Os fatos sociais são definidos pelo autor como sendo

Fato social é um conceito do sociólogo Émile Durkheim e se refere aos hábitos e maneiras de agir e de pensar que determinam a forma como os indivíduos se comportam em uma sociedade.

Segundo Durkheim, os fatos sociais estão expressos em regras, valores e normas sociais e obrigam os indivíduos a agirem de acordo com os padrões culturais.

Quando um indivíduo age fora desses padrões em uma sociedade, ele será considerado desajustado ou poderá, até mesmo, ser punido.

Os fatos sociais são externos aos indivíduos, pois fazem parte de uma consciência coletiva e já estão estabelecidos antes de seu nascimento.

As 3 características dos fatos sociais segundo Durkheim

Segundo Émile Durkheim, para que um costume ou comportamento seja considerado um fato social, é preciso que possua três características:

  • Generalidade: o fato social, expresso em regras e valores, deve ser aplicado a todos ou à maioria dos indivíduos em uma sociedade;
  • Exterioridade: o fato social está fora da consciência individual, é independe da vontade dos indivíduos e anterior a eles;
  • Coercitividade: os fatos sociais exercem força sobre os indivíduos e aqueles que não seguirem os padrões impostos pela sociedade podem ser punidos.

Exemplos de fatos sociais comuns

Segundo Durkheim, os fatos sociais determinam a forma como os indivíduos agem em uma sociedade: moldam a forma de agir, pensar e de compreender o mundo.

Alguns exemplos de fatos sociais são:

  • Relações de parentesco;
  • Casamento;
  • Papel de cada membro em uma família;
  • Utilização de vestimentas;
  • Rituais religiosos e culturais;
  • Organização política.

Quando um indivíduo não age de acordo com o fato social, este poderá sofrer constrangimento ou punição. Isso poderá acontecer com alguém que em nossa sociedade decida andar pelas ruas sem roupas.

Como em nossa sociedade temos o costume de andar vestidos, a nudez causará estranhamento por parte das outras pessoas e, se houver lei para o tema, o indivíduo pode ser responsabilizado pelo ato.

As regras impostas pelos fatos sociais não precisam estar sempre escritas, muitas vezes são compreensões tácitas, presentes no consciente da coletividade.

Há, no entanto, muitos fatos sociais que estão traduzidos na forma de leis e normas que compõem os ordenamentos jurídicos dos países, com punições previstas para o seu descumprimento.

Para Durkheim, os fatos sociais atuam como imposições sobre os indivíduos, que podem não sentir essa força por já estarem habituados a eles.

A força dos fatos sociais, no entanto, poderá ser sentida por um indivíduo quando este tentar transgredi-los.

O papel da educação nos fatos sociais

A educação é, por si só, um fato social e também é a maneira pela qual os indivíduos são moldados para agir de acordo com os padrões culturais de uma sociedade.

A educação parte do princípio de que os indivíduos adultos são responsáveis por ensinar e educar as crianças de acordo com os valores e costumes da sociedade.

Isso significa que as crianças vão para a escola não apenas para aprender os conteúdos das disciplinas, mas para entender as normas sociais e como devem se portar em sociedade.

Em outras palavras, a escola prepara o indivíduo para viver em coletividade e agir conforme os padrões culturais e éticos estabelecidos. Esses padrões servem como uma baliza para o comportamento das pessoas.

Na escola, os alunos também constroem suas compreensões sobre o mundo, se entendem enquanto uma sociedade e conhecem suas origens.

Fato social normal e patológico

Émile Durkheim classificava os fato sociais em normal e patológico:

  • Fato social normal: são os fatos sociais que estão em coesão com a sociedade e respeitam a ordem institucional e as normas dos grupos sociais. Os fatos sociais normais são comuns a maioria dos indivíduos;
  • Fato social patológico: os fatos sociais patológicos são aqueles comportamentos que fogem das normas e do comportamento da maioria. São considerados doenças e trazem consequências negativas, alguns exemplos são crimes e atitudes violentas.

Émile Durkheim é considerado o pai da sociologia

Émile Durkheim nasceu na França em 1858, onde viveu até seu falecimento em 1917. O pesquisador dedicou sua vida a estudos sobre os comportamentos coletivos.

Durkheim inaugurou a sociologia como uma disciplina científica ao desenvolver um método científico rigoroso para as pesquisas sociais.

Em seu método científico, definiu os fatos sociais como o objeto central de estudo da sociologia. Os fatos sociais ajudavam a explicar o comportamento repetitivo dos indivíduos em uma sociedade.

Em seu entendimento, a sociedade estava acima do indivíduo e os fatos sociais agiam como imposições aos comportamentos individuais.

Saiba mais sobre a disciplina de sociologia.

Fato social é um conceito sociológico que diz respeito às maneiras de agir dos indivíduos de um determinado grupo e da humanidade em geral. Segundo Émile Durkheim, pensador francês considerado clássico da sociologia, os fatos sociais moldam a maneira de agir das pessoas pela influência que eles exercem sobre elas.

Os fatos sociais são conjuntos de hábitos praticados pelas pessoas, por meio de suas ações, que permitem a identificação de uma consciência coletiva, a qual age por trás dos indivíduos, influenciando as suas ações de alguma maneira.

Leia também: Surgimento da sociologia – fatores que contribuíram para a criação dessa ciência

O que é fato social?

Segundo Durkheim, fato social é

“toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou, ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”|1|.         

O sociólogo francês Émile Durkheim construiu o seu pensamento em cima do que chamou de fatos sociais.

Isso significa que os fatos sociais são gerais, coercitivos e exteriores, ou seja, eles se apresentam como regras gerais no modo de agir dos sujeitos de uma sociedade, são exteriores ao sujeito, e são coercitivos na medida em que atuam como forças em cima dos indivíduos. Nesse sentido, o fato social é verificado e não pode ser modificado pela ação individual, pois há uma força exterior (a consciência coletiva) que o molda.

A educação é um fenômeno sociológico que molda o indivíduo de acordo com a consciência coletiva. O intuito da educação formal não é somente ensinar ao aluno as ciências, mas também a cultura e as normas sociais esperadas de um indivíduo que vive em determinada sociedade, a fim de que ele consiga integrar-se ao grupo social.

A educação é um fato social.

A educação, em si, é um fato social no sentido em que atua como processo da preparação cultural dos indivíduos para a vida em sociedade e no sentido de que está presente, de maneira hegemônica, no interior de uma sociedade e em todas as sociedades.

Todas as sociedades desenvolvem sistemas de educação, sejam eles nos moldes da educação formal (fornecida pela escola), sejam no âmbito familiar, pois todas as sociedades cultivam o hábito de responsabilizar os adultos pela preparação da criança para a vida em sociedade.

Leia também: Instituições sociais – aquelas que tornam a vida social menos agressiva

Fato social normal e patológico

Os fatos sociais podem ser normais ou patológicos. Os fatos sociais normais são aqueles que decorrem do desenvolvimento da sociedade dentro de uma norma comum, de um padrão comum da vida que visa o aprimoramento dos indivíduos e a manutenção da coesão desses e da vida em sociedade. O fato social normal preza por uma ordem institucional e da vida individual e mantém em funcionamento os laços solidários que unem os indivíduos de um grupo.

O fato social patológico é aquele que se desenvolve fora da norma, como uma doença. Ele é perigoso, e quando atinge uma dimensão maior, pode afetar negativamente a sociedade. Os fatos sociais patológicos podem ser, por exemplo, os crimes, o homicídio e a violência como um todo. Quando uma sociedade vê-se tomada pela criminalidade e pela violência, é possível dizer que há o efeito de um fato social patológico, que foge da normalidade esperada por uma sociedade.

A violência e a criminalidade generalizadas são sintomas de uma patologia social. 

Anomia social e suicídio para Durkheim

A anomia social é a desordem social que pode ser o princípio de um fato social patológico. Émile Durkheim foi o primeiro pensador a estudar o suicídio como um fato social. Em sua visão, o suicídio é uma ação individual intencional e consciente que decorre da morte do indivíduo que age.

Para ele, apesar da ação que provoca a própria morte ser individual, existem fatores sociais que a causam. O suicídio pode ser considerado um fato social normal ou um fato social patológico. Se ele for praticado em situação de anomia social, trata-se de um fato patológico. 

Segundo Durkheim, existem três tipos de suicídio:

  • Suicídio altruísta: quando o indivíduo abdica de sua própria vida em prol de uma causa maior que ele, enxergando nela um motivo pelo qual se vale a pena morrer. Nesse tipo de suicídio, o ego individual enxerga-se como algo menor que a consciência coletiva, e o suicida pratica o suicídio por não enxergar motivo para viver se não for pela satisfação daquela causa.
  • Suicídio egoísta: é praticado por uma motivação egoísta, ou seja, não social. O indivíduo enxerga a sua existência como algo que não compensa a vida no meio social. O ego social é deixado de lado, e o indivíduo somente enxerga o seu sofrimento e a vontade de cessá-lo. Esse tipo de suicídio é um fato social, pois o sofrimento infringido sobre o suicida é causado pelo meio social.
  • Suicídio anômico: é aquele que acontece em situações de anomia social, ou seja, de caos e desordem da sociedade, como crises econômicas, sociais e morais. Quando uma crise  instala-se em uma sociedade, ela implanta o caos e a desordem social. Estes fazem com que os papéis sociais entrem em colapso. Pessoas que tinham poder econômico e social, de repente, podem perder tudo, fazendo com que a sua relação consigo entre em colapso.

Quando a anomia instala-se de maneira persistente, ela provoca uma situação patológica na sociedade que pode ser observada pela violência, pela criminalidade e pelo suicídio anômico.

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Contexto histórico

O sociólogo francês Émile Durkheim é considerado um clássico da sociologia, pois foi o primeiro a desenvolver um método do trabalho sociológico completamente autônomo dessa disciplina e rigorosamente desenvolvido do ponto de vista científico. Durkheim não reconheceu o trabalho de Auguste Comte (filósofo francês que idealizou a sociologia) como sociológico.

Para Durkheim, apesar dos esforços de Comte, este teria permanecido naquele ponto intelectual que ele mesmo havia tentando superar: as abstrações metafísicas. Comte não teria fundado a sociologia enquanto ciência no sentido de não ter conseguido criar para ela um método científico rigoroso e autônomo, capaz de conferir-lhe a capacidade de entendimento correto e concreto da sociedade.

Durkheim também introduziu a sociologia na pesquisa acadêmica, mas, para que chegasse a esse patamar, ele precisou encontrar um método acurado para o tipo de trabalho, um método que não falhasse. Uma dificuldade que o atrapalhou foi o fato de as pessoas e as sociedades serem tão diferentes umas das outras. Por isso, em busca da fundação da sociologia como ciência, o sociólogo passou a identificar padrões nos comportamentos das pessoas.

Não demorou para que ele percebesse que havia fatos sociais que compunham uma consciência coletiva geral das sociedades. A fim de que a pesquisa sociológica alcançasse o esperado rigor metodológico, o pensador entendeu que o objeto de estudo do sociólogo deveria ser, justamente, o fato social.

Nota

|1| DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 17. ed. Tradução de Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002. p. 11.

Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia

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