Por qual etapa inicia se o ciclo cardíaco

Ciclo cardíaco é a expressão referente aos eventos relacionados ao fluxo e pressão sanguínea que ocorrem desde o início de um batimento cardíaco até o próximo batimento. Em resumo, dividimos o ciclo em dois períodos: o de relaxamento, chamado diástole, quando o coração se distende ao receber o sangue, e o de contração, denominado sístole, quando ele ejeta o sangue.

Um diagrama de Wiggers mostrando os eventos do ciclo cardíaco que ocorrem no ventrículo esquerdo.
Nota: A pressão ventricular no fechamento da valva aórtica está incorreta neste diagrama. Ela é apresentada entre 40-60 milímetros de mercúrio, quando o correto seria cerca de 80 milímetros de mercúrio. Para uma representação mais fidedigna, confira a página 84 de Physiology (Série Oklahoma Notes), por Roger Thies.

O batimento de um coração como mostrado numa imagem por ressonância magnética.

O ciclo cardíaco é iniciado pela geração espontânea de potencial de ação no nodo sinoatrial (NSA), pelas células marcapasso. O impulso elétrico difunde-se pelo miocárdio atrial e, posteriormente, passa para os ventrículos através do feixe atrioventricular, que apresenta velocidade de condução mais baixa, gerando um atraso na transmissão, garantindo que os átriosPortuguês BR (as aurículasPortuguês PT) contraiam-se antes dos ventrículos, favorecendo a função do coração como bomba.[1]

  • O coração é composto por quatro câmaras. Pelas câmaras esquerdas, circula sangue rico em oxigênio, proveniente dos pulmões e dirigido às demais partes do corpo. Pelas câmaras direitas, circula sangue pobre em oxigênio, vindo de todo o corpo e direcionado ao pulmão.
  • No adulto saudável, não existe comunicação entre as câmaras esquerdas e direitas.
  • As câmaras de recepção do sangue, mais complacentes, são chamadas de átrios, enquanto que as câmaras de ejeção, mais musculosas, são chamadas de ventrículos.
  • Entre os átrios e os ventrículos, existem valvas. Estas valvas permitem a passagem do sangue apenas no sentido do átrio para o ventrículo. São chamadas de valvulas atrioventriculares. No lado direito, temos a valva tricúspide, e no lado esquerdo a valva mitral.
  • Entre os ventrículos e as artérias, ficam as valvas semilunares. Estas valvulas permitem apenas a saída do sangue dos ventrículos em direção das artérias. Entre o ventrículo esquerdo e a aorta, fica a valva aórtica. Entre o ventrículo direito e o tronco da artéria pulmonar, fica a valva pulmonar.
  • Como dito acima, a sístole é o período em que as câmaras cardíacas se contraem ejetando o sangue. Já a diástole é a fase de dilatação das câmaras ao receber o sangue.
  1. Fase de Contração Isovolumétrica. O ventrículo está cheio de sangue e começa a contrair-se. A pressão ventricular é superior à auricular e as valvas auriculoventriculares fecham-se. No entanto, a pressão ventricular é inferior à aórtica (no caso do ventrículo esquerdo) e à pulmonar (ventrículo direito), contraindo-se assim sem alteração de volume no seu interior. Esta fase é caracterizada por um aumento brusco de pressão. Nesse momento é gerada a primeira bulha cardíaca por conta do choque do sangue com os folhetos das valvas átrio-ventriculares.
  2. Fase de expulsão rápida. A pressão no interior do ventrículo esquerdo é maior que a aórtica (classicamente valores acima dos 80 mmHg) abrindo-se a valva aórtica de modo a que o sangue saia do ventrículo a grande velocidade e pressão.
  3. Fase de expulsão lenta. A aorta é uma artéria muito elástica e tem uma grande capacidade de distensão, esta propriedade permite que o fluxo sanguíneo pelo organismo seja continuo. À medida que o sangue entra na aorta, esta se distende para acomodar o volume, aumentando, assim, a pressão no seu interior. Deste modo, a diferença de pressões entre ventrículo e aorta é cada vez menor, saindo o sangue do ventrículo a cada vez com menor velocidade. É necessário ressaltar que, nesse momento, há uma quantidade de sangue que permanece dentro dos ventrículos para que não haja colabamento das suas paredes, o chamado volume sistólico final.
  4. Protodiástole. É uma fase virtual que separa a sístole da diástole. Em dado momento, a pressão aórtica iguala a ventricular, não havendo, deste modo, qualquer ejeção de sangue, embora ainda haja pouco fluxo devido à inércia. Imediatamente após, o ventrículo começa a distender-se, dando-se origem à diástole.
  1. Fase de Relaxamento Isovolumétrico. Quando a pressão ventricular é inferior à pressão aórtica (no caso do ventrículo esquerdo) mas superior à pressão atrial, estando assim ambas valvas fechadas, não havendo variação no volume de sangue dentro do ventrículo.
  2. Fase de enchimento rápido. Quando a pressão ventricular por fim se reduz abaixo da pressão atrial, que nesse momento é máxima (ápice da onda v da curva de pressão atrial), as valvas AV se abrem, deixando passar um grande fluxo rapidamente em direção ao ventrículo. 70% do enchimento ventricular ocorre nessa fase.
  3. Fase de enchimento lento. Também chamado de diástase. Com o enchimento do ventrículo e o fim da fase ativa do relaxamento do músculo cardíaco, ocorre uma desaceleração importante do fluxo. As valvas AV tendem a se fechar passivamente. No momento da desaceleração do fluxo rápido para o fluxo lento é que ocorre o 3º ruído cardíaco. O fluxo do átrio para o ventrículo é bastante reduzido, chegando a quase parar.
  4. Sístole atrial. Ocorre a contração atrial. As valvas AV se abrem, momento em que ocorre a onda A da válvula mitral ao ECO unidimensional e o 4º ruído cardíaco. A sístole atrial pode representar até 20% do volume diastólico final do ventrículo, sendo de grande importância para a manutenção do débito cardíaco nos pacientes que possuam algum tipo de restrição funcional do VE.

  1. Aires, Margarida de Mello, Vários Fisiologistas - Fisiologia 3a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008

Referências biliográficas
  1. Lionel H. Opie - Mechanisms of Cardiac Contraction and Relaxation IN Branwauld, Zippes , Libby - Heart Disease, A textbook of cardiovascular medicine - 6th Ed - HIE/SAUNDERS 2001- Cap 14 pag 462~465
  2. Paulo Lavitola - Ciclo Cardíaco IN Manual de Cardiologia SOCESP - Atheneu 2001.

 

O Wikcionário tem o verbete diástole.

 

O Wikcionário tem o verbete sístole.

  • Circulação
  • Sistema circulatório
  • «Videoaula: Introdução ao Ciclo Cardíaco - Prof. Dr. Antonio Couto (Universidade Federal Fluminense)» 
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Todas as vezes que um aluno ouve as palavras ciclo cardíaco ele é consumido por um intenso desânimo, parte porque o entendimento do assunto é de difícil compreensão, parte por um pré-julgamento mediante à opinião de outras pessoas. Nossa intenção, com esse texto, é mostrar que o ciclo cardíaco pode ser algo simples de entender se explicado da maneira correta.

Ciclo cardíaco

Inegável é a importância do ciclo cardíaco da medicina, pois conhecer as fases de contração e relaxamento cardíacos implica em uma boa prática clínica e semiológica, além de ser bastante útil em descrição de casos e em especialidades como a ecocardiografia. Em resumo, o ciclo cardíaco se assemelha a um mapa esquemático das ações do coração.

Para entendermos o ciclo cardíaco, precisamos ter em mente que o coração tem a função básica de bombear o sangue para os diversos órgãos do corpo. Para isso, ele precisa relaxar para receber o sangue e contrair para expulsá-lo de suas cavidades. O processo de relaxamento é denominado diástole, enquanto o processo de contração é denominado sístole.

Esses dois momentos são a base fundamental do ciclo cardíaco. Os sopros auscultados durante a sístole podem ou não representar alguma patologia, seja ela cardíaca ou sistêmica, enquanto os sopros auscultados durante a diástole sempre serão patológicos. Para melhor entendimento, imagine que as fases do ciclo em condições fisiológicas ocorrem dos dois lados do coração de maneira simultânea.

A diástole

Como o próprio nome já diz, a qualquer momento em que se inicia um ciclo, ao terminadas as etapas, retorna-se ao ponto de partida para, então, reiniciar o processo. Para fins didáticos, iniciaremos o entendimento do ciclo cardíaco pela diástole.

Imagine que os ventrículos acabaram de ejetar parte do sangue contido em seu interior, enquanto isso ocorria os átrios recebiam sangue das veias que desembocam neles (veias cavas inferior e superior e seio coronariano para o átrio direito e veias pulmonares para o átrio esquerdo). Nesse momento, os ventrículos atingiram seu ponto máximo de pressão e vão iniciar o relaxamento.

Ao mesmo tempo os átrios estão recebendo sangue de suas respectivas veias e aumentando a pressão em seu interior. Após esse momento, a medida que o ventrículo relaxa a pressão em seu interior tende a cair, o átrio ainda não atingiu pressão suficiente para abrir as valvas atrioventriculares e a aorta já superou a pressão no interior dos ventrículos fechando assim as valvas semilunares. Essa fase do ciclo é chamada relaxamento isovolumétrico, pois devido às diferenças de pressão, todas as valvas estão fechadas permitindo que os ventrículos relaxem sem receber nenhum volume de sangue. Essa fase coincide com o inicio do seguimento ST no eletrocardiograma.

Quando os átrios recebem consideradas quantidades de sangue, o bastante para vencer a pressão dos ventrículos e abrir as valvas atrioventriculares, os ventrículos recebem então o sangue, de maneira abrupta, que estava represado nos átrios caracterizando a fase de enchimento rápida. A partir daí, a pressão nos ventrículos voltam a aumentar enquanto a pressão atrial tende a decair.

Após essa primeira etapa, o sangue, antes abundante nos átrios, passa agora a representar apenas o volume proveniente das veias determinando uma redução da velocidade do fluxo, mas ainda assim aumentando a pressão dentro dos ventrículos. Essa fase é conhecida como enchimento lento.

Ambas as fases mencionadas anteriormente ocorrem paralelamente a onda T no eletrocardiograma. Agora, com o ventrículo já todo relaxado entramos na última fase da diástole, a sístole atrial. Não se confunda nesse momento, pois o nome das fases correspondem aos acontecimentos nos ventrículos, portanto a sístole atrial, que representa a contração do átrio, ocorre em um momento em que o ventrículo ainda não iniciou sua contração, portanto permanece em diástole. A contração atrial contribui com cerca de 30% do volume de sangue do débito sistólico final do ventrículo, e coincide com a onde P no eletrocardiograma.

A sístole

Ao término da diástole, o coração prepara-se para ejetar o sangue recebido na fase anterior, a sístole ventricular costuma ter um tempo fixo sendo apenas o tempos de diástole influenciados pela frequência cardíaca. Nesse momento os ventrículos estão repletos de sangue e a pressão em seu interior reflete a pressão diastólica final, o músculo cardíaco inicia sua contração vencendo a pressão nos átrios e fechando as valvas atrioventiculares.

Como o ventrículo ainda não atingiu níveis pressóricos suficientes para vencer a pressão na aorta/pulmonar, a contração nesse momento não é suficiente para abrir as valvas semilunares, sendo assim o volume de sangue permanece no ventrículo denotando a fase de contração isovolumétrica, novamente todas a valvas estão fechadas nesse momento e ele coincide com o inicio do complexo QRS.

Prosseguindo com a contração ventricular, o momento em que as pressões dentro dessas cavidades vencem as pressões aórtica e pulmonar, abrem-se as valvas semilunares e o sangue é ejetado dos ventrículos de maneira abrupta, determinando a fase de ejeção rápida.

A medida que o sangue vai sendo ejetado as pressões no vasos da base (artéria aorta e pulmonar) vai aumentando e diminuindo então a velocidade do fluxo da ejeção determinando o período de ejeção lenta. Esses dois períodos coincidem com com o completo QRS no eletrocardiograma.

Terminada a sístole, o coração se prepara para a diástole novamente completando um ciclo que se repete desde a vida intrauterina até a morte, compreender a fisiologia do ciclo cardíaco é de fundamental importância para o entendimento das doenças que afetam o coração bem como seu funcionamento.

Para melhor compreensão do ciclo, é prudente que o leitor estude os gráficos de pressão do ciclo cardíaco em livros de fisiologia, ademais com o entendimento das fases de sístole e diástole, basta o leitor subdividir essas fases para o melhor compreensão do ciclo e sempre imaginar as fases acontecendo em tempo real como uma mecanismo necessário para a manutenção da função cardíaca.

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Autor(a):

Gabriel Quintino Lopes

Sou médico clínico geral e cardiologista, atualmente atuando na área de terapia intensiva, ambulatorial, assistência em enfermaria e coordenação médica. Trabalho no Hospitais Santa Casa em Barra Mansa e na Unidade Cardiointensiva do Hospital São Lucas em Copacabana.

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