Por que os países se organizam em blocos econômicos brainly

A Política dos Blocos surgiu após a Segunda Guerra Mundial, como consequência da chamada Guerra Fria, que opôs a União Soviética aos Estados Unidos: duas nações militar e politicamente poderosas que representavam sistemas ideológicos divergentes e que lutavam pela hegemonia mundial.Da Política dos Blocos originou-se, portanto, uma determinada configuração das relações políticas internacionais, baseada na associação entre Estados que se uniram com o objetivo de se opor e enfrentar um inimigo comum, representado por outro grupo de Estados.Ao contrário das alianças políticas entre Estados, a Política dos Blocos não se apoiou em nenhuma regra ou em algum acordo tácito, previsto no direito internacional, pois sua principal característica foi justamente uma agregação contingente de Estados que compartilhavam dos mesmos interesses.

Uma outra característica distintiva da Política dos Blocos é que não havia equidade entre os Estados integrantes, devido a uma rígida estrutura hierárquica, determinada pela existência de um Estado líder que comandava o Bloco.

A formação dos Blocos

Não há consenso entre os historiadores sobre uma data ou evento preciso que seja apontado como determinante do início da Guerra Fria. Os critérios empregados variam muito.Não obstante, o fato é que, após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética, que haviam se aliado para enfrentar a ameaça de domínio representada pelo niponazifascismo, emergiram como os Estados mais poderosos do sistema internacional.A partir de então, esses dois Estados colocaram em prática uma política expansionista, visando a ampliação de suas respectivas zonas de influência. A União Soviética manteve um rígido controle sobre os países socialistas do Leste Europeu e fomentou processos revolucionários em todos os continentes, com objetivo de expandir o comunismo pelo mundo. Os Estados Unidos, por outro lado, reagiu com uma política de contenção do avanço soviético e ampliação de sua respectiva zona de controle e influência sobre os países capitalistas. Por razões geográficas, a Europa foi a zona central da divisão das respectivas esferas de influência e do embate entre os dois Estados.

A necessidade de defesa deu início a um movimento de agregação entre os Estados, provocando a formação dos Blocos. Os Blocos se sustentaram pela proteção militar e colaboração econômica mútuas. Os Estados Unidos colocaram em prática um plano de ajuda econômica, o Plano Marshall, com a finalidade de apoiar a reconstrução dos países da Europa ocidental.

Em 1949, os Estados Unidos promoveram a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), também chamada de Aliança Atlântica, que se encarregou da coordenação da aliança militar entre os países integrantes do Bloco ocidental.A União Soviética, por sua vez, criou o Comecom (Conselho para Assistência Econômica Mútua), em 1949, organização que coordenou a política de colaboração e integração econômica entre os países socialistas do Leste europeu. E, em 1955, os soviéticos promoveram a criação do Pacto de Varsóvia, que representou a organização militar dos países socialistas do Leste europeu.

No transcurso da Guerra Fria, a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial foi uma ameaça real. Mas o equilíbrio de poder (balance of power) proporcionado pela existência das armas nucleares, e com elas a garantia da "destruição mútua assegurada", evitou que os Estados oponentes declarassem formalmente guerra um ao outro.

Estrutura

Os Blocos podem ser concebidos como "subsistemas", porque funcionam com base em regras distintas das prevalecentes no sistema internacional. Os Blocos se sustentam por meio de uma estrutura hierárquica entre os Estados membros, com a proeminência de um Estado líder, que é aceito por todos os outros Estados membros em razão de sua superioridade militar e econômica, além de outros aspectos.A ordem hierárquica que sustenta os Blocos deixa transparecer, porém, uma condição de subordinação (ou dominação) devido à superioridade do Estado que ocupa a liderança. Por esse motivo, os Blocos enfrentaram tentativas declaradas, por parte de certos Estados membros, de "subversão" ou abandono dos compromissos firmados.No caso do Bloco socialista, a revolta na Hungria, em 1956, e a liberalização política na ex-Tchecoslováquia, em 1968, foram eventos dramáticos que acabaram por gerar reações da União Soviética, cujo desfecho resultou na invasão dos dois países por parte de forças militares pertencentes ao Pacto de Varsóvia.O Bloco Ocidental, liderado pelos Estados Unidos, também enfrentou demonstrações de rebeldia ou abandono dos compromissos por parte de alguns Estados membros. Mas, neste caso, devido ao fato de os Estados membros serem politicamente fortes e adotarem sistemas políticos democráticos, o desfecho resultou em negociações diplomáticas visando restabelecer a ordem hierárquica, muitas vezes com a concessão de prerrogativas.

O exemplo mais notório envolveu a França, que, a partir da década de 1960, por influência do gaullismo (política concebida pelo presidente Charles de Gaulle) adotou uma política externa independente; ou seja, de não-alinhamento a nenhum dos Blocos.

Neste caso em particular, a França permaneceu como Estado membro da OTAN. Mas, evidentemente, quando se tratou de Estados fracos, que não pertenciam ao Bloco Ocidental mas eram considerados aliados, os Estados Unidos enfrentaram as ameaças de subversão promovendo golpes e o estabelecimento de regimes autoritários ou ditatoriais, civis e militares.

Coexistência pacífica

Com a morte do ditador soviético Josef Stalin, em 1953, a União Soviética passou a ser liderada por Nikita Krushev. O novo líder soviético colocou em prática uma política de desestalinização, que resultou na adoção do princípio de coexistência pacífica.A política de coexistência pacífica se assentava na rejeição, por parte da União Soviética, da doutrina marxista-leninista que concebia a guerra como única condição para estabelecer o socialismo no mundo. Até certo ponto, a política de coexistência pacífica fez com que a Guerra Fria tendesse a perder intensidade, em razão da abertura de canais diplomáticos entre os Estados líderes dos dois Blocos, diminuindo as tensões militares entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia.Nesse sentido, os acordos de limitações de armas estratégicas e convencionais podem ser entendidos como um reflexo da política de coexistência pacífica, num esforço para evitar o conflito mundial. Além desse aspecto, os acordos firmados no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) também são resultado dessa política.

A política de coexistência pacífica não evitou, porém, tentativas, por parte dos Estados líderes, de ampliação das respectivas zonas de influência. Desse modo, embora não declarassem formalmente guerra um ao outro, as intervenções de caráter político e militar, bem como o estímulo a golpes, rebeliões e revoluções sociais foram recursos que ambos os Estados líderes empregaram, velada e permanentemente, como forma de enfraquecer e solapar as bases de poder do Estado adversário.

Colapso da União Soviética e fim do Bloco socialista

O equilíbrio entre os Blocos foi quebrado com a desintegração da União Soviética, em 1991, e do socialismo no Leste Europeu. O Comecom e o Pacto de Varsóvia também deixaram de existir a partir de 1991. O mundo transitou de uma ordem internacional polarizada (equivocadamente chamada de ordem bipolar) para uma ordem internacional que pode ser concebida como multipolar, devido à existência de vários centros de poder.

Líderes políticos da Rússia consideraram o desaparecimento da União Soviética e do Bloco socialista como o maior desastre geopolítico-estratégico da história do século 20. Não obstante, embora tenha havido uma acentuada diminuição das divergências ideológicas, várias questões envolvendo a segurança militar ainda são motivos de enormes tensões políticas entre a Rússia e os Estados Unidos.

Os blocos econômicos surgiram em um contexto amplo de difusão da globalização, a qual faz com que as economias do mundo todo se conectem, transformando o planeta em uma grande rede de trocas comerciais, culturais, políticas, sociais e várias outras possíveis.

Esses blocos passaram a se formar com o intuito de diminuir as fronteiras impostas pelos países, havendo trocas significativas, como mão de obra, serviços, capitais e fluxo de mercadorias. Além disso, também é um objetivo aumentar o Produto Interno Bruto (PIB), o lucro das empresas e, consequentemente, os empregos nos países envolvidos.

Leia também: OCDE – organização voltada ao desenvolvimento econômico e bem-estar social

O que são blocos econômicos?

Um bloco econômico pode ser considerado como um grande grupo de países que visam a aumentar as trocas comerciais regionais, expandindo seus dados econômicos, como PIB, empregos, multinacionais no país, poder de compra da população, entre outros.

Muitos autores chamam esses blocos de mercados regionais, em razão da restrição dos acordos à região dos países envolvidos, ou megablocos regionais, dada a grandeza de alguns, como a União Europeia.

Em um mundo cada vez mais globalizado, é natural que países queiram proteger suas economias da concorrência global. Isso porque, em muitas localidades, alguns fatores deixam a mercadoria mais atrativa a investidores, como a disponibilidade de mão de obra ou mesmo os incentivos fiscais oferecidos pelos governos.

Diante disso, após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a ideia da criação de um mercado restrito para um grupo de países, a fim de incentivar suas economias. Esse era o objetivo da criação do Benelux (palavra que corresponde às três sílabas iniciais de cada país-membro), formado por Bélgica, Holanda (Netherlands, em inglês) e Luxemburgo.

Depois, outros blocos surgiram ao longo do século XX, como a União Europeia, o Mercosul, o Nafta, entre outros.

Tipos de blocos econômicos

Para compreendermos como funcionam os blocos econômicos, é necessário compreender como eles são criados. Existem vários blocos econômicos pelo mundo, mas cada um possui um nível de integração diferente dos demais. O que caracteriza essa integração é o desejo dos países-membros de intensificar mais ou menos as relações econômicas entre as nações.

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No mundo globalizado, as economias mundiais estão em constante comunicação.

Podemos organizar os blocos econômicos em diferentes tipos (características):

  • Zona de livre comércio: os países unem-se para a liberação gradual de mercadorias e capitais dentro dos limites territoriais do bloco. É uma integração tímida, visando apenas aos produtos e aos lucros obtidos nessa produção. Como exemplo, podemos citar o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), que envolve os três países da América do Norte: Canadá, Estados Unidos e México.

  • União aduaneira: trata-se de uma evolução da zona livre de comércio. Além da liberação das mercadorias e produtos, é estabelecida uma Tarifa Externa Comum (TEC) aos países de fora do bloco. Isso significa que, quando um país do bloco negociar com outro país que não pertença ao bloco, haverá uma taxa de importação padronizada, igual para todos os que participam da integração econômica. O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um exemplo de bloco que possui a TEC.

  • Mercado comum: possui a integração mais evoluída. Há as duas características anteriores, como a zona de livre comércio e o estabelecimento da TEC, e outras para promover uma ampliação das relações entre os envolvidos. Essa ampliação busca padronizar leis trabalhistas, legislações econômicas, além da livre circulação de pessoas. Além disso, empresas nacionais podem expandir seus negócios, instalando-se em qualquer um dos países do bloco que está nesse nível de integração.

  • União econômica e monetária: Conforme as relações se intensificam e avançam, o bloco econômico pode chegar ao seu estágio máximo e completo: a adoção de uma moeda única e criação de um banco central do bloco. É o caso da União Europeia, que adotou o euro como moeda oficial em 2002. Porém, essa moeda não é adotada em todos os países que fazem parte desse bloco.

Veja também: Países desenvolvidos – nações com elevado desenvolvimento socioeconômico

Quais os principais blocos econômicos?

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Sede da União Europeia, na cidade de Bruxelas, Bélgica.

A União Europeia, bloco iniciado com a criação do Belenux, em 1944, é o bloco econômico que representa a maior integração de nações, pois possui todas as características para tal ação. Apesar de adotar uma moeda única no bloco, nem todos os países-membros utilizam o euro. São 27 países participantes desse bloco, os quais, juntos, possuem um PIB maior do que a China (segunda maior potência econômica do mundo).

Esse bloco teve seu início em 1989, com adesão de dois países da América do Norte: Canadá e Estados Unidos. As conversas com o México começaram dois anos depois, em 1991. Em 1994, o Nafta entrou em vigor com a adesão dos três países citados após três anos de negociações.

Com uma pequena integração econômica, os três países envolvidos possuem trocas comerciais significativas, com amplo mercado consumidor. Tais trocas possibilitaram uma modernização industrial, além de impulsionar investimentos e fluxos de comércio nos três países. Estima-se que as trocas em mercadorias diárias entre esses países cheguem a 2,6 bilhões de dólares, o que corresponde, aproximadamente, a 108 milhões de dólares por hora.

Acesse também: USMCA – bloco que atualiza o Nafta, conhecido como Nafta 2.0

Criado no início da década de 1990, o Mercosul corresponde ao maior PIB da América Latina, com 10 países envolvidos, havendo desde trocas comerciais até livre circulação de pessoas. O Mercosul corresponde à quinta maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de quase 2,8 trilhões de dólares. Além disso, esse bloco é um espaço privilegiado para investimentos, associações empresariais, turismo, comércio, entre outros cenários econômicos.

Esse bloco foi criado em 1967, na Tailândia, com o objetivo de desenvolver países que estão no sudeste da Ásia, como Indonésia, Cingapura, Malásia e outros. Trata-se de um bloco tímido que se encaixa em uma união aduaneira, cujas ações buscam a integração política e econômica dos países-membros.

Com 21 países participantes, esse bloco inclui as nações banhadas pelo oceano Pacífico, como Estado Unidos, Japão, China, Peru, Hong Kong e outros. Inicialmente, quando foi criado, em 1989, era apenas um fórum para decisões econômicas entre as nações. Com o tempo, houve a tentativa de implantar uma zona de livre comércio, mas as disparidades eram imensas.

Apesar de haver uma interdependência gradual entre as nações, ainda há muito que superar para que essa zona de livre comércio seja implementada, haja vista as disputas comerciais entre as três maiores economias do globo presentes nesse bloco: Estados Unidos, China e Japão.

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Bandeiras dos 21 países-membros da Apec.

Vantagens e desvantagens dos blocos econômicos

Os blocos são vantajosos para a maioria dos países envolvidos, pois a troca econômica é bem ampla, o que contribui para que empresas de um país instalem-se em outro, para a circulação de bens, serviços e capital, além da circulação de pessoas, como o caso da União Europeia e do Mercosul.

Entretanto, as economias mais frágeis do bloco ficam prejudicadas em alguns quesitos, como é o caso do México no NAFTA. Indústrias estadunidenses instalam-se no país latino, usam mão de obra mais barata para produzir suas mercadorias e vendem, com um preço elevado, para mexicanos e estadunidenses, além dos canadenses. O poder de compra dos Estados Unidos é maior que o dos mexicanos, ou seja, a aquisição de um bem não depende, nesse caso, da origem do produto, mas sim do preço que lhe é colocado.

Outra desvantagem, em tempos de globalização, é o protecionismo econômico que há em alguns blocos em relação a produtos que vêm de outros países não pertencentes ao bloco.

Há, também, situações em que a xenofobia está presente, como na União Europeia. Em muitos países, como na França, a Frente Nacional, partido de extrema-direita, defende a França para os franceses, slogan utilizado em algumas eleições e que se posiciona contra a integração dos países. Para esse partido e seus apoiadores, a livre entrada de pessoas deve ser revista, com restrições a determinadas nacionalidades.

Em linhas gerais, nos blocos econômicos, as grandes economias só têm a ganhar, pois, com a ampliação das relações econômicas, a tendência é que os grandes continuem grandes e até maiores. Já para os países com economias mais frágeis, há uma dependência em relação aos países mais fortes, como é o caso do México e do Canadá no Nafta, que dependem do mercado consumidor estadunidense para que suas economias continuem pujantes.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (UEG) Observe a figura a seguir:

Fonte:.

A região em destaque no mapa representa os países-membros do seguinte megabloco econômico:

a) CEE

b) Alca

c) Apec

d) Nafta

e) Mercosul

Resolução: letra “d”. O Nafta é um bloco econômico que engloba os três países da América do Norte: Canadá, Estados Unidos e México, conforme está destacado no mapa da questão.

Questão 2 – (PUC-RS) A divisão do mundo em Estados nacionais, com fronteiras, moedas e alfândegas, cria barreiras à livre circulação de mercadorias, serviços, capitais e pessoas. A criação de blocos econômicos é uma tentativa de reduzir essas barreiras em escala regional, mas também uma forma de os países-membros se fortalecerem frente ao processo de globalização.

Nesse processo, NÃO constitui uma forma de organização de blocos econômicos:

a) União aduaneira

b) União econômica e monetária

c) Criação de zonas de livre comércio

d) Eliminação das fronteiras físicas

e) Organização de mercados comuns

Resolução: letra “d”. Não é objetivo de um bloco econômico eliminar fronteiras físicas, apenas comerciais/econômicas. Muitos países têm como fronteiras rios, montanhas, cachoeiras, florestas, sendo impossível eliminar essas fronteiras.

Questão 3 - Assinale a alternativa que contenha siglas apenas de blocos econômicos:

a) Brics, Mercosul e União Europeia

b) Mercosul, União Europeia e G20

c) Nafta, União Europeia e Apec

d) Apec, União Europeia e Brics

Resolução: letra “c”. BRICS e G20 não são blocos econômicos, apenas grupos de países que possuem interesses em comum.