Logo qual a relação estabelecida entre as orações

Os operadores argumentativos são palavras ou expressões fundamentais para a coesão textual, ou seja, para a ligação entre as diversas orações, períodos e parágrafos que existem em um texto. Eles são responsáveis por articular as partes do texto, conferindo a elas a intenção desejada pelo autor.         

Função

A função dos operadores argumentativos é estabelecer uma ligação entre as orações, períodos ou até mesmo parágrafos de um texto. Eles são fundamentais para a unidade textual, haja vista que é por meio de tais operadores que as partes do texto relacionam-se.

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Tipos

Existem centenas de operadores argumentativos, e a língua, em seu uso, cria tantos outros nos diversos processos comunicativos. Entretanto, existem alguns desses operadores que valem a pena ter sempre em mente:

  • Operadores de oposição: são aqueles que interligam ideias que se contrapõem.

São eles: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, embora, conquanto, ainda que, mesmo que, mesmo quando, apesar de que, se bem que, malgrado, não obstante, inobstante, em que pese etc.

Eu gosto de sorvete, MAS estou gripado.

  • Operadores de adição: são aqueles que aglutinam trechos com sentidos complementares, que não se contrapõem. São eles: e, nem, também, não só... mas também, mas ainda, como também, ademais, outrossim, além disso etc.

Eu NÃO SÓ vou ficar, MAS TAMBÉM dormirei aqui.

  • Operadores de conclusão: são aqueles que denotam uma conclusão em relação ao que foi dito anteriormente. São eles: logo, portanto, então, assim, enfim, consequentemente, por isso, por conseguinte, de modo que, por fim etc.

Eu não tenho dinheiro. LOGO, não irei sair hoje.

  • Operadores de explicação:  são os operadores que representam uma explicação sobre o que foi citado antes. São eles: pois, porque, que, porquanto etc.

Eu não posso comer lasanha, POIS tenho alergia a queijo.

  • Operadores de conformidade: são aqueles que fazem referência a algo ou alguém. São eles: conforme, como, segundo, consoante, de acordo com etc.

SEGUNDO Paulo Freire, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

  • Operadores de condição: sugerem uma condição para a realização de algo. Exemplos: se, caso, desde que, contanto que, exceto se, salvo se, a menos que, a não ser que, sem que, uma vez que (com o verbo no subjuntivo) etc.

SE fizer bom tempo amanhã, eu vou.

  • Operadores de finalidade: são aqueles que denotam a razão pela qual algo acontece. Exemplos: a fim de que, para que, com o fito de, que, porque (= para que) etc.

Eu bebo água A FIM DE QUE não fique desidratado.

  • Operadores de comparação: tais operadores constroem uma comparação entre duas sentenças. Exemplos: mais que, menos que, tão... quanto, tão... como, tanto... quanto, tão... como, tal qual, da mesma forma, da mesma maneira etc.

Um passeio no parque é MAIS agradável QUE sair para festas.

  • Operadores de consequência: são aqueles que denotam uma relação de consequência em relação a determinado ato. Exemplos: tão... que, tal... que, tanto... que, tamanho... que, de forma que, de modo que, de sorte que, de maneira que etc.

O grito foi TÃO alto QUE acordou toda a vizinhança.

  • Operadores de alternância: são os que apresentam uma relação de alternância entre dois polos. Exemplos: ou... ou, ora... ora, já... já, não... nem, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez etc.

 ORA quero dormir, ORA comer.

  • Operadores de proporção, simultaneidade: são aqueles que sugerem uma relação de proporcionalidade entre os elementos interligados. Exemplos: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos etc.

À MEDIDA QUE estudo, me torno mais inteligente.

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Exemplos

Para compreender bem o que são os operadores argumentativos, é interessante observar como essas ferramentas linguísticas são observadas na prática. Acompanhe a análise do caso abaixo.

A expressão “MAS”, na frase “Maria quer sair, MAS vai chover” é considerado um operador argumentativo de oposição, pois liga a oração “Maria quer sair” àquela que diz “vai chover”. No caso, por conta do uso do MAS, fica parecendo que Maria não poderá sair devido ao fato de chover.

É interessante notar que, se trocássemos o operador MAS pelo operador POIS, teríamos: “Maria quer sair, POIS vai chover”. Repare, o sentido da frase mudou completamente: agora parece que Maria quer sair justamente porque irá chover.

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Exercícios resolvidos

1. Escreva qual é o operador argumentativo presente em cada uma das frases abaixo:

a) Carlos correu vinte quilômetros, mas não bateu o recorde.

b) Preciso sair, pois tenho uma reunião agora.

c) Você não só permanecerá no emprego, mas também receberá um aumento.

d) Conforme combinaram, os três homens partiram para o carnaval.

RESOLUÇÃO:

  1. MAS;
  2. POIS;
  3. NÃO SÓ... MAS TAMBÉM.;
  4. CONFORME.

2. (Enem)

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe

Nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe

Na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe

No breve espaço de beijar.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983)

Nesse poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de:

a) comparação

b) conclusão.

c) oposição.

d) alternância.

e) finalidade.

RESOLUÇÃO: [C] A repetição da conjunção E, que tem função, nesse contexto, de operador argumentativo de oposição, faz da alternativa C aquela que está correta. Para confirmar, podemos substituir a conjunção E por outra também de oposição, tal qual o operador MAS. Nesse caso, teríamos “o mundo é grande MAS cabe / nesta janela” ou ainda “o mar é grande MAS cabe/ na cama e no colchão de amar”. Nos dois casos, é possível perceber que o sentido se mantém e, então, fica como correta a letra C.

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Assim como a preposição, a conjunção é um importante elemento de conexão entre as orações. A conjunção é uma palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Vejamos a seguir:

O garoto segurou o brinquedo e mostrou quando chegou da escola.

A partir do exemplo podemos analisar três informações:

  • O garoto segurou o brinquedo.
  • O garoto mostrou.
  • O garoto chegou da escola.

Logo, a segunda oração está ligada à primeira por meio do "e", e a terceira oração liga-se à segunda por meio do "quando". As palavras "e" e "quando" ligam, portanto, orações.

Conjunções coordenadas

As conjunções coordenativas também conhecidas como conjunções coordenadas, estabelecem uma ligação entre as orações coordenadas. No entanto, é importante destacar que estas orações não dependem sintaticamente das outras, assim como também ligam termos que têm a mesma função gramatical.

Locução conjuntiva

Há ainda a locução conjuntiva, que ocorre quando duas ou mais palavras exercem a função de conjunção. Como os casos de: ainda que, desde que, assim que, uma vez que, antes que, logo que:

Ele participará da festa, desde que você faça a sua parte.

As conjunções coordenativas recebem o mesmo nome dos tipos de orações coordenadas sindéticas, a saber:

Tipos Conjunções Exemplos
Aditivas e, mas ainda, mas também, nem... Gosta de chocolate, mas também de vegetais.
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia... Correu muito, no entanto não consegui chegar.
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer… Não ouvia ou fingia não ouvir.
Conclusivas assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portanto... Farei todos os exercícios, logo terei bom desempenho.
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que... Venci porque sou a melhor cozinheira.

Conjunções subordinativas

As conjunções subordinativas são os termos que ligam duas orações sintaticamente dependentes. É o contexto da frase o que determina o tipo de relação estabelecida pela conjunção, portanto o contexto é fundamental. As conjunções não desempenham função sintática na oração e são ligadas somente pelos conectivos. As conjunções subordinativas dividem-se em: causais, concessivas, condicionais, comparativas, finais, proporcionais, temporais, comparativas, consecutivas e integrantes.

Tipos Conjunções Exemplos
Causais Porque, pois, porquanto, como (no sentido de porque), pois que, por isso que, á que, uma vez que, visto que, visto como, que Estava bem porque dormi.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que , apesar de que, nem que, que. Embora ficasse calma, sempre tremia.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que. Se tivesse viva, não a reconheceria.
Conformativas Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante. Aflita como coração de mãe.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que. É tarde para que reverta o estrago.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais... (no sentido de mais), quanto mais... (no sentido de tanto mais), quanto mais... (no sentido de menos), quanto menos... (no sentido de menos), quanto menos... (no sentido de tanto menos), quanto menos (no sentido de mais), quanto menos (tanto mais). Não gostava de João, quanto mais de Margarida.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que (desde que). Desaprovou o comportamento do marido assim que soube do acontecimento.
Comparativas Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor, pior)

Qual (usado depois de tal)

As ideias chegavam como entrega rápida.
Consecutivas Que (precedido de tão, tal, tanto), De modo que, De maneira que Os fatos eram tão inusitados que tentou escapar.
Integrantes que e se. A verdade é que te adoro.

Conjunções Causais

São aquelas que expressam uma oração subordinada que denota causa:

Exemplos:

Cozinho bem porque pratiquei muito.

Saiu mais cedo visto que o filho ligou.

Conjunções concessivas

São as conjunções que indicam uma oração em que se admite um fato contrário à ação principal, mas incapaz de impedi-la:

Exemplos:

Embora ficasse nervosa, sempre se saía bem.

Margarida, posto que muito emocionada, voltou-se para a rua.

Conjunções condicionais

Iniciam uma oração subordinada em que é indicada uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizada ou não o fato principal:

Exemplos:

Se a encontrasse novamente, não a reconheceria.

Tudo o que quiser, desde que coma todo o jantar.

Conjunções conformativas

São chamadas conjunções conformativas aquelas que iniciam uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oração principal.

Exemplos:

Conforme o presidente, os juros têm que cair no próximo semestre.

O artista repassa as impressões como lhes chegam à alma.

Conjunções finais

As conjunções finais iniciam uma oração subordinada indicando a finalidade da oração principal.

Exemplos:

É tarde para que venha até aqui.

Apertei o ferimento a fim de que diminuísse a dor.

Conjunções proporcionais

As conjunções proporcionais iniciam uma oração subordinada em que mencionamos um fato realizado para realizar-se simultaneamente com o da oração principal.

Exemplos:

À medida em que o tempo passava, confortava-se.

Não gostava de Nova York, quanto mais de Los Angelis.

Conjunções temporais

As conjunções temporais são aquelas que indicam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo:

Exemplos:

Desaprovou a decisão do conselho assim que soube do ocorrido.

Apenas pegou a blusa e saiu a correr pelas ruas do Rio de Janeiro.

Conjunções comparativas

São aquelas que iniciam uma oração que encerra o segundo integrante de uma comparação, de um confronto.

Exemplo:

As ideias eram boas como na época da escola.

Conjunções consecutivas

São conjunções consecutivas aquelas que iniciam uma oração na qual é indicada a consequência do que foi declarado na oração anterior.

Exemplos:

Os fatos eram tão absurdos que tentou escapar da situação.

O som estava tão alto que as paredes da sala tremiam.

Conjunções integrantes

São as conjunções utilizadas para introduzir a oração que atua como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração.

Exemplos:

A verdade é que não vivo sem você.

Não sei se você percebeu que as cortinas são novas.

Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/portugues/conjuncoes/

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