O que é a nova variante do coronavirus

Talita Nascimento

São Paulo

03/04/2022 17h04

Uma nova variante oriunda da ômicron foi descoberta pelo sequenciamento do gene do coronavírus de um caso leve confirmado na cidade chinesa de Suzhou, informou o Global Times.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da cidade, a maioria dos casos é importada de outras províncias e cidades. O órgão disse que a cidade de Suzhou realizou imediatamente investigações epidemiológicas e sequenciamento genético para cada caso.

Grã-Bretanha

Calcula-se que uma em cada 13 pessoas está infectada pelo coronavírus na última semana na Grã-Bretanha, após os dados mais recentes do British Office of Statistics.

Estima-se que cerca de 4,9 milhões de pessoas contraíram covid-19 na semana que terminou em 26 de março, acima dos 4,3 milhões da semana anterior, informou o Escritório Nacional de Estatística na sexta-feira. O último pico, segundo noticiou a Associated Press, é alimentado pela BA.2, uma ramificação da variante ômicron.

As taxas de hospitalização e mortalidade voltaram a subir, embora o número de mortes causadas pelo coronavírus seja relativamente baixo em comparação com os dados do início do ano.

No entanto, os números mais recentes indicam que o aumento significativo de infecções que começou no final de fevereiro - quando o primeiro-ministro Boris Johnson suspendeu todas as restrições na Inglaterra - continuou em março também.

Alemanha

Na Alemanha, uma fraude foi descoberta. Um homem de 60 anos parece ter sido vacinado várias vezes contra a covid-19 para obter registros de vacinação e vendê-los a pessoas que se recusaram a ser vacinadas, disseram as autoridades em notícia veiculada pela Associated Press.

A polícia alemã realizou recentemente inúmeras operações contra a falsificação de registros de vacinação. Os casos diários na Alemanha vêm aumentando há várias semanas, mas muitas restrições foram suspensas na sexta-feira. Especialistas dizem que a última onda de infecções na Alemanha se deve à subvariante da ômicron BA.2 e que já parece ter atingido seu pico.

No domingo, a agência de controle de doenças da Alemanha registrou 74.053 novos casos. Menos de uma semana atrás, a alta era de 11.224 novos casos por dia.

Ômicron: o que se sabe sobre nova variante detectada na África do Sul

No dia 26 de novembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a B.1.1.529 como variante de preocupação e escolheu o nome “ômicron”. Com essa classificação, a nova variante foi colocada no mesmo grupo de versões do coronavírus que já causaram impacto na progressão da pandemia: alfa, beta, gama e delta. A primeira morte ligada à nova variante foi registrada no dia 13 de dezembro, no Reino Unido.

A ômicron é considerada de preocupação, pois tem 50 mutações, sendo mais de 30 na proteína "spike" (a "chave" que o vírus usa para entrar nas células e que é o alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19).

Veja o que se sabe:

  • Evidências sugerem que ômicron pode facilitar a reinfecção
  • Todos os continentes registraram casos da variante
  • Medidas não farmacológicas (máscara, distanciamento, ambientes ventilados) funcionam contra variantes
  • Variante apresenta um "grande número de mutações", algumas preocupantes
  • Farmacêuticas estão trabalhando em vacinas contra a Covid-19
  • Ômicron é muito transmissível
  • Primeira morte ligada à variante foi registrada no Reino Unido

O que ainda não se sabe:

  • Se a ômicron é mais transmissível que a delta
  • Se a ômicron causa sintomas mais graves e mortes
  • Se a nova variante apresenta resistência à vacinação

Ômicron

A variante ômicron – também chamada B.1.1529 – foi reportada à OMS em 24 de novembro de 2021 pela África do Sul. De acordo com OMS, a variante apresenta um "grande número de mutações", algumas preocupantes. O primeiro caso confirmado da ômicron foi de uma amostra coletada em 9 de novembro de 2021 no país.

No dia 30 de novembro, autoridades sanitárias holandesas afirmaram que a variante já estava presente no país no dia 19 de novembro - uma semana antes do que se acreditava e antes da OMS classificar como variante de preocupação.

Já no Brasil, o Instituto Adolfo Lutz confirmou os dois primeiros resultados positivos para a ômicron também no dia 30. O sequenciamento genético que apontou a nova versão do coronavírus nos testes de dois passageiros vindos da África do Sul foi feito pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Pedro Hallal sobre nova variante: 'Parece ser muito mais transmissível'

Um gráfico do jornal "Financial Times", que compara a velocidade de transmissão da ômicron com outras já conhecidas, ganhou espaço nas redes sociais.

Segundo especialistas, ele mostra que o ritmo de transmissão da variante é superior ao de outras, inclusive as já famosas, como a delta, mas, ao mesmo tempo, os dados se referem exclusivamente à África do Sul, onde é baixo o percentual de pessoas vacinadas.

Por isso, não é possível extrapolar a análise e dizer que o mesmo vai se repetir em países com outras taxas de vacinação e de pessoas que já tiveram a Covid-19.

Atualmente a África do Sul tem 14,2 milhões de pessoas com o esquema vacinal completo. O número equivale a 24% dos 59 milhões de habitantes do país.

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Casos em todos os continentes

Todos os continentes já registram casos da variante ômicron do novo coronavírus. O Canadá se tornou o primeiro país das Américas a confirmar a infecção (veja a lista de países aqui).

No dia 13 de dezembro, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que o país registrou a primeira morte por Covid-19 ligada à variante ômicron.

‘Momento é de cautela, de retomar o uso da máscara e dos cuidados’, diz vice-diretora da OMS sobre ômicron

Reinfecção

De acordo com Mariângela Simão, vice-diretora geral de medicamentos da OMS, algumas evidências preliminares sugerem que a ômicron pode facilitar a reinfecção.

"Um grupo da OMS se reuniu com especialistas da África do Sul e dessa reunião veio uma indicação de um potencial aumento de risco de reinfecção", disse a vice-diretora.

Mais informações sobre esse tópico serão disponibilizadas nos próximos dias e semanas.

Vacinação e medidas não farmacológicas

Até o momento, não se sabe se a ômicron apresenta resistência à vacinação – que é bastante baixa nos países do sul africano, onde foi identificada. A OMS reforça que as vacinas continuam sendo fundamentais para a redução de doenças graves e mortes, inclusive contra a delta (a variante mais transmissível até agora).

"A delta está circulando no mundo inteiro e é responsável pela imensa maioria dos caso de pessoas não vacinadas. Com o vírus circulando, ele desenvolve outras mutações, que leva a outras variantes. É extremamente importante que se tome a vacina. As vacinas protegem contra casos graves e mortes. A indústria farmacêutica já está trabalhando com as mutações e, se tiver necessidade de fazer ajuste, ele será feito", explica a vice-diretora geral da OMS.

Além disso, medidas não farmacológicas como distanciamento social, uso de máscaras, lavagem das mãos e ambientes ventilados continuam sendo essenciais para evitar a disseminação do vírus.

"Todas essas medidas continuam valendo e continuam sendo extremamente importantes até que tenhamos uma cobertura vacinal suficiente no mundo todo", diz Mariângela Simão.

Algumas farmacêuticas já anunciaram que já estão trabalhando em vacinas contra a Covid-19 que terão como alvo específico a ômicron, caso os seus imunizantes existentes não sejam eficazes contra a nova variante do coronavírus (saiba mais).

Sintomas

A médica sul-africana que fez o primeiro alerta sobre a variante ômicron do coronavírus citou sintomas leves em seus pacientes. Não há, ainda, informações consolidadas sobre a variante.

Angelique Coetzee disse, em entrevista ao jornal britânico "The Telegraph", que notou um aumento de pessoas jovens e saudáveis com sinais de fadiga em seu consultório.

“Os sintomas que eles apresentavam eram muito diferentes e mais leves dos que eu havia tratado antes", afirmou a profissional da saúde.

Fantástico entrevista a médica sul-africana que fez primeiro alerta sobre variante ômicron

Um funcionário da OMS confirmou essa informação no dia 1º de dezembro. Segundo ele, informações preliminares sugerem que os casos da variante ômicron estão ligados a sintomas leves da Covid-19. A declaração foi feita em entrevista à agência Reuters, de forma não oficial, e ele não foi identificado.

Transmissão e casos graves

Segundo a OMS, ainda não está claro se a nova variante é mais transmissível em comparação com outras variantes, incluindo a delta. A entidade diz que precisará de semanas para compreender melhor o comportamento da variante.

"A [variante] delta é responsável por 99% das infecções em todo o mundo", disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan. "Ela teria que ser mais transmissível para competir e se tornar dominante em todo o mundo. É possível, mas difícil de prever."

"O número de pessoas testando positivo aumentou em áreas da África do Sul afetadas por essa variante, mas estudos epidemiológicos estão em andamento para entender se é por causa de ômicron ou outros fatores", disse a entidade.

No entanto, a entidade alerta que a ômicro é "muito transmissível", mas que as pessoas "não devem entrar em pânico" e que o mundo está melhor preparado com as vacinas desenvolvidas desde o início da pandemia.

Também não se sabe se a variante provoca casos graves de Covid-19. "Todas as variantes podem causar doenças graves ou morte, em particular para pessoas mais vulneráveis e, portanto, a prevenção é fundamental", alerta a OMS.

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