O Enem de 2016 teve uma segunda aplicação, realizada em dezembro, devido as ocupações em escolas, universidades e institutos federais durante o mês de novembro. As provas foram aplicadas em 165 municípios em todos os estados com exceção do Amazonas, Acre, Amapá e Roraima. Participaram da segunda aplicação 277.624 candidatos, enquanto que no Enem regular, realizado em novembro, participaram 5,8 milhões de candidatos. Assim como o Enem regular (aplicado em novembro), História do Brasil recebeu maior número de questões. Entretanto, o Enem dezembro privilegiou o período do Império cobrando temas raramente tratados em sala de aula: composição do eleitorado, o caráter tropical e indigenista do imperador, expansão demográfica à época da chegada da Corte portuguesa. A República recebeu duas questões que pouco exigiam do candidato: uma sobre o samba Aquarela do Brasil, na qual pedia-se para identificar o gênero musical, e outra sobre as greves de 1979 entendidas com mobilizações que contribuíram para o processo de redemocratização do Brasil. Questões sobre relações étnico-raciais e cultura afro-brasileira apareceram, também, com forte destaque. Nada, contudo, sobre questões de gênero. Referente aos temas de História Geral, a segunda aplicação do Enem trouxe duas questões de Antiguidade que, há muito tempo, não apareciam nos exames: uma sobre a Lei das Doze Tábuas da República Roma e outra sobre o teatro grego. Neste caso, apresentou-se um fragmento de Édipo Rei de Sófocles para o candidato identificar o caráter fatalista da tragédia grega em que o herói tem o seu destino previamente marcado pelos deuses. Outras questões enfocaram a História Contemporânea privilegiando o século XIX. Seguem, abaixo, as questões de História. Foram inseridas, também, algumas de Sociologia com temas afins. QUESTÃO 1 A história não corresponde exatamente ao que foi realmente observado na memória popular, mas àquilo que foi selecionado, escrito, descrito, popularizado e institucionalizado por quem estava encarregado de fazê-lo. Os historiadores, sejam quais forem seus objetivos, estão envolvidos nesse processo, uma vez que eles contribuem, conscientemente ou não, para a criação, demolição e reestruturação de imagens do passado, que pertencem não só ao mundo da investigação especializada, mas também à esfera pública na qual o homem atua como ser político. HOBSBAWN, E.; RANGER, T. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984 (adaptado)] Uma vez que a neutralidade é inalcançável na atividade mencionada, é tarefa do profissional envolvido:
QUESTÃO 2 Ações de educação patrimonial são realizadas em diferentes contextos e localidades e têm mostrado resultados surpreendentes ao trazer à tona a autoestima das comunidades. Em alguns casos, promovem o desenvolvimento local e indicam soluções inovadoras de reconhecimento e salvaguarda do patrimônio cultural para muitas populações. PELEGRINI, S. C. A.; PINHEIRO, A. P. (orgs.). Tempo, memória e patrimônio cultural. Piauí: Edupi, 2010. A valorização dos bens mencionados encontra-se correlacionada a ações educativas que promovem a(s);
QUESTÃO 3 O número de votantes potenciais em 1872 era de 1.097.698, o que corresponde a 10,8% da população total. Esse número poderia chegar a 13%, quando separamos os escravos dos demais indivíduos. Em 1886, cinco anos depois de a Lei Saraiva ter sido aprovada, o número de cidadãos que poderiam se qualificar eleitores era de 117.022, isto é, 0,8% da população. CASTELLUCCI, A.A.S. Trabalhadores, máquina política e eleições na Primeira República. A explicação para a alteração envolvendo o número de eleitores no período é a:
QUESTÃO 4 O indígena, representando o Império, coroa com louros o monarca. Xilogravura, 1869. Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também os tons da natureza do “Novo Mundo”, cravejado de estrelas representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca jamais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco, coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras, D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade. SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia das Letras, 1998 (adaptado). No Segundo Reinado, a monarquia brasileira recorreu ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A análise da imagem e do texto revela que o objetivo de tal estratégia era:
QUESTÃO 5 Em virtude dos grandes volumes de matérias-primas na indústria química – eram necessárias dez a doze toneladas de ingredientes para fabricar uma tonelada de soda –, a indústria teve uma localização bem definida quase que desde o início. Os três centros principais eram a área de Glasgow e as margens do Mersey e do Tyne. LANDES, D. Prometeu desacorrentado: transformações tecnológicas e desenvolvimento industrial na Europa ocidental desde 1750 até nossa época. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994. A relação entre a localização das indústrias químicas e das matérias-primas nos primórdios da Revolução Industrial provocou a:
QUESTÃO 6 A Lei das Doze Tábuas, de meados do século V a.C., fixou por escrito um velho direito costumeiro. No relativo às dívidas não pagas, o código permitia, em última análise, matar o devedor; ou vendê-lo como escravo “do outro lado do Tibre” – isto é, fora do território de Roma. CARDOSO, C.F.S. O trabalho compulsório na Antiguidade. Rio de Janeiro: Graal, 1984. A referida lei foi um marco na luta por direitos na Roma Antiga, pois possibilitou que os plebeus:
QUESTÃO 7 ILLINGWORTH, L.G. Outubro de 1962. Disponível em www.llgc.org.uk. Acesso em: 8 mar. 2016. A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores potências do século XX. O momento mais tenho dessa disputa foi provocado pela
QUESTÃO 8 Expansão territorial dos Estados Unidos. Nos Estados Unidos durante o século XIX, tal como representada no mapa, a relação entre território e nação foi reconfigurada por uma política que:
QUESTÃO 9 O Movimento Negro Unificado (MNU) distingue-se do Teatro Experimental do Negro (TEN) por sua crítica ao discurso nacional hegemônico. Isto é, enquanto o TEN defende a plena integração simbólica dos negros na identidade nacional “híbrida”, o MNU condena qualquer tipo de assimilação, fazendo do combate à ideologia da democracia racial uma das suas principais bandeiras de luta, visto que, aos olhos desse movimento, a igualdade formal assegurada pela lei entre negros e brancos e a difusão do mito de que a sociedade brasileira não é racista teriam servido para sustentar, ideologicamente, a opressão racial. COSTA, S. Dois Atlânticos: teoria social, antirracismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: UFMG, 2006 (adaptado). No texto, são comparadas duas organizações do movimento negro brasileiro, criadas em diferentes contextos históricos: o TEN, em 1944, e o MNU, em 1978. Ao assumir uma postura divergente da do TEN, o MNU pretendia:
QUESTÃO 10 As convicções religiosas dos escravos eram, entretanto, colocadas a duras provas quando de sua chegada ao Novo Mundo, onde eram batizados obrigatoriamente “para a salvação de sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas religiosas de seus mestres. Iemanjá, mãe de numerosos outros orixás, foi sincretizada coma Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Buruku, a mais idosa das divindades das águas, foi comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria. VERGER, P. Orixás: deuses iorubas na África e no Novo Mundo. São Paulo: Corrupio, 1981. O sincretismo religioso no Brasil colônia foi estratégia utilizada pelos negros escravizados para
QUESTÃO 11 Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a Colônia tinha acabado de passar por uma explosão populacional. Em pouco mais de cem anos, o número de habitantes aumentara vez vezes. GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma Corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006 (adaptado). A alteração demográfica destacada no período teve como causa a atividade:
QUESTÃO 12 Lado ocupado pelo motorista em um automóvelVermelho: motorista à esquerda. Azul: motorista à direita. Disponível em: http://repairpal.com. Acesso em: 14 jan. 2014 (adaptado). A interpretação da imagem demonstra que a distribuição de países onde se dirige do lado direito coincide, em grande parte, com a zona de influência ou dominação exercida pela
QUESTÃO 13 A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra nela inserida:
QUESTÃO 14 Aquarela do Brasil Brasil! / Meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro / Vou cantar-te nos meus versos O Brasil, samba que dá / Bamboleio que faz gingar O Brasil do meu amor / Terra de Nosso Senhor Brasil! Pra mim! Pra mim, pra mim! Ah! Abre a cortina do passado / Tira a mãe preta do Cerrado Bota o rei congo no congado / Brasil! Pra mim! Deixa cantar de novo o trovador / A merencória luz da lua Toda canção do meu amor / Quero ver a sá dona caminhando Pelos salões arrastando / O seu vestido rendado Brasil! Pra mim, pra mim, pra mim! ARY BARROSO. Aquarela do Brasil, 1939 (fragmento). Muito usual no Estado Novo de Vargas, a composição de Ary Barroso é um exemplo típico de:
QUESTÃO 15 A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei 9.394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2005. A alteração legal no Brasil contemporâneo descrita no texto é resultado no processo de
QUESTÃO 16 Greve 1979. Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a):
QUESTÃO 17 (…) O SERVIDOR – Diziam ser filho do rei… ÉDIPO – Foi ela quem te entregou a criança? O SERVIDOR – Foi ela, Senhor. ÉDIPO – Com que intenção? O SERVIDOR – Para que eu a matasse. ÉDIPO – Uma mãe! Mulher desgraçada! O SERVIDOR – Ela tinha medo de um oráculo dos deuses. ÉDIPO – O que ele anunciava? O SERVIDOR – Que essa criança um dia mataria seu pai. ÉDIPO – Mas por que tu a entregaste a este homem? O SERVIDOR – Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade. ÉDIPO – Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar! SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L &PM, 2011. O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo da tragédia grega, revela o(a):
QUESTÃO 18 TEXTO I Cidadão / Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar / Foi um tempo de aflição Eram quatro condução / Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto / Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão / E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado / Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido / Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber / E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio / Que eu ajudei a fazer. BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento). TEXTO II O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado). Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é:
QUESTÃO 19 Charge de AGOSTINI, A. Revista Illustrada, n. 309, 29 jul. 1882 (adaptado). Segundo a charge, os últimos anos da Monarquia foram marcados por
QUESTÃO 20 Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de seres estranhos, chegados em barcos grandes como montanhas, que montavam numa espécie de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse regressando, mas, de outro, não tinham essa confirmação. PINSKY, J. et alii. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à América, e sua origem estava relacionada ao
QUESTÃO 21 A imagem da relação patrão-empregado geralmente veiculada pelas classes dominantes brasileiras na República Velha era de que esta relação se assemelhava em muitos aspectos à relação entre pais e filhos. O patrão era uma espécie de “juiz doméstico” que procurava guiar e aconselhar o trabalhador que, em troca, devia realizar suas tarefas em dedicação e respeitar o seu patrão. CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Belle Époque. Campinas: Unicamp, 2001. No contexto da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, a construção da imagem descrita no texto tinha por objetivo
QUESTÃO 22 A Redenção de Can, R. Brocos, 1895. Na imagem, o autor procura representar as diferentes gerações de uma família associada a uma noção consagrada pelas elites intelectuais da época, que era a de
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