O que acredita uma pessoa niilista

O Niilismo vem do termo latim “nihil” que significa “nada”. Trata-se de uma ideologia que consegue atingir as diversas classes do mundo contemporâneo. É uma corrente filosófica que acredita no vazio e o seu conceito é fundamentado na subjetividade do viver. Nietzsche defendia a inexistência em vários sentidos: de Deus, da alma e do sentido da vida. Para ele, o ser humano deveria abandonar as muletas metafísicas, a chamada morte dos ídolos. O filósofo se opunha aos dogmas da sociedade, principalmente ao defender que a verdade era uma ilusão. O alemão defendia que cada um deveria estar consciente de seu próprio corpo e do mundo real em que vive. Ele disse para seus leitores para não viverem em um sonho ou tomarem decisões pautadas em pensamentos irreais. Ele acreditava que a ideia de céu era fruto de uma incapacidade de lidar com a vida no mundo. Você é niilista? ... Mas para Nietzsche aquele que adota crenças que não são verdadeiramente as suas, como a de uma religião ou de um grupo, também é um niilista. Ele vive de forma inautêntica, porque renuncia a si próprio em nome do céu, do estado, da família, da sociedade… As quatro formas de niilismo propostas por Deleuze

  • Niilismo Negativo, que é a negação do mundo real por um mundo superior extramundano. ...
  • Niilismo reativo, que é a reação em relação ao mundo imperfeito. ...
  • Niilismo Passivo, que envolve a morte de deus e do sentido do mundo, ou seja, a impossibilidade de um futuro ideal.

Quem foi Nietzsche e qual sua importância para a filosofia?

Friedrich Nietzsche () foi um filósofo, escritor e crítico alemão que exerceu grande influência no Ocidente. Sua obra mais conhecida é “Assim Falava Zaratustra”. O pensador estendeu sua influência para além da filosofia, penetrando na literatura, poesia e todos os âmbitos das belas artes.

Qual o papel da escola segundo Nietzsche?

A perspectiva da educação em Nietzsche aponta como aspecto fundamental “educar os educadores”, ou seja, no processo de educação do homem é necessário ao educador educar primeiramente a si mesmo.

Como vencer o niilismo?

O niilismo se volta contra si mesmo para superar-se. Nega-se para engendrar e criar um resultado novo. Por isso, Heidegger diz que a superação do niilismo se realiza mediante um “processo de radicalização”.

O que é o niilismo de Nietzsche?

O niilismo do latim nihil (nada), é uma corrente filosófica que, em princípio, concebe a existência humana como desprovida de qualquer sentido. ... Estudando o pensamento filosófico de Nietzsche, encontramos um vasto campo de estudo acerca do conhecimento humano. O niilismo está presente no conjunto das obras de Nietzsche.

Quais são os dois tipos de niilismo citados por Nietzsche?

Para Nietzsche havia o niilismo negativo, passivo e ativo. No niilismo negativo, a vida perfeita será no mundo superior. Daqueles que acreditam que a vida perfeita será em outra esfera (vinculado à religião, ao ascetismo).

Qual a origem do niilismo?

Teve origem graças ao platonismo e Cristianismo. O sentido original do termo niilismo foi alcançado graças a Friedrich Heinrich Jacobi e Jean Paul. Só mais tarde esse conceito foi abordado por Nietzsche, que o descreveu como "falta de convicção em que se encontra o ser humano após a desvalorização de qualquer crença".

Qual a importância de Nietzsche para a filosofia contemporânea?

Seus livros deixaram os primeiros indícios do surgimento da filosofia contemporânea. Nietzsche dedicou-se a estudar a moral judaico-cristã e operou uma espécie de comparação das sociedades antes e depois do cristianismo, tendo classificado este como o fator central do enfraquecimento do ser humano na era moderna.

“Minha filosofia: platonismo revertido: quanto mais afastado do verdadeiro ente, tanto mais puro, belo, melhor. A vida no brilho da aparência como meta”

Nietzsche, Fragmento póstumo

Niilismo Passivo

Reconhecendo as consequências negativas das limitações impostas pelas concepções do pensamento socrático e da moral cristã, o niilismo passivo nega o mundo construído a partir disso. Limitar a existência criando um sentido artificial para ela (como o céu, o supremo bem, o mundo inteligível etc.) é desperdiçar a força vital do ser humano.

Ocorre que o mundo ocidental centrado na civilização europeia é herdeira dessas concepções. Negá-las é negar como é a vida e o homem europeu. Viver na expectativa ou em função de um mundo superior é mentir para si mesmo sobre si mesmo. Negar isso é negar a única concepção de homem consolidada ao longo da história no pensamento ocidental. É o vazio.

Niilismo ativo

O passo anterior é o sintoma de uma doença. O homem está doente de si mesmo, padeceu de esperança, de sentido, de limitações. O niilismo passivo é uma febre. O homem deve recuperar sua força vital, destruir a moral e qualquer concepção metafísica de existência. A vida não tem sentido, não tem motivo, não tem ordem. O niilista está no vazio agora.

Do vazio, construir. Deus morreu, não como personalidade, mas como todo o arcabouço metafísico que dá um sentido à vida, considerado falso pelo niilismo. O homem deve assumir sua capacidade de criação e produzir valores, transvalorar. Não podemos deixar de perceber como Nietzsche percebe a metafísica e a moral conectadas. Afinal, o comportamento humano está inserido naquilo que concebe existir.

4 - Deleuze e o Niilismo

“Eu vi descer sobre os homens uma grande tristeza. Os melhores entre ele se cansaram de suas obras. Uma doutrina surgiu, acompanhada de uma fé: ‘Tudo é vazio, tudo é igual, tudo foi!'”

Nietzsche, Assim Falou Zaratustra

Ávido leitor de Nietzsche, Gilles Deleuze conseguiu produzir uma sistematização do pensamento nietzschiano causando uma revitalização do niilismo. Sua interpretação insere no niilismo (como vimos antes) não só aqueles que se opõem às limitações da vida, mas aqueles que geram essa limitação, que é uma negação. Temos assim quatro tipos de niilismo:

Niilismo Negativo

Nietzsche é um profundo negador da dialética. Podemos chamar até mesmo de antidialético. A dialética admite a negação, a contradição na formulação do pensamento. Para Nietzsche não há conciliação entre sim e não.

Nossa incapacidade de compreender o mundo nos faz criar outro, falso, para o qual dizemos sim. Dizer sim ao outro mundo é dizer sim para a mentira, para a vida, é a negação absoluta. A filosofia socrática e, principalmente, o cristianismo representam esse sim/não. Sócrates e Jesus não foram mortos, se suicidaram, porque negaram a vida.

Niilismo reativo

Deus morreu. O homem reconheceu sua centralidade na existência. Mas não sabemos como fazer. Saímos da crisálida, mas ainda estamos à sua sombra. Deleuze interpreta que Nietzsche acredita que abandonamos o conteúdo divino, mas a forma cristianizada ainda segue. É a secularização do cristianismo.

Continuamos negando a vida, mas a razão agora é o dever, nossa racionalidade. Deus sai de cena e criamos uma entidade metafísica nova, “a humanidade”, que serve de justificativa para continuarmos negando o que temos de humano. Kant é o principal representante desse niilismo.

Para Kant a felicidade é o estado de quem alcança plenitude racional, onde tudo acontece conforme pensa e deseja. Ora, para Nietzsche, não há nada mais impossível que essa felicidade. Não há ordem no mundo que se conjugará a racionalidade humana. Essa felicidade, com ares de paraíso, é a negação da felicidade.

Niilismo passivo

“Ah, onde há ainda um mar onde possamos nos afogar?: eis como soa o nosso lamento – por sobre pântanos rasos. Em verdade ficamos cansados demais para morrer, ainda estamos acordados e prosseguimos vivendo – em sepulcros!”

Nietzsche, Assim Falou Zaratustra

O deus humanidade também não serviu, seguirá o mesmo destino do anterior. Com isso somos todos mortos-vivos, sofrendo e adoecendo cada vez mais. As esperanças acabaram, não há mais para onde ir, estamos resignados, só sobrou o vazio.

A resignação é a postura mais distante do niilismo desejável, segundo Nietzsche. Apesar disso, ela é fruto do melhor diagnóstico sobre a condição humana: não há nada lá fora, nem aqui dentro, só nós.

Schopenhauer é o grande expoente desse niilismo, um dos poucos pensadores poupados da fúria do martelo nietzschiano. Disse ele:

“No espaço infinito, inumeráveis esferas brilhantes. Em torno de cada uma delas giram aproximadamente uma dúzia de outras esferas menores iluminadas pelas primeiras e que, quentes em seu interior, estão cobertas de uma crosta rígida e fria sobre a qual uma cobertura lodosa deu origem a seres vivos que pensam; – eis aí a verdade empírica, o real, o mundo”

SCHOPENHAUER, A. O Mundo como Vontade e como Representação

Um mundo nu, sem idealismos, nem transcendências, sem metafísica, imanente. Schopenhauer é um dos primeiros filósofos a pensar a irracionalidade. Mas, para ele, a essência da realidade era irracional. A vontade, a força motriz de criadora, que é também tudo (por isso, imanente) é a essência do ser humano.

Aqui o ser humano está cansado de existir, exaurido pelo constante desejo. De fato, para Nietzsche, o diagnóstico é preciso, mas a solução proposta, negar o desejo e a vontade, é aprofundar a crise.

Niilismo ativo

A vontade em Nietzsche é a vontade de potência. Nos realizamos quando damos vazão ao nosso lado irracional, pois, certamente, ele nos compõe. Nietzsche observa nas tragédias gregas uma representação bem acabada da condição humana, o apolíneo (autocentrado, racional, frio) e o dionisíaco (empático, desejante, incontido).

Estamos doentes porque, desde Sócrates, abandonamos nosso lado dionisíaco. A racionalidade extremada socrática que invade todos os aspectos do pensamento e contamina até as tragédias nos limita, nos mutila. A cura é a vontade. Assumir o que somos e realizar o que queremos nos faz humanos outra vez, mas como?

Nietzsche afirma que faremos isso através do super-homem. Ele não se afirma assim, nem afirma que será o homem de seu tempo. Mas propõe a questão: se chegamos a conclusão de que tudo é nada, seremos os últimos homens, os homens do fim, ou seremos o super-homem, o homem que superará?

Veja bem, desde Sócrates, passando pelo cristianismo, a filosofia atua como uma legisladora. Ela tira os pedaços da nossa humanidade afirmando: “isso não pode!”. Seguimos essas proibições, o que chamamos moral, tentando alcançar plenitude. Mas se é justamente os valores que nos impedem de nos realizar então temos que os superar.

Os valores não são nada, não têm sentido. Estão todos destruídos pelo martelo. O super-homem irá transvalorar os valores, criará outros, não repetidos, mas inéditos. A busca da salvação ou da certeza não será mais o guia, mas abraçaremos a incerteza da condição humana. Viveremos a tragédia.

“O maior desafio do século XXI, é resgatar o valor da vida, a maior ação política é incentivar a vontade de viver. A vida não precisa estar vinculada a um projeto de felicidade; a experiência da via, em si mesma, o jogo da vida se basta. Nietzsche afirma, em seu pensamento mais maduro, a necessidade de reconciliar o homem com o corpo, com a presença, com o tempo.”

Para Nietzsche, o trabalho da filosofia do seu tempo é de preparar a chegada do super-homem. Não esquecendo de que a moral é uma construção social, um consenso, uma convenção. Quando Nietzsche fala e transvaloração, ele aponta para um processo coletivo.

Ao fim podemos concluir que Nietzsche entende o niilismo como a “falta de fins”. Não há um objetivo para o futuro. O mais interessante é a influência da interpretação de Nietzsche da bíblia e de Jesus numa perspectiva histórica. Assim como Nietzsche filosofou a golpes de martelo, destruindo a moral e transvalorando na figura firme de Zaratustra, observamos a mesma dureza em Jesus e seu objetivo de instituir novos valores, transvalorar. Disse Ele: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada”. Talvez seja possível afirmar que tanto Nietzsche quanto Jesus vieram para causar.

Última postagem

Tag