Por que Plutão não é mais um planeta é é chamado de planeta anão

Criado em 15/07/15 10h29 e atualizado em 15/07/15 10h38
Por Repórter Brasil

Descoberto há 80 anos, Plutão foi considerado o último planeta do sistema solar até 2006. Nesta data, a União Astronômica Internacional definiu novas regras para classificação de planetas: o corpo deve ser esfércio; girar em torno do sol; e ter órbita livre, sem outros objetos em seu caminho.

Plutão está em uma região de vários objetos, chamada de Cinturão de Kuiper, por isso perdeu o status de planeta. Saiba mais sobre o planeta-anão:

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Plutão foi descoberto em 1930 a partir de cálculos matemáticos e pertubações existentes nas órbitas de Urano e Netuno. A partir dos anos 70, dados referentes à sua superfície foram descobertos. Sabe-se que ele possui metano congelado a aproximadamente -210 °C e uma fina atmosfera de metano gasoso. Em 1978, James W. Christy descobriu o primeiro satélite de Plutão, que foi batizado de Caronte. Em 2005, por meio do telescópio Hubble, outros dois satélites, Hidra e Nix, foram descobertos.

→ O rebaixamento de plutão

Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) propôs novas regras para a classificação dos planetas no Sistema Solar. A partir dessa data, ficou definido que um corpo celeste só será considerado planeta se obedecer às três leis de Kepler, orbitar ao redor do Sol, for grande o suficiente para que a sua gravidade molde-o em formato esférico e possuir a sua vizinhança orbital livre de outros corpos.

Por que Plutão não é mais um planeta é é chamado de planeta anão
Em 2006, Plutão foi rebaixado a Planeta Anão

Plutão e Caronte praticamente giram um ao redor do outro. Além disso, como o Plutão cruza a trajetória de Netuno, que é muitíssimo maior, o planetinha não pode ser considerado como corpo celeste dominante. Assim, juntamente a Ceres e Éris, Plutão é um planeta anão.

→ Dados de Plutão

  1. Distância da Terra: 4,8 bilhões de quilômetros

  2. Massa: 0,24 % da massa da Terra

  3. Gravidade: 0,4 m/s2

  4. Período de translação: 248 anos

  5. Período de rotação: 6,5 dias

  6. Temperatura média: - 200°C

  7. Quantidade de Luas: 3 (Caronte, Hidra e Nix)

  8. Composição atmosférica: Metano, enxofre e nitrogênio.

Um novo estudo afirma que a decisão que tirou Plutão do “cargo” de nono planeta do nosso sistema solar é “baseada em folclore, incluindo astrologia” e que, por isso, deve ser revogada.

Os pesquisadores da Universidade da Flórida (Central) argumentam, em um paper publicado no jornal Icarus, que as definições que fazem de um planeta um planeta estão concentradas em fatores errados, e que os motivos para isso não se justificam do ponto de vista científico.

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Por que Plutão não é mais um planeta é é chamado de planeta anão
Plutão deixou de ser um planeta em 2006, quando a IAU estabeleceu parâmetros que o excluíram da lista de planetas do nosso sistema solar. Há, até hoje, quem seja contra essa decisão (Imagem: AleksandrMorrisovich/Shutterstock)

Basicamente, o principal parâmetro que levou a União Internacional da Astronomia (IAU) a remover Plutão da lista de planetas é o fato de ele não ser capaz de conduzir a sua própria órbita, ou seja, ele depende de outros corpos celestes para influenciar seu trajeto – neste caso, Netuno, de um lado; e diversos objetos congelados do Cinturão de Kuiper, do outro.

A IAU rege que um planeta deve ser capaz de conduzir sua órbita sozinho, sem a influência gravitacional de outros corpos. Como não é o caso com Plutão, o antigo “nono planeta” deixou de ser planeta.

Segundo o autor primário do estudo, Phillip Metzger, porém, esse é um foco equivocado, e a IAU deveria mudar esse paradigma para um outro detalhe que, diz ele, é bem mais importante: se o corpo celeste em questão é ou já foi geologicamente ativo. E Plutão atende a esse requerimento.

Metzger baseia seu argumento no fato de que novas tecnologias estão descobrindo cada vez mais planetas dentro e fora de nossa galáxia, então um sistema de classificação mais robusto eventualmente se fará necessário: “há uma explosão no número de exoplanetas que descobrimos na última década, e isso só vai aumentar quando botarmos telescópios melhores no espaço. Então temos um motivo para criar uma taxonomia melhor, e temos que consertar esse problema antes de chegarmos mais longe com esses exoplanetas. Nós queremos uma ciência excelente pois esse grande influxo de dados é muito mais importante para definirmos corretamente as nossas descobertas”.

Nos últimos cinco anos, Metzger e sua equipe revisaram grande parte da nossa literatura planetária, descobrindo que a definição original de um planeta – aquela proposta por Galileo Galilei no século XVI, onde um planeta é um corpo geologicamente ativo – acabou esquecida com o passar dos anos, e entre as décadas de 1910 e 1950, estudos astronômicos deixaram de se voltar aos planetas e se concentraram em outros objetos.

“Nós mostramos, por meio de ‘bibliometria’, que houve um período de negligência quando astrônomos não prestavam muita atenção a planetas”, disse Metzger, “Nesse período, a taxonomia pragmática que vinha desde a época de Galileu foi interrompida”.

Metzger ainda chama atenção para outro fato: no mesmo momento em que a definição original de Galileu começou a perder força, aumentou em popularidade o volume de outro tipo de publicação – os almanaques, livros anuais que faziam previsões meteorológicas e de outros tipos com base em posições dos astros – o que requer um número limitado de objetos celestes para funcionar. Em outras palavras, astrologia, de acordo com Metzger.

“Esse longo período foi essencial na história da astronomia, pois foi nele que as pessoas aceitaram verdades como a Terra orbitando o Sol e não o contrário, e eles combinaram esse grande insight científico com uma definição do que é um planeta que veio da astrologia”, disse Metzger.

O especialista afirma que a mudança parece inócua, mas seu impacto é sentido até hoje: “os planetas não eram mais definidos por sua complexidade, sua atividade geológica e seu potencial para a vida e civilização. Ao invés disso, eles passaram a ser definidos simplesmente por seguirem uma rota idealizada ao redor do Sol”.

Somente na década de 1960, graças à corrida espacial entre potências mundiais da época, é que o interesse mais pragmático retornou, e pessoas começaram a usar estudos para descartar objetos inferiores a planetas, como luas, asteroides e cometas. Uma simplificação do consenso científico se posicionou, o que eventualmente fez com que algumas pessoas buscassem uma justificativa matemática para manter o número de planetas mais baixo – o parâmetro de “conduzir a própria órbita”.

Só que, segundo Metzger, isso nunca foi exigido no passado: “é como se você fosse definir um ‘mamífero’. Os mamíferos o são independente de viverem na terra ou no mar. Não é sobre a localização deles, mas sim as características intrínsecas que fazem deles o que são”.

Por essa razão, Metzger pede que a IAU pare com o parâmetro de condução da órbita, e volte a adotar a geologia ativa – seja no presente ou no passado -, efetivamente atualizando o consenso científico e refletindo isso em livros de estudo.

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Plutão é um planeta anão que orbita o nosso sistema solar. Ele está localizado em uma região desse sistema chamada de Cinturão de Kuiper, em uma zona muito afastada do sol e que, portanto, apresenta uma baixíssima influência desse astro. Sua descoberta aconteceu no ano de 1930 pelo astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh, e o seu nome foi escolhido por uma garota de 11 anos em referência ao deus romano do submundo.

Até o ano de 2006, a União Astronômica Internacional considerava Plutão como o nono planeta do sistema solar e, apesar de se encontrar muito próximo dos chamados Gigantes Gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), era o menor dos planetas do nosso sistema. No entanto, após a descoberta do planeta anão Éris e a perspectiva (hoje tida como falsa) de que esse era maior que Plutão, começou-se a questionar se Plutão poderia ser realmente classificado como planeta.

Assim, após uma convenção realizada no referido ano, foram estabelecidos e reavaliados os critérios necessários para definir o que é planeta ou não, de modo que Plutão não atendeu a um deles, a saber: possuir uma órbita que não é influenciada diretamente por outros planetas. Assim, ele foi “rebaixado” à classificação de planeta anão.

Informações gerais também dão conta de que Plutão possui um ano de 248 anos terrestres, em razão do maior tempo que leva para fazer uma volta completa ao redor do sol. A sua velocidade de rotação também é mais lenta, com dias 6,5 vezes maiores do que os nossos, embora o planeta seja bem menor.

Todavia, como se sabia muito pouco sobre o corpo celeste em questão – em razão de sua grande distância em relação à Terra –, a NASA (Agência Espacial Norte-Americana) enviou a sonda New Horizons, que conseguiu uma boa aproximação no mês de julho de 2015 e, assim, pôde fazer imagens mais nítidas. Além disso, foram feitas imagens e vídeos envolvendo a superfície e a atmosfera local, de modo que muitas informações (algumas surpreendentes) foram reveladas.

A primeira entre as descobertas sobre Plutão pela sonda New Horizons foi realizada muito antes de se chegar próximo ao planeta anão: a existência de um número maior de luas do que se pensava. Quando a sonda deixou a Terra, em 2005, imaginava-se a existência de três: Caronte (a maior delas), Nix e Hidra. No entanto, à medida que se foi chegando perto, duas outras foram visualizadas: Estige (em 2011) e Cérbero (em 2012).

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Outra importante informação sobre as características de Plutão foi a atualização de seu tamanho, que é um pouco maior do que se calculava, o que se deve às distorções ocasionadas na obtenção de imagens a uma maior distância. Assim, o seu diâmetro exato é de 2370 km, colocando-o na liderança em termos de tamanho entre os planetas anões, com 30 km a mais em relação a Éris, o segundo colocado.

Com as imagens obtidas pela New Horizons, também se verificou que Plutão possui um relevo bastante acidentado, marcado pela presença de um grande número de cadeias montanhosas. Ao contrário do que se imaginava, há poucas formações em crateras em sua superfície, o que indica uma idade geologicamente jovem. A superfície provavelmente foi muito modelada por erupções vulcânicas e outros eventos naturais ao longo dos últimos 100 milhões de anos.

Plutão possui uma atmosfera composta por metano, monóxido de carbono, nitrogênio e outros materiais, além de ter uma grande quantidade de gelo em sua superfície. Nas baixas temperaturas locais (cerca de -248ºC), esse gelo apresenta o mesmo comportamento natural de uma rocha aqui da Terra, sendo a base estruturante das montanhas acima descritas.

Ao longo dos próximos anos, novas e instigantes informações sobre o planeta anão mais popular entre os seres humanos serão reveladas pela NASA, o que ocorre à medida que a sonda enviar mais do grande volume de informações armazenado. Com isso, será possível obter conclusões mais definitivas sobre a atmosfera local, a atividade geológica e outras características de Plutão e suas luas.


Por Me. Rodolfo Alves Pena