Por que o cachorro não fala

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A interação homem-cão não se limita a dar alguns comandos, como “fica” ou “dá a patinha”. Pergunte a qualquer tutor de cachorro e ele dirá que já teve longas e sérias conversas com o pet. Se você é desse tipo, chegou a hora de descobrir de fato, como falar com seu cachorro e o que a ciência diz sobre isso.

Cães entendem o que a gente fala?

Não há dúvidas de que os cães são capazes de identificar comandos e palavras, tanto é que atendem quando os chamamos pelo nome. Antes, acreditava-se que a linguagem de cachorro correspondia apenas de nossos gestos e entonação. Hoje, porém, a ciência avalia que o entendimento deles vai muito além desses aspectos.

Nós sabemos que eles são extremamente inteligentes e que se comunicam conosco por meio da linguagem corporal dos cachorros. No entanto, nem sempre é possível saber qual a melhor forma de fazermos nossos amiguinhos nos compreender.

Um estudo realizado na Universidade de Lórand, em Budapeste, e publicado na revista Science, sugere que os pets são capazes de decifrar não só a entonação, mas também as próprias palavras.

Durante a pesquisa, os cães foram colocados em um aparelho de ressonância magnética e expostos a diversos estímulos auditivos: os tutores diziam palavras que os animais ouviam na rotina deles, com várias entonações.

Para a surpresa da comunidade científica, os cães foram capazes de reconhecer as palavras como elogiosas, neutras ou negativas, independentemente da entonação. E, o que é mais revelador: fizeram isso utilizando o lado esquerdo do cérebro, o mesmo usado por nós na interpretação da linguagem.

Isso significa que, como nós, os cães são capazes de decifrar o vocabulário de forma separada da entonação, mas também de combinar as duas coisas, a fim de compreender o significado do que se quer dizer. Cachorros são realmente fascinantes, não é mesmo?

Como falar com seu cachorro: a importância da entonação

O fato de cachorros serem capazes de entender algumas palavras não significa que a entonação não seja importante.  “Estudos das últimas duas décadas comprovam que falar de maneira mais aguda faz com que o pet preste mais atenção nos comandos, facilitando o adestramento”, diz a Dra. Juliana Sanz, médica-veterinária da Petz.

A boa notícia é que é bem provável que você já faça isso naturalmente, já que não é tão difícil como entender os cães.  Esses bichinhos especiais sempre dão um jeito de expressar o que estão sentindo e se entenderam ou não os nossos chamados.

De acordo com as pesquisas, ao falar com um cachorro nós utilizamos instintivamente a chamada “linguagem dirigida aos cães”. Construída com frases mais curtas e simples, ela é semelhante à linguagem que os adultos usam ao falar com as crianças. No entanto, o tom de voz empregado é ainda mais agudo, o que, como dito anteriormente, facilita a compreensão canina.

O volume da fala, segundo a Dra. Juliana, deve ser um pouco mais alto. “Ele deve ser o mesmo utilizado com crianças ou com pessoas adultas quando não temos certeza se elas estão nos entendendo”, explica.

Já que ele me entende, posso dar sermão?

Mas não exagere: apesar de entenderem expressões como “vamos passear”, os cães não acompanham tudo o que a gente fala. Na verdade, apesar de superar o que se acreditava, a compreensão canina é bastante limitada diante da complexidade da linguagem humana.

Portanto, se o pet fizer algo de errado, a melhor forma de ensinar cachorro não é punindo o pet” com lições de moral ou chantagens emocionais. Ele não vai entender que o lugar certo de fazer xixi é no tapete higiênico ou que você fica muito triste quando ele molha sua cama só porque você falou isso por horas ou aos berros.

Ao contrário, falar de maneira agressiva com o cachorro ou com tom de voz muito elevado só vai fazer com que o cachorro se sinta ansioso e com medo, o que é prejudicial para o bem-estar dele.

Nesse sentido, a equipe de médicos-veterinários da Petz sempre enfatiza aos tutores que a melhor forma de comunicar ao cachorro o que se espera dele é com persistência, consistência nas regras e reforço positivo.

Acompanhe nosso blog e nossas redes sociais para mais informações sobre o comportamento dos cães e curiosidades sobre o universo canino.

Uma das palavras que a maioria dos humanos costuma dizer para os seus companheiros animais é a palavra “não” (e não só para os animais, para as pessoas também). É uma palavra muito comum especialmente quando um comportamento indesejado acontece: o gatinho joga o vaso no chão, o cachorro faz xixi fora do lugar, o passarinho bica a mão de alguém, etc.

“Toy, não!” Desde filhotes os animais ouvem repetidas vezes o dito-cujo “não”, mas esta, provavelmente é a palavra que possui menos valor para os animais. Profissionais e pesquisadores da área do comportamento animal, inclusive, recomendam fortemente que não se use a palavra “não”. Mas porque não dizer não? Qual é o problema dessa palavrinha?

Além de toda a ciência e filosofia comportamental moderna indicar que devemos não mais focar na eliminação do comportamento que não queremos, mas sim focar no reforço positivo (adição de coisas boas) após os comportamento que queremos ver mais frequentemente, assim como no pedido de comportamentos alternativos e incompatíveis com o comportamento indesejado, existem inúmeros outros motivos específicos pelo qual essa palavrinha tem uma energia tão, digamos, pesada.

São eles:

1. Alguém fala “não” sorrindo e com tom de voz alegre?

Pois é, o “não”, mesmo não sendo dito em forma de grito, não é só um som. 99% das vezes ele vem acompanhado de uma mão elevada, um dedo apontado, a cerne cerrada, lábios comprimidos, sobrancelhas levantadas, postura rígida, bufadas, batidas de pé no chão, dentre outros. Esse “pacote” que nós oferecemos aos nossos pets (cachorros, gatos…qualquer espécie), propositalmente ou não.

É bastante aversivo para o animal, o que a ciência da análise do comportamento classifica como punição positiva (a palavra positiva não tem conotação qualitativa de bom ou ruim, mas sim quantitativa, de adição ou retirada: logo, punição positiva é a adição de um estímulo aversivo). O animal, então, sente medo. Ele poderá, inclusive, se encolher, se esconder, e as vezes até fazer xixi por causa do medo.

2. Não, ele não está sentindo culpa: está sentindo medo!

O “não” torna tudo muito confuso para o animal, afinal ele não sabe o significado das palavras: se comunica principalmente através do odor e da linguagem corporal (visual). Conforme o item anterior, o som da palavra “não” vem acompanhado de uma linguagem corporal bastante confrontadora e coercitiva, então o animal responde à sua linguagem corporal, não ao som da palavra.

Como o animal reage? Coloca as orelhas para trás, abaixa a cabeça, desvia o olhar, passa a língua pelos lábios ou focinho, se agacha, coloca a cauda entre as patas, pisca os olhos… Consegue imaginar a cena? Pois é, muitos então dirão que “ele faz aquela cara de culpa, porque ele sabe que fez coisa errada!”. Na verdade não é isso, o animal está apenas reagindo com sinais de apaziguamento, tentando evitar, pedindo para você parar a sua reação corporal de confronto. Com isso você está apenas ensinando ao seu cão que você é imprevisível e uma ameaça!

Afinal, se ele sentisse a tal culpa e entendesse o “não”, então porque ele repete o comportamento indesejado constantemente? Porque você precisa aumentar seu tom de voz do “não” constantemente? Porque o seu “não” acompanha uma punição física? Porque você quase sempre precisa fazer algo a mais para parar o cão…?

3. Não falar não é quase igual à história do Pedro e do Lobo…

Quem não conhece o conto do Pedro e do Lobo? Pedro era um pastor que que vivia afastado da cidade e um dia, para chamar a atenção, resolve dizer à cidade que estava vindo um lobo que iria comer os rebanhos. A cidade toda se mobiliza contra o lobo e este, como era de se esperar, nunca aparece! A história repete-se algumas vezes, fazendo todos de bobos. Então um dia, quando realmente aparece um lobo, Pedro novamente chama os habitantes, mas agora ninguém mais vai.

O “não” é tão super utilizado (usamos para TUDO), que o animal pode, depois de um tempo, começar a ignora-lo: já não fazia sentido para ele, agora que não faz mesmo. Existe, inclusive um termo para isso na ciência da análise do comportamento: “learned irrelevance”. O animal é incapaz de relacionar a consequência com som, e portanto, este passa a não ter qualquer relevância, aprendendo a ignora-lo sistematicamente. Se você une o “não” com o nome do cão, então… o cachorro começa até a achar que o nome dele é “não totó”

4. Estamos 100% do tempo aprendendo por associação.

É muito difícil para o pet associar a palavra “não” com o comportamento indesejado específico que você quer que ele associe. O seu “não” teria que acontecer em menos de 4 segundos após o comportamento do animal, e teria que ser um não bastante intenso e confrontador… Além disso, suponhamos que no momento em que você fala a tal palavrinha, uma criança passe pela sala (ou um outro animal surja, ou a TV seja ligada, enfim, algo mais aconteça no mesmo instante…) e ao mesmo tempo a atenção do animal é desviada para esse novo evento, como a criança.

O que será que você acabou de punir? Sim! Você acabou de punir a presença da criança (ou o outro animal, a TV, o aspirador, o homem, o barulho…)! Você nem percebeu, mas foi isso que acabou de fazer… ! O que muito provavelmente irá acontecer no futuro é: o animal apresentará mais dificuldades para aprender e apresentará medo da tal criança (ou de crianças em geral até). Seja o que for que estiver acontecendo ao mesmo tempo, ou o que estiver passando pela cabeça do animal, é isto que será punido com o seu “não”… Pois é, não temos como ter certeza de que estamos punindo o que queremos punir…

5. O “não” não ensina nada.

Ao falar “não” você não está pedindo nenhum comportamento – parar, não se comportar não é um comportamento. Ou seja, você não ensina ao animal o que você quer que ele faça, e nem mostra o que você não quer. Para poder pensar no comportamento que você não quer mais ver, você deve ter muito claro qual comportamento você quer ver no lugar desse (como repete incessantemente a Dra. Susan Friedman).

Ao invés de pular nas visitas, você quer que ele sente, deite, pegue um brinquedo? Ao invés de arranhar os móveis você quer que ele arranhe o brinquedo de sisal, brinque de caça ou escale o brinquedo vertical? Ao invés de morder sua mão para pedir atenção você quer que ele sente em sua frente, dê a pata ou que vá pegar um brinquedo e se divirta sozinho?

6. É uma estrada sem fim.

Normalmente, quando uma pessoa adota ou compra um pet, ela deseja ser feliz com o animal, certo? Criar laços emocionais, brincar, cuidar, estabelecer um relacionamento de amor. Pouco tempo depois, porém, ele começa a morder as coisas, arranhar móveis, cavar buracos, fazer xixi e coco fora do lugar, jogar objetos no chão, etc.

Então é comum encontrarmos pessoas que, ao ver isso acontecer, pensam que o animal está fora do controle, tem problemas comportamentais. Ocorre que não é nada disso: estes são comportamentos normais e naturais para os pets, mas infelizmente, isso não é considerado normal para a cultura humana. Com certeza o ambiente e manejo pode ser trabalhado a manutenção de um equilíbrio entre o bem estar do pet e a tranquilidade da família, mantendo e estimulando estes comportamentos, porém os redirecionando de maneira que não destrua a casa.

6.1. Por que fazemos isso?

O que geralmente ocorre, porém, é que a maioria dos humanos logo parte para o uso de punições (e isso não vale apenas para os pets, de maneira triste, ocorre entre humanos na mesma medida…). Nas tentativas iniciais de interromper o comportamento não são utilizadas necessariamente punições severas, como bater ou puxar o animal, geralmente esse caminho se inicia com o “não”, mas depois, impreterivelmente, vai escalando, já que o comportamento indesejado não pára.

No início o animal fica confuso, afinal para ele estes comportamentos são normais e não “maus”. Então, frustrado e estressado, o mundo parece extremamente imprevisível e fora do seu controle (previsibilidade e controle são dois fatores diretamente relacionados ao estresse). E como os animais lidam com estresse? Com mais atividade, ansiedade, mais comportamentos de vácuo, alguns bastante repetitivos e estereotipados: cavar, morder, arranhar, latir sem parar, girar, correr.

E o humano logo diz: “maus comportamentos”! E qual a próxima cena da novela? Pois é, mais punição: mais “não”, mais caras de bravo, mais batidas de pé no chão, mais puxões na guia, mais gritos, mais “shhh”… Não te parece um ciclo vicioso? E é mesmo, uma bola de neve com graves consequências tanto para os pets quanto para os seus frustrados e inconsolados tutores. Aquele relacionamento tão sonhado foi por água abaixo…

7. Mais um dos efeitos colaterais: esquivar-se

A palavra “não”, quando utilizada como punição, poderá, após algumas repetições, como que desligar o cão (em inglês o termo comumente utilizado é “shut down”). Ou seja, inibirá o animal de apresentar todo e qualquer comportamento. Porque isso ocorre? Quando dizemos “não” para um comportamento indesejado, como por exemplo, morder um sapato, estamos dizendo não para outros comportamentos simultâneos, como estar deitado quietinho no tapete ou estar olhando para você.

Então, quando você acha que está interrompendo o tal comportamento indesejado, você está, na verdade, impedindo todos os comportamentos: o animal simplesmente desiste de se comportar. E a emoção subjacente é terrível: eles paralisam simplesmente porque estão com medo de fazer alguma coisa errada.

8. A trágica cilada do “não” reforçador

E como quem não tem nada, aceita tudo, a palavra “não” pode até se tornar um reforçador para um animal que não consegue atenção de nenhuma maneira (o que a análise do comportamento chama de reforçador condicionado generalizado). É comum encontramos tutores ignorando repetidamente cachorros que estão com 100% de atenção neles, comportamento que deveria, na verdade, ser super reforçado pelos tutores.

Logo, de tanto não conseguir atenção do tutor com seus comportamentos calmos, o animal acaba variando seu comportamento, geralmente culminando em comportamentos indesejados pelos tutores: pulando, latindo, mordendo, arranhando, bicando, lambendo… Então, o que acontece? O tutor enche o animal de atenção, dizendo repetidas vezes o “não”, olhando efusivamente para o animal, as vezes fazendo carinho, acalmando-o, em resumo: focando no indivíduo que estava há tempos pedindo atenção.

O que o animal aprendeu? Se você quer atenção de um humano, faça bastante bagunça que você conseguirá a atenção rapidinho! Ao invés de estar atento, captar e reforçar o animal por um comportamento desejado, consequentemente levando ao aumento da probabilidade do comportamento ocorrer novamente no futuro, dizer “não” acaba, tragicamente, oferecendo ao animal toda a atenção que ele suplicava.

9. Pra que ter timing pra punir se o tiro vai sempre sair pela culatra?

“Ah, mas é tudo uma questão de timing, se você vir o animal fazendo a coisa errada e logo chama-lo, disser ‘não’ e apontar para a besteira que ele fez, aí sim ele nunca mais vai fazer bagunça!” Essa é uma frase frequente, mas mesmo assim, errada. Quando se faz isso, é muito comum punir-se o comportamento calmo. Um ótimo exemplo é quando um cachorro está pulando para cumprimentar as pessoas, e o tutor, nervoso, puxa o cão e fala “não, não pula Totó!”, balançando o dedo na frente do cão. Reparou que no momento em que o tutor está punindo o cão, este último está sentadinho e focado no tutor ou nas visitas? Logo, o cão só aprendeu uma lição com esse episódio: que sentar na frente do tutor ou dos visitantes é ruim!

10. Simplesmente porque existem outras maneiras muito melhores.

Ok, já ficou bem claro que o “não” faz mais mal do que bem, aumenta a ansiedade e estresse de ambos os lados, em conclusão: é contra-produtivo. E se eu te disser que existem outras maneiras eficientes, eficazes e que levam em conta o bem estar do seu animal, você preferiria utiliza-las ao invés do “não”? Como você ama seu animal, imagino que tenha respondido sim à essa pergunta!

Em relação ao “não”, vamos aboli-lo de nosso vocabulário. Então o que você fará quando você encontrar seu cachorro fazendo algo que não deveria fazer? Ao invés de dizer “não”, você utilizará uma expressão muito mais sutil como uma interrupção. Pode ser o: “ops!”, “a-ha!”, “olá!”, “oiê!”, etc. A idéia deste som é distrair, tirar o foco do animal do que ele está fazendo no momento, mas sem puni-lo! Você não fala “a-ha!”, “olá!” com cara de brava, apontando o dedo na frente do animal: você fala feliz, com sorriso no rosto, com tom de voz calmo de aviso.

Assim será um criado um vácuo comportamental, conforme diz Jean Donaldson, agora você precisará ajudar o animal a completar esse vácuo com outro comportamento. Assim que você disser o “a-ha”, por exemplo, o animal provavelmente irá parar o comportamento anterior por poucos segundos e nesse intervalo você logo pedirá o comportamento desejado, um “senta”, por exemplo.

O animal terá um intervalo de alguns segundos com este aviso, e receberá uma segunda chance para acertar, será redirecionado para outro comportamento, sem ter que se esquivar ou ter medo de que algo ruim virá. Você e o animal ganharam a chance de um novo comportamento e um novo reforço – você, agora sim, ensinou a resposta correta!

Recompense-o quando fizer o comportamento desejado

Se o animal fizer o comportamento pedido, receberá um generoso reforço positivo, como muito carinho junto com um petisco delicioso – não economize! Se ele não fizer, você poderá ajuda-lo a alcançar a resposta correta, como atrai-lo com um petisco, chama-lo e retira-lo de perto da distração ou, dependendo da situação, o animal simplesmente não ganhará nada, nada acontecerá, receberá um time-out de no máximo 1 minuto. E lembre-se que o animal não fazer o comportamento é um sinal de que você humano precisa melhorar, praticar mais o novo comportamento!

Muitos podem pensar… Mas se eles não compreendem o significados das palavras, qual é a diferença de utilizar o “não” e um “a-ha” ou um “ops!”? Existe uma diferença gigante! Primeiro que nós, humanos, que compreendemos a semântica, existe uma diferença entre a conotação dessas palavras, que são muito mais de aviso, para dar um susto leve. Como nós somos influenciados por isso, muda também nosso estado mental de ansiedade e frustração, importantíssimos para o processo e relacionamento.

Segundo, que dizemos essas palavras de uma maneira muito diferente e com uma linguagem corporal muito menos ameaçadora, não sendo aversivo, evitando, assim, o medo do animal. Afinal depois que o comportamento indesejado começou, quase 100% das vezes é muito tarde para ensinar ao animal que ele não deveria nem ter começado a resposta. O melhor que você pode fazer é interromper e distrai-lo, e dar a ele a chance de fazer outro comportamento, alternativo e incompatível com a resposta indesejada.

Dizer “não” é um hábito extremamente difícil de ser quebrado, no início será desafiador, com certeza. Quando você conseguir retira-lo do seu vocabulário, porém (inclusive quando se trata de relacionamentos humanos) seus relacionamentos se engrandecerão para sempre!

Uma observação importante neste momento é deixar claro que o “a-ha” não deve ser utilizado frequentemente, é apenas uma saída para algumas situações inusitadas. Se você perceber que está utilizando-o muito frequentemente, há algo errado com o modo como você está lidando com o animal. O ideal é você se basear 95% do tempo nas quatro medidas descritas abaixo, que podem e devem ser tomadas no dia-a-dia:

A) Maneje o ambiente em que o animal vive e incentive os comportamentos naturais de modo que não te incomode:

E por ambiente eu digo não só o local, os móveis, os brinquedos, mas também as pessoas, os hábitos, os horários, a rotina. A prevenção dos comportamentos indesejados é uma medida de ouro! Faça tudo o que puder fazer para evitar que o animal pratique os hábitos antigos e errados. Se o cachorro não conseguir acessar os sapatos, como é que ele poderá destruí-los? Se o gato não tem outro local para arranhar, como você quer que ele não arranhe as cortinas? Se o hamster não tem o que roer, como ele poderá apresentar esse comportamento natural?

B) Aumente o repertório comportamental do animal:

Queremos criar novos hábitos, mas precisamos ajudar o animal a conseguir isso. Antes de mais nada precisaremos pensar no que queremos que o animal faça no lugar – um comportamento incompatível, que não poderá ocorrer ao mesmo tempo que o comportamento indesejado ocorre. Será preciso então ensinar esse novo comportamento, aumentando o repertório comportamental do pet e melhorando a comunicação inter-espécies. Ao ensinar novos comportamentos, como por exemplo o “senta” e o “fica”, não deixe de reforçar generosamente cada acerto com atenção, carinho, brinquedo, petiscos, o que for que seu pet gostar muito! E não vale usar a ração que ele come todos os dias ou um leve carinho na orelha: seja generoso! Afinal você quer ou não quer trocar um comportamento que era super reforçador para o animal por outro que agora terá que ainda se tornar super reforçador para o animal?

C) Se concentre no que o animal está fazendo corretamente e em reforça-lo por isso:

Preste atenção no animal, especialmente quando ele está calmo, brincando sozinho, passeando ao seu lado. Estes são comportamentos, portanto podem e devem ser reforçados! Dê carinho e petiscos quando o animal está sentado! Simplesmente por ele estar sentado? Sim, você não quer que seu cachorro seja um animal tranquilo e apresente mais frequentemente comportamentos tranquilos? Então reforce-os!

D) Entenda a comunicação do animal:

Sabe como com humanos brigas acontecem por falhas na interpretação? Pois é, entre cães e humanos isso também acontece! Porque nós tendemos a analisar os comportamentos dos animais como se eles fossem humanos, muitas vezes tornamos tudo mais complicado, por vezes com consequências negativas para a relação.

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Uma das palavras que a maioria dos humanos costuma dizer para os seus companheiros animais é a palavra “não” (e não só para os animais, para as pessoas também). É uma palavra muito comum especialmente quando um comportamento indesejado acontece: o gatinho joga o vaso no chão, o cachorro faz xixi fora do lugar, o passarinho bica a mão de alguém, etc.

“Toy, não!” Desde filhotes os animais ouvem repetidas vezes o dito-cujo “não”, mas esta, provavelmente é a palavra que possui menos valor para os animais. Profissionais e pesquisadores da área do comportamento animal, inclusive, recomendam fortemente que não se use a palavra “não”. Mas porque não dizer não? Qual é o problema dessa palavrinha?

Além de toda a ciência e filosofia comportamental moderna indicar que devemos não mais focar na eliminação do comportamento que não queremos, mas sim focar no reforço positivo (adição de coisas boas) após os comportamento que queremos ver mais frequentemente, assim como no pedido de comportamentos alternativos e incompatíveis com o comportamento indesejado, existem inúmeros outros motivos específicos pelo qual essa palavrinha tem uma energia tão, digamos, pesada.

São eles:

1. Alguém fala “não” sorrindo e com tom de voz alegre?

Pois é, o “não”, mesmo não sendo dito em forma de grito, não é só um som. 99% das vezes ele vem acompanhado de uma mão elevada, um dedo apontado, a cerne cerrada, lábios comprimidos, sobrancelhas levantadas, postura rígida, bufadas, batidas de pé no chão, dentre outros. Esse “pacote” que nós oferecemos aos nossos pets (cachorros, gatos…qualquer espécie), propositalmente ou não.

É bastante aversivo para o animal, o que a ciência da análise do comportamento classifica como punição positiva (a palavra positiva não tem conotação qualitativa de bom ou ruim, mas sim quantitativa, de adição ou retirada: logo, punição positiva é a adição de um estímulo aversivo). O animal, então, sente medo. Ele poderá, inclusive, se encolher, se esconder, e as vezes até fazer xixi por causa do medo.

2. Não, ele não está sentindo culpa: está sentindo medo!

O “não” torna tudo muito confuso para o animal, afinal ele não sabe o significado das palavras: se comunica principalmente através do odor e da linguagem corporal (visual). Conforme o item anterior, o som da palavra “não” vem acompanhado de uma linguagem corporal bastante confrontadora e coercitiva, então o animal responde à sua linguagem corporal, não ao som da palavra.

Como o animal reage? Coloca as orelhas para trás, abaixa a cabeça, desvia o olhar, passa a língua pelos lábios ou focinho, se agacha, coloca a cauda entre as patas, pisca os olhos… Consegue imaginar a cena? Pois é, muitos então dirão que “ele faz aquela cara de culpa, porque ele sabe que fez coisa errada!”. Na verdade não é isso, o animal está apenas reagindo com sinais de apaziguamento, tentando evitar, pedindo para você parar a sua reação corporal de confronto. Com isso você está apenas ensinando ao seu cão que você é imprevisível e uma ameaça!

Afinal, se ele sentisse a tal culpa e entendesse o “não”, então porque ele repete o comportamento indesejado constantemente? Porque você precisa aumentar seu tom de voz do “não” constantemente? Porque o seu “não” acompanha uma punição física? Porque você quase sempre precisa fazer algo a mais para parar o cão…?

3. Não falar não é quase igual à história do Pedro e do Lobo…

Quem não conhece o conto do Pedro e do Lobo? Pedro era um pastor que que vivia afastado da cidade e um dia, para chamar a atenção, resolve dizer à cidade que estava vindo um lobo que iria comer os rebanhos. A cidade toda se mobiliza contra o lobo e este, como era de se esperar, nunca aparece! A história repete-se algumas vezes, fazendo todos de bobos. Então um dia, quando realmente aparece um lobo, Pedro novamente chama os habitantes, mas agora ninguém mais vai.

O “não” é tão super utilizado (usamos para TUDO), que o animal pode, depois de um tempo, começar a ignora-lo: já não fazia sentido para ele, agora que não faz mesmo. Existe, inclusive um termo para isso na ciência da análise do comportamento: “learned irrelevance”. O animal é incapaz de relacionar a consequência com som, e portanto, este passa a não ter qualquer relevância, aprendendo a ignora-lo sistematicamente. Se você une o “não” com o nome do cão, então… o cachorro começa até a achar que o nome dele é “não totó”

4. Estamos 100% do tempo aprendendo por associação.

É muito difícil para o pet associar a palavra “não” com o comportamento indesejado específico que você quer que ele associe. O seu “não” teria que acontecer em menos de 4 segundos após o comportamento do animal, e teria que ser um não bastante intenso e confrontador… Além disso, suponhamos que no momento em que você fala a tal palavrinha, uma criança passe pela sala (ou um outro animal surja, ou a TV seja ligada, enfim, algo mais aconteça no mesmo instante…) e ao mesmo tempo a atenção do animal é desviada para esse novo evento, como a criança.

O que será que você acabou de punir? Sim! Você acabou de punir a presença da criança (ou o outro animal, a TV, o aspirador, o homem, o barulho…)! Você nem percebeu, mas foi isso que acabou de fazer… ! O que muito provavelmente irá acontecer no futuro é: o animal apresentará mais dificuldades para aprender e apresentará medo da tal criança (ou de crianças em geral até). Seja o que for que estiver acontecendo ao mesmo tempo, ou o que estiver passando pela cabeça do animal, é isto que será punido com o seu “não”… Pois é, não temos como ter certeza de que estamos punindo o que queremos punir…

5. O “não” não ensina nada.

Ao falar “não” você não está pedindo nenhum comportamento – parar, não se comportar não é um comportamento. Ou seja, você não ensina ao animal o que você quer que ele faça, e nem mostra o que você não quer. Para poder pensar no comportamento que você não quer mais ver, você deve ter muito claro qual comportamento você quer ver no lugar desse (como repete incessantemente a Dra. Susan Friedman).

Ao invés de pular nas visitas, você quer que ele sente, deite, pegue um brinquedo? Ao invés de arranhar os móveis você quer que ele arranhe o brinquedo de sisal, brinque de caça ou escale o brinquedo vertical? Ao invés de morder sua mão para pedir atenção você quer que ele sente em sua frente, dê a pata ou que vá pegar um brinquedo e se divirta sozinho?

6. É uma estrada sem fim.

Normalmente, quando uma pessoa adota ou compra um pet, ela deseja ser feliz com o animal, certo? Criar laços emocionais, brincar, cuidar, estabelecer um relacionamento de amor. Pouco tempo depois, porém, ele começa a morder as coisas, arranhar móveis, cavar buracos, fazer xixi e coco fora do lugar, jogar objetos no chão, etc.

Então é comum encontrarmos pessoas que, ao ver isso acontecer, pensam que o animal está fora do controle, tem problemas comportamentais. Ocorre que não é nada disso: estes são comportamentos normais e naturais para os pets, mas infelizmente, isso não é considerado normal para a cultura humana. Com certeza o ambiente e manejo pode ser trabalhado a manutenção de um equilíbrio entre o bem estar do pet e a tranquilidade da família, mantendo e estimulando estes comportamentos, porém os redirecionando de maneira que não destrua a casa.

6.1. Por que fazemos isso?

O que geralmente ocorre, porém, é que a maioria dos humanos logo parte para o uso de punições (e isso não vale apenas para os pets, de maneira triste, ocorre entre humanos na mesma medida…). Nas tentativas iniciais de interromper o comportamento não são utilizadas necessariamente punições severas, como bater ou puxar o animal, geralmente esse caminho se inicia com o “não”, mas depois, impreterivelmente, vai escalando, já que o comportamento indesejado não pára.

No início o animal fica confuso, afinal para ele estes comportamentos são normais e não “maus”. Então, frustrado e estressado, o mundo parece extremamente imprevisível e fora do seu controle (previsibilidade e controle são dois fatores diretamente relacionados ao estresse). E como os animais lidam com estresse? Com mais atividade, ansiedade, mais comportamentos de vácuo, alguns bastante repetitivos e estereotipados: cavar, morder, arranhar, latir sem parar, girar, correr.

E o humano logo diz: “maus comportamentos”! E qual a próxima cena da novela? Pois é, mais punição: mais “não”, mais caras de bravo, mais batidas de pé no chão, mais puxões na guia, mais gritos, mais “shhh”… Não te parece um ciclo vicioso? E é mesmo, uma bola de neve com graves consequências tanto para os pets quanto para os seus frustrados e inconsolados tutores. Aquele relacionamento tão sonhado foi por água abaixo…

7. Mais um dos efeitos colaterais: esquivar-se

A palavra “não”, quando utilizada como punição, poderá, após algumas repetições, como que desligar o cão (em inglês o termo comumente utilizado é “shut down”). Ou seja, inibirá o animal de apresentar todo e qualquer comportamento. Porque isso ocorre? Quando dizemos “não” para um comportamento indesejado, como por exemplo, morder um sapato, estamos dizendo não para outros comportamentos simultâneos, como estar deitado quietinho no tapete ou estar olhando para você.

Então, quando você acha que está interrompendo o tal comportamento indesejado, você está, na verdade, impedindo todos os comportamentos: o animal simplesmente desiste de se comportar. E a emoção subjacente é terrível: eles paralisam simplesmente porque estão com medo de fazer alguma coisa errada.

8. A trágica cilada do “não” reforçador

E como quem não tem nada, aceita tudo, a palavra “não” pode até se tornar um reforçador para um animal que não consegue atenção de nenhuma maneira (o que a análise do comportamento chama de reforçador condicionado generalizado). É comum encontramos tutores ignorando repetidamente cachorros que estão com 100% de atenção neles, comportamento que deveria, na verdade, ser super reforçado pelos tutores.

Logo, de tanto não conseguir atenção do tutor com seus comportamentos calmos, o animal acaba variando seu comportamento, geralmente culminando em comportamentos indesejados pelos tutores: pulando, latindo, mordendo, arranhando, bicando, lambendo… Então, o que acontece? O tutor enche o animal de atenção, dizendo repetidas vezes o “não”, olhando efusivamente para o animal, as vezes fazendo carinho, acalmando-o, em resumo: focando no indivíduo que estava há tempos pedindo atenção.

O que o animal aprendeu? Se você quer atenção de um humano, faça bastante bagunça que você conseguirá a atenção rapidinho! Ao invés de estar atento, captar e reforçar o animal por um comportamento desejado, consequentemente levando ao aumento da probabilidade do comportamento ocorrer novamente no futuro, dizer “não” acaba, tragicamente, oferecendo ao animal toda a atenção que ele suplicava.

9. Pra que ter timing pra punir se o tiro vai sempre sair pela culatra?

“Ah, mas é tudo uma questão de timing, se você vir o animal fazendo a coisa errada e logo chama-lo, disser ‘não’ e apontar para a besteira que ele fez, aí sim ele nunca mais vai fazer bagunça!” Essa é uma frase frequente, mas mesmo assim, errada. Quando se faz isso, é muito comum punir-se o comportamento calmo. Um ótimo exemplo é quando um cachorro está pulando para cumprimentar as pessoas, e o tutor, nervoso, puxa o cão e fala “não, não pula Totó!”, balançando o dedo na frente do cão. Reparou que no momento em que o tutor está punindo o cão, este último está sentadinho e focado no tutor ou nas visitas? Logo, o cão só aprendeu uma lição com esse episódio: que sentar na frente do tutor ou dos visitantes é ruim!

10. Simplesmente porque existem outras maneiras muito melhores.

Ok, já ficou bem claro que o “não” faz mais mal do que bem, aumenta a ansiedade e estresse de ambos os lados, em conclusão: é contra-produtivo. E se eu te disser que existem outras maneiras eficientes, eficazes e que levam em conta o bem estar do seu animal, você preferiria utiliza-las ao invés do “não”? Como você ama seu animal, imagino que tenha respondido sim à essa pergunta!

Em relação ao “não”, vamos aboli-lo de nosso vocabulário. Então o que você fará quando você encontrar seu cachorro fazendo algo que não deveria fazer? Ao invés de dizer “não”, você utilizará uma expressão muito mais sutil como uma interrupção. Pode ser o: “ops!”, “a-ha!”, “olá!”, “oiê!”, etc. A idéia deste som é distrair, tirar o foco do animal do que ele está fazendo no momento, mas sem puni-lo! Você não fala “a-ha!”, “olá!” com cara de brava, apontando o dedo na frente do animal: você fala feliz, com sorriso no rosto, com tom de voz calmo de aviso.

Assim será um criado um vácuo comportamental, conforme diz Jean Donaldson, agora você precisará ajudar o animal a completar esse vácuo com outro comportamento. Assim que você disser o “a-ha”, por exemplo, o animal provavelmente irá parar o comportamento anterior por poucos segundos e nesse intervalo você logo pedirá o comportamento desejado, um “senta”, por exemplo.

O animal terá um intervalo de alguns segundos com este aviso, e receberá uma segunda chance para acertar, será redirecionado para outro comportamento, sem ter que se esquivar ou ter medo de que algo ruim virá. Você e o animal ganharam a chance de um novo comportamento e um novo reforço – você, agora sim, ensinou a resposta correta!

Recompense-o quando fizer o comportamento desejado

Se o animal fizer o comportamento pedido, receberá um generoso reforço positivo, como muito carinho junto com um petisco delicioso – não economize! Se ele não fizer, você poderá ajuda-lo a alcançar a resposta correta, como atrai-lo com um petisco, chama-lo e retira-lo de perto da distração ou, dependendo da situação, o animal simplesmente não ganhará nada, nada acontecerá, receberá um time-out de no máximo 1 minuto. E lembre-se que o animal não fazer o comportamento é um sinal de que você humano precisa melhorar, praticar mais o novo comportamento!

Muitos podem pensar… Mas se eles não compreendem o significados das palavras, qual é a diferença de utilizar o “não” e um “a-ha” ou um “ops!”? Existe uma diferença gigante! Primeiro que nós, humanos, que compreendemos a semântica, existe uma diferença entre a conotação dessas palavras, que são muito mais de aviso, para dar um susto leve. Como nós somos influenciados por isso, muda também nosso estado mental de ansiedade e frustração, importantíssimos para o processo e relacionamento.

Segundo, que dizemos essas palavras de uma maneira muito diferente e com uma linguagem corporal muito menos ameaçadora, não sendo aversivo, evitando, assim, o medo do animal. Afinal depois que o comportamento indesejado começou, quase 100% das vezes é muito tarde para ensinar ao animal que ele não deveria nem ter começado a resposta. O melhor que você pode fazer é interromper e distrai-lo, e dar a ele a chance de fazer outro comportamento, alternativo e incompatível com a resposta indesejada.

Dizer “não” é um hábito extremamente difícil de ser quebrado, no início será desafiador, com certeza. Quando você conseguir retira-lo do seu vocabulário, porém (inclusive quando se trata de relacionamentos humanos) seus relacionamentos se engrandecerão para sempre!

Uma observação importante neste momento é deixar claro que o “a-ha” não deve ser utilizado frequentemente, é apenas uma saída para algumas situações inusitadas. Se você perceber que está utilizando-o muito frequentemente, há algo errado com o modo como você está lidando com o animal. O ideal é você se basear 95% do tempo nas quatro medidas descritas abaixo, que podem e devem ser tomadas no dia-a-dia:

A) Maneje o ambiente em que o animal vive e incentive os comportamentos naturais de modo que não te incomode:

E por ambiente eu digo não só o local, os móveis, os brinquedos, mas também as pessoas, os hábitos, os horários, a rotina. A prevenção dos comportamentos indesejados é uma medida de ouro! Faça tudo o que puder fazer para evitar que o animal pratique os hábitos antigos e errados. Se o cachorro não conseguir acessar os sapatos, como é que ele poderá destruí-los? Se o gato não tem outro local para arranhar, como você quer que ele não arranhe as cortinas? Se o hamster não tem o que roer, como ele poderá apresentar esse comportamento natural?

B) Aumente o repertório comportamental do animal:

Queremos criar novos hábitos, mas precisamos ajudar o animal a conseguir isso. Antes de mais nada precisaremos pensar no que queremos que o animal faça no lugar – um comportamento incompatível, que não poderá ocorrer ao mesmo tempo que o comportamento indesejado ocorre. Será preciso então ensinar esse novo comportamento, aumentando o repertório comportamental do pet e melhorando a comunicação inter-espécies. Ao ensinar novos comportamentos, como por exemplo o “senta” e o “fica”, não deixe de reforçar generosamente cada acerto com atenção, carinho, brinquedo, petiscos, o que for que seu pet gostar muito! E não vale usar a ração que ele come todos os dias ou um leve carinho na orelha: seja generoso! Afinal você quer ou não quer trocar um comportamento que era super reforçador para o animal por outro que agora terá que ainda se tornar super reforçador para o animal?

C) Se concentre no que o animal está fazendo corretamente e em reforça-lo por isso:

Preste atenção no animal, especialmente quando ele está calmo, brincando sozinho, passeando ao seu lado. Estes são comportamentos, portanto podem e devem ser reforçados! Dê carinho e petiscos quando o animal está sentado! Simplesmente por ele estar sentado? Sim, você não quer que seu cachorro seja um animal tranquilo e apresente mais frequentemente comportamentos tranquilos? Então reforce-os!

D) Entenda a comunicação do animal:

Sabe como com humanos brigas acontecem por falhas na interpretação? Pois é, entre cães e humanos isso também acontece! Porque nós tendemos a analisar os comportamentos dos animais como se eles fossem humanos, muitas vezes tornamos tudo mais complicado, por vezes com consequências negativas para a relação.

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