A gripe e causada por que

A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza, transmitida por meio da aspiração de gotículas liberadas no espirro, na tosse e durante a fala de pessoas contaminadas, ou ao encostar em superfícies contaminadas e levar as mãos aos olhos, boca e nariz.

Os principais sintomas são secreção nasal, coriza, tosse com catarro, dor no corpo e febre. O tempo de incubação varia de três a cinco dias e a fase aguda da doença dura cerca de dez dias.

Algumas pessoas ainda se infectam mas não adoecem. “Todo vírus respiratório pode gerar um quadro assintomático ou com poucos sintomas, mas, mesmo nesses casos, é possível transmiti-lo”, informa o infectologista Ivan França, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Quais são os tipos de gripe

Existem quatro tipos de influenza, todos provocam quadros parecidos, que podem se agravar e ter complicações sistêmicas: A, B, C e D, sendo que os dois últimos são menos comuns. Além disso, esses quatro são divididos em vários subtipos.

O grupo A é o mais comum, geralmente responsável pelas temporadas sazonais de gripe e eventuais epidemias, como a de H1N1 que aconteceu em 2009. Como o vírus sofre mutações com frequência, as variantes em circulação mudam a cada ano. Por isso, a vacina tem que ser atualizada.

A gripe é mais comum no inverno?

É comum ver gente resfriada e gripada nos meses mais frios do ano. França conta que a incidência de doenças respiratórias como a gripe aumenta no inverno por duas razões. Primeiro, porque o influenza e outros vírus circulam com maior facilidade quando a temperatura está mais baixa.

“Mas o principal motivo são os hábitos da população nessa época, que fica mais aglomerada, com as janelas fechadas, em ambientes sem circulação do ar”, acrescenta. Como o coronavírus, o influenza adora um espaço fechado e mal ventilado.

Diferença entre gripe, resfriado, Covid-19 e dengue

A gripe e causada por que
Foto: Omar Paixão/SAÚDE é Vital

Os sintomas da gripe são bem parecidos com os de infecções causadas por outros vírus. Apesar de só ser possível bater o martelo através de exames, dá para encontrar algumas diferenças entre elas.

“A principal característica que diferencia a gripe do resfriado comum é que ela provoca um quadro mais severo”, afirma o infectologista.

Já a Covid-19 e a dengue são doenças sistêmicas, ou seja, não afetam apenas o sistema respiratório. “Na infecção pelo coronavírus, você pode ter problemas gastrointestinais, renais, hepáticos, cardiovasculares, além de muita dor muscular e falta de ar”, lista França.

A dengue, por sua vez, é marcada por pequenos sangramentos na pele, febre prolongada e dores musculares e articulares. “Apesar de acontecer o ano todo, ela é mais comum no verão, enquanto a gripe ocorre com maior frequência no inverno”, aponta.

Quem faz parte do grupo de risco

O grupo de risco da gripe inclui tanto as pessoas com imunidade baixa quanto quem vive mais expostos ao vírus:

● Crianças menores de 6 anos de idade
● Idosos ● Gestantes e puérperas ● Portadores de doenças crônicas e imunodeficiências ● Profissionais da saúde ● População privada de liberdade ● Povos indígenas

● Professores

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Como funciona o diagnóstico

Hoje, o diagnóstico já não é mais feito apenas pela análise dos sintomas do paciente. “Existem testes rápidos e moleculares, que mostram qual o tipo do vírus, feitos a partir da coleta de material com SWAB nasal [o famoso cotonete do teste RT-PCR] de orofaringe”, conta o médico. O exame costuma ser solicitado quando o infectado precisa de atendimento médico.

Tratamento e remédios para gripe

O oseltamivir, mais conhecido pelo seu nome comercial Tamiflu, é um antiviral específico contra o influenza disponível na rede pública. No entanto, ele não utilizado para todos os casos de gripe – normalmente, só é prescrito para pessoas com maior risco de apresentarem complicações.

Além disso, existe um tempo certo para tomar o remédio. “Ele é indicado para os primeiros dias. Depois de 3 dias de sintomas, a eficiência dele já é questionável”, afirma.

Nos demais casos, o que se faz é cuidar das queixas, com medicamentos analgésicos, antitérmicos e descongestionantes, além de repouso e reforço na hidratação com aumento da ingesta de líquidos. Depois de 14 dias do contágio, o próprio sistema imunológico se encarrega de se livrar do vírus.

Atenção: chás, sopas e afins até ajudam a hidratar o corpo e trazer alívio, mas não são tratamentos eficazes contra a gripe. Não deixe de buscar ajuda médica assim que os sintomas se iniciarem.

Quais as complicações

“A gripe pode ser um gatilho para problemas bacterianos, como amigdalite, otite e pneumonia, já que as defesas do sistema respiratório ficam abaladas”, alerta França. Isso é um risco principalmente para quem naturalmente tem a imunidade mais baixa.

Pessoas com doenças crônicas e idosos podem sofrer agravamento de suas doenças de base e ficar com o organismo mais comprometido como um todo.

Assim, há risco de hospitalização e morte com a doença. Em 2019, 22,5% dos 4 939 óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), no Brasil, ocorreram devido ao influenza, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

Como prevenir a gripe

A principal forma de evitar a doença é tomando a vacina, que deve ser aplicada anualmente, de preferência antes da chegada do inverno. “Isso porque os tipos de influenza circulando no mundo mudam todo ano, e a fórmula contempla as variantes mais prevalentes no momento”, contextualiza França.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a injeção gratuitamente para os grupos de risco. Fique atento às datas de início e término das campanhas anuais.

“A vacina é boa para todas as pessoas. Então, recomendamos a pessoas que não fazem parte do grupo de risco que tomem na rede privada, se possível”, orienta o profissional.

Assim como qualquer imunizante, ele é seguro e provoca efeitos colaterais mínimos, como dor no local da aplicação e febre baixa nos primeiros dias. “É apenas um sinal de que seu organismo está reagindo ao imunizante. Essa vacina é feita com o  vírus inativado, incapaz de provocar a enfermidade”, conclui.

Fora a picada, as medidas de prevenção consistem em praticar a etiqueta respiratória (cobrir o rosto com o braço ou um lenço descartável ao tossir e espirrar), higienizar constantemente as mãos com água e sabão ou álcool em gel e manter os ambientes bem ventilados.

A gripe, ou influenza, é uma doença infecciosa causada por vírus que atinge o trato respiratório. O termo influenza, de origem italiana, significa “influência” e remonta ao século XIV, quando se acreditava na influência planetária sobre a saúde.

A primeira epidemia de gripe foi descrita em 412 a.C. por Hipócrates. Epidemias de gripe são recorrentes, no entanto, uma pandemia afetou o mundo em 1918 e foi denominada de Gripe Espanhola por causa da grande repercussão da doença nos veículos de comunicação da Europa. Outras pandemias ocorreram, mas nenhuma ocasionou tantos óbitos quanto à Gripe Espanhola: cerca de 30 milhões de pessoas morreram em todo o mundo em decorrência da doença.

Agente etiológico

O agente etiológico da gripe é um vírus denominado Myxovirus influenzae ou vírus influenza. Os vírus influenza apresentam o RNA como material genético e podem ser divididos em três tipos: A, B e C. Por causa de sua alta capacidade de mutação, existe a dificuldade de produzir uma vacina e medicações 100% eficazes contra esses tipos de vírus. Assim, eles afetam diferentes faixas etárias e causam epidemias anuais.

Os vírus influenza do tipo A frequentemente apresentam mutações e podem ser subdivididos em dois tipos, de acordo com as glicoproteínas presentes em sua superfície: hemaglutininas (H) e neuraminidases (N). Entre os vírus influenza do tipo A que afetam a espécie humana, podemos encontrar três glicoproteínas hemaglutininas (H1, H2 e H3) e duas neuraminidases (N1 e N2).

Sintomas

Os sintomas da gripe são bastante característicos:

  • Coriza;

  • Obstrução nasal;

  • Tosse;

  • Espirro;

  • Dor de garganta;

  • Dor de cabeça;

  • Febre acima de 38.5° C (esse é um dos sintomas que ajudam a diferenciar gripe e resfriado).
    Em casos mais graves, esses sintomas intensificam-se e podem causar insuficiência respiratória.

Transmissão

A transmissão ocorre pelo contato com fluídos do trato respiratório da pessoa doente e que podem ser transmitidos por meio da fala, tosse, espirro e compartilhamento de objetos contaminados.

A gripe apresenta um período de incubação de um a três dias e pode ser transmitida por adultos a partir de 24 horas antes até sete dias depois do aparecimento dos sintomas e por crianças dias antes até dez dias depois do aparecimento dos sintomas.

Tratamento

O tratamento consiste, em geral, no alívio dos sintomas. No entanto, em pessoas que apresentam maiores riscos de complicações, como crianças, idosos e imunodeficientes, são necessários maior acompanhamento e tratamentos com antivirais.

Prevenção

A principal medida para a prevenção da infecção por vírus influenza é a vacinação. O governo oferece gratuitamente e anualmente a vacina para o chamado grupo de risco: crianças entre seis meses e cinco anos, gestantes, mulheres que tiveram filhos nos últimos 45 dias, idosos acima de 60 anos, pessoas com doenças crônicas, profissionais de saúde e, a partir do ano de 2017, professores, trabalhadores do sistema prisional, prisioneiros e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.

A vacinação ocorre anualmente em razão da grande variedade de vírus influenza em circulação. Assim, é feito um estudo das variedades que mais circularam nos últimos anos para produzir a vacina do ano seguinte. Quando ocorre coincidência entre as variantes da influenza em circulação na comunidade e aquelas contidas na vacina, a imunização pode prevenir a infecção em até 90% dos indivíduos.

A vacinação é contraindicada para pessoas que apresentam alergia a ovo.


Por Ma. Helivania Sardinha dos Santos