Apesar de a expansão do modo capitalista de produção agrícola ter intensificado a mecanização do campo, a utilização de defensivos e a introdução da genética e da biotecnologia, a agricultura de subsistência continua sendo praticada em vários países do mundo, em especial no continente africano, asiático e na América Latina. A agricultura de subsistência é uma modalidade que tem como principal objetivo a produção de alimentos para garantir a sobrevivência do agricultor, da sua família e da comunidade em que está inserido, ou seja, ela visa suprir as necessidades alimentares das famílias rurais. Essa vertente de produção é desenvolvida, normalmente, em pequenas propriedades (minifúndios) e com mão de obra de famílias camponesas ou por comunidades rurais. É marcada pela utilização de métodos tradicionais de cultivo, com pouco (ou nenhum) recurso tecnológico, baixa produção, cultivo de gêneros alimentícios – arroz, mandioca, feijão, batata, milho, hortaliças, frutas, etc. –, em que o excedente é trocado por outros produtos ou comercializado. Os objetos usados durante o cultivo são o arado de tração animal, enxada, machado, foice, adubo natural, etc. Uma das principais vantagens da agricultura de subsistência é a qualidade dos produtos, visto que não são utilizados agrotóxicos, conservantes e nem produtos químicos, proporcionado, assim, alimentos muito mais saudáveis. Show Famílias camponesas tentam resistir aos empecilhos gerados por esse modelo: baixa produtividade, dificuldade para conseguir empréstimos e a falta de auxílio dos grandes produtores e de empresas. No entanto, muitos persistem e conseguem dar continuidade em suas atividades sem serem corrompidos pelo modelo capitalista, que está causando uma grande alteração na estrutura fundiária. Por Wagner de Cerqueira e Francisco Publicado por Wagner de Cerqueira e Francisco A globalização é um termo que foi elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação da integração econômica e política internacional, marcado pelo avanço nos sistemas de transporte e de comunicação. Por se caracterizar como um fenômeno de caráter mundial, muitos autores preferem utilizar o termo mundialização. É preciso lembrar, porém, que, apesar de ser um conceito recentemente elaborado, a sua ocorrência é antiga. A maioria dos cientistas sociais marca o seu início no final do século XV e início do século XVI, quando os europeus iniciaram o processo de expansão colonial marítima. Com isso, é possível perceber que a globalização não é um fato repentino e consolidado, mas um processo de integração gradativa que está constantemente se expandindo. Leia também: Nova Ordem Mundial Aldeia globalMuitos autores utilizam o termo “aldeia global” para se referir à globalização, pois ela não se limita aos planos políticos e econômicos, ocorrendo também no âmbito da cultura. Observa-se uma grande troca de costumes, hábitos e mercadorias culturais. Os animes japoneses e os filmes de Hollywood, por exemplo, são assistidos em todo o mundo. Assim, muito se fala em uma padronização cultural. No entanto, há quem conteste essa tese, dizendo que os regionalismos também se ampliam, promovendo o aumento da heterogeneidade cultural. Outros chegam a afirmar que o que ocorre, na verdade, é uma hegemonização cultural, em que os costumes dominantes se impõem sobre os demais. Para se ter uma ideia dos avanços tecnológicos e do aumento da velocidade nas trocas de informações, podemos comparar as notícias das mortes de duas personalidades mundialmente conhecidas. Em 1865, quando Abraham Lincoln faleceu, a notícia chegou à Europa treze dias depois. Em 2009, a morte de Michael Jackson estava sendo divulgada em tempo real para todo o mundo. O geógrafo e economista David Harvey, em sua obra “A condição pós-moderna”, utiliza-se de um conceito específico para se referir ao aumento da velocidade nas trocas comerciais e de informações: a compressão espaço-tempo. Isso porque, com os avanços nos meios de transporte, as grandes distâncias deixaram – ou estão deixando – de ser um obstáculo. Ao mesmo tempo, os avanços nos meios de comunicação também “encurtaram” o tempo, como no exemplo citado acima. O que se levava vários dias ou semanas para ser noticiado, hoje é conhecido pelo mundo todo em pouquíssimos segundos. Leia também: Desigualdade social – grave problema que afeta todo o mundo Críticas à globalizaçãoO processo de globalização, em seus moldes atuais, vem sendo duramente criticado por alguns intelectuais e grupos sociais organizados. A principal afirmação é de que esse processo ocorre de uma forma que beneficia apenas as elites econômicas e os países dominantes, em detrimento das populações pobres e regiões de todo mundo. O ponto central das críticas é que os avanços tecnológicos e das comunicações sempre alcançam primeiramente aqueles que possuem um poder aquisitivo superior. Outro fator é que, com as expansões das inúmeras multinacionais em todo o mundo, amplia-se a concentração de renda, de modo que o número de pessoas contempladas pelos benefícios da mundialização diminui constantemente. Um exemplo a ser citado é o fato de as três pessoas mais ricas do mundo somarem mais riquezas do que os 48 países mais pobres do mundo juntos. Além disso, segundo os críticos da globalização, o processo de integração mundial foi construído tendo como base o modelo europeu de cultura e civilização. Assim, toda forma de conhecimento e comportamento teria sido estabelecida com base nos padrões eurocêntricos de moralidade, suprimindo povos e culturas tradicionais de outros países, considerados “inferiores” pela ideologia dominante. O geógrafo Milton Santos, em sua renomada obra Por uma outra Globalização, divide esse fenômeno em três abordagens: a) a globalização como fábula, ou seja, da forma como nos é contada; b) a globalização como perversidade, da forma como ela realmente é; c) a globalização como possibilidade, quando propõe a ideia de uma outra globalização, mais justa e igualitária. Atualmente, os principais movimentos organizados para lutar contra a globalização ou contra as suas consequências são o Fórum Social Mundial e o Ocuppy Wall Street.
Pecuária é a atividade produtiva de criação de animais que tem como propósito a produção de alimentos como carnes, ovos e leites, ou de matérias-primas, a exemplo de peles, couros e lãs destinadas à confecção de outros artigos. A pecuária pode ser de corte, leiteira ou de lã, e praticada nas modalidades extensiva ou intensiva. Não obstante ela possua grande importância para a economia e para a subsistência, pode causar alguns problemas ambientais, como o desmatamento, a compactação dos solos e a emissão de gases poluentes na atmosfera. Leia também: Agronegócio — as atividades econômicas ligadas à agropecuária Resumo sobre pecuária
O que é pecuária?A pecuária é uma atividade econômica pertencente ao setor primário que diz respeito à criação de animais para a comercialização direta, para o fornecimento de matérias-primas empregadas em outros setores produtivos (como couros, lãs e peles) e, principalmente, para a produção de alimentos como carnes, leites, ovos e mel. Tipos de pecuáriaQuando falamos em pecuária, a primeira coisa que nos vem à mente é a criação do gado bovino. No entanto, todo e qualquer tipo de criação de animais com fins econômicos e para a alimentação está incluso no escopo da pecuária. Existem, portanto, diferentes tipos em que essa atividade pode ser dividida, e até mesmo dentro dessa separação são identificadas finalidades distintas. A primeira forma de se categorizar a pecuária é com base na criação propriamente dita, ou seja, de acordo com a espécie animal envolvida nos processos. Tem-se, com isso, as pecuárias:
A pecuária pode ser classificada também conforme a sua finalidade produtiva, dividindo-se em:
Modalidades da pecuáriaAs modalidades da pecuária dizem respeito à maneira pela qual se dá a criação dos animais, como a utilização do espaço e as técnicas empregadas no manejo dos rebanhos.
Leia também: Diferenças entre a agricultura intensiva e extensiva Importância da pecuáriaA criação de animais para a alimentação e a obtenção de peles está presente na história da humanidade há muitos séculos, sendo importante para a subsistência de agrupamentos humanos. No decorrer do tempo, a relevância dessa atividade deixou de ser atrelada exclusivamente à sobrevivência e se tornou econômica, representando assim uma fonte importante de receitas para economias locais e nacionais, além de gerar diversos empregos direta e indiretamente. Os produtos derivados da pecuária, como as carnes (destacando-se a bovina), os leites e as peles e os couros, ocupam uma posição de destaque na cesta de exportação de muitos países, como Brasil, Austrália, Argentina, Estados Unidos e Índia. Além do mercado externo, a atividade pecuária é responsável pelo abastecimento dos mercados internos com alimentos (carnes, leites, ovos, mel) e matérias-primas que serão utilizadas principalmente na produção de outros gêneros alimentícios, calçados e vestuário. Problemas ambientais causados pela pecuáriaA criação de animais pode gerar um conjunto de problemas ao meio ambiente, especialmente a pecuária bovina. Listamos os principais deles abaixo.
Leia também: Problemas ambientais rurais — os impactos gerados no espaço do campo Pecuária no BrasilA pecuária é hoje uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil, com grande destaque para a pecuária bovina de corte. Entre 2019 e 2020, a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país saltou de 8,4% para 10%, ambas cifras muito expressivas. Ainda considerando a criação de gado bovino, o IBGE calcula que o país dispõe atualmente de 215 milhões de cabeças de gado, as quais se concentram nos estados da região Centro-Oeste do país, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e do Norte, com grande participação de municípios paraenses. As carnes integram a lista de principais produtos exportados pelo país, com a carne bovina ocupando a quinta posição entre as mercadorias destinadas ao mercado externo. Tem destaque também a carne de origem suína. Os maiores compradores da carne brasileira são a China, o Chile, os Estados Unidos e as Filipinas. A produção de pequena escala é de suma importância para o abastecimento do mercado interno e para a subsistência. Já o abastecimento do mercado externo está diretamente associado ao desenvolvimento do agronegócio e à prática da pecuária extensiva em áreas de expansão da fronteira agrícola, onde é possível observar a presença de extensas áreas de pastagem. Além dos estados previamente mencionados, Goiás, Minas Gerais e Rondônia concentram uma grande parcela do rebanho brasileiro. História da pecuáriaA história da pecuária teve início em conjunto com a domesticação de animais para a alimentação. Esse processo teve início com a domesticação de ovelhas na região do sudeste asiático, entre os anos de 11.000 e 9000 a.C, seguido da criação de cabras um milênio mais tarde, por volta do ano 8000 a.C. As comunidades nômades foram as primeiras a extraírem os produtos desse rebanhos, fazendo grande uso das peles, lãs, carnes e leites. Concomitantemente, comunidades sedentárias realizaram o mesmo procedimento, mas com rebanhos bovinos e suínos. Pensando na pecuária brasileira, os primeiros animais foram introduzidos no território pelo estado da Bahia, no século XVI, e vinham das ilhas de Cabo Verde. Inicialmente o gado foi utilizado como força motora nas lavouras de cana-de-açúcar. Depois, os rebanhos tiveram papel fundamental na interiorização da ocupação das terras brasileiras, em um primeiro momento no sertão nordestino, onde o pastoreio nômade representou uma importante prática para a subsistência e, mais tarde, fonte de renda para os moradores locais. Esse processo ocorreu em outras regiões, principalmente no Sul e no Sudeste do país, e atualmente fica na região Centro-Oeste a principal produção pecuária do país. Confira no nosso podcast: Evolução do espaço agrário brasileiro e seus efeitos Exercícios resolvidos sobre pecuáriaQuestão 1 (ETEC) “A atividade pecuária possui grande representatividade na economia brasileira. Não é novidade que o Brasil possui um dos maiores rebanhos comerciais de bovinos do mundo. Essa atividade gera milhões de empregos diretos e indiretos, e 20% do território nacional é ocupado com pastagens que são destinadas à criação do gado.” Acesso em: 07.10.2019. Adaptado. Assim como na agricultura, a atividade pecuária se diferencia em extensiva e intensiva. A pecuária intensiva é um sistema: a) tradicional de produção, em que os animais são criados em grandes áreas, o qual emprega técnicas arcaicas com objetivo de manter a produtividade. b) tradicional de produção, em que predomina a utilização dos nutrientes do pasto como fonte de alimentos para os animais e utilização mínima de água. c) tradicional de produção, em que, nos períodos mais secos, complementa-se a alimentação dos rebanhos com cactáceas, como a palma e proteinados de baixo custo. d) moderno de produção, em que ocorrem investimentos em técnicas avançadas aplicadas nos rebanhos, tais como melhoramento genético e inseminação artificial. e) moderno de produção, em que os animais são criados soltos e, como forma de suplementação, é feito o fornecimento de sal comum e de sal mineral aos rebanhos. Resolução: Alternativa D. A pecuária intensiva tem como principais características o emprego de tecnologias modernas e o cuidado e acompanhamento veterinário do animal, visando sempre à melhor produtividade e qualidade do produto final. Questão 2 (Enem) O mapa abaixo mostra a distribuição de bovinos no bioma amazônico, cuja ocupação foi responsável pelo desmatamento de significativas extensões de terra na região. Verifica-se que existem municípios com grande contingente de bovinos, nas áreas mais escuras do mapa, entre 750.001 e 1.500.000 cabeças de bovinos. A análise do mapa permite concluir que: a) os estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia detêm a maior parte de bovinos em relação ao bioma amazônico. b) os municípios de maior extensão são responsáveis pela maior produção de bovinos, segundo mostra a legenda. c) a criação de bovinos é a atividade econômica principal nos municípios mostrados no mapa. d) o efetivo de cabeças de bovinos se distribui amplamente pelo bioma amazônico. e) as terras florestadas são as áreas mais favoráveis ao desenvolvimento da criação de bovinos. Resolução: Alternativa A. O mapa indica que, na Amazônia, os rebanhos se concentram no Pará, norte do Mato Grosso e Rondônia, áreas que, não por coincidência, representam os locais para onde a fronteira agrícola brasileira tem se expandido nos últimos anos. Por Paloma Guitarrara |