Como proteger seu cão do barulho dos fogos

Donos de cães a gatos podem tomar algumas providências para manter os animais tranquilos e evitar inconvenientes no Ano Novo

Fique atento. Animais costumam ficar estressados nesse período

Apesar das leis sancionadas em algumas cidades brasileiras, que tem por objetivo proibir a queima de fogos, especialmente rojões, o uso dos elementos pirotécnicos ainda é comum em grande parte dos estados. Para muitas pessoas, os shows de luzes simbolizam alegria e diversão, mas, para grande parte dos animais, o barulho traz muita agitação, incômodos e ansiedade, já que o ouvido dos cães e gatos é mais sensível quando comparado ao dos humanos.

Segundo a veterinária Adriana Souza dos Santos, algumas técnicas como o adestramento ou o uso de terapêuticos - como os florais - podem ajudar a aliviar esse estresse. “Para isso, no entanto, é recomendado uma consulta com um profissional que indicará o melhor tratamento para cada animal”, explica a veterinária, acrescentando ainda que o efeito pode não ser imediato e que é preciso se programar com antecedência caso os episódios de ansiedade no animal sejam recorrentes nesta época.

Para aliviar o desconforto na noite de Réveillon,  a especialista separou algumas dicas:

Coloque o animal de estimação no cômodo da casa que tenha menos barulho momentos antes da queima de fogos e lembre-se de o libertar assim que o barulho cessar.

Quem tem gato deve tomar maior cuidado com espaços entre os móveis, sofás articulados, baús, ou qualquer espaço onde o felino possa ficar preso ao tentar se esconder, já que é algo que costumam fazer em situações de insegurança.

Verifique se não há rotas de fuga no local onde o pet ficará.

Não deixe o cão ou gato preso em correntes ou trancado em caixas de transporte, pois eles podem entrar em pânico e se machucarem ao tentar se libertar.

Mantenha portas e janelas fechadas até que a queima de fogos termine, isso ajuda a evitar que o animal fuja ou se perca.

Quem mora em apartamento deve verificar se as telas de proteção não estão danificadas. O ideal é fazer isso dias antes, para dar tempo de fazer os reparos caso necessário.

Com delicadeza, coloque algodão parafinado (hidrófobo) no ouvido do seu pet somente minutos antes do barulho e retire quando terminar a comemoração.

Existem também fones de ouvido e protetores de orelha próprios para cachorros.

Há um método canadense que consiste em atar o cão com um pano para que a circulação sanguínea do corpo do animal seja estimulada, diminuindo, assim, as tensões e a irritabilidade. Informe-se com o veterinário sobre como fazer isso sem machucar o seu bichinho.

Por fim, coloque uma música suave e faça companhia ao pet, pois isso transmite segurança e ameniza o susto com os ruídos

Choro, latido e agitação costumam ser a resposta natural dos pets no momento dos fogos na noite de Ano-Novo. Embora seja crescente a discussão sobre a proibição de fogos de artifício com estampidos e estouros, na prática, eles ainda são intensamente usados nas festas de fim de ano, para o desespero dos animais e dos tutores.

Isso acontece porque os animais têm a audição bastante sensível. Para se ter ideia, os humanos apresentam faixa de vibração auditiva entre 10 hertz (Hz) e 20.000 Hz. Os cães, entre 10 Hz e 40.000 Hz. Os gatos são ainda mais sensíveis, pois a audição felina pode alcançar faixas ultrassônicas de até 1.000.000 Hz.

O resultado causado pelos fogos são choros, latidos, agitação, estresse intenso, pânico e, em casos mais graves, paradas cardiorrespiratórias que podem levar à morte. Além disso, os animais podem ficar desorientados, aumentando as chances de fuga e acidentes.

“É muito delicado. Nesta época, recomendamos que os donos coloquem os animais em ambientes seguros, onde não consigam pular e se ferir. Também há a possibilidade de comprar hormônios de bem-estar e florais para trazer a sensação de segurança e proteção para os cães”, aconselha a médica-veterinária Fabiana Volkweis, da Uniceplac.

Para fugir do barulho, os animais tentam se esconder e correm desorientados, batendo em portões, grades, pulando de janelas ou em piscinas, atravessando ruas e avenidas. Fabiana aconselha que os tutores mantenham a casa e as piscinas fechadas e os animais protegidos nos ambientes mais silenciosos.

“Para evitar esses problemas, o dono deve encarar a situação com calma. Os pets notam quando há algo errado. Portanto, agir de forma natural é primordial para contornar a situação. O tutor pode utilizar brinquedos e petiscos durante a ocasião para o animal passar por esses minutos de apreensão”, aconselha.

Na tentativa de ajudar os tutores nesta virada de ano, o Metrópoles separou oito dicas para proteger os pets do barulho dos fogos.

1 – O Tellington Touch (TTouch) é uma técnica aplicada por muitos tutores para auxiliar os cães que possuem medo de fogos de artifício. O método consiste em passar uma atadura em pontos específicos do corpo do animal para ativar o sistema nervoso e tranquilizá-lo.

Dividido em quatro etapas, o dono deve colocar a faixa na altura do peito do cachorro. Em seguida, é necessário cruzar as pontas na região do dorso, depois do pescoço. O movimento se repete na parte de baixo para que, por fim, seja realizado um nó firme próximo à coluna. É importante que a faixa se mantenha firme, porém sem apertar o corpo do animal.

2 – Cães e gatos costumam se esconder em momentos de medo. É importante deixá-los livres das coleiras, pois, em alguns casos, eles podem ficar rodando em círculos e correr risco de enforcamento.

3 – Caso o tutor vá passar as festas em casa, brincar com o pet e entretê-lo com seu brinquedo favorito é uma ótima solução. Estando perto do seu tutor, o bichinho se sente mais tranquilo e protegido.

4 – O canal DogTV  é exclusivo para os pets e conta com uma programação especial para os cães e gatos o dia inteiro. No dia 31 de dezembro, recorrer ao canal pode ser uma boa ideia para protegê-los dos fogos. A maioria dos programas transmitidos é para tranquilizar os animais com sons de relaxamento próprios para eles. Consulte sua empresa de TV a cabo para saber o preço e o número correto do canal.

5 – Caso você não fique em casa, coloque seu amigo de quatro patas em um ambiente seguro, fechado e silencioso, com água e comida. Não deixe o animal perto de janelas abertas, piscinas e portões. Se viajar, o pet precisa ficar sob os cuidados de alguém ou em local especializado.

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6 – Alguns animais preferem buscar proteção se escondendo embaixo de móveis. Deixe o pet se ajeitar da melhor maneira para ele, não force situações desconfortáveis. No caso de gatos, é comum que se escondam. Se o ambiente for seguro, com redes nas janelas e portões fechados, evite ficar chamando o bichinho para não estressá-lo mais.

7 – Durante a convivência com o animal, tente acostumá-lo a ouvir sons altos, associando o barulho a petiscos, para que ele assimile o ruído a uma sensação positiva. Além disso, cães e gatos que já tenham histórico de doença cardíaca demandam cuidados especiais nessas situações. É importante que o dono converse com o veterinário.

8 – Caso o animal apresente qualquer tipo de alteração ou se machuque de alguma forma, ele deve ser levado imediatamente a um veterinário para ser avaliado.

Tradicional nas festas de fim de ano, a queima de fogos de artifício, como os rojões, pode ser um show à parte para os humanos, mas para os pets, o barulho é um grande vilão, já que a audição deles é muito superior à nossa.

"O estresse causado por esses sons pode levar os animais a terem uma parada cardíaca e até à morte", alerta o médico veterinário, doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor das Faculdades Kennedy, Mitzem Sathler Bretas.Vivian Chagas / Hoje em Dia 

A audição dos cachorros é mais aguçada que a dos humanos

Além disso, o médico explica que, ao se sentirem ameaçados pelos barulhos, os bichinhos podem se envolver em acidentes domésticos para fugir do "suposto perigo". Eles podem ser atropelados, cair de escadas ou pular de locais como varandas e janelas.

"Os cães têm a audição como um dos sentidos mais aguçados. Por serem animais com instinto de guarda, eles são preparados para ouvir tons que o ouvido humano não é capaz", comenta a especialista em comportamento de cães, Luisa Pires.

Para que os melhores amigos não sofram durante as comemorações, o professor Mitzem Sathler e a especialista Luisa Pires enumeram dicas de cuidados para tranquilizar os pets. Confira:

  • Nos dias em que você souber que haverá fogos de artifício, procure gastar a energia acumulada do cão. Então, saia com ele, brinque, deixe que corra. O animal sem essa energia acumulada ficará muito mais tranquilo no momento do barulho
  • Acostume seu cachorro a associar comida e barulho. De forma muito delicada, comece a colocar sons como trovão e fogos de artifício em volume muito baixo quando ele for comer. Aos poucos, aumente a intensidade do som. Mas é importante que o cão não sinta medo em momento nenhum. Se ele parar de comer, volte ao volume anterior
  • Tente, sempre que possível, acostumar seu cão a ambientes um pouco mais barulhentos e agitados, sem colocar a saúde deles em risco. Faça com que convivam com música, pessoas e outros cães. Isso pode ajudar a que enfrentem momentos de estresse com menos ansiedade
  • Deixe seu cão o mais confortável possível, de preferência em um cômodo onde não possa se ferir. Feche janelas e portas, para tentar diminuir o barulho
  • Se ele escolher um esconderijo, respeite. É onde ele se sente seguro. Caso ele não tenha, você pode criar uma casinha para que ele se abrigue nos momentos de medo
  • Nunca deixe seu cão acorrentado. Ele pode se ferir ao tentar escapar
  • Não o deixe sozinho. Tente manter pelo menos uma pessoa com ele
  • Se precisar ficar sozinho, deixe uma TV ligada. A ciência já comprovou que a voz humana acalma e transmite segurança para os cães
  • Se você mora em apartamento, confira as grades e redes de proteção para evitar que ele tente fugir e se machuque com gravidade
  • Coloque com delicadeza um chumaço de algodão hidrófilo nos ouvidos do cachorro um pouco antes do horário da queima. Mas lembre de retirar após o barulho cessar
  • Evite manifestar carinho durante os fogos, como, por exemplo, pegar o cão no colo. Ele pode entender que o carinho é uma recompensa para o medo e vai tender a repetir o comportamento

Ao todo, 35 parlamentares votaram a favor, dois foram contra e três se abstiveram.

A discussão sobre esse assunto na capital já é antiga. Em 2018, outro projeto de autoria de Osvaldo Lopes, à época vereador, também foi aprovado em primeiro turno. No entanto, segundo Melo, ele foi arquivado quando Lopes virou deputado estadual.