O que é literatura comparada brunel pichois


P. BRUNEL CL. PICHOIS A. M. ROUSSEAU QUE E LITERATURA COMPARADA? í i estudos estudos estudos í-ííi EDITORA PERSPECTIVA 25 Anos Reitor: Roberto Leal Lobo e Silva Filho Obra co-editadacom a EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Presidente: João Alexandre Barbosa Comissão Editorial: Presidente: João Alexandre Barbosa. Membros: Celso Lafer, José E. Mindlin, Luiz Bernardo F. Qauzet e Oswaldo Paulo Fo- rattini. P. Brunei, C. Pichois e A. M. Rousseau QUE É LITERATURA COMPARADA? TRADUÇÃO DE CÉLIA BERRETTINI -f. ‘ í \ . ' P'lfc I 1 \^ EDITORA PERSPECTIVA 25 Anos " M M I « * EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Tftulo do original em francês Qu’est-ce que la Uttirature comparée? © Armand Colin Éditeur, Paris, 1983 UNIDADE..XIQ.2 N.° CHAMADA $.Y£) V ....... Ex . . T . . . TOMBO/BC ^ J l £ 5 Ü - TOMBO/IEL 3 À J k lL .. PROC. G □ D W .. PREÇO.... data 2 n I l A S ^ f : I r N-° CPDÜÚQofòZZOV Dados de Catalogaçãona Publicação (CIP)Internacional (Câmara Brasileira do Livro,SP,Brasil) Branel, Pierre. Que é literatura comparada? / P. Branel, C. Pichois e A.-M. Rousseau; [tradução Célia Berretrim]. — São Paulo: Perspectiva: Editora da Universidade de São Paulo; Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 1990.— (Coleção estudos; 115) Bibliografia. 1. Literatura comparada I. Pichois, Claude. 11. Rousseau, André M. III. Título. IV. Série. ISB N - 85-273-0033-8 90-0091 CDD-809 índices para catálogo sistemático: 1. Literatura comparada 809 Direitos em língua portuguesa reservados à EDITORA PERSPECTIVA S.A. Av. Brigadeiro Lufe Antônio, 3025 01401 - São Paulo - SP - Brasil Telefone; 885-8388 1990 Este livro é dedicado a René Pintard, quefo i seupadrinho. Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................... XV 1. NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO......................... 1 A História .................................................................................. 1 A Coisa e a Palavra............................................. 1 Os Pioneiros.......................................................................... 4 Primeiras Conquistas.............................................................. 6 A Literatura Comparada como Ciência.......... ...................... g O Presente.................................................................................. 11 A Expansão do Pós-Guerra................................................... 11 A Era dos CongressosInternacionais.................................... 12 O Desenvolvimento das AssociaçõesNacionais..................... 13 A Política dos Centros de Pesquisa...................................... 14 Escola “Francesa" e Escola “Norte-Americand’ ................ 14 ProgressosPassados e Futuros .............................................. 16 2. OS INTERCÂMBIOS LITERÁRIOS INTERNACIONAIS . 19 O Conhecimento das Línguas................................................... 20 Os Homens e Seus Testemunhos.............................................. 22 Os Viajantes........................... 22 A Influência das Viagens....................................................... 24 O Papel das Coletividades...................................................... 27 Os Instrumentos....................................................... 30 A Literatura Impressa ......................................... 30 Traduções e Adaptações ......................................................... 31 Obras de Iniciação............................ 35 A Imprensa ............................................................................. 37 Fortuna, Sucesso, Influências, Fontes ....................................... 39 A Fórmula X e Y e Sua Extensão................. 48 Imagens e Psicologia dos Povos............... 52 3. A HISTÓRIA LITERÁRIA GERAL.................................... 57 A Razão das Analogias........................................................... 58 Os Gêneros Literários........................................................... 58 As Concepções de Vida.................................................. 60 Os E stilos........................... 61 Rumo à Literatura Universal................................................... 62 Grandes Conjuntos Literários.............................................. 64 Os “Eons■ ” Literários...................................... 67 Os Problemas da Periodização................. 68 A Periodização Internacional a Curto Prazo....................... 69 As Gerações.......................................................................... 71 4. HISTÓRIA DAS IDÉIAS...................................................... 73 Idéias Filosójicas e Morais................. 74 Idéias Religiosas ..................................................... 76 Idéias Científicas.................................................................. 77 Idéias Políticas..................................................................... 79 Tradições e Correntes de Sensibilidade............................... 80 Literatura e Belas-Artes...................................................... 82 Perigos e Limites.................................................................. 84 5. UMA REFLEXÃO SOBRE A LITERATURA.................. 87 A Literatura G eral.................................................................. 88 Epistemologia .......................................................................... 92 Rumo à Teoria da Literatura.................................................. 96 Teorias a Respeito da Literatura ......................................... 96 A “ Literariedade” ................................................. 97 Coesão/Desvio/Densidade............................................. 99 Os “Níveis de Literatura” .................... 100 6. TEMÁTICA E TEMATOLOGIA......................................... 103 O Método Temático............................................................... 104 Temática e Tematologia........................................................ 105 Especificidade da Análise Temática.................................... 108 Modalidades do Estudo Temático......................................... 111 O Estudo dos Mitos Literários...................................... 114 O Estudo dos Motivos............................................................. 118 O Estudo dos Temas............................................................... 120 7. POÉTICA ............................................................. 125 Morfologia Literária................................................................ 126 Formas de Composição........................................................ 126 Formas de Elocução............................................................. 129 Fenomenologia da Transposição Literária.......................... 130 Estética da Tradução........................................................... 132 Análise Preliminar e Interpretação...................................... 133 Um Novo Critério: a Infidelidade Significativa..................... 134 Tradução e Alquimia do Verbo.............I ........................... Í36 A Tradução Automática........................................................ 137 Estruturas Permanentes e Variantes Particulares .................. 137 RUMO A UMA DEFINIÇÃO........................... 139 ELEMENTOS DE BIBLIOGRAFIA................................ 145 Introdução “Um dos melhores meios para introduzir uma palavra nova, es­ crevia Jean-Paul, é pô-la na página de título”*. Inscrita na capa deste livro, a expressão “Literatura Comparada” encontraria com isso mesmo sua justificação. Mas ela não é nova: é uma criação do século XIX. O meio tampouco é novo: desde a obra de Posnett, Comparative Literature, em 1886, até a sexta edição, remanejada, de La Littérature comparée de Marius-François Guyard, em 1978, os manuais com esse título se multiplicaram. O nosso não constitui exceção à regra. Após La Littérature comparée (1931) de Paul Van Tieghëm e La Lit­ térature comparée (1967) de Claude Pichois e André-Michel Rous­ seau, publicadas pelo mesmo editor, e retomando numerosos elemen­ tos desse último livro, tentamos responder à pergunta “Que é litera­ tura comparada?” A essa pergunta os livros precedentes haviam tentado responder, como este aqui pretende fazê-lo. Mas desde 1931, e sobretudo desde 1967, os estudos de literatura comparada se foram obscurecendo. Será, como pretendia em 1971 um de seus adversários, porque ela “possui a particularidade dé ser, na divisão das Letras, a disciplina on­ de reina o maior confusionismo”?1 Será porque ela quer abarcar de­ mais: todas as literaturas de todas as línguas em todos os países do * Johan Paul Friedrich Richter, mais conhecido como Jean-Paul, na Fran­ ga (1763-1825), é o autor mais humorístico da literatura alemã; sabe associar à MDllbilidade e &malícia uma fria razão. (N. da T.) 1. Didier Naud, na revista de inspiração marxista Littérature/ Science/ IdM ogl*, Programme etartetiyses, 2, pp. 42-48. “Littérature comparée I. Sur quel- flUMcontradictionsd’unmanueld’orientation”. mundo, e mesmo todas as formas de expressão infra ou paraliterárias? Será porque, há quinze anos, ela tendeu a evoluir para o que se chama “literatura geral”? Depois de 1968, as cátedras de “literatura geral e comparada” sucedem às velhas cátedras de “literatura comparada” ou de “literaturas modernas comparadas”. Em 1974, Étiemble, professor da Sorbonne Nova (Paris III), quer contribuir para uma “literatura (verdadeiramente) geral”. Como se, aqui e em qualquer outra parte, se acreditasse no dever de colocar-se na linha americana e como se fosse um meio de pôr termo a uma querela entre os comparatistas dos dois lados do Atlântico, a general Literature faz irrupção, associando-se à literatura comparada, às vezes para escudá-la, outras para suplan­ tá-la. Que nos entendam bem. Não se trata de conversa de conserva­ dores para defenderem um antigo livro, que foi considerado como novo em seu tempo, ou tradições de menos de um século. A experiên­ cia provou no curso pestes últimos anos que, graças à literatura geral, a literatura comparada tinha conquistado terreno ou, antes, público na França, e que, quando ela queria dialogar, não era mais um diálogo de surdos. Más sua extensão obriga mais que nunca a extrair do título sóbrio de outrora, literatura comparada, a pergunta implícita que ele continha. O exemplo vem de Jean-Paul Sartre, seguramente, de “Que é literatura?” (em Situaáons II, 1947). Vem também dos Estados Uni­ dos e do livro de S. S. Prawer, Comparative Uterary Studies (Harper & Row, 1973), que estava organizado numa síntese para responder à pergunta inicial: “What is Comparative Literature?” Modestamente, esse livro trazia como subtítulo An Introduction. Da mesma forma, o de Hugo Dyserinck, Komparatistik: Eme EinfUhrung (Bonn, Bouvier Verlag, 1977). Parece que já passou bem o tempo dos tratados. Que se entende por literatura comparada? O amador culto que pedisse aos repertórios correntes a resposta a uma tão elementar inda­ gação ficaria bem decepcionado. Não falemos do Petit Larousse Illus- 0tré. Apesar de seus seis grandes volumes, o clássico Larousse du XXe siècle, mesmo dedicando (no verbete “Comparé”) algumas linhas de definições a diversos tipos de conhecimentos comparados, nada diz sobre aquilo que nos interessa. O mesmo silêncio em quase todos os outros dicionários ou enciclopédias, não apenas franceses. O Grand Larousse encyclopédique em dez volumes, além de uma definição su­ mária, mas aceitável (sempre no verbete “Comparé”, 1962), dedica ao comparatismo uma boa meia-coluna no fim do verbete “Littérature”, com bastante entusiasmo, para apresentá-lo como o final, quase o coroamento, de todo estudo da literatura em geral. A Encyclopaedia Universatis (volume X, 1971) propõe uma nota substancial e rica de observações diversas, em que Étiemble se vê entretanto constrangido a confessar seu embaraço em presença de várias denominações. Ele conclui que “as incertezas da linguagem exprimem neste caso parti­ cular os escrúpulos e as dúvidas legítimas que preocupam mais de um comparatísta contemporâneo”, e opta por um emprego provisório da expressão consagrada. Após oitenta anos de prática oficial e regular (se negligenciarmos longos preliminares), não houve ainda o entendimento quanto a uma definição simples e definitiva. Acreditava-se tê-la às vésperas da úl­ tima guerra, mas vivas controvérsias fizeram renascer o problema. Retomou a calma. Não devemos, no entanto, interrogar-nos sobre uma tal instabilidade, procurar-lhe as causas, tentar pôr fim à ques­ tão? Em 1951, temos a primeira surpresa de uma comparação negati­ va. Prefaciando a primeira edição do “Que sais-je?” de M.-F. Gu- yard, Jean-Marie Carré, professor da Sorbonne e mestre incontestado da disciplina na época, escrevia que “a literatura comparada não é a comparação literária”. E acrescentava: Não se trata de transpor simplesmente para o plano das literaturas estran­ geiras os paralelos das antigas retóricas entre Comeille e Racine, Voltaiie e Rousseau, etc. Não gostamos de deter-nos nas semelhanças entre Tennyson e Musset, Dickens e Daudet, etc. Estranha literatura comparada que não compara! O dogma era sem dúvida muito constrangedor. Se “comparação não é razão”, como lembrou por sua vez Étiemble num panfleto célebre, em 1963 (reed. 1977), se ela não é mesmo a razão de ser da literatura comparada, fornece pelo menos uma matéria que deve ser usada com discerni­ mento. Entre muitas relações falaciosas, encontrar-se-á uma que con­ duzirá à descoberta de tuna influência ou que iluminará o campo do imaginário. A comparação púde ter uma função heurística em litera­ tura comparada. Foi assim que Michel Van Helleputte, comparando onze Judiths diferentes, constatou que, cada vez que Giraudoux se afasta da tradição bíblica em sua Judith, está seguindo Friedrich Heb- bel e a ele só2. E, conduzida de uma maneira rigorosa, a comparação pode ser o próprio fundamento de um estudo de literatura comparada: Julien Hervier bem o provou com seu Drieu La RocheUe et Jünger - Deva individus contre IHistoire (1978), assim como Jean Weisger- ber, autor de um Faulkner et Dostoievski - Confluences et Influen- ces (1968). Òs desenvolvimentos recentes da literatura comparada (ou pre­ tensa literatura comparada) nos oferecem uma outra surpresa. Um só leva em consideração a história em quadrinhos; outro estende sua pes­ quisa para o lado dos selos de correio; outro ainda inventa a semiolo­ gia das capas de discos. A literatura comparada quer comparar, mas não quer mais ser literária. Ou, antes, ela desconfia e escolhe a margi­ nalidade. Talvez, para dizer a verdade, lhe falte sobretudo confiança 2. Ver Jacques Body, Giraudoux et VAUemagne, Didier, coll. “Études de lltttatute ãtrangère et oomparée” , 1975, p.335. em si própria e, deixando aos “especialistas” os pontos culminantes, A Divina Comédia, D.Quixote ou À Procura do Tempo Perdido, ela pensa que deve alimentar-se com as obras reputadas como menores. Está fora de dúvida que esses vastos domínios menos explorados me­ recem sê-lo pelo comparatista. Mas quando René Guise dedicou uma tese monumental ao romance-folhetim, ao fundar em 1982 na Uni- ék. versidade de Nancy II um centro de pesquisa sobre o romance popu­ lar, ele não perdia de vista seu caro Balzac e bem sabia que era uma outra maneira de recolocá-lo na produção literária de seu tempo e de melhor valorizá-lo. A literatura comparada permanece literatura, e não lhe é proibido comparar. Eis dois truísmos aparentes, duas verdades primeiras que devem ser no entanto lembradas porque um abandono às seduções do paradoxo poderia fazer esquecê-las. Gostaríamos porém de tomar outro ponto de partida, de procurar saber, antes de qualquer trabalho comparatista, qual pode ser a voca­ ção da literatura comparada e o que a toma necessária. Os universos literários são murados [verificava Claude-Edmond Magny3; eles] se comunicam tão pouco entre si quanto o fazem as consciências nas filosofias pessimistas, e que duvidam do homem. Reclusas elas mesmas, as obras tendem a aprisionar também seu “consumidor” se ele próprio não se tomar crítico, recrian­ do-as na sua singularidade,percebida como tal. O crítico poderá ajudá-lo, e é por isso que a crítica literária pode ser definida como “um vasto empreendimento de ‘desreclusão’ da lite­ ratura”. Mas estamos no direito de pensar que existe uma outra tarefa de “desreclusão”, da crítica literária esta vez. A literatura comparada é um dos esforços realizados neste sentido. No dia 16 de fevereiro de 1980, no seu penúltimo curso no Col- lège de France, Roland Barthes explicava que um escritor de hoje não é mais arrastado por líderes, como o foram entre as duas guerras Gi- de, Valéry ou Claudel, e ainda Malraux numa data mais recente. O fim do tempo da leadership corresponderia à crise da literatura. Mesmo escolhendo, para exprimir-se, este franglês* que Étiem- ble denunciou, parecia que Barthes negligenciava um fato essencial: o problema da leadership não pode mais se colocar no espaço fechado' de uma determinada área nacional ou lingüistica. É para Jorge Luis Borges, por exemplo, que se voltará o apaixonado da literatura. O aprendiz-contista nele encontrará uma incitação constante para criar o fantástico. O poeta nele verá, como disse Alain Bosquet, “um Gón- gora ou um Valéry de hoje”. O semiólogo considerará sua obra como “um jogo que perverte sistematicamente a economia clássica da es- 3. Littérature et critique, Payot, 1971,p.436. * Franglais, mescla de francês e inglês (N. da T.). critura”4. E um dos que se esforçaram por introduzi-lo na Itália, Leo­ nardo Sciascia, não hesitará em nele reconhecer “o teólogo de nosso tempo, um teólogo ateu, isto é, o signo mais elevado da contradição em que vivemos”. Que Borges seja um “nobelizável” sem Prêmio Nobel e que se tenha às vezes considerado na América do Sul que os países da Europa construíram seu “mito”, tudo isso nada muda na questão: seu prestígio é o que já se tem o direito de chamar um fato comparatista. O exemplo é tanto mais surpreendente que não existe provavel­ mente escritor que tenha estado mais aberto às literaturas estrangeiras do que Borges. Professor de inglês como seu pai (a primeira novela do Livro de Areia o mostra ainda às margens do Rio Charles, em Cambrid­ ge, Massachusetts, no tempo em que era titular da cátedra Charles Eliot Norton de poesia, na Universidade de Harvard), sentiu-se encarcerado nos mesmo labirintos que Joyce e atraído pela arte de escrever de G.K. Chesterton. Compôs, em colaboração, um ensaio sobre as antigas lite­ raturas germânicas. Foi o tradutor de Wilde, (The Happy Prince, desde 1905) e de Kafka (Die Verwandlung, 1943). E com justiça é que, ainda vivo, foi-lhe dedicada uma tese de literatura comparada - a de Michel Berveiller - com o estudo de seu cosmopolitismo, termo, aliás, recusado por esse argentino convicto. Barthes, convidando os escritores futuros, sobretudo se não es­ crevem bastante ou se escrevem demais, a seguirem o conselho de Jú­ lio Cortázar - começar por traduzir -, no mesmo dia, encontrava um outro fato comparatista. Os melhores poetas deste tempo são tradu­ tores de grande talento: é o caso de Yves Bonnefoy que, talvez pela primeira vez, apresentou versões satisfatórias de Shakespeare em francês; é o caso de Philippe Jaccottet, a propósito de quem Jean Starobinski falou em “mediação inventiva”. Que é traduzir - acrescentava ele - senão fazer-se receptivo, não ser de iní­ cio senão um ouvido atento a uma voz estrangeira, depois dar a essa voz, com os recursos de nossa língua, um corpo no qual sobrevive a inflexão primeira? Toda tradução verdadeiramente acabada instaura uma transparência, inventa uma nova linguagem capaz de veicular um sentido antecedente: assim acontece com Musil, Ungaretti, Novalis, Hölderlin, Rilke, quando Philippe Jaccottet os aproxima de nòs. As atas do CoUoque sur la traduction poétique (publicadas em 1978) organizado por Étiemble na Sorbonne Nova, em dezembro...