criança: o mundo transforma-se em seu mundo Pela “visão policialesca”, a socialização é vista principalmente como uma série de controles exercidos de fora e apoiada por algum sistema de recompensas e castigos. Por outro ângulo, a socialização pode ser considerada um processo de iniciação por meio do qual a criança pode desenvolver-se e expandir-se a fim de ingressar num mundo que está ao seu alcance. Sob este ponto de vista a socialização constituiu parte essencial do processo de humanização integral e plena realização do potencial do indivíduo. No curso do processo de socialização este mundo torna-se inteligível. A criança penetra nesse mundo e adquire capacidade de participar dele. Ele se transforma no “seu mundo”. A linguagem, o pensamento, a reflexão e a “fala respondona” O veículo primordial da socialização, especialmente sob o 2o ponto de vista, é a linguagem. Ao assenhorear-se da linguagem, a criança aprende a transmitir e reter certos significados socialmente reconhecidos. Adquire a capacidade de pensar abstratamente e a capacidade de refletir. A socialização é um processo de configuração e/ou moldagem. A criança é configurada pela sociedade, é por ela moldada de forma a fazer dela um membro reconhecido e participante. Mas, a criança não é uma vítima passiva da socialização. Resiste à mesma, dela participa e nela colabora de forma variada. A socialização é um processo recíproco, visto que afeta não apenas o indivíduo socializando, mas também os socializantes. É necessário admitir que há limites para a socialização. Essas limitações estão fixadas no organismo da criança. O estado atual do conhecimento científico não nos permite traçar limites precisos da socialização. Todavia, é muito importante que não nos esqueçamos de que esse limite existe. Tomando as atitudes e desempenhando o papel dos outros O mecanismo fundamental da socialização consiste num processo de interação e identificação com os outros. Um passo decisivo é dado no momento em que a criança aprende a tomar as atitudes do outro. Isso significa que a criança não só aprende a reconhecer certa atitude em outra pessoa e a compreender seu sentido; mas também aprende a toma-la ela mesma. Há um processo de interação e identificação em que o sentido da atitude é absorvido pela criança. Em fase específica da socialização terá sido coroada de êxito quando a criança tiver aprendido a tomar a mesma atitude para consigo mesma, até na ausência da mãe. O que a mãe transmite ao filho não é apenas uma série de atitudes, mas sim um padrão geral de conduta que pode ser designado como o “papel da mãe”. A criança aprende não só a tomar atitudes específicas, mas a assumir os respectivos papéis. Ao desempenhar papéis (cowboy, índio, pai, irmão, etc) a criança aprende, antes de mais nada, a seguir um padrão de conduta reiterada. O que importa não é tornar-se um índio, mas aprender como desempenhar um papel. Socialização: dos “outros significativos” ao “outro generalizado” Além da função de aprendizagem generalizada realizada através do ato de “desempenhar” papéis, esse mesmo processo pode transmitir significados sociais “verdadeiros”. A maneira pela qual uma criança desempenhará papeis dependerá do modo em que ela vê o papel diante da visão da sociedade ou comunidade em que vive. Vê-se que a socialização se realiza numa contínua interação com outros. Mas nem todos os outros com que a criança se defronta assumem a mesma importância nesse processo. Alguns deles evidentemente ocupam uma posição de relevo. Outras pessoas se situam num segundo plano, e sua função no processo de socialização poderia ser concebida como a de quem providencia o fundo musical. Entram nesta categoria os contactos ocasionais de todos os tipos, desde o carteiro até o vizinho que só aparece de vez em quando. Os outros significativos.

O processo por meio do qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade é designado
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Leia o texto a seguir.

A socialização é o processo pelo qual o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade. As instituições cumprem papel importante nesse processo ao incluir a criança no mundo social e também o adulto em novos e específicos cenários da sociedade.

(Adaptado de: BERGER, L. P.; BERGER, B. Socialização: como ser um membro da sociedade. In: FORACCHI, M. M.; MARTINS, J. S. (orgs.) Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978. p.200-2014.)

Com base no texto e nos conhecimentos sociológicos funcionalistas sobre socialização, considere as afirmativas a seguir.

I. A interiorização de papéis por meio da família e o processo de identificação com os outros são fundamentos da socialização.

II. A socialização impõe padrões e normas sociais à conduta dos indivíduos, por meio da interação social e das instituições.

III. A socialização secundária tem como efeito a ruptura com os ensinamentos da socialização primária.

IV. A participação do indivíduo na escola e em outras instituições provocam efeitos negativos no processo de socialização.

Assinale a alternativa correta.