O que o cientista estuda

Ter, 24 Novembro 2020 12:30

O que o cientista estuda
"Todos nascemos cientistas. As crianças crescem descobrindo o mundo testando hipóteses", destaca Adriana Rolim, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas. (Foto Ares Soares)

A pesquisa científica tem demonstrado toda sua importância durante a pandemia de Covid-19, trazendo luz à profissão de cientista e aos benefícios da ciência no cotidiano. O cientista é o profissional que utiliza o método científico para produzir conhecimentos úteis que resolvem problemas da sociedade, seja na área das ciências médicas, tecnológicas, sociais, aplicadas e do direito. Mas como nasce um cientista? Buscamos as respostas para orientar os interessados em trilhar por este caminho.

A pesquisadora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza, Adriana Rolim, explica que todos nascem cientistas. “As crianças crescem descobrindo o mundo testando hipóteses. Com o passar do tempo, vamos sendo ‘obrigados’ a perder a curiosidade”, complementa. Contudo, essa prática é necessária para o conhecimento formal que todos recebem na escola.

Mesmo assim, ainda em idade escolar e muito antes de ingressar na Universidade, polo formador e agregador de cientistas, um perfil comportamental se destaca entre futuros pesquisadores. “Cientistas são curiosos, pacientes, corajosos, criativos, persistentes e solucionadores de problemas”, ressalta Adriana Rolim. Daí a importância dos pais e da escola ficarem atentos a essas características para realizarem orientação profissional adequada.

O que o cientista estuda

Na Universidade, são muitas as possibilidades que podem conduzir o estudante ao caminho da ciência, como participar do Programa de Iniciação Científica, que inclui entre outras atividades os grupos de pesquisa. “Nestes grupos, aprende-se a identificar um problema de pesquisa, definir os objetivos que se almejam alcançar e aplicar um método que possibilite validar o conhecimento produzido”, destaca a professora Tereza Glaucia, responsável pela divisão Stricto Sensu da Pós-Unifor.

O professor Fernando Viana, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Fortaleza, aponta um outro caminho não tão tradicional para adentrar no mundo da ciência. “É quando os alunos, dentro das organizações onde fazem estágio, se deparam com problemas organizacionais que demandam soluções por meio da ciência, do conhecimento teórico e do método científico”, explica.

Carreira de cientista

Para se tornar um cientista, o graduado deve continuar os estudos na pós-graduação stricto-sensu - que engloba os cursos de mestrado e doutorado. O mestrado habilita os alunos para pesquisa e docência, sendo necessária a apresentação de uma dissertação. Já o doutorado permite que o aluno aprofunde seu conhecimento sobre determinado assunto e exige a defesa de uma tese com estudo inédito. “A visão crítica é bastante desenvolvida durante a formação dos profissionais de saúde e isso os torna cientistas natos”, destaca a professora Adriana Rolim.

Há também graduados, como os bacharéis em Computação e Engenharia, que por assumirem cedo desafios no mercado de trabalho, lá na frente percebem que um dos caminhos para alavancar sua carreira é fazer um curso de mestrado. Assim surge o cientista da área de Informática Aplicada, “ele nasce da necessidade de aprofundar os conhecimentos em Computação para fazer frente aos desafios constantes da área de tecnologia”, destaca a professora Vládia Célia, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Universidade de Fortaleza.

Na área do Direito, o caminho é ainda mais questionador. “Um cientista na área do Direito nasce do sentimento de irresignação diante da ausência de dignidade humana e de justiça. Nesse momento, a pessoa busca o curso de Direito para entender o ‘antes, o durante e o depois’, mas, sobretudo, para encontrar instrumentos que levem à conciliação entre a realidade, e os fatores reais do poder e a justiça”, explica a professora Gina Pompeu, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Universidade de Fortaleza.

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Por que escrever artigos científicos

Dentro do universo acadêmico, o conhecimento é difundido a partir da escrita e publicação de artigos em eventos, revistas e jornais de cunho científico em nível nacional e internacional. Neles são registrados os experimentos e os dados analisados ao longo da pesquisa, bem como as provas e contraprovas que possam confirmar a teoria levantada pelo cientista, as conclusões e os direcionamentos para pesquisa futuras, que permitirão que outros cientistas refutem ou confirmem os resultados.

Um dos principais reconhecimentos de um cientista, além da publicação de seu trabalho em uma revista ou jornal científico, é a citação de sua pesquisa em outros artigos científicos. Quanto mais relevante é o impacto social da pesquisa, mais ela é citada em outros trabalhos. E quanto mais citada for, maior é a relevância da pesquisa e do cientista. É uma espécie de círculo virtuoso cujo caminho é longo e requer muita dedicação e persistência. “Mas o caminho mais promissor e cada vez mais valorizado é o impacto da pesquisa na sociedade”, reforça a professora Vládia Célia.

“Uma pesquisa, dentro da ciência, tem o reconhecimento feito entre pares. Outros cientistas, que tenham conhecimento suficiente e capacidade de análise, vão avaliar se determinada pesquisa publicada tem validade e pode ser reconhecida como pesquisa relevante. Se a gente trabalha na lógica de buscar temas que tenham relevância global, estejam na fronteira do conhecimento e possuam aplicabilidade local, é um passo importante para que o pesquisador desenvolva uma pesquisa relevante”, destaca Fernando Viana.

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A importância das universidades e fundações

Para chegar ao pódio científico, os cientistas contam com a ajuda de instituições de ensino superior, fundações e institutos de fomento para financiar suas pesquisas e promover o intercâmbio deles com outros cientistas do mundo. É o caso da Fundação Edson Queiroz, mantenedora da Universidade de Fortaleza.

Ao longo das suas quase cinco décadas de existência, a Universidade de Fortaleza colabora para o desenvolvimento do estado Ceará não só por meio do ensino, da capacitação profissional e da responsabilidade social, mas também pelo avanço do conhecimento em diferentes campos dos saberes teórico e aplicado.

Em 2020, a Fundação Edson Queiroz investiu cerca de R$ 2,3 milhões em pesquisas científicas, incluindo edital específico direcionado à Covid-19. Além disso, desenvolve projetos conjuntos com outras instituições de fomento à pesquisa, como a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

A ciência a serviço da sociedade

A ciência é valorizada pela sociedade porque a sua aplicação satisfaz muitas das necessidades humanas básicas e melhora os padrões de vida da população. Muitas vezes, o reconhecimento público só acontece quando é possível fazer uma associação imediata de um achado a um determinado benefício, como é o caso das vacinas e dos medicamentos, na área de ciências médicas.

No caso da pesquisa em Saúde Coletiva, por exemplo, “há um grande impacto para a sociedade, assim como para os governos, por meio de propostas de políticas públicas que contribuem para a qualidade de vida e promoção da saúde das pessoas em geral”, aponta a professora Mirna Frota, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Fortaleza.

Para além da saúde, pode-se destacar também impactos positivos de outros campos do saber, como o Direito. “O impacto maior do cientista do Direito é a capacidade de ouvir, sentir e manter o sentimento de alteridade, boa vontade e empatia. Essas qualidades fortalecerão a capacidade de superar, tomar decisões, agir e dedicar a sua energia diante da necessidade de promover o bom combate que é sempre coletivo e que impacta na conciliação entre teoria e prática”, destaca a professora Gina Pompeu.

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Guia de Profissões Unifor

Ao ouvir o termo “cientista”, provavelmente você imagina alguém com o cabelo bagunçado, olheiras grandes e um laboratório cheio de instrumentos mirabolantes, não é? Existem muitos estereótipos sobre o que faz um cientista e até mesmo a respeito de sua aparência e personalidade, sendo que o imaginário popular associa esse profissional a um gênio antissocial e meio esquisito.

Além disso, é muito comum pensar que a ciência é uma das profissões para quem gosta de Matemática, ou seja, exclusivamente da área de Exatas. Mas não é nada disso! Na verdade, todos os campos do conhecimento — incluindo Humanas, Sociais e Saúde — têm seus cientistas.

Para que você entenda melhor sobre essa profissão tão importante para a sociedade, preparamos este texto! Continue a leitura e confira o que faz um cientista e como se tornar um deles!

Afinal, o que é e o que faz um cientista?

O termo “ciência” vem do Latim scientia, que significa “conhecimento, saber”. Assim, podemos resumir o cientista como o profissional que faz ciência, ou seja, que produz conhecimento científico.

Isso vale para qualquer área do conhecimento: desde as mais comumente associadas à ciência, como a Física ou a Química, até as mais improváveis para o senso comum, como a Filosofia. O que costuma definir uma investigação como científica é:

  • a elaboração de questionamentos críticos sobre determinado objeto de análise;
  • o uso de métodos rigorosos de reflexão ou experimentação;
  • o levantamento bibliográfico a partir de uma base confiável de literatura científica;
  • a busca por resultados, o máximo possível, imparciais.

Qual é a importância do cientista para a sociedade?

Com as conclusões alcançadas em suas pesquisas, os cientistas são os grandes responsáveis pelo nosso entendimento maior do mundo e até do Universo. É por meio da atividade científica que descobrimos cada vez mais coisas sobre o funcionamento da natureza, das relações humanas, culturais e sociais.

Assim, o conhecimento científico ajuda a trazer avanços que contribuem significativamente para a qualidade de vida das pessoas, seja de imediato — como no caso da criação de vacina contra a Covid-19 —, seja no médio e no longo prazo.

Por exemplo, os estudos científicos da Psicologia contribuíram, ao longo de décadas, para o entendimento cada vez maior de como se dá o desenvolvimento da criança em interação com o ambiente. Isso serve de base para iniciativas práticas, como a elaboração de novas metodologias de ensino.

Quais cursos você deve fazer para se tornar um cientista?

Os cursos de graduação próprios para a formação de cientistas são aqueles em que a principal possibilidade de atuação do profissional após a obtenção de diploma é a pesquisa. É o caso, por exemplo, de áreas como:

  • a Biologia (Bacharelado);
  • as Ciências Sociais;
  • a Física (Bacharelado);
  • a Linguística;
  • a Química (Bacharelado);
  • a Teologia etc.

Quanto à Teologia, é importante notar que o objeto de estudo são as religiões, o que não muda o fato de que os métodos de pesquisa utilizados procuram sempre se manter livres da parcialidade religiosa ou de qualquer tipo.

Como dissemos, essas são graduações cuja principal atuação profissional é a pesquisa científica, porém, há outras possibilidades de trabalho. Do mesmo modo, áreas que não são tradicionalmente escolhidas por quem quer ser cientista também oferecem essa opção. Por exemplo, a atuação mais comum dos formados em Psicologia é no atendimento clínico, mas você também pode seguir a carreira de cientista.

Em resumo, você pode se tornar um cientista em qualquer área do conhecimento! Para isso, deve seguir a carreira acadêmica — ou seja, fazer a pós-graduação stricto sensu (em sentido estrito). Descubra quais são as etapas!

Mestrado

O mestrado é um curso que oferece um aprofundamento ainda maior do que a graduação. Ele dura de 2 a 4 anos e é oferecido em universidades do Brasil todo. Preste somente atenção para que o curso de sua escolha seja reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Durante o mestrado, o estudante deve fazer algumas disciplinas, além de elaborar uma grande pesquisa científica. Ao final, ele deve redigir uma dissertação de mestrado com as etapas e conclusões dessa pesquisa e apresentá-la a uma banca. A aprovação garante o título de mestre.

O estudante é sempre acompanhado por um professor orientador e, em geral, os processos seletivos para programas de mestrado exigem o domínio do Inglês. O estudante pode concorrer a bolsas de financiamento — no Brasil, a Capes é a principal responsável pelo pagamento de bolsas.

Doutorado

Embora não tenha o mestrado como um de seus pré-requisitos, o doutorado é ainda mais aprofundado e, por isso, costuma ser feito somente depois da etapa anterior. Esse curso pode durar de 4 a 6 anos e também envolve a realização de uma pesquisa científica.

O produto dessa pesquisa é a tese de doutorado que, normalmente, traz uma contribuição inédita para o conhecimento científico de determinada área. Se aprovado, o profissional recebe o título de doutor, equivalente ao PhD norte-americano.

O doutorado é realizado com a supervisão de um professor orientador e também pode ser feito com bolsas de órgãos financiadores. Para entrar no doutorado, geralmente os editais exigem o domínio de dois idiomas estrangeiros.

Pós-doutorado

Os cientistas podem continuar estudando pelos pós-doutorados, que duram cerca de 2 anos. Aqui, não é preciso defender dissertação ou tese, apenas realizar novas pesquisas e produzir material a partir delas, como livros, artigos científicos, relatórios etc.

Como é o mercado de trabalho para o cientista?

O mercado de trabalho para o cientista é muito amplo e nunca deixará de ser promissor. Afinal, o conhecimento sempre trará contribuições para a sociedade. No Brasil, a área é ainda mais interessante, visto que a produção científica do nosso país está entre as melhores do mundo.

De acordo com um levantamento da Capes, com dados de 2013 a 2018, o Brasil ocupa a 13ª posição no mundo em termos de produção científica, fruto sobretudo dos programas de pós-graduação das universidades públicas, responsáveis por mais de 60% dos avanços científicos do país.

Isso mostra o potencial do país para o conhecimento científico. Em geral, os cientistas trabalham como pesquisadores vinculados a universidades ou centros de pesquisa. É bastante comum que esses profissionais sejam também docentes do Ensino Superior.

Como uma boa instituição de ensino pode ajudar?

Uma graduação de qualidade é fundamental para despertar a curiosidade, o rigor metodológico, o senso crítico e a vontade de continuar estudando, características essenciais para um cientista.

Além disso, uma boa instituição de ensino tem iniciativas práticas que podem ajudar a despertar a paixão pela ciência, como laboratórios, grupos de pesquisa, revistas para publicação de artigos dos estudantes, congressos e simpósios, além de programas de iniciação científica.

Essas atividades extracurriculares são muito importantes para que o estudante de graduação tenha contato com a pesquisa científica, além de enriquecerem o Lattes — o currículo acadêmico e científico. Isso é algo que contribui com a aprovação em processos seletivos de mestrado e doutorado.

E aí, gostou de descobrir o que faz um cientista e como se tornar um? Como você viu, o fazer científico é muito mais do que aquele velho estereótipo. Você pode seguir essa carreira independentemente de ter interesse pelas Ciências Exatas, Humanas, Sociais ou da Saúde, basta se dedicar bastante e contar com uma boa faculdade!

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