O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre qual país

A 7 de junho de 1494, as delegações de Portugal e Espanha reuniram-se em Tordesilhas, perto de Valladolid, e acordaram no estabelecimento de uma linha 370 léguas a oeste de Cabo Verde, de polo a polo, que dividia o Oceano Atlântico em duas metades: todas as terras, descobertas e por descobrir, a oeste dessa linha pertenceriam aos reis de Espanha, e todas a leste caberiam a Portugal.

Foi a solução para a crise desencadeada pela viagem de Cristóvão Colombo, realizada dois anos antes. A sua armada tinha chegado às Antilhas que, nos termos do tratado anterior, assinado em Alcáçovas, ficavam na área reservada a Portugal. Como nenhuma das partes se mostrou disposta a ceder, foi necessário chegar a um acordo para evitar um conflito de consequências imprevisíveis.

Após uma maratona negocial, as partes concordaram em elaborar um novo tratado que salvaguardasse os seus interesses: Espanha retinha as terras descobertas por Colombo e Portugal reservava o acesso ao subcontinente indiano, que procurava há algum tempo através do reconhecimento da costa africana.

  • Era possível aplicá-lo de forma rigorosa?

A linha de demarcação das áreas de influência de Portugal e Espanha foi definida por diplomatas e políticos, não por navegadores ou geógrafos. Ninguém sabia exatamente por onde passava, uma vez que no século XV não havia forma de medir a longitude com rigor.

O tratado previa a formação de uma comissão conjunta para determinar exatamente onde passava a linha, mas ambas as partes sabiam que isso era impossível. A questão do rigor não se colocou de imediato, uma vez que no meio do oceano atlântico não havia grande diferença.

O caso mudou de figura quando, depois da viagem de Fernão de Magalhães, houve necessidade de saber onde passava a linha do outro lado do mundo e se as ilhas produtoras de especiarias, na atual Indonésia, estavam localizadas na área que cabia a Portugal ou a Espanha. Ocorreu então nova crise, que acabou também por ser resolvida por um tratado, o Tratado de Saragoça, em 1529.

  • O Tratado de Tordesilhas não foi contestado?

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo bilateral entre dois reinos, posteriormente ratificado pelo papa. Deixava de fora as ambições e pretensões de outras potências europeias, que nessa altura não disputavam ainda o espaço atlântico.

Ao longo do século XVI, este cenário modificou-se: primeiro franceses, depois ingleses e holandeses ensaiaram as suas primeiras viagens de exploração e contestaram abertamente as pretensões monopolistas das potências ibéricas.

Diz-se que o rei de França Francisco I, ao ter conhecimento dos termos do tratado, terá perguntado onde estava a cláusula do testamento de Adão que dividia o mundo entre portugueses e espanhóis.

De qualquer forma, o tratado passou a ser uma mera formalidade, tanto na Ásia como no Brasil, uma vez que os espanhóis fixaram-se nas Filipinas e os bandeirantes portugueses avançaram no interior do sertão brasileiro muito para além dos limites definidos pela linha.

A revogação formal do Tratado de Tordesilhas só veio a ocorrer em 1750, quando Portugal e Espanha reconheceram que se tratava de um acordo ultrapassado, que não correspondia às realidades no terreno.

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Em 7 de junho de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas. Era um acordo entre Dom João II, de Portugal, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão.

Apesar de o documento ter sido o resultado das recentes descobertas das viagens do navegador genovês Cristóvão Colombo, para entender por completo sua relevância histórica é necessário ter em mente acordos prévios feitos entre as potências ibéricas.

Os acontecimentos que antecederam o Tratado de Tordesilhas

Já no século XIII, portugueses e espanhóis disputavam o domínio da costa atlântica africana, para garantir passagem para a Índia. Buscavam todos ficar independentes do Mar Mediterrâneo, que era dominado pelos turcos otomanos.

Ocorre que cresceu muito a influência espanhola naquela direção, o que gerou conflitos comerciais e rivalidade política.

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Depois vieram a exploração marítima portuguesa e Cristóvão Colombo descobriu um novo continente em 1492.

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre qual país

Temendo um conflito, os espanhóis cederam à pressão de Portugal. Por intermédio do Papa Alexandre VI, foi assinada a Bula Inter Coetera, em 1493. Ela estabelecia uma linha imaginária que estaria a cem léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde.

A parte leste do meridiano seria dos portugueses e a parte oeste, dos espanhóis. Naquele tratado o interesse de Portugal era somente o de assegurar seu comércio pela costa da África.

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A assinatura do novo acordo

Quando se confirmou que Colombo havia mesmo descoberto um novo continente, foi preciso renegociar.

Para ampliar a área de exploração portuguesa no Novo Mundo, foi assinado o Tratado de Tordesilhas. A linha imaginária passou a ser traçada a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde.

O Tratado de Tordesilhas foi um importante marco na demarcação de territórios, apesar de ser difícil sua aplicação.

Portugueses e brasileiros não respeitaram o tratado e com o tempo avançaram sobre terras espanholas.

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Os espanhóis não impediram o avanço de Portugal sobre suas terras ao sul, pois deram preferência às terras que estavam ao norte, oeste e ao sul do Brasil.

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre qual país

As outras nações europeias não gostaram da divisão de terras, pois abrangiam apenas Portugal e Espanha. Então organizaram expedições marítimas com a finalidade de explorar o território brasileiro.

Os portugueses então enviaram Martinho Afonso ao Brasil, a fim de que ele fundasse o primeiro centro de exploração colonial (1530).

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Curiosidades sobre o Tratado de Tordesilhas

Se o acordo fosse definitivo, o território brasileiro seria bem menor, cerca 3 milhões de metros quadrados. Ocorre que os portugueses foram avançando suas conquistas e hoje o Brasil é considerado o 5° país mais extenso do mundo.

Na atual configuração do Brasil, podemos definir a linha de Tordesilhas, traçada em 1494: de Belém, no Pará, à cidade de Laguna, no estado de Santa Catarina.

Se você gostou de ler sobre o Tratado de Tordesilhas, não pode deixar de conhecer também o Brasil pré-cabralino, que era o Brasil antes dos portugueses.

Fonte: Info Escola, Toda Matéria, Estudo Prático, História do Brasil, Nova Escola, História do Brasil.

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O Tratado de Tordesilhas foi um documento assinado por Portugal e Castela (Espanha), em junho de 1494, e determinava a divisão das terras que poderiam ser encontradas durante as navegações oceânicas. Esse tratado determinou a criação de um meridiano a 370 léguas de Cabo Verde; ainda, estimulou que as terras a oeste desse meridiano seriam de Castela e as terras a leste, de Portugal.

Leia mais: Descobrimento do Brasil — como conhecemos a chegada dos portugueses ao Brasil, em 22 de abril de 1500

Resumo sobre o Tratado de Tordesilhas

  • O Tratado de Tordesilhas foi um desdobramento das Grandes Navegações.

  • A exploração do oceano Atlântico fez com que Portugal se precavesse para garantir o retorno dos seus investimentos.

  • Uma série de bulas papais e acordos foram emitidos por conta dos interesses portugueses.

  • Com a chegada dos europeus à América, o papa emitiu a bula Inter Coetera, em 1493.

  • A insatisfação de Portugal com a bula de 1493 fez com que o Tratado de Tordesilhas fosse assinado com Castela, em 1494.

Contexto sobre o Tratado de Tordesilhas

O Tratado de Tordesilhas foi um dos desdobramentos das Grandes Navegações, as expedições de exploração do oceano Atlântico realizadas a partir do século XV. O país pioneiro desse processo foi Portugal, que realizou uma série de expedições ao longo desse século. As expedições portugueses tinham como foco a exploração do litoral africano.

Essas expedições tinham como principal objetivo descobrir uma nova rota que permitisse os portugueses alcançarem a Índia. Isso porque era na Índia que ficava o valioso comércio de especiarias, mercadorias que ajudavam na preservação dos alimentos e na sua condimentação e que eram muito valiosas na Europa.

A exploração do Atlântico contribuiu para que uma série de locais, até então desconhecidos para os europeus, fossem encontrados, como as ilhas de Açores, Madeira e Cabo Verde. As “descobertas” realizadas por Portugal eram significativas, e, por isso, a Coroa lusa procurou resguardar os investimentos feitos nessas viagens.

Para isso, Portugal procurou obter apoio papal a fim de garantir o reconhecimento de todas as descobertas que fossem feitas em nome dos reis portugueses. Assim, a diplomacia portuguesa obteve algumas bulas papais que davam a Portugal os direitos sobre algumas terras. As bulas foram emitidas pelo papa Nicolau V e ficaram conhecidas como Dum Diversas e Romanus Pontifex. A grande ameaça, do ponto de vista português, era o Reino de Castela, que deu origem à Espanha.

Os dois países haviam travado guerra na segunda metade do século XV, e, para solucionar esse conflito, foi assinado, em 1479, o Tratado de Alcáçovas, em que Portugal obtinha o reconhecimento por parte de Castela de que este reino não navegaria pelo sul do cabo Bojador. Em troca, a Espanha teve seu direito reconhecido sobre as ilhas Canárias. Além disso, esse tratado dividiu o mundo em dois hemisférios (Norte e Sul) e determinou que as embarcações de Castela poderiam navegar pelo norte, enquanto os portugueses poderiam navegar pelo sul.

Podemos perceber que esse momento, no contexto da segunda metade do século XV, foi agitado, uma vez que Portugal se movimentou diplomaticamente para garantir o controle das terras que o país descobriu e dos novos mercados que ele alcançou. O fortalecimento de Castela durante o reinado de Isabel tornou essa questão mais delicada ainda.

Por fim, Castela decidiu arriscar-se na exploração oceânica e investir na expedição de Cristóvão Colombo, um navegante genovês que havia sido “rejeitado” por Portugal. Isso porque Colombo desejava realizar uma expedição para a Índia pelo oeste, mas Portugal tinha interesse em navegar pelo sul e leste.

Assim, Colombo foi atrás de outros interessados em sua expedição e encontrou o financiamento de que precisava em Castela. Depois de sete anos de espera, ele recebeu o financiamento para a sua expedição, conseguindo preparar três embarcações para tanto. Colombo saiu de Castela em agosto de 1492, e, em outubro, chegou à América.

A notícia de que a expedição de Colombo havia chegado a terras desconhecidas no oeste fez a tensão diplomática entre portugueses e espanhóis aumentar novamente, e novas negociações foram iniciadas. As tensões aumentaram porque medições realizadas pelos portugueses concluíram que as terras alcançadas por Colombo, de acordo com o Tratado de Alcáçovas, seriam portuguesas.

Os portugueses utilizaram de sua influência com a Santa Sé e acionaram o papa Alexandre VI para que ele arbitrasse um novo acordo entre os países. Por intermédio do papa, foi emitido, em 1493, a bula Inter Coetera, que determinava a marcação de um meridiano a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras a oeste desse meridiano pertenceriam à Espanha.

Os portugueses não ficaram com os termos da bula e iniciaram uma negociação direta com a Espanha pela divisão das terras que poderiam ser encontradas a oeste. O rei de Portugal na ocasião era d. João II, enquanto que os reis de Castela e Aragão eram Isabel e Fernando (os reinos se uniram com o casamento dos dois).

As negociações foram realizadas em Tordesilhas, e nelas se chegou ao acordo de que um novo meridiano seria traçado. O ponto de partida seria a ilha de Santo Antão, uma das ilhas que formavam Cabo Verde. Esse meridiano seria traçado a 370 léguas a oeste dessa ilha e determinaria que as terras a oeste dele seriam de Castela e as terras a leste, de Portugal.

Por fim, a assinatura do tratado ocorreu no dia 7 de junho de 1494, sendo ratificado em Castela, no dia 2 de julho, e em Portugal, no dia 5 de setembro. O tratado resolvia os desentendimentos entre os dois reinos e dava uma perspectiva para Portugal sobre a possibilidade de novas terras a oeste. Como sabemos, essas terras eram o Brasil.

O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre qual país
Tordesilhas, cidade espanhola onde o Tratado de Tordesilhas foi assinado, em 1494.

Consequências do Tratado de Tordesilhas

Dentre as consequências que podemos destacar com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, podemos destacar:

  • A consolidação do processo de exploração da América por Portugal e Espanha.

  • O encerramento parcial dos desentendimentos entre as duas nações pelo controle das novas terras.

  • O investimento de Portugal na exploração da costa africana, com o objetivo de encontrar uma rota para a Índia; só depois disso é que o país decidiu verificar suas possibilidades no oeste.

  • A insatisfação de outras nações europeias pelo fato de que o acordo incluía somente Castela (Espanha) e Portugal.

Considera-se que o Tratado de Tordesilhas permaneceu em vigor até o fim do século XVII. Isso porque, em 1680, foi iniciada a União Ibérica, isto é, a unificação dos tronos de Portugal e Espanha. Essa unificação fez as fronteiras estabelecidas se tornarem letra morta e permitiu que os colonos portugueses se expandissem por “terras espanholas” livremente.