Como era a política no Segundo Reinado

Olá, meus caros leitores. Como vocês podem imaginar, lá vem mais um trecho da História do Brasil contado de uma forma menos convencional. Estão preparados para aprender um pouco sobre o Segundo Reinado? A viagem é longa e demorada, serão quarenta e nove anos de acontecimentos, que certamente não cabem apenas neste blog. Outros virão. Enquanto isso, vamos lá!

Bom, nossa viagem começa em 1840, quando uma manobra política do Partido Liberal alterou a Constituição e permitiu que um rapaz de quinze anos assumisse o trono do Brasil. Lembre-se de que este fato histórico entrou para os livros como o “Golpe da Maioridade”.

Essa foi visão do Partido Conservador, que desceria do poder com o regente uno, Pedro de Araújo Lima. Porém, como a Constituição foi alterada pelo parlamento, a pecha de “golpe” era falaciosa. Agora me diz uma coisa, como você se sentiria sendo coroado imperador ou imperatriz aos quinze anos, tendo que governar um país de tantos contrastes e tantos jogos de interesses?

A tarefa não seria nada fácil. Era muita responsabilidade para um adolescente. Você tire suas conclusões a partir da experiência de ter que prestar um vestibular aos dezesseis ou dezessete anos, escolhendo a profissão que terá que seguir por toda sua vida. É muito complicado, nossa cabeça fica fervilhando de opções e de dúvidas, ao mesmo tempo, não é mesmo? Então, se coloque na pele do jovem Dom Pedro II, tendo que governar esse Brasil de dimensões continentais problemas colossais.

Logo de início, o jovem Imperador teria que nomear seu gabinete ministerial. Escolher, entre as raposas da política, aqueles seus assessores fundamentais para exercer o poder executivo. Uma coisa era certa, a escolha teria que ser dentro do Partido Liberal, afinal de contas, foi esse grupo que articulou a manobra para antecipar a maioridade do monarca.

Quase todos os ministros foram indicados pelo Senador Feijó. Assim que foram nomeados, os ministros sugeriram ao jovem Pedro II convocar eleições parlamentares, até porque as últimas eleições haviam ocorrido quatro anos atrás. Só vale lembrar que os senadores eram vitalícios, mas os deputados eram eleitos ou reeleitos a cada quatro anos.

Os liberais “fizeram de tudo” para garantir a maioria na Câmara dos Deputados. A fraude eleitoral ocorreu “a olhos vistos”, como se diz nos dias de hoje, “na cara dura”, “na cara de pau”. Tendo maioria dos parlamentares, seria mais fácil aprovar os projetos de interesse dos membros do Partido Liberal. A reação dos conservadores foi imediata. Revoltas e brigas de rua tomaram conta do Brasil de Norte à Sul.

A violência foi tamanha que as eleições ficaram conhecidas como “as eleições do cacete”. Os políticos conservadores, prejudicados pela fraude eleitoral procuraram o Imperador para que tomasse uma providência. Os reclames foram tantos e tão intensos que Dom Pedro II não teve escolha, demitiu todos os seus ministros liberais, acusados de serem os culpados pela fraude eleitoral.

Diante disso, a saída foi nomear um novo gabinete ministerial, desta vez, composto por políticos do Partido Conservador. A eleição foi cancelada e uma outra convocada imediatamente. Agora imagine o que os ministros conservadores fizeram? Se você respondeu, eles também fraudaram a eleição, você acertou!!

A partir daí, não é difícil compreender porque o povo brasileiro começa a dizer que “liberais e conservadores são farinha do mesmo saco”. O povo tem sua sabedoria. Mesmo diante da nova fraude eleitoral, Dom Pedro II manteve seus ministros conservadores até 1.844. As reações dos liberais foram menos intensas.

Deu para perceber a difícil tarefa de Dom Pedro II diante desses grupos políticos? Pois é, lidar com interesses políticos não é nada fácil até hoje. Porém, nosso jovem Imperador aprendeu rápido. Era preciso se equilibrar no poder, agradando a “gregos e troianos”, ou melhor, a conservadores e liberais.

Como ele fez isso? Bom, em 1847, Dom Pedro II teve a ideia de implantar um Parlamentarismo no Brasil. Como assim? Dom Pedro II seria “uma rainha da Inglaterra”, onde se diz que “reina, mas não governa”?  Calma, meus amigos, não seria igualzinho ao modelo britânico. O nosso Parlamentarismo seria “às avessas”. Isso mesmo, por aqui a figura decorativa seria a do Primeiro Ministro (aqui denominado de Presidente do Conselho de Ministros).

O político que exerceria tal papel era nomeado pelo Imperador e submisso ao mesmo, exceto em questões políticas insignificantes, quando ele teria liberdade para tomar algumas decisões. Então, para que servi esse tal de Primeiro Ministro? Bem, meus caros, ele seria o “testa de ferro”, aquele que estaria à frente das questões intragáveis da política. O cara que assumiria a culpa pelos erros do governo e cara que daria crédito ao imperador quando alguma coisa desse certo. Entendeu?

Dom Pedro II aprendeu ou não a lidar com a política? Pois é, a vida nos ensina! Outra medida política importante implementada por Dom Pedro II, foi a criação do “Ministério da Conciliação”, que agregaria políticos liberais e conservadores num mesmo gabinete ministerial. Como assim? Metade dos ministros seriam liberais e a outra metade de conservadores. O Primeiro Ministro teria a difícil missão de conduzir essa “conciliação”. Na verdade, não tão difícil assim porque liberais e conservadores “eram farinha do mesmo saco”, sem grandes diferenças ideológicas, visto que eram compostos pela elite brasileira.

Se teve algo que fugiu à regra da política de liberais e conservadores, foi a Revolução Praieira que eclodiu em Pernambuco em 1848 (confira na imagem a seguir). Nesta província nordestina ,ocorria uma diferença em relação às demais províncias do Brasil, onde liberais e conservadores duelavam pelo poder.

Em Pernambuco, os dois partidos eram controlados, praticamente, por uma única família, a poderosa família Cavalcanti. Tanto é que povo repetia uma quadrinha que dizia: “Em Pernambuco, ou você é Cavalcanti ou será cavalgado por eles”.

Diante disso, um grupo de rapazes que não se conformavam com tal monopólio político, embora muitos deles fossem filhos de famílias ricas, criaram um partido alternativo. Esses rapazes divulgavam suas ideias através do jornal Diário da Praia, o que lhe valeu a alcunha de praieiros. Pregavam que uma República seria melhor que a monarquia, defendiam o fim do senado vitalício, a liberdade de expressão e a liberdade de pensamento.

Espere um pouco, vocês perceberam que eles não incluíram a libertação dos escravos? Isso mesmo, como eram filhos da elite, donos de escravos, não pretendia alterar as estruturas sociais. Agora, se ligue num fato curioso, os “praieiros” eram seguidores das ideias do socialismo utópico.

Meus amigos leitores, não se espantem, não é primeira vez que ideologias europeias sofriam modificações quando atravessavam o Atlântico. Você se lembra dos inconfidentes de Minas Gerais, quando trouxeram as ideias do Iluminismo? Sim senhores, a palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” ganharam outros significados nas terras do Tiradentes. Então, não é difícil entender os praieiros. A rebelião não teve grande adesão, sendo facilmente sufocada pelas tropas imperiais.

Até 1864, Dom Pedro II conseguiu agradar aos liberais e conservadores. Porém, naquele ano estoura a Guerra do Paraguai (confira na imagem a seguir). Ocorreu uma cisão no governo. Muitos liberais não foram favoráveis ao conflito. Só que o governo imperial via naquela guerra a chance de demonstrar seu poder e assegurar o controle sobre a Bacia Platina.

Claro que a guerra foi provocada pelo ditador paraguaio Francisco Solano López. Mas, o Brasil não poderia deixar passar a oportunidade de dominar aquela região de grande importância geopolítica. Sem esquecer que os ingleses também desejavam a intervenção militar do Brasil para conter o processo expansionista da economia manufatureira paraguaia.

A guerra foi longa e nossos parceiros argentinos e uruguaios não suportaram até o final, cabendo ao governo brasileiro a responsabilidade de liquidar com Solano López. O que o governo brasileiro não poderia imaginar é que o conflito despertaria nos militares brasileiros o desejo que querer participar da política nacional.

Após o final da guerra, em 1870, a monarquia brasileira nunca mais seria a mesma. Militares e civis começaram a criticar a escravidão e o atraso industrial da nação. Havia um desejo por “ordem e progresso”. Mas, essa é uma outra História. Até o próximo blog!! haha 

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