Por que o bebe mexe quando a mae come

Desde pequeninhos, ainda dentro do útero, os bebês apresentam reflexos e se movimentam. Sinal de que estão bem oxigenados e alimentados (quando a mãe come algo, eles mexem ainda mais!). As estripulias são variadas e muitas delas podem ser contempladas com o auxílio do ultrassom: eles chupam o dedo, piscam várias vezes, tiram uma soneca e ainda bocejam durante o dia quando se sentem bem.

É gostoso saber que o seu filhote, conforme vai crescendo dentro da barriga, exercita-se, esticando as pernas e braços, abrindo e fechando as mãos, pegando e soltando o cordão umbilical. Ele gira em torno dele mesmo, muda de posição o tempo todo e gosta de ouvir seu coração. Pois é, mamãe, quando ele escuta o bate-bate, fica calminho, calminho. “Isso só acontece depois da 10ª semana, quando ele se torna um feto. Antes disso, é considerado embrião e fica apenas flutuando naquela piscina chamada útero”, explica o médico Breno José Filho, chefe de serviço da Obstetrícia do Hospital São Lucas da PUCRS, no Rio Grande do Sul. “Antes das oito semanas, tudo é muito lento”, reitera a médica Rita Sanchez, da equipe da Medicina Fetal do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Por esse motivo, apenas 8% dos movimentos do bebê, desde a sua formação até a hora do parto, são notados pelos pais. Os demais 92% passam despercebidos. E quanto mais o pequeno se mexer, mais saudável ele estará. “A diminuição dos movimentos é um sinal de alerta, pois pode significar carência de glicose ou oxigênio. Nessa condição adversa, o feto tentará economizar energia e ficará quieto”, avisa. Mas, para se assegurar de que tudo está em ordem, basta manter os exames em dia e curtir essa animação toda do seu bebê.

Do lado de dentro

Os bebês não param quietos no útero das mamães. Confira as explicações para cada tipo de movimento fetal:

1. Bate, bate, coração

O coraçãozinho é um dos primeiros órgãos a aparecer no corpo do embrião, mas, pera lá, é difícil de ouvir seus batimentos. “Por meio de exames realizados com ultrassons de última geração, é possível escutá-los a partir de seis semanas. Sem tanta tecnologia, somente a partir da 12ª semana”, estima Rita.

2. Dedinhos na boca

Não raro, o feto chupa o dedo do pé, da mão, às vezes o braço todo e coça as genitálias. Nada fora do comum! “Quanto mais ações ele fizer dentro do útero, maiores serão os indícios de que ele está saudável. A primeira pergunta que faço às mamães que chegam ao meu consultório é: como está o movimento do bebê”, afirma José Filho. E se você pensar: mas ele não vai engasgar? Não! Segundo a médica Rita Sanches, o reflexo de sucção está sendo treinado gradativamente. “Mesmo que ele não coloque o dedo na boca, podemos ver o movimento de sucção da língua e a deglutição do líquido amniótico. Não há problema quanto a isso. É como se fosse um treinamento para mamar e não significa, necessariamente, que a criança vai chupar dedo depois de nascer”, tranquiliza.

3. De olhinhos bem abertos!

O que você faz quando abre os olhos dentro de uma piscina? Fecha rapidamente, pois a água incomoda, certo? O feto também! A partir de 23 semanas, o bebê pode piscar lá dentro do útero, mas conseguimos ver esse movimento geralmente no final da gestação, com piscadas bem mais rápidas que no mundo aqui fora. “É tudo muito escuro ali. Eles abrem e fecham repetidamente, mas não dói, não coça e nem faz mal”, garante Breno.

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4. E de ouvidos aguçados!

Pois é, mamãe: o feto começa a escutar a partir da 33a semana e não para mais. Ele escuta tudo lá dentro do seu corpo: o intestino, seu coração, respiração, estômago… “E também os sons externos, que chegam alterados, abafados. Experimente ouvir algo dentro de uma piscina: deve ser assim que o feto escuta”, compara Rita. Por outro lado, pesquisas feitas em hospitais e universidades mostram que o feto consegue reconhecer o timbre desses sons, após o nascimento. “O que eles mais ouvem é o batimento cardíaco da mãe, durante os 9 meses, portanto, é o que vai acalmá-lo, pois ele lembrará desse som e se sentirá seguro. É por isso que eles ficam quietos quanto os seguramos no colo e encostamos no peito”, esclarece a médica. E não é só isso: de acordo com Breno, eles podem se acostumar com sons que relaxam, como uma música, por exemplo. “Sempre oriento as mamães que coloquem, próximo à hora de dormir, uma música leve”.

5. Falando em hora de dormir…

“O feto dorme tranquilo na barriga da mamãe. Mas, nem sempre a soneca coincide com a dela. É um soninho leve e de curta duração”, explica Breno. Como flagrar o descanso? Com exames da frequência cardíaca do feto, que podem ser feitos a partir da 20ª  semana. Eles conseguem mostrar em que momento do dia seu bebê gosta de tirar um cochilo.

6. Estica daqui, estica dali, boceja e soluça!

De acordo com a ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, a partir da 10ª semana gestacional, o feto pode se exercitar, esticando pernas e braços, abrindo e fechando as mãos, segurando o cordão umbilical… O bocejo e soluço também são comuns durante a gestação. “Eles aparecem mais acelerados do que os de uma criança ou adulto. Estudos apontam que existem dois tipos de movimentos: os grosseiros, como o pontapé e as cabeçadas, que são os mais fortes que a mamãe sente. E os movimentos mais finos, que são a maioria e, muitas vezes, nem são perceptíveis”, distingue o professor.

7. Muita conversa e massagem

Quando alguém toca na barriga, ele sente. Quando fazem um exame de ultrassom, ele sente. Quando a mãe conversa com o feto, nossa, ele sente muito mais! “Se a posição não permite que o médico veja alguma parte do corpo, é possível balançar o transdutor (dispositivo utilizado para realizar o ultrassom) e o feto responde mexendo e, muitas vezes, “chutando o ultrassonografista”. Se a mãe deita de lado e comprime a barriga, encostando nele, irá reagir chutando. O bebê não está obrigatoriamente incomodado, apenas percebe que mexeram com ele”, explica Rita. A movimentação diária da mãe, levantando, sentando, deitando, faz com que a parde uterina toque o feto várias vezes e isso proporciona a ele uma ideia de que há algo “massageando-o”. Já quando escutam a mamãe conversando, sente-se protegido. “Por isso é tão importante massageá-lo quando bebê. O gesto transmite segurança. Quando são gêmeos, sabem que há algo do lado deles chutando, e a membrana que os separa funciona apenas como um “lençol” entre eles. Quando nascem e ficam no berço sozinhos, devem pensar: cadê aquele que me chutava a toda hora? Por isso, é importante colocar os gêmeos pelo menos algumas horas por dia no mesmo berço, encostadinhos”, aconselha a médica.

8. Antes de ficar nervosa, pense nele!

“Quando a mãe fica tensa, provoca uma descarga de adrenalina, o hormônio do estresse, no sangue, que pode passar para a placenta e acelerar o batimento cardíaco do feto. Ela pode ter contrações também, o que não seria bom ocorrer precocemente”, avisa Rita.

Por que o bebe mexe quando a mae come
Por que o bebe mexe quando a mae come

Você sempre quis saber o que se passa lá dentro da barriga, mas nunca teve ninguém para perguntar? Colocamos um olho mágico no umbigo e contamos o que descobrimos

Por Paula Montefusco, filha de Regina e Antonio / Ilustração Suzana Massini, filha de Edineia e Paulo Roberto

Aproveitamos aquelas dúvidas clássicas de mãe de primeira viagem, juntamos muitos dos nossos próprios questionamentos e desvendamos o que se passa de mais curioso no mundo do bebê antes que ele chegue “aqui fora”. Com certeza você já se pegou pensando: “Se eu levar um susto perco o meu filho?”, “Quando eu choro o bebê também chora?”, “Se eu transar com o meu marido, será que ele vai se machucar?”, “O que será que ele sente quando eu dou aquele espirro?." É normal pensar coisas malucas quando você nao vê exatamente o que está acontecendo ou nunca passou por uma experiência como essa. Por isso é que resolvemos responder a essas e outras questões. Senta que lá vem história.

O que o bebê sente quando a mãe…

Dá risada

Quando a mãe ri, o músculo do diafragma que separa o tórax do abdômen se movimenta. O bebê está lá embaixo, longe do diafragma, no útero, mas não é bobo nem nada e, sentindo a movimentação, movimenta-se por tabela.

Além disso, a mãe libera endorfinas, o hormônio da felicidade. Então, ele também fica rindo à toa. E, mais uma vez, existe o estímulo auditivo, que permite que o bebê ouça a voz da mãe, feliz.

Uma dica: tente incluí-lo nesse momento de alegria. Ele escuta sua voz, então não custa nada aproveitar esse momento de animação para conversar com ele, mostrar que ele também é parte disso.

Escuta um som alto

O problema é que não dá para saber até que ponto o susto tem a ver com o som em si ou com os hormônios do estresse derrubados pela mãe na circulação sanguínea. Se a mãe vive em shows de rock pesado, o bebê já está acostumado com o som. E é claro que o aparelho auditivo da criança é supersensível, mas o som não chega até ela com a mesma intensidade que nós ouvimos, graças ao combo pele e líquido amniótico. Então, a chance de a criança nascer surda por conta de um show é bem remota.

Come demais ou come alimentos fortes

O problema de se empanturrar é que grande parte do sangue é direcionada para fazer a digestão desse banquete. O corpo humano tenta sempre fazer o equilíbrio sanguíneo: quando a mãe manda mais sangue para o aparelho digestivo, chega menos sangue para o bebê. Isso não quer dizer que ele vai perder nutrientes ou oxigenação, mas ele fica em estado latente, mais quietinho, justamente o comportamento contrário do que quando a mãe faz uma refeição normal. É que geralmente após a refeição o bebê se mexe porque a glicose chegou até ele. Mas nada de se jogar no açúcar só para ficar no remelexo!

Soluça

O soluço é um espasmo do diafragma. Quando a mãe soluça, o bebê sente a movimentação do músculo e a leve pressão na barriga. Mas a mãe não tem com o que se preocupar, é normal. Para combater, vale a máxima da vovó: tome um copo d’água (mas não precisa ser de ponta cabeça!).

Aliás, o bebê também soluça. A sensação é de que ele está dando pulinhos na barriga. O que acontece é que todas as estruturas do corpinho do bebê estão se formando e o “test drive” para a maior parte delas acontece no útero. Então, naquele exercício de cuspir e expelir o líquido amniótico, ele testa o diafragma, que acaba tendo um movimento involuntário. Normal.

Se assusta

Quando a mãe se assusta, existem dois estímulos: o auditivo e o visual. O visual corresponde à parte hormonal da coisa. Por exemplo, a mãe vê uma cobra e libera hormônios de estresse na corrente sanguínea, que chega até o bebê. O estímulo auditivo pode provocar o susto em si, como quando o escapamento de um carro estoura. Isso também desencadeia o processo de liberação de hormônios do estresse, ocasionando ainda taquicardia, palidez e ligeira falta de ar.

Mas nada de pânico, ok? Ninguém perde bebê por levar susto. Mantenha-se calma que tudo acaba por se normalizar no seu corpo e com o seu filho. Respire fundo e relaxe.

Espirra

O bebê começa a ouvir no segundo trimestre de gestação, então se você espirra, ele vai ouvir. Outra resposta é em relação à pressão que os músculos da barriga fazem quando a mãe espirra. Por mais que entre ele e o mundo exterior existam sete camadas de pele e mais um volume considerável de líquido amniótico, o bebê sente quando é feita alguma pressão na barriga. Claro que, por conta da proteção natural contra choques, ele sente em menor proporção, mas sente.

No que diz respeito aos outros sentidos, o bebê, justamente por estar envolto em todo aquele líquido amniótico e a pele, não sente cheiro. Alguns estudos dizem que ele é capaz de sentir gosto, mas nada está provado ainda.

Faz sexo

A neura número 1 dos pais de primeira viagem e pros outros também: “O bebê sente quando os pais fazem sexo?” Reposta: “Sim”. Mas nada de pânico, o bebê sente isso também. O que vai acontecer é que o bebê vai sentir os movimentos que a mãe faz durante a transa, vai sentir se houver pressão na barriga e vai sentir quando o pênis bater no colo do útero. Mas ele vai sentir isso tudo porque, por enquanto, ele e a mãe estão no mesmo “pacote”. Ele não vai se lembrar de nada depois, não é prejudicial para ele e é bom para a mãe, e não, o pênis não chega até ele. A parte boa disso é que a mãe fica feliz e libera hormônios de prazer na corrente sanguínea que, adivinhe: chega até a criança. Pronto? Todo mundo feliz?

Chora

Essa é uma situação que, como quase todas as anteriores, envolve um estímulo auditivo. Ou seja, o bebê vai te ouvir, mas ainda não é possível dizer se ele fica triste também. A única coisa que podemos supor é que se os hormônios da alegria forem mesmo capazes de chegar até ele pela circulação sanguínea, os do choro também o são.

Consultoria: Abner Lobão, pai de Arthur, obstetra da Unifesp, tel.: (11) 5083-3220  Desirée de Freitas Volkner, mãe Nathália e Jordana, pediatra neonatologista e coordenadora do Hospital Moinhos de Vento, tel.: (51) 3314 – 3434  José Vicente Kosmiskas, pai de Beatriz e Mateus, ginecologista do Hospital São Luiz, tel.: (11) 5908-1044