Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

Se o mundo é redondo – ou geoide, melhor dizendo –, como ele pode ser desenhado em um papel ou quadro plano? É possível fazer isso sem deixar nenhum tipo de distorção, ou seja, sem nada modificar em relação ao mundo real?

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A resposta é não. Portanto, quando colocamos os mapas em escala mundial, inevitavelmente existirão “erros” ou modificações propositalmente feitas para não deixar os mapas tão distorcidos ou prejudicar o uso ao qual eles foram destinados. Assim sendo, dizemos que existem diferentes projeções cartográficas.

Conceito: as projeções cartográficas são, portanto, o traço sistemático de linhas referentes ao globo terrestre em uma superfície plana. É a forma de representação do planeta – ou uma parte dele – em um mapa.

Como é impossível não haver distorções nas projeções, os cartógrafos elaboraram diferentes modelos ao longo do tempo, cada um para um intuito. Assim, em vez de tentarmos considerar qual é a projeção “certa” ou a “errada”, precisamos observar suas características para saber qual delas é mais adequada para os diferentes fins.

Se levarmos em conta a forma como as projeções alteram o espaço geográfico, podemos dividi-las em:

Projeções conformes: são aquelas que alteram as áreas dos continentes (ou seja, o tamanho deles) e mantêm seus ângulos e formas preservados.

Projeções equivalentes: alteram a forma dos continentes, deixando-os diferentes. Em compensação, o tamanho deles permanece o mesmo em relação ao original.

Projeções afiláticas: alteram tanto a forma quanto as áreas, mas de um modo que essas distorções não sejam tão acentuadas.

Considerando a maneira como as projeções são elaboradas, ou seja, os métodos utilizados e os resultados produzidos, existem três principais tipos de projeções cartográficas: a cilíndrica, a cônica e a plana (também chamada de polar ou azimutal).

Projeções cilíndricas: são projetadas a partir de um cilindro envolvendo a esfera terrestre, de modo que os paralelos e meridianos são reproduzidos no plano após a abertura desse cilindro. O exemplo mais conhecido de projeção cilíndrica é a projeção de Mercator, que altera a área dos continentes e mantém as suas formas.

Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

Projeção de Mercator, exemplo de projeção cilíndrica

Projeções cônicas: são elaboradas quando um cone envolve a esfera terrestre e reproduz a sua superfície. Os meridianos formam linhas retas que partem de um único ponto em comum, enquanto os paralelos formam semicírculos, como podemos ver a seguir.

Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

Projeção de Lambert, um dos mais conhecidos tipos de projeção cônica

Projeções planas: também chamadas de azimutais ou polares, são feitas com um círculo plano colocado sobre uma “face” da Terra, geralmente os polos. Os meridianos também ficam retos e os paralelos formam círculos concêntricos. Observe:

Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

Projeção plana traçada a partir do polo. A ONU utiliza um modelo parecido em sua logomarca

A partir desses modelos, vários tipos de projeções cartográficas foram elaborados. Como já dissemos, a de Mercator é a mais conhecida, sendo mais útil para fins de navegação por manter a proporção das áreas dos oceanos.

A projeção de Peters (imagem a seguir) altera a forma dos continentes e mantém as suas áreas, sendo muito utilizada para representar a importância dos países do hemisfério sul. Ela também é um tipo de projeção cilíndrica.

Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

Na projeção de Peters, os continentes ficam diferentes, mas suas áreas são mantidas

Já a de Robinson, que altera a forma e também as áreas, é muito utilizada para mapas políticos, pois mantém uma relação de proporção, embora as áreas mais a oeste e a leste no mapa fiquem muito diferentes.

Como as áreas próximas aos polos sul e norte estão representadas em cada uma das projeções

A projeção de Robinson é uma das mais utilizadas


Por Me. Rodolfo Alves Pena


Aproveite para conferir nossas videoaulas sobre o assunto:

Os sistemas de projeções cartográficas foram desenvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre vai acarretar deformações.
Os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las.

Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são:

a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas.

b) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.

c) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.

Projeção de Mercator Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas. Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial.

Projeção de Peters Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalente, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar no mapa a seguir. Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters As retas perpendiculares aos paralelos e as linhas meridianas têm intervalos menores, resultando na representação das massas continentais, um significativo achatamento no sentido Leste-Oeste e a deformação no sentido Norte-Sul, na faixa compreendida entre os paralelos 60o Norte e Sul, e acima destes até os pólos, a impressão de alongamento da Terra

Projeção ortográfica Ela nos apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos passam pelos pólos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os pólos apresentam maior deformação.

Projeção cônica Nesta projeção os meridianos convergem para os pólos e os paralelos são arcos concêntricos situados a igual distância uns dos outros. São utilizados para mapas de países de latitudes médias. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

Projeção de Mollweide Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, mas as extremidades apresentam grandes distorções.

Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção correspondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para lograr maior exatidão.

Projeção de Holzel Projeção equivalente, seu contorno elipsoidal faz referência à forma aproximada da Terra que tem um ligeiro achatamento nos pólos.

Projeção Azimutal Equidistante Oblíqua Centrada na Cidade de São Paulo Nesta projeção, centrada em São Paulo, os ângulos azimutais são mantidos a partir da parte central da projeção.

Projeção Azimutal Equidistante Polar Projeção equidistante que tem os pólos em sua porção central. As maiores deformações estão em suas áreas periféricas.