Como a cultura de massa sobrepõe a popular

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Cultura de massa é um termo usado por filósofos da Escola de Frankfurt, que designa uma cultura que não é autêntica e está ligada ao consumo.

Cultura de massa é um termo inicialmente surgido dentro da Escola de Frankfurt, a partir de estudos e observações de intelectuais da época, como Theodor Adorno e Max Horkheimer. Todavia, é a partir da observação da sua existência, que a cultura passou a ser tratada como mercadoria.

Nesse sentido, pensar em um conceito de cultura de massa, automaticamente nos leva a pensar na existência de uma indústria cultural, que age se apropriando da arte e a transformando em um subproduto, feito apenas para suprir as necessidades da indústria capitalista.

Assim, a cultura de massa está intimamente ligada ao capitalismo, ao pós-guerra e a expansão mercantilista da cultura, enquanto mercadoria que atinge a população de maneira abrangente. Pelo seu caráter mercadológico, a cultura de massa acaba por gerar, também, relações comerciais.

Origens da cultura de massa

Os processos tecnológicos experimentados pela humanidade a partir do século XIX, contribuíram para que o modo de vida do ser humano fosse consideravelmente modificado, o que acabaria afetando as formas de produção e consumo de bens culturais.

Theodor Adorno e Max Horkheimer.

Nesse sentido, o surgimento e propagação dos meios de comunicação em massa, possibilitou um fenômeno exclusivo do século XX, que envolvia a produção de uma arte voltada ao entretenimento das grandes massas e que gerasse lucro.

Todavia, depois da Segunda Guerra Mundial, o conceito de cultura de massa conseguiu se expandir dentro do meio intelectual, juntamente com o conceito de indústria cultural, ao qual faz relação direta.

Na década de 1950, entretanto, a Escola de Frankfurt se consolidou como um centro de estudos para este fenômeno. Nomes como os dos filósofos alemães, Theodor Adorno e Max Horkheimer se destacaram nas reflexões acerca do advento da produção cultural para as massas.

Para esses autores, a indústria cultural seria responsável pela produção de bens culturais destinados à massa, criados apenas para a geração de lucros. Nesse sentido, a cultura de massa estaria diretamente inserida no contexto capitalista.

Adorno e Horkheimer defendiam ainda que a cultura de massa era responsável pela alienação e homogeneização da população. Isso se dava ao fato de que os produtos culturais de massa eram limitados e pré-definidos. Eram todos homogêneos e não carregavam consigo qualquer profundidade política ou até mesmo reflexão social.

Outro nome que se destacou nos estudos foi o teórico alemão, Walter Benjamim. Todavia, ele afirmava que ao mesmo tempo em que era vista com caráter homogeneizador, a cultura de massa era também responsável por proporcionar acesso amplo a classes sociais inferiores aos bens culturais.

Cultura de massa: definição e características

A cultura de massa é um fenômeno do século XX que foi possibilitado pelo advento dos meios de comunicação de massa. A cultura de massa se caracteriza não por ser produzida, mas sim reproduzida.

Ela nasce da concepção de cultura não autêntica. Assim, a ideia por trás da cultura de massa não é a criação de algo autêntico, mas sim a reprodução incessante de tudo aquilo que já foi produzido, de modo que atinja sempre o maior número de espectadores e gere muito lucro.

A indústria cultural se apropria da arte.

Todavia, a cultura de massa é considerada como manifestação cultural inautêntica pelo fato de ser resultado da massificação da cultura. Ela existe para a reprodução de bens culturais que satisfaçam um mercado capitalista, a partir da venda (lucro) e a propagação do meio de vida e de ideais capitalistas (incentiva o consumo).

Como modelo de reprodução cultural, a cultura de massa deixa de lado o conceito de aura da obra de arte, instituído por Walter Benjamin. Sem sua aura, a obra de arte dá lugar à produção facilitada, de fácil digestão e com baixa qualidade e quase nenhum nível intelectual e técnico.

Ao atender os anseios da lógica capitalista, a cultura de massa não considera o gosto estético do indivíduo, assim como não respeita a sua individualidade. Assim, todos se tornam a grande massa, que apenas anseia consumir o que lhe é imposto pelos grandes veículos.

Bens culturais

Exemplos de bens culturais da cultura de massa e inseridos na indústria cultural são os filmes e roteiros que prendem o espectador (fórmula pronta); músicas com poesia pobre e poucos acordes; estampas reproduzidas de artes conhecidas de grandes pintores e tudo aquilo produzido para gerar lucro ao capitalismo.

Cultura de massa e indústria cultural

A obra Dialética do esclarecimento, escrita por Theodor Adorno e Max Horkheimer, ficou conhecida por apresentar os termos cultura de massa e indústria cultural, além de representar o pensamento de que o iluminismo teria falhado ao tentar construir um modelo de mundo.

A cultura de massa constrói um indivíduo apático e sem capacidade de reflexão crítica.

Os iluministas defendiam que o avanço científico e intelectual e sua ampliação ao acesso traria benefícios para o avanço moral e social. Enquanto isso, o século XX trouxe barbárie (Primeira e Segunda Guerra Mundial, Holocausto) e o avanço do capitalismo, resultante em uma sociedade desigual.

Nesse sentido, a indústria cultural é responsável por produzir a cultura de massa, além de incorporar todo o fazer artístico. Em contrapartida, a cultura de massa se faz aliada do capitalismo a partir do momento em que assume seu caráter de manipulação das massas.

Para tal, a indústria cultural se utiliza de uma fórmula pronta, que consiste em misturar elementos da cultura popular com outros, vindos da cultura erudita. Assim, em uma linguagem simples, são utilizadas técnicas rudimentares e também a reprodutibilidade técnica (meios de comunicação) para disseminação do conteúdo.

Então, o que achou da matéria? Se gostou, leia também: Renascimento Cultural – Origem, principais características e contribuições.

Fontes: Quero Bolsa, Brasil Escola, Toda Matéria, Mundo Educação

Imagens: Fala! Universidades, Comunidade Cultura e Arte, Arte|Ref, Acervo Filosófico

Com a chegada da industrialização e a ascensão do capitalismo moderno, tem-se o surgimento da concepção de cultura de massa.

Assim como a produção de bens de consumo começou a se dar em larga escala, a cultural também passou por este mesmo processo.

Com isso, vários estudiosos passaram a analisar as implicações desse fenômeno social.

O que é cultura de massa?

É muito comum que o conceito de cultura de massa seja confundido com o de cultura popular.

Entretanto, apesar de ambos remeterem à ideia de quantidade, a produção cultural em cada um dos casos, vai implicar em características ideológicas e políticas muito distintas.

Muitas vezes criticada e considerada de baixa qualidade, a cultura popular é marginalizada. Já a cultura de massa reproduz uma lógica hegemônica.


Da história a origem do conceito

As razões históricas para o crescimento da cultura de massa desde o início de 1800 são bem conhecidas.

A democracia política e a educação popular derrubaram o antigo monopólio da cultura da classe alta, o que acarretou numa das maiores mudanças trazidas pela cultura de massa na sociedade.

Ela trouxe, principalmente, uma profunda transformação dos consumidores em reprodutores de consumo e um mesmo padrão de vida.

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Com a chegada da Primeira Guerra Mundial, sobretudo nos Estados Unidos, houve ascensão do modelo fordista de produção. Com isso a cultura de massa chegou a diversos setores da sociedade.

A partir disso, as empresas encontraram um mercado lucrativo nas demandas culturais de massas recém-despertadas.

Da mesma formal, o avanço da tecnologia tornou possível a produção barata de livros, quadros, jornais, música e móveis, em quantidades suficientes para satisfazer esse mercado.

Com isso, a tecnologia moderna também criou novas mídias de acesso, como o cinema e a televisão, que eram especialmente pensados para a manufatura e distribuição em massa.

O fenômeno é, portanto, peculiar aos tempos modernos e se difere radicalmente do que até então era conhecido como arte ou alta cultura.

Exemplos de Cultura de Massa

Alguns exemplos de Cultura de Massa são:

  • Novelas: São capazes de prender a atenção dos telespectadores, que ficam em frente a uma TV.
  • Shows: Milhares de eventos musicais que acontecem diariamente, em todo o mundo.
  • Espetáculos esportivos: Olimpíadas e Copa do Mundo da Fifa também são exemplos de cultura de massa.
O cinema é um exemplo de produto da cultura de massa

Diferença entre cultura popular e cultura de massa

É muito comum que considerem os termos de cultura popular e cultura de massa como semelhantes. Entretanto, vale ressaltar que são conceitos totalmente diferentes.

O conceito de cultura popular engloba técnica (ainda que pequena), autenticidade e o uso de recursos que estão ao alcance da camada artística popular da sociedade.

Na contramão, temos a cultura de massa, que está pautada na geração de lucros e não tem a preocupação do próprio fazer artístico.

O que se espera com isso, é atingir os consumidores de modo que, não satisfeitos, eles queiram consumir ainda mais.

Uma diferença marcante entre a cultura de massa e a cultura popular é que, a cultura popular sempre é lembrada e revisitada, enquanto que a cultura de massa tem um curto prazo de validade. Sua importância é efêmera, instantânea.

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Cultura de massa e as contribuições teóricas

Alguns teóricos a distingam da cultura popular tradicional, porque o conceito de cultura de massa é orientado para a questão do lucro e organizado de acordo com as leis que regem a troca de mercadorias.

Entretanto, esse termo vem sendo usado desde a década de 1930 para se referir a produtos culturais julgados a partir das perspectivas do marxismo da Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer, Benjamin).

Os pensadores e filósofos da Escola de Frankfurt eram caracterizados pelo pensamento crítico e altamente reflexivo a respeito da sociedade moderna.

Adorno e Horkheimer, principalmente, afirmavam que a Cultura da Massa tratava-se de um produto da Indústria Cultural e que a cultura em si, servia de base para a barbárie fascista.

Nesse sentido, diziam que a cultura que era produzida nos moldes capitalistas, e que buscava atender aos interesses exclusivos do mercado.

Esse pensamento foi influenciado pelo período, onde havia um ideal projetado na libertação do homem perante as opressões sociais, de modo que ele viesse a conquistar sua autonomia.

Na perspectiva do antimarxismo (Leavis), os produtos culturais eram comparados a alta cultura (que é relacionada a cultura da elite).

Isso pode ser visto como um privilégio de prazeres rotulados de estéticos e a depreciação daqueles que são “apenas entretenimento” ou banal.

A cultura de massa também é criticada por sua padronização.

Desde a década de 1950, os sociólogos, acompanhados desde a década de 1980 por críticos pós-modernos (por exemplo, Frederic Jameson), adotaram uma visão mais pluralista, embora alguns críticos vejam a globalização como algo que leva à homogeneização.

Ou seja, compreende-se que, aquilo que produz e mantém a hegemonia nas sociedades capitalistas, acaba permitindo que a classe dominante controle e pacifique as massas.

Theodor Adorno e Max Horkheimer foram os responsáveis pela criação do termo Indústria Cultural

Como funciona a Cultura de Massa?

O mercado vai buscar atender aos anseios do sistema capitalista. Com isso, se investe em produtos culturais em larga escala, para que pessoas não só comprem ou vendam, mas contemplem um estilo de vida relacionado a eles.

O consumismo é a lógica dominante do sistema capitalista, por isso, não há distinção de gostos estéticos ou um sentimento de individualidade.

A ideia de reprodução do consumo dos mesmos produtos é a que predomina. Ou seja, consumir produtos iguais é uma forma de se encaixar nesse padrão de vida.

A própria cultura entra como instrumento ideológico, para atender a lógica do consumo e disseminar um padrão de vida a ser seguido.

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Conclusão

Portanto, como vimos nesse artigo, os produtos culturais são produzidos em larga escala e para públicos em massa.

Os exemplos atuais já incluem novos formatos de entretenimento, como filmes, programas de televisão, livros populares, jornais, revistas, música popular, produtos de lazer, utensílios domésticos, roupas e arte reproduzida digitalmente.

Por essa via, a ideia em torno do conceito de cultura de massa está interligada ao que é temporário e que pode ser substituído facilmente por um novo produto cultural.

Redação do Portal Beco Cultural

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