Livros para melhorar interpretação de texto

Quantas vezes você já leu um texto e não entendeu nada do que estava escrito ali? Leu, releu e, mesmo assim, ainda ficou com um nó na cabeça? Eu mesma já fiquei assim muitas vezes! Pensando nisso, listamos 4 técnicas para fazer de você um mestre na interpretação! Depois disso, vai ficar fácil entender até os mais complexos manuais de instrução (ok, talvez nem tanto, mas você vai arrebentar no vestibular!).

Antes de tudo, vamos explicar como se dá o processo de interpretação. A Hermenêutica, a área da filosofia que estuda isso, diz que é preciso seguir três etapas para se obter uma leitura ou uma abordagem eficaz de um texto: 

a) Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimentos prévios sobre o assunto ou área específica. Isso significa dizer, por exemplo, que se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito estando ainda no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assunto, porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura.

b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se deparar com informações novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio da pré-compreensão o leitor “prende”  a informação nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do texto. É costume dizer: “Eu entendi, mas não compreendi”. Isso significa dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a explicação, mas não as justificativas ou o alcance social do texto.

c) Interpretação: agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao texto, depois de compreendê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para haver a interpretação de fato). É formada então o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A interpretação supõe um novo texto. Significa abertura, o crescimento e a ampliação para novos sentidos.

Sabendo disso, aqui vão 4 dicas para fazer com que você consiga atingir essas três etapas! Confira abaixo:

1) Leia com um dicionário por perto

Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da pré-compreensão. O único jeito é ter um bom nível de leituras. Além de ler bastante, você pode potencializar essa leitura se estiver com um dicionário por perto. Viu uma palavra esquisita, que você não conhece? Pegue um caderninho (vale a pena separar um só pra isso) e anote-a. Em seguida, vá ao dicionário e marque o significado ao lado da palavra. Com o tempo o seu vocabulário irá crescer e não vai ser mais preciso ficar recorrendo ao dicionário toda hora.

2) Faça paráfrases

Para chegar ao nível da compreensão, é recomendável fazer paráfrases, que é uma explicação ou uma nova apresentação do texto,  seguindo as ideias do autor, mas sem copiar fielmente as palavras dele. Existem diversos tipos de paráfrase, só que as mais interessantes para quem está estudando para o vestibular são três: a paráfrase-resumo, a paráfrase-resenha e paráfrase-esquema.

– Paráfrase-resumo: comece sublinhando as ideias principais, selecione as palavras-chave que identificar no texto e parta para o resumo. Atente-se ao fato de que resumir não é copiar partes, mas sim fazer uma indicação, com suas próprias palavras, das ideias básicas do que estava escrito.

– Paráfrase-resenha: esse outro tipo, além dos passos do resumo, também inclui a sua participação com um comentário sobre o texto. Você deve pensar sobre as qualidades e defeitos da produção, justificando o porquê.

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– Paráfrase-esquema: depois de encontrar as ideias ou palavras básicas de um texto, esse tipo de paráfrase apresenta o esqueleto do texto em tópicos ou em pequenas frases. Você pode usar setinhas, canetas coloridas para diferenciar as palavras do seu esquema… Vai do seu gosto!

3) Leia no papel

Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias de mistério em um Kindle, um tipo de leitor digital, foram significantemente piores na hora de elencar a ordem dos eventos do que aqueles que leram a mesma história em papel. Os pesquisadores justificam que a falta de possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás ou controlar o texto fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas) limita a experiência sensorial e reduz a memória de longo prazo do texto e, portanto, a sua capacidade de interpretar o que aprendemos. Ou seja, sempre que possível, estude por livros de papel ou imprima as explicações (claro, fazendo um uso sábio do papel, sem desperdícios!). Vale fazer notas em cadernos, pois já foi provado também que quem faz anotações à mão consegue lembrar melhor do que estuda.

4) Reserve um tempo do seu dia para ler devagar

Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de concentração. Quem tem dificuldades para interpretar textos e fica lendo e relendo sem entender nada pode estar sofrendo de um mal que vem crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais (a própria distribuição do desenho da página) para lembrar de informações chave de um livro. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, os nossos hábitos de leitura se adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você tem links em que poderá “ler mais” – a internet é isso) e essa leitura rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade de entender textos longos.

Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças (principalmente as sem links e distrações) é uma capacidade que você perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading” (em tradução literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de 30 a 45 minutos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler. Fazendo isso, o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os benefícios da leitura lenta vão bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração!

Depois de treinar bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar os mais diversos tipos de texto! Mãos à obra! 😀

Consultoria:

Livro

Redação de textos dissertativos – Concursos, vestibulares e Enem

Luiz Ricardo Leitão (Org.), Manoel de Carvalho Almeida, Manuel Ferreira da Costa

Editora Ferreira

Quer conhecer uma lista com livros para melhorar o vocabulário? Afinal, todo estudante sabe que ter um ótimo repertório auxilia nas aulas, vestibulares, como o ENEM, e também ao longo da vida.

O hábito da leitura permite conhecer novas palavras, gírias e formações que pouco escutamos no nosso dia a dia, certo? Consequentemente, ler bons livros colabora nos seus argumentos ao escrever uma redação, por exemplo. 

E para ter acesso a essas palavras que nos parecem um pouco distantes, elaboramos este artigo com 7 dicas de livros para melhorar o vocabulário.

Bora conhecê-los e adicioná-los na lista das suas próximas leituras?

7 livros para melhorar o vocabulário e incluir nas próximas leituras

Livros de romance, contos, fantasia, poesia, literatura clássica ou não, todos os livros podem abrir a imaginação, ampliar a capacidade de absorver conhecimento e de ver o mundo de forma completamente diferente.

Confira nossa sugestão com uma lista de 7 livros para aumentar o vocabulário e veja qual deles atrai sua atenção para a próxima leitura!  

1. Sagarana, de Guimarães Rosa

Sagarana foi a primeira obra de Guimarães Rosa a sair em livro. Trata-se de uma obra regionalista, com caráter universal, já que trata de temas como a violência, além do conflito entre o bem e o mal.

Guimarães Rosa foi um grande inventor de palavras. O título do livro é um neologismo que une a palavra saga (de origem alemã, sagen) e rana (de origem tupi). 

A obra traz nove contos, nos quais o universo do sertão, com seus vaqueiros e jagunços, surge no estilo marcante que o escritor aprofundou em textos posteriores.

Alguns dos contos são:

  • O burrinho pedrês;
  • A volta do marido pródigo;
  • Sarapalha;
  • Duelo;
  • Minha gente, entre outros.

2. A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector

Claro que dentre os livros para melhorar o vocabulário não poderia faltar escritoras brasileiras.

A Paixão Segundo G.H. é um livro com profundidade de enredo, mas sem perder de vista a trivialidade do cotidiano. Assim, Lispector encontra nos fatos mais banais os gatilhos para o turbilhão de descobertas que constrói a narrativa.

O livro apresenta a busca da personagem pelo real e pelo divino, diante a condição humana. Segundo ela, viver é um segredo inalcançável para a maioria das pessoas que gasta os dias como sonâmbulos, sem consciência da vida.

3. Memorial de Aires, de Machado de Assis

Memorial de Aires teve sua composição como um diário de memórias. O título apresenta um trocadilho, em que aire pode ter o significado que lhe dá o dicionário: coisa vã, fútil, sem valor.  

Foi o nono e último romance de Machado de Assis, sendo um texto fragmentado e sem linearidade.

A obra aborda as peripécias do pequeno círculo social do conselheiro José da Costa Marcondes Aires, diplomata aposentado e viúvo, que já havia figurado como personagem no livro anterior, Esaú e Jacó.

4. Quarto de Despejo, de Maria Carolina de Jesus

Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada é o diário de Carolina Maria de Jesus. Moradora da comunidade do Canindé, em São Paulo, e mãe solteira, Carolina registra a sua rotina como catadora de papel e revela aos leitores um relato da dura realidade vivida na periferia da capital paulista.

A obra reúne cerca de 20 diários escritos e lançou um olhar original da favela e sobre a favela. Dessa forma, é uma leitura dura, que expõe situações críticas de quem não teve a sorte de ter acesso a uma condição mínima de qualidade de vida.

5. São Bernardo, de Graciliano Ramos

São Bernardo está entre uma das obras mais famosas de Graciliano Ramos. 

Ele conta a história do pequeno Paulo Honório que vai se desenrolando até se tornar um típico latifundiário de 50 anos. A influência do sertão, o contexto histórico e a rudeza do protagonista são cenários perfeitos para uma profunda reflexão das relações sociais. 

A obra faz parte da nossa lista de livros para melhorar o vocabulário, pois apresenta linguagem seca, formada por frases curtas e detalhamento expressivo.

6. Boitempo, de Carlos Drummond de Andrade

Ler um poema de Drummond é uma grande descoberta, pois sua escrita propõe ao leitor muitos novos significados. 

Assim também é Boitempo, uma obra que reúne poemas que demonstram as visões da infância e da adolescência de Drummond, como lembranças que o autor não despeja diretamente no papel, mas como que procura a metáfora perfeita para expressá-las.

Durante a leitura você será convidado a participar do mundo que fundou a sua poesia: os bichos, plantas, árvores e a vida na natureza que é sempre igual, mas que aos olhos do poeta eram donos de imensurável beleza.

7. O Quinze, de Raquel de Queiroz

Para finalizar a lista de livros para melhorar o vocabulário está a obra regionalista: O Quinze.

Trata-se do primeiro e mais famoso romance da escritora Raquel de Queiroz. É uma narrativa sobre a seca histórica de 1915, que assolou o nordeste do país.

Assim, o livro contém um forte teor social, que além de mostrar a realidade das pessoas do local, retrata a fome e a miséria.

A análise psicológica das personagens e o uso do discurso direto, revelam as dificuldades e os pensamentos do ser humano ante os problemas sociais desencadeados pela seca.

E aí? Gostou da nossa seleção de livros para melhorar o vocabulário? Se tiver algum que queira acrescentar, deixa um comentário. Aproveite para ler nosso próximo artigo sobre livros brasileiros adaptados para o cinema!