Como fazer um comparativo de numeros de pesquisa

Como fazer um comparativo de numeros de pesquisa
Novos dados sobre a evolução da pandemia do coronavírus são divulgados todos os dias no país

Novidades sobre a pandemia do coronavírus surgem a todo momento. Todos os dias, novos dados a respeito do número de casos confirmados da Covid-19 e de mortes causadas pela doença são divulgados no Brasil e em outros países. Analisar os dados, estabelecer comparações e tirar conclusões sobre a situação da pandemia no país parece ser inevitável, mas se não houver uma unidade entre as diferentes fontes de dados ou clareza na forma com que eles são organizados e divulgados, o resultado pode ser a ideia de um cenário mais otimista ou pessimista do que realmente é, além de prejudicar o planejamento e execução de políticas de saúde pública.

A conclusão é de professores da Unicamp que trabalham com ciência de dados e análises de informações numéricas em diferentes áreas de pesquisa e estão aproveitando a oportunidade surgida com o cenário inédito provocado pela pandemia para refletirem sobre as formas com que os dados sobre o vírus e a doença têm sido coletados e disponibilizados para pesquisadores e imprensa. Eles também propõem soluções que reduzam os efeitos de análises e comparações que possam causar mais prejuízos do que o próprio contexto já provoca. 

"As pessoas olham para resultado, mas não questionam de onde ele vem"

Acostumado a trabalhar com dados obtidos por diversas fontes na área da neurociência, Rickson Mesquita, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) sabe que as primeiras informações necessárias para que boas análises sejam feitas é justamente sobre como esses dados foram obtidos, quais métodos foram utilizados, qual área ou período de tempo eles dizem respeito. Ou seja, não basta ler os dados, é preciso conhecer o caminho e as condições que os tornaram informações relevantes. 

É justamente essa consciência que fez com que o professor parasse para refletir sobre como isso tem sido feito com os dados divulgados sobre o coronavírus, principalmente em relação ao número de casos confirmados da Covid-19 no Brasil e no mundo. Em um texto publicado em seu perfil na plataforma Medium, ele argumenta que as comparações feitas entre os números de casos confirmados no Brasil e a situação de outro países requer cuidado e pode ser algo improdutivo. Isso porque a forma com que a doença vem sendo diagnosticada e notificada varia entre cada país, o que pode gerar falsas simetrias. "Não faz muito sentido analisar números de casos se eles estão sendo reportados de diferentes formas, isso gera ainda mais incertezas para as pessoas. Quando as pessoas tentam comparar os dados de diferentes países, aí a confusão fica ainda maior", analisa Rickson. 

Na visão do professor, o número de mortes causadas pela Covid-19 seria um parâmetro que oferece menos riscos a divergências, já que são eventos consumados. A partir disso, ele propõe outras formas de comparação entre a situação dos países, como o número de mortes total e a evolução das mortes dia após dia, o que permite verificar como a pandemia se comporta pelo mundo. Rickson também critica outras comparações e relativizações, como a de justificar uma suposta situação mais positiva no Brasil por conta da grande extensão territorial do país. Segundo ele informa no texto, a mensagem que deveria ser extraída de dados que mostram ainda um número baixo de contaminação em uma grande população é a de que há a possibilidade de muitas pessoas ainda contraírem o coronavírus e, por isso, os cuidados devem ser mantidos. 

Como fazer um comparativo de numeros de pesquisa
Gráficos baseados em dados do Centro Europeu para o Controle de Doenças mostram a evolução no número de mortes por dia nos países e o número total de mortes registrado

Rickson analisa que é importante que as pessoas conheçam a fonte dos dados fornecidos por órgãos oficiais de saúde e também pelos meios de comunicação. De acordo com ele, este é um cenário em que a disseminação de informações ocorre de forma rápida e por qualquer pessoa e, por isso, requer responsabilidade e consciência dos efeitos na vida das pessoas. "As pessoas precisam de informações para se tornarem conscientes do que está acontecendo, mas as informações devem ser precisas. As redes sociais acabam dando amplitude para qualquer análise entre uma população onde a matemática pode ser uma grande dificuldade, então quando as pessoas veem um número, elas tendem a aceitar sem questionar. Isso pode ser um problema", adverte o professor. 

Solução: criar a própria base de dados

Trabalhar com dados também faz parte do cotidiano de Paula Dornhofer Costa, professora da Faculdade de Engenhara Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp. Ela integra um projeto de pesquisa que cruza dados de saúde a variáveis do clima, identificando como as condições de temperatura, umidade e eventos climáticos podem influenciar na saúde das pessoas. Fazem parte dele a professora Eliana Cotta de Faria, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), e Ana Maria Heuminski de Ávila, pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri). 

Assim como ocorreu com outros pesquisadores de diversas áreas, a pandemia do coronavírus chamou a atenção dela e seus orientandos , que passaram a reunir os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde no formato CSV, "Comma-Separated Values", no qual as informações numéricas são disponibilizadas em planilhas e separadas por vírgulas. Neste formato, é possível fazer o processamento por softwares específicos, o que facilita o trabalho de analisar e tirar conclusões. 

Porém, ela conta que o sinal de alerta surgiu quando, no dia 18 de março, os dados pararam de ser disponibilizados pelo Ministério nesse formato com a justificativa de que o sistema de divulgação seria aperfeiçoado. "Houve esse apagão de dados, a gente não conseguiu ter acesso às planilhas, e o Ministério da Saúde começou a divulgar diariamente os casos confirmados nos estados por meio de boletins em que a informação vem no corpo do texto, o que não é o ideal para quem quer fazer o processamento de forma automática", relata a professora. Atualmente, o Ministério voltou a disponibilizar em seu site os dados nacionais e dos estados no formato CSV, mas a preocupação em ficar novamente sem o acesso fez com que a equipe se mobilizasse.

Impossibilitados de coletar os dados em uma única fonte, o grupo começou a buscar pelas informações de cada estado. A conclusão foi de que existe uma grande discrepância na forma com que cada unidade da federação coleta e divulga seus dados. Por ser um tipo de doença de notificação compulsória, todos os casos confirmados chegam ao Ministério da Saúde. Porém, a grande preocupação é o atraso com que esses dados podem chegar devido a essas diferenças, o que pode prejudicar a adoção de medidas necessárias. "Alguns estados divulgam as informações apenas pelo Twitter, outros divulgam boletins epidemiológicos em arquivo PDF, que é difícil de ler pela máquina. Outros ainda são divulgados apenas pelo portal G1, nós não conseguimos nem chegar na informação fornecida diretamente pela secretaria de saúde do estado", explica Paula. 

Como fazer um comparativo de numeros de pesquisa
Segundo Paula, discrepância nos dados pode atrasar adoção de medidas como a testagem da população

A saída encontrada foi não só para o trabalho do grupo, mas também pensando em facilitar o trabalho de outros pesquisadores, foi criar uma nova base de dados unificada. Nela, a equipe disponibiliza dados atualizados todos os dias que mostram não apenas os números de casos confirmados da Covid-19 no país e entre os estados, mas também a série história de cada local. Paula comenta que, a partir disso, eles já conseguem observar aspectos relevantes sobre a evolução da pandemia entre os estados, como uma similaridade entre os números registrados no Ceará e no Distrito Federal. 

A base de dados pode ser acessada por este link e seus arquivos estão disponíveis a todos os interessados. Com a experiência, a professora destaca que a pandemia é uma oportunidade de chamar a atenção das autoridades de saúde também para a importância da otimização e clareza dos dados que são divulgados sobre a doença. "Os nossos processos de reportagem de informação são muito ruins, o Brasil não tem um grande sistema unificado que permite que a informação flua rapidamente dos municípios para os estados e para o país como um todo. Isso é bastante ruim para a tomada de decisões rápidas, como é a necessidade em uma pandemia dessas", analisa Paula. 

Quando uma pesquisa chega ao fim, você vai consolidar os resultados, analisá-los e partir para a ação. Geralmente, porém, ainda tem uma etapa pela qual muitos acabam passando: a apresentação dos dados. Quando termina a coleta dos dados você deve criar seu relatório e para muita gente surge uma dúvida básica. Como criar gráficos para seus relatórios?

No Opinion Box, nosso objetivo não é só realizar pesquisas de mercado para você. Nós também queremos te ensinar a fazer suas próprias pesquisas do início ao fim.

Por isso, veja agora como usar gráficos para apresentar seus resultados do jeito certo. Ah, e confira também algumas ferramentas para que você crie seus gráficos facilmente.

Para que servem os gráficos?

Os gráficos são formas importantes de visualizar dados que, de outra forma, seriam difíceis de compreender.

Em vez de apresentar blocos de dados, ou explicá-los em textos, transformá-los em um gráfico é o ideal para mostrar informações de maneira mais fácil, destacar dados expressivos, mostrar tendências nos resultados e muito mais.

No relatório de pesquisa, o gráfico tem uma função muito importante. O relatório é um dos componentes mais importantes no ciclo de pesquisa da pesquisa. Os resultados da pesquisa precisam ser apresentados de uma maneira que seja legível, tecnicamente correta e fácil de entender pelos envolvidos no projeto.

Tipo de gráficos para apresentar seus resultados de pesquisa

Definir qual gráfico usar para qual tipo de dados é crucial. Lembre-se de pensar em que tipo de gráfico você deve empregar para os dados que você tem em mãos. No fim das contas, escolher o gráfico certo não é simplesmente optar pelo que você acha mais bonito. Cada um tem suas particularidades e aqui estão alguns gráficos mais usados ​​que você costuma ver na maioria das apresentações:

Gráfico de barras ou colunas

Talvez o tipo mais comum de gráfico, o de barras ou colunas permite comparar como as pessoas responderam a uma pergunta usando barras que verticais, horizontais ou mesmo empilhadas umas sobre as outras. Seu formato é bastante simples e facilita a comparação de diferentes opções de resposta.

O gráfico de barras é sempre usado em perguntas fechadas, ou seja, com opções de resposta pré-definidas e apresentadas para o respondente. Ele pode ser aplicado para mostrar resultados de perguntas de resposta única ou múltiplas.

Importante: Quando você apresenta resultados de uma pergunta múltipla, ordene as barras do gráfico da maior à menor porcentagem. Caso sua pergunta tenha respostas ordenadas, como em uma escala de Péssimo a Ótimo, por exemplo, apresente as barras na ordem correta das alternativas. Veja um exemplo de aplicação do gráfico de barras abaixo, com dados da nossa pesquisa sobre o mercado de telecom:

Como fazer um comparativo de numeros de pesquisa

Gráfico de linhas

Um gráfico de linhas é mais útil para demonstrar tendências ou progresso ao longo de um período de tempo. Pode ser empregado para mostrar diferentes tipos de dados, e exemplifica bem as mudanças na opinião ou nos resultados ao longo do tempo.

É o tipo ideal de gráficos para apresentar os resultados de pesquisas de tracking, por exemplo. A pesquisa de tracking faz um monitoramento periódico sobre determinado tema para entender as variações que ocorrem ao longo do tempo. Dessa forma, marcas e empresas podem antecipar os períodos de altas e baixas e se preparar com muito mais segurança para as mudanças. Como essas pesquisas acontecem periodicamente, apresentado ao entrevistado as mesmas perguntas, é uma ótima escolha fazer gráficos de de linhas para mostrar como os resultados melhoram ou pioram a cada edição da pesquisa.

Gráfico de pizza

Os gráficos de pizza são mais utilizados para ilustrar uma amostra dividida em uma única dimensão. Na prática, é melhor usar gráficos de pizza para mostrar diferenças entre grupos com base em uma variável. Os dados do gráficos de pizza sempre vão somar 100%, então é importante lembrar que eles devem ser usados apenas com um grupo de categorias que se combinam para formar um todo. Dessa forma, não dá para usar esse tipo de gráfico para mostrar resultados de perguntas com opções múltiplas de resposta.

Nuvem de palavras

Mesmo não sendo um gráfico tradicional, a nuvem de palavras é uma boa dica para apresentar respostas de perguntas abertas no seu relatório de pesquisa.

Esse gráfico consiste em um apanhado das palavras e expressões mais citadas nas perguntas de texto aberto. Como esses dados são mais difíceis de tratar e de exibir, pelas infinitas possibilidades de respostas, o ideal é mostrar as principais de forma visualmente agradável e fácil de entender. E a nuvem de palavras é o meio mais fácil de fazer isso.

Como fazer gráficos facilmente: dicas de ferramentas

Canva

O Canva é um editor de imagens muito popular pelas inúmeras possibilidades e templates que ele oferece – inclusive gratuitamente. Tanto na versão web quanto no aplicativo, os usuários podem criar suas imagens, inclusive gráficos, de forma muito fácil, rápida, e sem perder no visual.

Depois de criado e customizado, seu gráfico também é facilmente exportável para onde quiser. Confira aqui!

Venngage

A Venngage também dá uma boa opção de criador de gráficos e infográficos online. Por lá você também não precisa começar do zero, já que a plataforma tem uma série de templates editáveis. Todos os gráficos criados também são facilmente compartilháveis, inclusive nas redes sociais. Veja amais aqui.

Microsoft Office: Word, Excel e PowerPoint

As ferramentas de criação de documentos mais tradicionais não podem ser esquecidas em um artigo sobre como fazer gráficos. Seja na hora de criar um documento de texto no Word, uma planilha no Excel ou uma apresentação de slides no PowerPoint, o pacote Office funciona muito bem para quem quer colocar dados em forma de gráficos. Todas as versões dos programas têm uma série de opções para que você mostre o que sua pesquisa trouxe de melhor em termos de resultados.

Google Docs, Sheets e Slides

Assim como nas ferramentas do pacote Office, é claro que os apps do Google Drive também permitem que você crie gráficos nos seus documentos de texto, planilhas e apresentações!

No Google Docs, Sheets e Slides, você consegue criar e editar seus gráficos rapidamente, aproveitando ainda todas as vantagens de usabilidade que as ferramentas do Google oferece – como a visualização e a edição em tempo real por qualquer pessoa com acesso aos seus arquivos.

Quer continuar aprendendo a lidar com os dados da sua pesquisa após a coleta? Então não deixe de conferir como analisar corretamente os dados e como elaborar um relatório de pesquisa.