Com a construção de casas populares qualidade de vida

O conceito de qualidade de vida está inserido em vários contextos do nosso dia a dia. Intuitivamente e partindo do senso comum, qualquer pessoa saberia definir o que é uma vida com boa qualidade e o que é uma vida com qualidade ruim.

Contudo, como veremos a seguir, esse conceito não se define apenas por impressões ou opiniões. De fato, ele segue, inclusive, uma definição dada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o utiliza para especificar uma série de outros conceitos relacionados ao grau de bem-estar de uma pessoa ou de uma população.

Com a leitura deste artigo, você compreenderá a importância da qualidade de vida e qual a relação dessa concepção com morar em uma casa.

A importância da qualidade de vida

De acordo com a OMS, “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” define a qualidade de vida.

Essa é uma conceituação bastante abrangente, que pode ser simplificada. Podemos relacionar a qualidade de vida às oportunidades que o indivíduo encontra para viver em plenitude, usufruindo a vida de acordo com os valores que ele mantêm.

Nesse aspecto, podemos vincular a qualidade de vida à saúde física e mental de uma pessoa e, entre outros fatores, também ao tempo que ela reserva para a família, para os amigos, para o lazer e para a cultura.

Ainda, essa avaliação pode ser feita a partir da observação das influências que os ambientes onde essas relações se desenvolvem exercem sobre a vida das pessoas e do grau de satisfação que eles oferecem.

A pessoa que tem boa qualidade de vida aumenta a sua longevidade e, com certeza, vive mais satisfeita, o que denota a importância desse conceito.

Morar em uma casa

Como vimos, o conceito de qualidade de vida está estreitamente associado à saúde física e mental e também às possibilidades de relacionamentos. Vimos também que existem os aspectos ambientais, que exercem influência e precisam ser considerados.

O lugar onde um indivíduo mora é o ambiente que ele constrói grande parte das relações pessoais e dos valores nos quais acredita. É ali que ele consolida os principais relacionamentos com a família e com os amigos mais próximos.

Por vários fatores que veremos a seguir, a condição de morar em uma casa é extremamente favorável para o estreitamento das relações com as pessoas e também para o desenvolvimento de valores próprios.

Maior liberdade

Diferentemente dos apartamentos, que estão vinculados a edificações onde estão reunidas várias moradias, a casa é única e existe de maneira autônoma. Por esse motivo, a vida em uma casa transcorre com mais tranquilidade e privacidade do que teria em um apartamento.

Afinal, quem mora em uma casa vive sem a interferência de vizinhos acima, abaixo ou que estejam do outro lado da parede. Essa é uma condição que permite que as pessoas se sintam mais à vontade para viverem da maneira como preferem e de acordo com os valores nos quais acreditam.

Assim, quem prefere o silêncio, não se vê sendo incomodado com o barulho do vizinho. Quem prefere dormir mais tarde, não precisa se preocupar em não incomodar alguém que more logo abaixo ou imediatamente ao lado.

Ou seja, o afastamento natural entre as casas permite que as pessoas se sintam mais à vontade para viverem do seu modo.

Possibilidade de escolher as convivências

Também vale considerar que quem mora em uma casa não precisa conviver com pessoas com as quais não tem qualquer afinidade, como muitas vezes um edifício exige. Em um prédio de apartamentos, querendo ou não, há algum convívio mesmo com aqueles vizinhos que não inspiram qualquer simpatia, o que acaba ocorrendo involuntariamente no hall de entrada, no elevador ou na área de lazer.

Quem mora em uma casa não passa por esse tipo de situação. Se houver motivos para criar laços com a vizinhança, estes surgirão de maneira espontânea e não por falta de opção.

Mais espaço

Ao mesmo tempo, as casas permitem acolher mais pessoas. É possível montar espaços personalizados para reunir a família e os amigos, de maneira mais confortável do que seria em um apartamento, onde as pessoas ficam em um ambiente restrito ou em um salão de festas, que é totalmente impessoal.

Os encontros em uma casa se tornam mais espontâneos, livres das regras rígidas que existem nos edifícios residenciais. Com isso, os relacionamentos são construídos também com maior liberdade.

Festa quando quiser e se quiser

Essa liberdade permite ao morador de uma casa promover tantas festas e reuniões quiser, sem depender do agendamento de salões de festa. Além disso, seja qual for o evento, eles serão realizados de maneira muito mais aconchegante e personalizada.

Por outro lado, quem não gosta de festas, não se vê na obrigação de conviver com os eventos de outras famílias que, nos edifícios, estão sempre acontecendo. Afinal, com tantas pessoas morando juntas, sempre existe um aniversariante, um batizado ou outra ocasião.

Vivendo de acordo com as próprias regras

E por falar em regras, as que vigoram em uma casa são somente aquelas definidas pela família que reside ali. Não há interferências externas regulando os comportamentos dentro do lar.

Ao contrário, esses comportamentos são ditados unicamente pelos valores que fazem parte do âmbito familiar e não de um conjunto de normas estabelecidas em uma edificação de uso coletivo.

Amostras da natureza

A possibilidade de contato com a natureza, em grande medida, condiciona a qualidade de vida de uma pessoa. Quem mora em uma casa tem a possibilidade de conviver com a natureza de forma mais direta, mesmo que seja a partir de pequenas amostras.

Em uma casa, é possível ter jardins e hortas, da mesma forma que é possível criar animais com maior tranquilidade. Existe mais espaço para isso.

Enquanto em um apartamento a pessoa precisa ir para área de lazer ou para a pequena varanda para experimentar um pouco de liberdade, na casa existem as áreas externas que, imediatamente, sem pegar o elevador, colocam o morador em contato com a natureza.

Em resumo, na casa, a vida pode ser vivida de maneira mais real, sem horários preestabelecidos e sem o compartilhamento com pessoas estranhas.

Agora que você já entende com maior clareza a importância da qualidade de vida e como a casa é favorável a ela, deixe abaixo a sua opinião. Se houver alguma dúvida, faça também o seu comentário.

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Cerca de três bilhões de pessoas, ou 40% da população mundial, precisarão de novas moradias até 2030. Isso exigirá a construção de aproximadamente 21 milhões de novas residências por ano em todo o mundo.

Vários dos países que mais crescem têm metas ambiciosas para atender a essa necessidade. O governo indiano pretende construir 20 milhões de habitações de baixo custo até 2022. A Nigéria tem como meta um milhão de casas construídas por ano para a próxima década. O presidente da Indonésia iniciou o programa Um Milhão de Casas para atender cidadãos de baixa renda.

Embora esses programas sejam muito promissores, uma questão crítica permanece: como serão essas casas?

As escolhas de onde e como essas casas de baixo custo serão construídas e mantidas podem fazer a diferença entre melhorar a qualidade de vida das famílias de baixa renda e vulneráveis ou sobrecarregá-las com custos e isolamento social. Uma escolha crítica é a eficiência da construção. Projetos de habitação com eficiência energética são mais baratos ao longo da sua vida útil do que os não eficientes. E quando os benefícios além dos custos diretos são contabilizados – como melhoria da saúde, aumento da produtividade, novos empregos e menos poluição – eles superam várias vezes os custos.

Qualquer construção, especialmente de habitação de baixo custo, que não inclua padrões de eficiência está negligenciando as necessidades das famílias daquelas residências. No entanto, a construção de habitações ineficientes ainda é muito comum, como mostra o fato de que quase dois terços dos países não exigem a adoção de padrões de energia para empreendimentos.

Quando você olha para as evidências, fica claro que há uma infinidade de razões para investir em moradias eficientes, e não há boas razões para não o fazer.

Dois tipos de eficiência energética para habitação

Os benefícios da eficiência energética na habitação são numerosos e reforçam-se mutuamente. Uma casa eficiente não é apenas mais acessível como pode aumentar as oportunidades sociais e econômicas para a família que mora lá.

Dois tipos importantes de eficiência produzem esses benefícios:

1. Localização

A localização tem um enorme impacto na qualidade de vida. Casas em comunidades compactas e conectadas com acesso a transporte público, calçadas de qualidade e ciclovias são mais habitáveis, acessíveis e sustentáveis. A eficiência da localização beneficia o acesso a empregos, educação, entretenimento e saúde. Também pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa e os poluentes dos transportes e diminuir o custo da prestação de serviços. Estar conectado a uma comunidade mais ampla também facilita o envolvimento humano e a coesão social, dois fatores que comprovadamente fortalecem a resiliência familiar e comunitária em tempos de crise.

Inspirado por essas evidências e por um projeto piloto coordenado pelo WRI Brasil, o governo brasileiro promulgou uma nova lei em 2017, atualizando os padrões do Minha Casa, Minha Vida. A nova política desencoraja a construção de empreendimentos isolados dos centros urbanos. A lei visa promover o desenvolvimento compacto, conectado e coordenado para beneficiar as famílias de baixa renda, ao mesmo tempo em que cuida do meio ambiente e reduz custos.

2. Água e energia

Construções que fazem melhor uso dos recursos consumidos localmente – especialmente energia e água – aumentam a qualidade de vida dos moradores, melhorando a saúde e o bem-estar, ao mesmo tempo que reduzem as contas, que representam um ônus desproporcional para as famílias de baixa renda.

Alguns exemplos são tecnologias de iluminação, ventilação e economia de água. Melhorar o design e a orientação das janelas pode otimizar a iluminação. Isso reduz a necessidade de manter as luzes acesas enquanto maximiza a vista externa e a luz natural, que têm impactos positivos na saúde mental. A ventilação natural através do design pode evitar o calor ou o frio, melhorando o conforto e reduzindo a conta de energia.

Soluções de eficiência no uso de água, como hortas no telhado, podem coletar água, reduzir o escoamento, melhorar a biodiversidade e promover a equidade, porque as comunidades urbanas de baixa renda geralmente não têm acesso a espaços verdes. Essa solução também pode mitigar o efeito de ilha de calor urbana, um fenômeno que torna as cidades mais quentes que as áreas vizinhas. O efeito de ilha de calor é uma causa crescente de morte e doença entre populações vulneráveis.

No México, onde o setor residencial responde por 16% do uso total de energia, o programa ECOCASA está construindo 27 mil casas eficientes e acessíveis. Essas casas consomem pelo menos 20% menos energia que construções convencionais. Buscando acessibilidade e eficiência energética, a ECOCASA exemplifica como os países podem atender à crescente demanda por moradia evitando, a longo prazo, o aprisionamento de infraestrutura dispendiosa e que desperdiça recursos.

Oportunidades

Cada nova unidade habitacional feita sem eficiência na localização e na construção é uma oportunidade perdida. Felizmente, esse é um problema relativamente fácil de corrigir. Como os padrões de construção para programas habitacionais são normalmente definidos pelo governo federal, é possível introduzir um conjunto único de mudanças que terão impacto significativo em todas as cidades de um país.

Duas análises recentes mostram como os programas de habitação de baixa renda na Colômbia e no Brasil podem obter benefícios de eficiência energética e de água por meio de melhores padrões de construção.

Como parte do Building Efficiency Accelerator, a cidade de Bogotá, o Conselho de Construção Verde da Colômbia e outros parceiros produziram um relatório técnico para adaptar o código de construção local para cumprir os novos padrões nacionais de eficiência energética para construções. O relatório constatou que, se as metas nacionais de economia de água e energia fossem implementadas em projetos de habitação de interesse social, reduziria o consumo de energia e água em 17% e 19%, respectivamente, enquanto aumentaria os custos diretos de construção em apenas 0,2%. Essas casas acessíveis e eficientes gerariam um retorno sobre o investimento em apenas 73 dias.

Infelizmente, a habitação está atualmente isenta dos padrões nacionais de eficiência energética da Colômbia para edificações. Bogotá está trabalhando com os legisladores nacionais para mudar a lei e lidar com essa realidade perversa para permitir que as famílias em moradias populares de Bogotá e outras cidades colombianas também se beneficiem das políticas de eficiência.

No Brasil, embora o programa Minha Casa, Minha Vida esteja considerando a eficiência da localização, a eficiência da construção continua sendo uma oportunidade inexplorada. O WRI Brasil publicou um relatório que analisou custos e benefícios da integração de medidas de eficiência em moradias construídas através do programa. Descobrimos que a maioria das medidas de eficiência energética relacionadas aos projetos, como paredes externas de cores claras, são essencialmente de custo zero. Para medidas regionais que exigem fundos adicionais – como a energia solar fotovoltaica no norte do país ou aquecimento solar de água no sul – a análise mostrou períodos de retorno razoáveis ​​de doze anos ou menos.

O Minha Casa, Minha Vida enfrenta um futuro incerto com cortes orçamentários propostos que podem resultar em menos unidades construídas. No entanto, pelo menos 600 mil novas casas ainda estão planejadas para os próximos dois anos, oferecendo uma enorme oportunidade para introduzir medidas de eficiência.

O baixo custo e a eficiência andam de mãos dadas, e os programas habitacionais para a população de baixa renda são um foco de atenção importante para ações de governo. Ao longo de sua vida útil, residências eficientes são mais acessíveis, saudáveis ​​e oferecem melhores oportunidades para os moradores do que as convencionais. Um programa habitacional que não prioriza a eficiência não fica apenas aquém da sua missão e desperdiça dinheiro – é um equívoco.