A importância da representatividade negra redação

Durante o período colonial brasileiro, a maior parte da mão de obra do país era composta por escravos que, em geral, eram negros. Esses não possuiam direitos básicos e eram tratados como objetos, alem de sofrerem diariamente preconceito por conta da sua cor de pele e de seus traços fenotípicos. Com a abolição da escravidão em 1888, a liberdade dessa parcela da população foi garantida. Entretanto, o racismo que existia no brasil colonia ainda se encontra enraizado na sociedade braileira. Destarte, torna-se necessário analisar as razões que tornam essa problemática uma realidade nos dias atuais.       Em primeiro lugar, é imprescindível notar que existe uma visão eurocêntrica que rege o mundo, aonde os valores e padrões europeus são ressaltados em detrimento de outras culturas. Esse tipo de pensamento é um reflexo de teorias como a do "darwinismo social" criado pelo filósofo inglês, Herbert Spencer. Segundo sua ideia, certas sociedades e raças são superior as outras, e portanto devem se sobressair enquanto as outras deixariam de existir. Esse conceito foi utilizado para justificar o imperalismo europeu na África e na América do Sul, que tinha como objetivo "civilizar as"raças inferiores". Assim, é possivel perceber uma grande influência, mesmo que de forma inconsciente, desses ideais na sociedade contemporânea, e que, consequentimente, ajudam a propagar ideiais racistas no Brasil.       Em segundo lugar, é nítido a falta de representatividade dos negros na mídia. Segundo um levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), dentre os filmes nacionais analisados por eles, apenas 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade. Posto isto, é evidente que a mídia brasileira possui uma parcela de culpa, pois auxilia na propagação de estereótipos racistas, sem consciência de seu papel como formador de opiniões.       Infere-se, portanto, que combater o racismo é um grande desafio. Assim sendo, a família,  juntamente com as escolas, deve atuar em favor do bem comum, por meio de projetos que incentivam o combate contra o racismo, como palestras educativas sobre o efeito do racismo e discussões levantando Questões como a necessidade da valorização da cultura afro-brasileira, a fim de garantir um diálogo sobre esse assunto pertinente. Ademais, o governo federal, mais especificamente o poder legislativo, deve criar um programa de leis que demanda a representatividade negra nas novelas e nos filmes, com intuito de colocar mais negros como protagonistas invés de apenas como criminosos ou domésticas. Feito isso, o racismo será algo encontrado somente nos livros de história.

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Caminhos para combater o racismo no Brasil  No aspecto da História do Brasil, é possível destacar o forte passado colonial, onde houve a presença de Portugal, e, posteriormente, de outros países europeus. Nesse contexto, é fundamental relembrar o longo período da escravidão, tanto sobre os africanos, quanto sobre os indígenas brasileiros. Isso caracteriza o histórico de opressão a que negros foram submetidos no país. E, mesmo com a abolição de tal regime, há mais de cem anos, é lamentável a persistência do racismo na sociedade brasileira atual.  Dessa maneira, para a análise dessa conjuntura, é adequado relacionar o estigma escravocrata do passado com os dias de hoje. No mercado de trabalho, por exemplo, muitos empregos braçais e de servidão ainda são concedidos, sobretudo, a pessoas negras. Tal fato sustenta estereótipos advindos do período escravagista, o que reflete uma mentalidade retrógrada por parte da sociedade, pouco acostumada a pessoas negras que exercem outra gama de funções trabalhistas. Além disso, a falta de representatividade negra é um grande obstáculo para uma “democracia racial” no Brasil. Ou seja, em amplas esferas da sociedade, são evidenciadas imagens de pessoas brancas, principalmente. Tal desigualdade se estabelece na mídia – meios de comunicação em massa, TV, internet – política, comércio de produtos como bonecas e super-heróis e na cultura (música, cinema, teatro). Assim, infelizmente, é raro ver negros e negras – em grande quantidade – como protagonistas, personalidades influentes no meio social. E, enquanto não houver equidade racial nos múltiplos elementos constituintes da sociedade, o racismo tende a acontecer – até do modo mais implícito.  Portanto, o primeiro passo para combater esse grande mal tão recorrente no Brasil é a representatividade. Ela deve acontecer de maneira mais abrangente, para que as pessoas negras sintam-se refletidas na sociedade como um todo. Assim, é crucial que os brasileiros valorizem e respeitem os negros; esse processo deve acontecer de modo que os municípios ajam em conjunto com a população. Nesse aspecto, podem ser promovidas políticas públicas e palestras que debatam criticamente o tema do racismo, para maior conscientização dos brasileiros, além da inserção mais efetiva do negro na sociedade. Por fim, o Governo Federal e o Ministério da Educação podem reforçar a importância de conhecer, na escola, a identidade e cultura negra, ao incluir o assunto na grades curriculares de ensino. Futuramente, com essas medidas, poderá, enfim, ser notado um importante progresso, e assim, a superação de um passado desigual.

Texto II

Pela TV brasileira, jamais seria possível imaginar que a população do Brasil é majoritariamente negra. Quando cheguei ao Brasil, há quatro anos, fiquei chocada: esperava ver a democracia racial tão falada no exterior, e ver 54% de negros como protagonistas e na liderança de empresas e na mídia. O que vi foi o uniforme branco da babá, o papel da mulher hiper sexualizada nas novelas, como a eterna amante que destrói os casamentos dos brancos ricos. (...) Não é preciso ser especialista para perceber a invisibilidade dos negros e negras na mídia brasileira. Alguma coisa está errada se a cara pública deste país, majoritariamente negro, é branca, o que colabora para reforçar uma atitude e um sentimento de auto-desvalorização nos negros.

https://claudia.abril.com.br/blog/coluna-da-alexandra-loras/o-negro-na-midia/


Texto III

Durante uma live no Instagram com o jornalista Wellington Andrade, o ator Nando Cunha fez um desabafo sobre o preconceito que os atores negros sofrem quando são escalados para as produções na televisão. Ele disse que o tratamento dado aos pretos é diferente em comparação aos brancos. “Quando a gente é chamado para fazer um papel em uma novela é para interpretar um negro. ‘Ah! você vai viver um médico’, você vai viver um médico negro. Interpretar um engenheiro? Você vai interpretar um engenheiro negro com todos os estereótipos deles e isso não muda”. Nando ainda falou que isso só vai parar quando mais roteiristas negros tiverem oportunidades de serem autores. “Só vai mudar quando um negro escrever para nós, quando um roteirista escrever para os negros.”

https://istoe.com.br/nando-cunha-sobre-tratamento-dado-aos-atores-negros-so-vai-mudar-quando-um-negro-escrever-para-nos/ 


Texto IV

Observatório do Direito à Comunicação: O Brasil é famoso por sua diversidade, inclusive racial. Essa diversidade tem vez na televisão?

Paulo Rogério Nenes: Esta diversidade não é representada na televisão porque ainda se valoriza na TV, como em várias esferas da sociedade brasileira, a matriz européia de pensamento e comportamento. Negros e indígenas não são representados de maneira digna na TV: ou são representados de maneira estereotipada ou não aparecem. Na verdade, o Brasil tem como uma de suas principais características a sua diversidade cultural e as diversas contribuições dos povos, mas a TV não representa estes grupos. Isso parte da ideologia que fez com que políticas públicas do Estado brasileiro e toda concepção dentro da escola, das universidades e nos meios de comunicação valorizassem e privilegiassem esta matriz européia. É a matriz do colonizador. E o Brasil é quem perde com esta história toda porque não se conhece. Ao valorizar apenas uma vertente étnica e racial nos meios de comunicação e nas outras esferas da vida, perde a chance de entender as outras contribuições trazidas pelos africanos e daqueles que já estavam aqui, como os indígenas. Isso é grave porque causa uma falsa imagem do país. O professor Hélio Santos (economista da USP) sempre diz que a TV da Dinamarca e da Europa em geral têm mais negros que a do Brasil. Nosso país não pratica a diversidade, e as instituições, como a escola, a igreja ou os meios de comunicação, cometem este racismo institucionalizado por privilegiar um determinado tipo étnico e um padrão de beleza, de comportamento, de vida.

ODC – O racismo que ainda existe no Brasil tem sua face televisiva?

PRN: Claro. Pra fazer uma reflexão, vamos lembrar quem era Mussum? Um homem negro ébrio, estereótipo do negro maltrapilho, vagabundo, sem perspectiva. Em vários momentos da teledramaturgia e em outras produções da TV brasileira, há uma carga muito grande de estereótipos e preconceitos. Há uma ação deliberada para, além de sub-representar, colocar os negros e negras em patamar de desigualdade, de inferioridade. E isso é prejudicial para quem assiste. Para o jovem negro ou para a criança que está formando sua identidade isso é extremamente nocivo, pois exerce forte influência na forma de viver e ver o mundo. Por isso, se não atacarmos o racismo nesta esfera da produção, ele vai continuar sendo reproduzido em larga escala. É desproporcional termos tantas organizações e pessoas que falam em desigualdade racial pelo país e a TV reafirmar valores racistas. 

Fragmento da entrevista do Observatório do Direito à Comunicação com Paulo Rogério Nenes, publicitário e diretor executivo do Instituto Mídia Étnica

http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=18487


PROPOSTA DE REDAÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A questão da representatividade dos negros na mídia brasileira”. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.